domingo, 19 de abril de 2009

O Sabão Preto.

àɖĭkɔtɔ

Muitos brasileiros, especialmente os residentes no interior dos estados de Minas Gerais e da Bahia, conhecem ou já ouviram falar do Sabão Preto (àɖĭkɔtɔ ou kɔtɔ; em fongbe), que muitas vezes é de coloração clara, dependendo do grau de purificação dos seus ingredientes, e que é obtido de forma artesanal e rústica nas fazendas e nos povoados distantes dos centros comerciais das cidades. A sua história é muito remota no Brasil e talvez date do primeiro século, ocasião em que teria entrado em nosso país incerido nos hábitos e costumes do negro escravizado que já o produzia na pátria mãe, tratando resíduos, acrescentando substâncias naturais gradativamente dentro de um grande zen (pote de terracota) que auxilia na secagem do produto.
A gordura bovina, caprina, ovina e de aves, geralmente denominada banha ou sebo, é derretida e purificada enquanto esfria com água, a qual depois é desprezada.
A cinza que resta do fogão à lenha, na África geralmente é o de três pedras, a céu aberto, é diluida na água e aquecida, o sobrenadante é rico em potassa.
As folhas geralmente ricas em saponina, e que sejam “frias” dentro da crença vodún, devido aos rituais de purificação, e que dêem relativas quantidades de espuma, quando maceradas em água produzem um sumo com água (amasi) que após coado é muito bem aproveitado.
As resinas naturais, tipo colofônia (breu) de certas árvores são dissolvidas juntamente com gorduras vegetais e óleos que sobram no dia-à-dia da cozinha e empregadas no lento processo, tais resinas é que garantem a boa quantidade de espuma.
O que seria resíduo poluente na natureza, é transformado em material útil e 100% biodegradável.
Após produzido, o sabão preto pode assumir a forma desejada sólida, pastosa, ou líquida, segundo seu emprego.
Toda vez que alguma substância ali é adicionada, mistura-se toda a massa, uniformemente, com uma colher de pau, e assim vai se formando o Sabão Preto de uso diversificado, na cozinha, no banho, na ritualística religiosa, na limpeza em geral, na medicina popular como excipiente de emplastos externos, e muitas vezes como um cicatrizante enérgico.