terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Otutu e a Fome.

Foto em geograph.org.uk


Otutu e a Fome.

(Lenda Fon)

Otutu vivia calmo e tranqüilo em sua cidade, e como um pássaro que voava distante, sempre procurava pelos coquinhos, com os quais se alimentava nas enormes palmeiras, e assim era o seu dia-a-dia, voava, colhia e voltava com o saco cheio para guardar em casa, porem, certo dia chegou a sua cidade a Fome e procurando um lugar para se instalar conseguiu se tornar vizinha de Otutu, e a cidade começou a passar por maus presságios, porque a fome instalou-se lá.

 
Muito faminta bateu à porta do Pássaro e lhe pediu do óleo de palma para fazer lamparina, pois a noite  chegaria, e ele respondeu que não tinha, e ela se foi, mas insatisfeita, retornou uma segunda vez e lhe pediu alguns de seus coquinhos, pois faria do óleo e também se alimentaria. Otutu, então, lhe respondeu: “Eu não devo lhe dar o peixe, mas ensinar-lhe a pescar. Eu te levarei comigo onde consigo os frutos e lá poderá conseguir para você também.” A fome aceitou o convite. Otutu antes de sair fez uma oferenda com ervas e tudo mais, para que tivesse bom êxito em sua jornada. E foram os dois. Chegando ao local começaram a colher os coquinhos, Otutu guardava todos que colhia em um saco, e a Fome... ia comendo de um a um, que desespero! Que imprudência! E que gula... (pensava Otutu) Ele então gritou: “Vamos lá Fome! A hora está passando; e vai cair um toró! Se demorar vai ficar ilhada, pois a época da cheia está chegando!” E que nada, nem era com ela... Esganadamente: Comia.

 
Foi quando baixou um temporal daqueles e os dois se abrigaram nas folhas das palmeiras, e mesmo assim ficaram todos molhados... Bem, quando a chuva passou Otutu sacudiu suas penas prendeu o saco no bico e retornou, mas e a fome, pesada de gorda não conseguiria ir a nado por muito tempo, e choveu mais ainda, e parecia que aquele lugar iria se ficar bem resumida a uma ilhota, que horror! Foi quando passou um homem de barco e ela gritou: “Ei, você! Tira-me daqui!” e o barqueiro lhe respondeu: “Tiro sim, mas com uma condição... Que você venha para minha casa e seja minha escrava para plantar meus dendezeiros!” E a Fome não teve outra escolha.

Conclusão: Se você de alguma forma não produz e vive especulando, ou se não tem cautela com o que tem, será subserviente dos outros para o resto de sua vida.

Sejamos prevenidos como Otutu.