quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Fundação de Savalou – Parte III.

Dànkɔli Vòdún, um fetiche Dàn em
Savalou. Foto em http://racines.africa-web.org/

Hoje, às portas da cidade de Savalou é possível ver uma grande estátua de terracota, no centro de um parque que representa a linhagem Gbaguidi, oriunda de Ahossu Soha. Esta linhagem foi aliada dos reis de Abomey, capital histórica e cultural do antigo Reino do Dahomey.
Esta dinastia ainda está em vigor: O rei atual é Gbaguidi Tossoh XIII (que seriamente desonrou a tradição de sua família por se converter ao Islã recentemente).

Savalou hoje faz fronteria com Dassa-Zoumé a leste, Glazoué ao norte, a sul com Djidja e com Bante (Banté), e com a República do Togo a oeste, possuindo uma área total de 2674 km2, o que representa 2,37% do Benim. Está dividida em 14 distritos, onde quatro estão urbanizados: Aga, Agbado, Attak e Ouessant (fonte do INS).

A população de Savalou é composta principalmente de Mahis e Ifés. Outras populações, embora menores também estão presentes há séculos, são elas: Os Fons, os Adjas, os Peuhl Haussás e os Betamaribés.
Os dois principais grupos étnicos da cidade são o grupo Adja-Tado e o iorubá. O Adja-Tado é composto de Fons e Mahis. Eles representam hoje cerca de 58% da população total. A Língua Mahi (maxigbè) é um dialeto lingüisticamente ligado ao Fon (fongbè), que é a língua falada principalmente no sul e centro do Benin. O Savalunos Mahis constituem uma minoria entre os Nagôs instalados que povoam principalmente o Benin central. O grupo iorubá inclui Ifés no oeste da cidade, e Itchas, ou Idaatchas, ao norte e ao leste. Eles representam 32% da população total.
Outros grupos étnicos de migrações, porém, recentes são Yom Lokpa (2,3%), Fulani (2,2%), Otamari (2,5%), Dendi, Baatonu (0,9%).

Principais Pontos Turísticos:

As antas sagradas que são alimentadas em Ouèssè;
As 7 Palmeiras de Minik-Savalou;
O Vodum "Dankoli", que tem a reputação de conceder os desejos de qualquer estrangeiro que o procura, etc. É venerado num imenso cupinzeiro (cupinzeiros são consagrados ao vodum Dàn) aos pés de uma árvore atingida pelo mesmo. Ali encontra-se o Danzen (pote ritual sagrado de Dàn) e ao lado do fetiche há um mastro de dawé (bambú) onde tremula ao vento, uma bandeira branca que adverte a todos quanto à sacralidade daquele espaço.
O Museu da Caça Fá de Savalou;
O Museu de História de Savalou;
O Monte histórico Logozohè Segui (símbolo "dos chefes de Logozohè);
O Palácio Real Hunukon, prestigio do Reino de Savalou que fica localizado no sopé das colinas savalunas.

Algumas aldeias:
Ouèssè; Logozohè; Monkpà; Gobadi; Làhotà; Kpàtàbà; Zounzonkànmin; Covèdji; Ottolà; Doyisà; Mondja; Codji; Minik; Tchets; Duma; e Djàloukou.

Ritmos musicais:
Tchégumin e Toba


Mercados de Savalou:
Os Mercados Chao e Zongo, localizados no centro da cidade.
Outros: Tchets, Doyisà, Kpàtàbà, etc.

Fontes: Wikipedia; Berge, J.; Koutinhouin; Ong Racines.
(Partes I, II, e III)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Fundação de Savalou – Parte II.



De Yayè, Ahossu Soha desceu com sua comitiva ao sul e passou a se estabelecer em Ouo Ainon (o dono da terra). Isto permitiu-lhe estabelecer-se na aldeia de Houawé, não muito longe do atual Bohicon e ao lado da atual Kana.

Em Houawé Ahossu-Soha lutou contra o povo Nagô dos arredores durante seus ataques noturnos, que muitas vezes atravessava a noite com muito barulho, então recebeu o nome de “Gba Guidi-Guidi” (o que caça com altos ruídos), resultando mais tarde em “Gbaguidi” (o nome Gbaguidi foi conservado pela comunidade de Savalou e pertence aos sucessores do trono real).

Um filho do Rei de Allada, Aho, voltou para o norte depois de sua reconciliação com seus irmãos em Huegbo. Ele chegou à Ouo Ainon com Ahossu-Soha que o persuadiu, a se instalar em Gbennon (local do atual Bohicon).
Tudo ia bem entre os três chefes quando por causa de uma aposta de caça Aho assassina Ouo.
Então, com nojo do gesto ingrato Ahossu-Soha diz: Gbaguidi Primeiro!

Rumando mais ao norte, criou a vila Honhoungo cerca de doze quilômetros a oeste da atual Savalou, às margens do Rio Azokan, é onde Ahossu-Soha decidiu tomar uma aldeia nagô, Tchebelou, que ficava ao alto situada nos morros. Feiticeiros disseram que para isso era necessário o uso de “astúcia e de encanto”.

Fazendo uso da astúcia, primeiro fez amizade com o chefe da aldeia Tchebelou, e fazendo uso do encanto, preparou um amuleto, feito com um pombo mágico para queimar a aldeia de seu suposto amigo, e a aldeia foi queimada... Para mostrar (falsa) compaixão ao chefe nagô, Ahossu Soha
prometeu-lhe toda assistência na pronta reconstrução da aldeia. Aho também colaborou no evento.

E chegou o dia, em que apareceu com seus homens, carregando fardos de palha dentro dos quais
estavam escondidas muitas armas.

Não desconfiando de nada, o nagôs ofereceram aos seus vizinhos comida e bebida. Uma vez saciados, os homens de Ahossu-Soha rapidamente se armaram e se lançaram sobre eles, que indefesos tiveram de fugir para Banta e Bassila, e outros criaram uma nova aldeia “Kloue” (local ao norte de Savalou). Depois “Tchebelou” passou a se chamar “Savalou”, literalmente significando: "Graças ao meu amigo".

domingo, 20 de setembro de 2009

A Fundação de Savalou – Parte I.

Sementes fermentadas de Parkia biglobosa, Afintin em Língua Mahi. Foto de N. Lamien em http://www.fao.org/

Há muito tempo atrás existia ao lado de Segbohoué, no Sudoeste do Benin, uma vila de pescadores denominados "Dovi" (dovi significa “filhos da rede”) de etnia Houedah (descendentes Adja-Aïzo).

Mitogboji, segundo a lenda, foi o filho mais velho do líder da vila que tinha por irmão a Dessu Gbéto, um caçador que esteve ausente da cidade há vários anos antes da morte de seu pai Aleju.
Com sua morte, os filhos reuniram-se e dividiram todos os bens do finado pai sem pensarem na parte da herança do irmão Dessu Gbéto, (Gbéto em Fongbè, surge como uma corruptela da palavra “avemeto” que significa homem do mato, ou do campo, na Língua Adja), então ausente.

Em seu retorno, ele protestou violentamente no conselho de família que se reuniu novamente para dar-lhe um pequeno campo cultivado com pés de Afintin (Parkia biglobosa; Néré; Afintin em Língua Mahi) como herança. A sua importância deriva do fato de que as sementes que são extraídas das vagens são usadas para produção (lavagem e fermentação) de condimentos da culinária regional.

Um dia Dessu Gbéto pegou um de seus irmãos colhendo vagens no alto duma árvore Afintin dentro de seu campo, e atirou nele com uma flecha envenenada, foi quando recebeu o nome de Atolu que deriva da frase “Ato lu Kponji bo me dijè adida bo lankuvi”, que significa literalmente: “Um macaco bobo olhou para lá e ele caiu”, por este nome, até hoje são conhecidos os descendentes de Dessu. Após este incidente, Dessu, agora conhecido por Dessu Atolu, teve que fugir da aldeia para se instalar em um novo lugar.

Dessu foi para o lado esquerdo do Vale do Ouémé e ali conheceu um chefe de uma aldeia chamado Ligbo através da amizade que fez com seu filho após ter matado uma serpente que iria picá-lo. Reconhecendo isto, o chefe lhe permitiu que vivesse na aldeia.

Os anos se passaram e um entendimento perfeito existia entre Ligbo e Dessu Atolu, e houve um relacionamento íntimo e secreto com uma das meninas de Ligbo, e Dessu Atolu tornou-se pai de uma criança, e lhe deu o nome de Agbahako (colar de pescoço; gargantilha). Apesar disso, Ligbo voluntariamente deu ainda outro filho em casamento a Dessu
Atolu.

Mais tarde por acordo com Ligbo, Dessu Atolu migrou o ao longo do Rio Ouemé até Yaye Zou. Aqui cresce Agbahako juntamente com um búfalo que seu pai havia trazido num dia de caça, e aqui também é onde anos depois morre Dessu Atolu.

Para resolver os problemas de sucessão, ficou proposto que quem conseguisse montar o búfalo do finado Atolu seria o novo líder do clã, muitos tentaram, mas niguém conseguiu tal feito, exceto Agbahako, que logicamente, crescera na compania do animal.

Ele tornou-se o nova líder do clã sob o nome de nome de Ahossu Soha, ou seja: “O Rei que monta o cavalo”, ou talvez possa ter vindo da frase: “Ahosugbè soha bo ha so dogbé” que significa “O rei preferiu montar um búfalo selvagem, em vez de um cavalo,” segundo alguns registros orais. (Continua)

Ahossou Soha - Fundador de Savalou

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A Origem dos Reis de Porto-Novo.

Ceiba petandra (Gédéhunsu em Língua Mahi). Foto por Atamari.

A ORIGEM DOS REIS DO PORTO NOVO
"Okoro, Hogbomè, Hogbonou, Adjatchè ou Porto-Novo: Da lenda para o nascimento da cidade de Aïnonvi."


A história da cidade de Porto-Novo, a cidade com três nomes, data de mais de 400 anos desde o passado com a história dos caçadores reais da realeza de Obangandjou. A história do nascimento da capital política do Benin diz que Tè Agbanlin foi o fundador da cidade de muitas heranças.


Os Reis do Porto Novo Descendem de Dassa, o Segundo Rei de Adja-Tado:

Segundo a lenda, um dia, um estrangeiro a partir de Ijebu Ode (na atual Nigéria) chamado Adimoula entrou no país Adja. Emérito caçador e feiticeiro de renome, ele ajudou o rei Aholouho a repelir as invasões repetitivas de seus vizinhos.
Como recompensa, Adimoula recebeu o título de "Avadjo" (Oba-Adjo) que significa rei estrangeiro. Aholouho também lhe ofereceu para casar com sua única filha chamada Dakohouin.
Desta união nasceram os gêmeos, Dassou e Dassa, e uma filha chamada Houinsikpè.
Dassa desposou a princesa Na Gouin que era de um estado vizinho. Após a morte de Dassa, seus descendentes sucederam ao trono até Kokpon que é o pai de Tè Agbanlin.


Kokpon do Êxodo à Permanência:
(Rumo ao estabelecimento do reino de Allada)

Um dia, enquanto ele estava no trono, ele foi vítima de uma conspiração que levou à sua expulsão do reino e que quase lhe custou a vida. De volta ao seu reino, ele vai castigar o irmão que se deleita no seu trono e quebra a cabaça simbólica (adjaka), em que os reis bebiam, sem nunca ter bebido no recipiente.
Dassa, então, deixa Tado e parte com sua família e comitiva.
Depois de uma longa caminhada, ele para em uma área que chamou sua atenção. Ele plantou ali uma Ceiba petandra, e assim foi criada a vila de Adanhounsa (que foi o berço da cidade de Allada) e de Adohoué -apelidada- Adjahounto.
Kokpon morreu após vários anos de reinado, deixando os filhos: Medji, Tè Agbanlin e Mèwouegbo. Medji foi quem sucedeu a seu pai no trono. Mèwouegbo e Tè Agbanlin não apreciaram o fato.


Emigração de Tè AGBANLIN:
“ Rumo a criação do reino de HÔGBONON (Porto-Novo) “

Dada a intransigência do Conselho de Ministros e ameaças de Mèwouegbo. Tè Agbanlin deixa Allada e parte com sua comitiva para o sul.
Após a passagem pelas aldeias de Calavi Ganvié, Lo e Djassin, ele foi cumprimentado por Akotchou-Gbenou que ele conhecia bem. Prince Akotchou-Gbenou foi um dos apoiantes de Kokpon (pai de Tè Agbanlin). Ele havia seguido Kokpon em viagem com partida de Tado, mas ele permaneceu um curto período de tempo em Allada. Ele continuou seu êxodo para o sul e funda a vila de Hout (perto de Porto-Novo).
Apresentado por Akotchou, Tè Agbanlin encontrou-se abarrotado. Ele conquistou as aldeias circundantes, tais como Aklon, Djassin em 1688 e fundou o reino de Hogbonou (Porto-Novo), tentou organizar a imagem do seu país de origem Adja Tado para perpetuar as tradições de seus antepassados.
Descendente de Dassa, fez vir à Hôgbonou um descendente de Dassou e nomeou-o rei em uma vila que ele chamou de Davie. Este rei foi desempenhar o mesmo papel que o "Daviéhôlou" de Adja Tado.
Todas as linhas reais Adja Tado foram posteriormente representadas em Porto-Novo. Tè Agbanlin os instalou em diferentes partes da cidade.

Para os descendentes de:

* Hinto Houndjan, atribuiu o grande mercado e Agbo Kome;

* Et Rami, atribuiu Adom. Nesta linha foi dada a chave para o templo Aholouho. É o papel que deve agora fornecer os dois principais cargos do culto dos antepassados. Essas personalidades foram escolhidas filho único entre as princesas de sangue. À partir desse momento, a presença de um membro do templo dessa linhagem tornou-se obrigatória na coroação do rei;

* Huan ele atribuiu Lokossa;

* Lizoumè ele atribuiu Ouèzoumè;

* Zin ele atribuiu Zinkomè;
(Aos descendentes de Lizoumè e Zin posteriormente foi dada Ligan)

* Dossou e Te Houanton, ele atribuiu Zèbou. Eles deram o Mèwou e mais tarde o Ahogân ao reinado de Toffa 1;
* Huan, Lizoumè, Zin, Dossou e Kome, endeusados e adorados até os dias de hoje, cada um recebeu um templo especialmente construído à sombra do Iroko.


Avadjo, ou Rei Zounon:

Com a morte do rei Aholouho de Adja Tado (por morte prematura) e de seu filho, que sucedeu , os anciãos consultaram o Fá. Foi revelado que nenhum dos 13 príncipes poderiam reinar sem morrer e o trono ficou exclusivamente destinado a Dako-Houin e seus descendentes.
Após a indução de ambos os filhos de Dako-Houin, um para Adja Tado e um para Davie, surgiu uma questão sobre Avadjo. O pai do rei tinha direito à honra das pessoas. Após deliberação, o conselho de anciãos lhe confere o título de zounnon (mestre da floresta).
Na morte de Avadjo (Rei Zounnon) para perpetuar a sua memória, foi erguido um templo onde seu Assanyi foi colocado. É em Zounon que se consulta o oráculo de Fá para saber se um príncipe é digno de reinar.


Genealogia do Reino:

O rei era assistido na administração do reino pelos ministros chamados mito. Haviam oito ministros:

* GOGAN: Consultor dos segredos do Rei, o Gogan residia no Togo;

*AKPLOGAN: Ministro da Religião e da Saúde Pública, o primeiro morador de Akplogan Houadakomè ou Agbokomè.

* MIGAN: Conselheiro "Viva o Rei", o Migan é responsável pela execução do corredor da morte. O primeiro Migan residia em Oinlinda.

* MÈWOU: Ministro do Interior para os Assuntos Sociais, que reside em Zèbou-Massa. Havia apenas quatro Mèwou porque o título foi abolida pelo rei Toffa 1.

* ADJAGAN: Ministro das cerimônias e rituais da corte. O primeiro residia em Adjagan Adom.

* AHOGAN: Título criado por D. Toffa 1, substituindo um dos Mèwou. Ele morava em Zèbou.

* AGOU ou SAI: Ministro da Guerra. Esse título vai para os descendentes.

(Pelo Administrador do Forum da Ong Parceiros Sociais, Benin.)

In:
http://socialpartners.forumactif.com/ (Traduzido por Ifabimi).

domingo, 13 de setembro de 2009

As Iniciações ao Fá Vodún.



1-Adogo-Fá:
Este rito significa literalmente “o oráculo da gravidez”. Na verdade, quando sabemos que a mulher está grávida, vamos consultar o Fá (Oráculo geomântico) para saber se a gravidez está indo bem, saber o sexo do futuro bebê, etc. A tradição ensina que a criança "fala" desde o ventre de sua mãe, a primeira consulta é uma forma de interrogatório, questionando a sua mente, mais precisamente, para saber o que suas expectativas são, o que anunciar à família em que vai nascer, etc.
Este diálogo com o espírito da criança, preparando o terreno para sua vinda ao mundo dos vivos: o universo visível, que chamam Gbe em fon e em iorubá chamam Ile Ayè. Por enquanto ele está no ventre de sua mãe, e na vida após a morte (Fe em Fon; Orun Ilé em iorubá). Ao nascer, o seu primeiro choro, irá incluí-lo no mundo dos vivos.
O papel principal depois é identificar todos os sinais característicos que a criança apresenta ao nascer: Será que apresentou os pés primeiro em vez da cabeça? Ou as nádegas? Ela estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço, ou no braço? Nasceu de frente para o céu? Nasceu empelicado? Nasceu de mãos abertas? Em resumo: Como estava a criança no nascimento? Estes detalhes são sinais com mensagens que serão importantes para a aposição do nome da criança e, assim, em sua vida futura.
A segunda coisa que é observada é o local onde a criança nasceu;
A terceira coisa que é levada em conta é o dia do nascimento (o dia da semana nas semanas de 4,7, e de 9 dias).
Com esses 3 elementos seus pais serão capazes de abordar a segunda iniciação.

2-Fagbasa:
Tem lugar aos 3 dias, 3 meses ou 3 anos após o nascimento da criança. É durante esta cerimônia que se dá o nome à criança, que é retirado dos elementos anteriores.
O nome comum é conhecido em todo o mundo e ele mantém toda a sua vida, ao contrário do seu verdadeiro nome, que será atribuído a ele durante a segunda iniciação (Fagbasa) que só será conhecido no círculo familiar. Tradicionalmente, não se revela o verdadeiro nome fora da família.
Para dar seu nome verdadeiro deve se conhecer o antepassado, que presidiu o seu nascimento. É o “joto” ascendente que significa “o pai do nascimento”. Não é do pai biológico, mas do pai espiritual, do vodún. É o mekokanto joto, ou seja, "o pai espiritual que escolheu a terra cujo filho foi expulso”. Este joto é identificado por consulta ao Fá e com os três elementos relacionados nas circunstâncias do nascimento. A criança recebe um joto, ali está suas características físicas, seu caráter, seu potencial espiritual, etc. É muito provável que ele faça na vida, de acordo com o caminho de seu joto.

3-Fá-sinsen (Amansinu):
É o terceiro rito iniciático. Ele é intermediário entre o Fagbasa e o Fazun. Este início pode ser visto como um rito de passagem na adolescência. Ocasião quando dois coquinhos de dendezeiro são entregues ao iniciado, que os usa envolta do pescoço até sua iniciação no Fazun, outra ocasião em que é feito o Fá-tite.

4-Fazun e Fá-tite:
É a iniciação na floresta sagrada de Fá Vodún, o Fazun. A quarta iniciação é a mais importante na vida de um homem. O rito é desenvolvido na idade em que o rapaz já pode ser considerado um adulto.
Com a presença de vários iniciados de Fá Vodún, e parentes ou amigos próximos que já passaram pela mesma cerimônia ritualística, o novo homem vai buscar com suas próprias mãos na floresta sagrada o seu kpoli (dù), isto é, o signo em que Fá lhe revela quem é, e o que realmente é. Este signo continuará a ser um segredo para sempre, ele nunca deverá ser revelado à ninguém de fora do culto que lhe fez o rito.
O kpoli é o sinal que é obtido nas consultas do Fá-tite do bokonon à noite dentro da floresta e que revela ao homem o seu passado, seu futuro, seus pontos fortes e fracos, suas proibições (sù), as doenças que ele pode sofrer, e até o tipo de morte que o espera; o tipo de mulher que ele deve ou não casar; de quantos filhos será pai, etc.
Após a cerimônia, o novo iniciado irá para a escolha do seu nome, em conformidade com seu kpoli. O nome dado por seus pais Fagbasa desaparecerá e ele passará a ser conhecido por um novo nome e que muitas vezes é um aforismo, um provérbio, uma máxima, ou uma frase tirada de uma parábola ou lenda ligada ao seu kpoli. Mas não usará a frase inteira, apenas um clipe dela, e às vezes apenas uma palavra da frase. Assim, o nome real ficará desconhecido, e será difícil para um leigo deduzir qual é o seu kpoli.
A cerimônia do Fá-tite no Fazun é muito complexa e pode durar três dias ou mais (excluindo o período de preparação, jejum, etc.). Ela começa com o bokonon pai de sua iniciação e termina com ele.

sábado, 12 de setembro de 2009

OS ABESSAN

Bandeira do Benin cuja capital administrativa é Porto-Novo.

O fundador de Porto-Novo é Tè-Agbanlin e os primeiros ocupantes
foram os guns e os adjas.
O antepassado mítico comum da dinastia cuja origem é iorubá de Oyó
é Orile.
A entidade Orile é bem definida por um conjunto de atributos (Oriki)
para determinar a origem dos indivíduos,
membros do mesmo clã principal.
Qualquer comunidade iorubá, pode ser identificada no tempo e no espaço
por um Oriki.
O Oriki é recitado como uma ladainha "invocações ou saudações"
para relatar os fatos e gestos do ancestral mítico do clã principal.

Onikoyi, origem Ikoyi, foi um guerreiro.
Ele era o chefe do exército e dirigia as expedições guerreiras
contra os inimigos do reino. Ele recrutou guerreiros dentre os
melhores caçadores do reino.
A cicatriz racial aplicada nas bochechas, desde o nascimento de
uma criança pode determinar o clã de origem de um indivíduo dentro
da comunidade iorubá.

No final do século XV, o príncipe ANATA, filho de OBAGANDJOU,
Omo Onikoyi, assistido por seus dois irmãos e Ogboni AKAKPO
dirige uma migração de iorubás de Oyó à beira de um rio
(na atual Lagoa de Porto-Novo).
Exaustos, mas satisfeitos, eles disseram:
"Aja Asegun öta ibi di Ile"
"Nós lutamos, conquistamos o inimigo,
Este lugar é a nossa casa. "
Entendido por inimigo as dificuldades e obstáculos na
rota.
Esta declaração é apenas o nome de "Adjaché-Ile"
isto é, terra, lar dos vitoriosos, os que lutam.
Assim foi fundado o reino Iorubá do Príncipe ANATA,
filho de OBAGANDJOU, omó (originário) de Ikoyi.

Durante esta longa jornada, a mulher de Anata, uma princesa iorubá
estava grávida. Seu parto teve lugar à borda
da lagoa de Porto-Novo.
A sacerdotisa de Oyó disse coisas misteriosas e ela deu à luz
nove crianças (quatro meninos e cinco meninas) de uma vez.
Tal evento é lembrado pelo sacrifício ritual, a mãe
da prole, como é venerada.
A mulher foi apelidada ABESSAN, isto é, a
que deu à luz nove crianças, foram ambos elevados
ao posto de divindade, ela assumiu o título de ABESSAN.
Os iorubás de outros países que aprenderam as novas
virtudes beneficentes de ABESSAN estavam fazendo
visitas aos novos pais.
Entre os visitantes principais Agbarin, o ancestral Akè (Makpo Modji),
Afanja, Börö e Ölalëmi.
Todos vieram de Oyó e estavam definitivamente estabelecendo o reino de
ABESSAN.
O príncipe ANATA conhecido pelo nome de BALE entre seus antigos companheiros
enviados a Adjaché-Ile deu o nome de ADJACHE-ILE ao
novo reino.
Muito mais tarde, um príncipe da dinastia real Onikoyi de
Adjaché Ile se estabeleceu em Adjohoun.
Isso deu origem ao ramo de Onikoyi Omo (Matë-Magbo)
que hoje tem ramificações importantes
na cidade de Porto-Novo.
Os primeiros reis de Onikoyi ABESSAN, segundo informações
Coletadas de membros da dinastia real
OBA Onikoyi ABESSAN foram:

Onikoyi OBAGANDJOU ANATA ABESSAN 1º- reinou 1485-1560.
Onikoyi Tayèwo ABESSAN II 1560-1585.
Onikoyi ADJAGOUNAN 1585-1625.
Onikoyi ABESSAN ALATÈ 1625-1688.

Com estes quatro reis, um longo período de paz e
organização foi estabelecido.
As pessoas vieram e fizeram oferendas à divindade ABESSAN do templo,
que serviu como um santuário de
intronização de reis e governantes iorubás tradicionais.

Quanto à origem do iorubá, com sede em Òkòrò, ele
destaca os seguintes fatos:
Aborimèssan, o monstro de nove cabeças, é uma pura invenção.
Esse termo não existe em iorubá.
Na realidade, este não era um monstro que supostamente
"Três Caçadores" tinham encontrado em Òkòrò, eram
guerreiros reais de Oyo,
nativos de Ikoyi-Ile, sob a liderança do Príncipe
ANATA OBAGANDJOU Onikoyi.
O Príncipe e a Princesa OBAGANDJOU Onikoyi
conhecida pelo nome de ABESSAN.
Entre os iorubás, uma mulher que dá à luz a gêmeos é denominada
Iyabeji, a trigêmeos é denominada Iyabeta.

In: Les Abessan, site do Oba ONIKOYI ABÈSAN ALAJAȘE (traduzido por Ifabimi).
http://ikoyi-adjache-ile.com/

sábado, 5 de setembro de 2009

O Rei Adandozan

Símbolo Real de Adandozan.

“ADANDOZAN”
Origem: Wikipédia (En);
Comentários em trechos: PAPOINFORMAL.

Adandozan foi um rei do Daomé (hoje Benin), tecnicamente o nono, embora ele não seja contado como um dos doze reis. Seu nome tem sido amplamente apagado da história de Abomey (a capital do Daomé) e esse nome, geralmente não é falado em voz alta na cidade. Ele se tornou rei, quando, em 1797, o rei anterior de Daomé, Agonglo, morreu, deixando o trono ao seu filho mais velho.

(Versões apontam que o finado rei pai de Adandozan, Agonglo, queria Gakpe, o filho mais novo e meio-irmão de Adandozan, no poder e que ele ficasse apenas como tutor devido a menoridade de Gakpe. Geralmente o herdeiro de um rei é o filho mais velho, neste caso seria mesmo Adandozan o herdeiro legítimo, mas existem outras versões, e algumas alegam a orientação pela prática advinhatória do bokonon para que o rei considerasse desta forma.)

O símbolo de Adandozan era um babuíno com uma barriga inchada, a boca cheia e uma espiga de milho na mão (uma referência que não faz jus ao seu inimigo, o rei de Oyo), e um grande guarda-sol ('o rei ofusca seus inimigos'). Estes símbolos não estão incluídos nos apliques de Abomey, pelas mesmas razões que Adandozan não está incluído na história de Abomey.

As histórias tradicionais sobre Adandozan (que são recontadas, com algumas mudanças de nomes, no romance de Bruce Chatwin's: O Vice-Rei de Ouidah) retratam-no como extremamente cruel, “ele disse ter levantado hienas para jogar sujeitos vivos por diversão; ele é retratado cortando o abdômen de uma mulher grávida em uma aposta para ver se poderia prever o sexo do feto.”

Adandozan é retratado como um guerreiro incompetente em geral, e como um traidor da família real: Ele disse ter vendido seu irmão, Gakpe (também conhecido como Ghezo), e a mãe à escravidão. Gakpe, que já havia fingido idiotice para evitar atrair a atenção de seu irmão, fugiu para o exílio perto de Kana. Adandozan é retratado como irremediavelmente louco, esforçando-se loucamente com as potências europeias. Ele se recusou a pagar Francisco Félix de Souza, um comerciante brasileiro que se tornou um grande negociante no mercado de escravos em Ouidah, por serviços prestados, e de Souza foi preso e torturado, em seguida tentou com seus próprios ministros vender os escravos diretamente.

Na história tradicional, Gakpe, secretamente volta do exílio, e ajuda de Souza a escapar. Em contrapartida, de Souza ajudou Gakpe com uma força militar para tomar o trono com o apoio do amedontrado Conselho de Ministros. Gakpe, em seguida, coloca Adandozan na prisão.

(Obviamente o poderio militar do qual de Souza dispunha para ajudar no destrono de Adandozan era o que o apoiava na empreitada do tráfico de escravos.)

Este retrato tradicional pode estar errado: Como Richard II da Inglaterra na Guerra das Rosas, Adandozan pode ter sido objeto de uma propaganda reescrita da história depois que ele perdeu o trono, foi transformado em um monstro pelo seu sucessor como uma forma de desculpa ao golpe de estado e de se legitimar o novo regime. Todas as histórias concordam que Adandozan tentou forçar condições mais favoráveis de comércio com os europeus envolvidos na exportação de escravos, e seriamente minou o poder da família real e de praticantes do Culto Vodún em tribunal por meio de reformas administrativas.

(Provavelmente a família real tenha usado fortes propostas que eram antagônicas ao reinado de Adandozan em conjunto com os seguidores do culto vodún, como o fim do comércio de escravos e/ou a boa relação com o rei de Öyö, e consequentemente conquistando uma parcela muito significativa da população, observando-se que o vodún era praticamente o único fator congregante da época. Por isso Adandozan tenha resolvido vender seus conspiradores como escravos, incluindo a madrasta Agontime e alguns sacerdotes, acabando com o culto de Sakpata de origem Mahi, aliados de Öyö, no Dahomey, que só retorna depois no reinado de Ghezo, que manda vir de Savalou um novo sacerdote.)

Pode ser que essas políticas tenham provocado oponentes poderosos à Adandozan para apoiar um golpe contra ele. Para justificar o golpe, Gakpe pode ter obrigado os seus griots (historiadores orais) a falarem de um Adandozan monstruoso e louco.

(A forma de registro oral é tradicional para guardar a memória de um povo, principalmente nas sociedades onde não é desenvolvida a forma escrita. Pelo “recitar” e o “cantar”, principalmente, é muito mais fácil de ser resguardada esta memória e repassada para as gerações futuras, também é o que se faz nas saudações, rezas e cânticos religiosos dentro do Culto Vodún.)