domingo, 20 de setembro de 2009

A Fundação de Savalou – Parte I.

Sementes fermentadas de Parkia biglobosa, Afintin em Língua Mahi. Foto de N. Lamien em http://www.fao.org/

Há muito tempo atrás existia ao lado de Segbohoué, no Sudoeste do Benin, uma vila de pescadores denominados "Dovi" (dovi significa “filhos da rede”) de etnia Houedah (descendentes Adja-Aïzo).

Mitogboji, segundo a lenda, foi o filho mais velho do líder da vila que tinha por irmão a Dessu Gbéto, um caçador que esteve ausente da cidade há vários anos antes da morte de seu pai Aleju.
Com sua morte, os filhos reuniram-se e dividiram todos os bens do finado pai sem pensarem na parte da herança do irmão Dessu Gbéto, (Gbéto em Fongbè, surge como uma corruptela da palavra “avemeto” que significa homem do mato, ou do campo, na Língua Adja), então ausente.

Em seu retorno, ele protestou violentamente no conselho de família que se reuniu novamente para dar-lhe um pequeno campo cultivado com pés de Afintin (Parkia biglobosa; Néré; Afintin em Língua Mahi) como herança. A sua importância deriva do fato de que as sementes que são extraídas das vagens são usadas para produção (lavagem e fermentação) de condimentos da culinária regional.

Um dia Dessu Gbéto pegou um de seus irmãos colhendo vagens no alto duma árvore Afintin dentro de seu campo, e atirou nele com uma flecha envenenada, foi quando recebeu o nome de Atolu que deriva da frase “Ato lu Kponji bo me dijè adida bo lankuvi”, que significa literalmente: “Um macaco bobo olhou para lá e ele caiu”, por este nome, até hoje são conhecidos os descendentes de Dessu. Após este incidente, Dessu, agora conhecido por Dessu Atolu, teve que fugir da aldeia para se instalar em um novo lugar.

Dessu foi para o lado esquerdo do Vale do Ouémé e ali conheceu um chefe de uma aldeia chamado Ligbo através da amizade que fez com seu filho após ter matado uma serpente que iria picá-lo. Reconhecendo isto, o chefe lhe permitiu que vivesse na aldeia.

Os anos se passaram e um entendimento perfeito existia entre Ligbo e Dessu Atolu, e houve um relacionamento íntimo e secreto com uma das meninas de Ligbo, e Dessu Atolu tornou-se pai de uma criança, e lhe deu o nome de Agbahako (colar de pescoço; gargantilha). Apesar disso, Ligbo voluntariamente deu ainda outro filho em casamento a Dessu
Atolu.

Mais tarde por acordo com Ligbo, Dessu Atolu migrou o ao longo do Rio Ouemé até Yaye Zou. Aqui cresce Agbahako juntamente com um búfalo que seu pai havia trazido num dia de caça, e aqui também é onde anos depois morre Dessu Atolu.

Para resolver os problemas de sucessão, ficou proposto que quem conseguisse montar o búfalo do finado Atolu seria o novo líder do clã, muitos tentaram, mas niguém conseguiu tal feito, exceto Agbahako, que logicamente, crescera na compania do animal.

Ele tornou-se o nova líder do clã sob o nome de nome de Ahossu Soha, ou seja: “O Rei que monta o cavalo”, ou talvez possa ter vindo da frase: “Ahosugbè soha bo ha so dogbé” que significa “O rei preferiu montar um búfalo selvagem, em vez de um cavalo,” segundo alguns registros orais. (Continua)

Ahossou Soha - Fundador de Savalou

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