terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O Ano de 2010.



O ano de 2010, segundo o cultura Fon, é um ano de regência do vodún Sakpatá, o que nos alerta para sermos mais cautelosos quanto a saúde pública. É um ano que traz novos problemas, mas também resoluções para os já então existentes e de forma global, as vacinações em massa não serão utopia, assim como as mutações virais que de certo serão descobertas e a busca por novos meios de se erradicar epidemias e pandemias.
Será um ano nada fácil para as nações e ocorrerão problemas principalmente para a agricultura devido ao agravamento de problemas climáticos no mundo.
O primeiro dia deste ano de 2010 é desaconselhável para se começar algo que se quer que dê certo e vá avante, é aconselhável esperar passar... Feliz Ano Novo a Todos!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Agbé Vodún.

Corais, valiosos símbolos de Agbé.

Na época em que o rei Agbé (Agbê) estava guerreando contra os gens de Agome-séva, conheceu uma mulher chamada Aveu (originária de Avé) que tinha trazido da região do Tado uma serpente tida como sagrada e era adorada pelo povo gen de Houla sob o nome de Ahuanba (O Chicote da Guerra) e lhe construiu um templo na região do Grande Popo dentre o povo gen que habitava Houla. Agbé quis saber da mulher qual a importância da adoração e dos poderes da serpente, e um deles, era o de conferir poder nas guerras e invencibilidade. Agbé perguntou a Aveu o que ele teria que fazer para vencer a guerra que tinha contra os gen de Agome-séva, ela lhe disse que teria que ter a serpente e cultuá-la. Não deu outra... o rei resolveu desposar Aveu, e assim o fez. Agora estava na posse da serpente e prestando culto.
Aconteceu, porém, que fora apanhado de surpresa pelas tropas inimigas que o levaram preso bem como toda sua família, os espancaram e afogaram todos nas águas do mar.
Dessa época para cá, Agbé e sua família passaram a ser reverenciados como voduns do mar pelo povo gen de Houla, o qual passou a prestar mais um culto, o culto do mar ao vodún Agbé e sua família do mar. Por isso é costume dizer que “O mar pertence a Dangbé”, pois o culto de Agbé principia com este povo que anteriomente só prestava culto a Dangbé denominado por eles como “O Chicote da Guerra”.
Os Agbodjevi daquela região uniram estes aspectos religiosos e instituiram o primeiro culto de Dangbé vinculado ao culto do mar com sacerdócio, instituindo sacerdotes dentre os seus, por esta razão os seus sacerdotes são denominados "Dènon" (Sacerdote Principiador), já em outras regiões e por outros clãs o sacerdote do culto do mar ficou conhecido por Hunnon.
Os símbolos de Agbé são conchas marinhas diversas incluindo búzios; a estrela do mar; e os corais, sempre presentes nos fios de conta que portam os seus adeptos.
Possivelmente com o passar do tempo, o culto do tovodun Agbé fundiu-se com Xù (O Oceano) da cosmogonia Fon, dando ânima ao personagem habitat concebido em um dos partos da deusa Máwu.
Já na diáspora, principalmente no Brasil, o culto de Agbé, bem como o culto de outras divindades do mar, sofreu uma grande influência do culto do òrisà Iyémöjà (Yemanjá na crença nagô), sendo que costumeiramente ouvimos a denominação Agbemanjá em terreiros de Tambor de Mina no Brasil, uma hibridização e/ou aculturação, talvez não só de palavras, mas de cultos.


O vodun Agbé  (Agbé Ta Ayó- Abetaió no Hunkpame Dahome - Agbé cabeça de Oyó, porque os reis do Tado continuavam a serem coroados em Oyó, sua origem ) no Haiti onde se denomina Agwe Tawoyo, Agwe é nome oriundo da cidade Agoué (Agbé).

domingo, 6 de dezembro de 2009

Mina Jeje

A Casa Grande das Minas Jeje, situada à Rua São Pantaleão em São Luis, Maranhão. Foto de Adomair em http://casadasminas.blogspot.com/


Os voduns cultuados na Casa das Minas são em sua maioria oriundos do povo Gen do sul do Benin, estes voduns estão sob a égide de Toy Zomadonu, para melhor conhecermos estes voduns transcrevemos o texto abaixo que é escrito de forma abrasileirada, o que nos facilita foneticamente, que ilustra bem o panteón Mina Jeje do Brasil:



"O panteão da Casa das Minas"

"Embora a Casa das Minas não tenha originado outras casas de culto, sua estrutura e panteão tem sido um modelo para outras casas.
Os voduns, deuses do povo fon ou jeje são forças da natureza e antepassados humanos divinizados. Os voduns cultuados na Casa das Minas estão agrupados nas famílias de Davice, Dambirá, Savaluno e Queviossô (Ferretti, 1989, 1996).
Alguns voduns jovens chamados toqüéns ou toqüenos cumprem a função de guias, mensageiros, ajudantes dos outros voduns. São eles que "vêm" na frente e chamam os outros. Têm cerca de quinze anos de idade, podendo ser masculinos ou femininos, pertencendo a maioria à família de Davice. Nos clãs de Quevioçô e Dambirá são os voduns mais jovens que desempenham esse papel.
Além dos voduns, fazem parte do panteão da Casa das Minas as tobóssis, divindades infantis femininas, consideradas filhas dos voduns, recebidas pelas dançantes com iniciação plena, as chamadas vodúnsi-gonjaí. As princesas meninas não vêm mais na Casa das Minas. Com a morte das últimas vodúnsi-gonjaí, parte do processo de iniciação se perdeu, de modo que as dançantes remanescentes não tiveram iniciação no grau de gonjaí, de senioridade. E as tobóssis não vieram mais na Casa das Minas. Diferentemente dos voduns, que podem manifestar-se em diferentes adeptos, a tobóssi, na Casa das Minas, é considerada entidade única, exclusiva de sua vodúnsi-gonjaí, e que desaparece com a morte da dançante que a recebia, não se incorporando depois em mais ninguém.
Os voduns e suas famílias


Conforme estudos exaustivos de Sérgio Ferretti já citados, assim se configura o panteão dos voduns na Casa das Minas, família por família:
A Família de Davice reúne os voduns da família real do Abomey, no antigo Daomé, atual Benim, e é composta dos seguintes voduns:
Nochê Naê, Mãe Naê - a vodum mais velha e ancestral mítica do clã.
Zomadônu - o dono da Casa das Minas e chefe de uma das linhagens da família de Davice. Rei e pai dos toqüéns Toçá e Tocé (gêmeos), Jagoboroçu (Boçu) e Apoji. Zomadônu é filho de Acoicinacaba.
Acoicinacaba (Coicinacaba) - pai de Zomadônu e filho de Dadarrô.
Dadarrô - chefe da primeira linhagem da família; vodum mais velho da família de Davice. Casado com Naedona e pai de Acoicinacaba, portanto, avô de Zomadônu. É pai de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó. Representa o governo e é protetor dos homens de dinheiro.
Naedona (Naiadona ou Naegongom) - esposa de Dadarrô e mãe de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó.
Arronoviçavá - irmão de Naedona, é cambinda (mas considerado jeje por outras casas).
Sepazim - princesa casada com Daco-Donu, com quem teve um filho chamado Tói Daco, que é toqüém.
Daco-Donu - marido de Sepazim, pai de Daco.
Daco - filho de Sepazim e Daco-Donu. Toqüém.
Doçu (Doçu-Agajá, Maçon, Huntó ou Bogueçá) - jovem cavaleiro, boêmio, poeta, compositor e tocador. Pai dos três toqüéns Doçupé, Nochê Decé e Nochê Acuevi.
Doçupé - filho de Doçu. Toqüém.
Nochê Decé - filha de Doçu. Toqüém.
Nochê Acuevi - filha de Doçu. Toqüém.
Bedigá - também cavaleiro como o irmão Doçu. Aceitou a coroa do pai Dadarrô que Doçu tinha recusado. Protetor dos governantes, advogados e juízes.
Apojevó - filho mais novo de Dadarrô. Toqüém.
Nochê Nanim (Ananim) - filha adotiva de Dadarrô, criou Daco (neto de Dadarrô) e Apojevó (seu irmão mais novo).
Família de Savaluno. É uma família de voduns amigos da família de Davice. Não são jeje e são hóspedes na Casa das Minas.
Topa - um vodum solitário, o qual tem mais dois irmãos, Agongono e Zacá.
Zacá (Azacá) - vodum caçador.
Agongono - vodum que se relaciona com os astros; amigo de Zomadônu e pai de Jotim.
Jotim - filho de Agongono. Toqüém.
Família de Dambirá. Reúne os voduns da terra, ligados às doenças e às curas.
Acóssi Sapatá (Acóssi, Acossapatá ou Odan) - curador e cientista, conhece o remédio para todas as doenças. Ficou doente também por tratar os enfermos. Pai de Lepom, Poliboji, Borutoi, Bogono, Alogué, Boça, Boçucó e dos gêmeos Roeju e Aboju.
Azile - irmão de Acóssi. Também é doente.
Azonce (Azonço, Agonço ou Dambirá-Agonço) - irmão de Acóssi e Azile, o único que não é doente. É velho e é nagô. Pai de Euá.
Euá - filha de Azonce, também é nagô.
Lepom - filho mais velho de Acóssi. Vodum velho.
Poliboji - também vodum velho.
Borutoi (Borotoe ou Abatotoe) - vodum velho. Usa bengala.
Bogono (Bogon ou Bagolo) - diz-se que se transforma em sapo.
Alogué - diz-se que é aleijado.
Boça (Boçalabê) - mocinha alegre, está sempre com o irmão Boçucó. Toqüém.
Boçucó- outro dos irmãos mais novos. Toqüém.
Roeju e Aboju - irmãos gêmeos. Ambos toqüéns.

Família de Quevioçô. É família de voduns considerados nagôs, embora não sejam orixás (entre eles, apenas Nanã é cultuada nos candomblés de orixá, tendo sido incorporada ao panteão iorubá desde a África, assim como seus filhos Omulu e Oxumarê). Quase todos são mudos para evitar que revelem os segredos dos nagôs ao pessoal da Casa das Minas, onde são hóspedes de Zomadônu.
Nanã (Nanã Biocã, Nanã Burucu, Nanã Borocô ou Nanã Borotoi) - diz-se que é de Davice mas auxilia Quevioçô. É a nagô mais velha, a que trouxe os outros.
Naité (Anaité ou Deguesina) - mulher velha que representa a lua.
Vó Missã é a velha que resolve tudo entre os nagôs.
Nochê Sobô (Sobô Babadi) - considerada mãe de todos os voduns de Quevioçô (Badé, Lissá, Loco, Ajanutoi, Averequete e Abé). Representa o raio e o trovão.
Badé (Nenem Quevioçô) - representa o corisco. Equivale a Xangô entre os nagôs. É mudo e se comunica por sinais.
Lissá - vodum dos astros. Representa o sol. É vadio e anda muito. Também é mudo.
Loco - representa o vento e a tempestade. Também é mudo.
Ajanutoi - é surdo-mudo e não gosta de crianças.
Abé - vodum dos astros, como Loco. Representa o cometa, uma estrela caída nas águas do mar. Vodum jovem e mulher. Uma dos poucos do clã que falam. É toqüém. Corresponde ao orixá Iemanjá dos nagôs.
Averequete (Verequete) - Também fala e é toqüém.
Há dois voduns amigos da família de Quevioçô que tomam conta dos filhos de Dambirá. São eles:
Ajautó de Aladá (Aladanu) - amigo da casa. Pai de Avrejó. É velho e usa bengala. Ajuda Acóssi, que é doente. Mora com o povo de Quevioçô. É rei nagô, protetor dos advogados.
Avrejó - Filho de Ajautó. Toqüém.
Não se pode esquecer de Avievodum, Deus Supremo, a quem os voduns estão subordinados. Como Olodumare ou Olorum, Deus Supremo dos iorubás, Avievodum está distante e inalcançável, sendo pouco lembrado pelos devotos e não merecendo culto específico.
Legba ou Legbara, figura comum nas religiões afro-brasileiras, conhecido em outras "nações" pelo nome de Exu, é a divindade que assume a função de trickster ou trapaceiro. Não tem culto organizado na Casa das Minas, onde é identificado com Satanás, o Mal. Não é aceito como mensageiro, mesmo porque quem realiza essa função são os toqüéns. Apesar de não ter culto organizado, verificam-se uns poucos gestos rituais ligados a Legba, como por exemplo, certos cânticos pedindo para que Legba se afaste, que são cantados ao início de todo tambor. Ocupa, entretanto, lugar importante em outros terreiros influentes de São Luís.
Há outros voduns do tambor-de-mina que não aparecem nesta classificação por não serem referidos na Casa das Minas, mas que são cultuados em outros terreiros, como Boço Jara, Xadantã e Vondereji presentes na Casa de Nagô."


(In: Nas Pegadas dos Voduns. Um terreiro de tambor-de-mina em São Paulo.
De: Reginaldo Prandi)


Calendário Festivo:

JANEIRO

-Reis/Doçu - 5 a 7
-Queimação das palhinhas - 19
-São Sebastião/Acossi - 20 a 21

FEVEREIRO/MARÇO

-Quarta-feira de cinzas/ Arramban
-Bancada
-Sábado de Aleluia - Reinício das atividades

MAIO/JUNHO

-Festa do Divino Espírito Santo
-São João/ Sinha Velha/Naê 23 a 25/06
-São Pedro - 28 a 30/06

DEZEMBRO

-Santa Barbara - 3 a 5
-Natal/Nochê Naê 24 a 26