sexta-feira, 24 de junho de 2011

Candomblé: Religião Família.

                           Terreiro do Bogum - Mãe Índia ao Centro da Foto

Tabus, quizilas; proibições, sempre existiram dentro do candomblé e faz parte do controle da sociedade religiosa, o que é certo ou errado dentro do comportamento de cada indivíduo dentro de um grupo. Talvez hoje não sejam cumpridos à risca todos os tabus, mas eram cumpridos à risca nos antigos candomblés e também nos candomblés de Jeje e seus segmentos. Existe o tabu proveniente especificamente do vodum, cada vodum tem uma série de tabus a serem observados, mas existem outros tabus de forma geral que hierarquizam refletindo uma época bem distante de nós, e que legitimam familiarmente conferindo uma nova família ao noviço (a) dentro da sociedade religiosa. No passado do cativo já havia purismo próprio e proveniente de suas regiões de origem, como ainda há entre alguns grupos étnicos, e quase sempre surgido de conflitos por terra, a sagrada terra, o território sagrado dos fons, dos ajas, dos mahis, etc.; hábitos; tradições de um povo; a língua falada que é tão importante, mas o fator de congregação foi a família, com sua língua do coração.

A sociedade religiosa exibe um parentesco paralelo ao da sociedade familiar, onde o irmão (ã)-de-santo não pode se relacionar matrimonialmente ou sexualmente, com irmão (ã)-de-santo, ou outro membro do mesmo terreiro. Da mesma forma a mãe-de-santo não pode ter seu marido ou companheiro participando dentro de sua casa como irmão de seus filhos de santo, ogam de sua casa irmão de seus filhos ogans, etc. 

Sexo? Matrimônio? Somente com membros de outros terreiros e se aparentados àquela casa só do segundo grau para lá...em colateral. O casal marido e mulher, e mesmo os companheiros, não pode tornar-se irmão-de-santo dentro de um mesmo terreiro, quando numa situação destas, e dita pelos antigos chefes de terreiro com de “mau agouro” (de augúrio ruim; traz mau sortilégio) o chefe, ou a chefe, do terreiro encaminhará um deles para outro terreiro de pessoa de sua confiança que não seja, ou tenha sido, filho (a)-de-santo de sua casa, legítimo ou agregado, podendo tratar-se de um irmão (ã) seu (ua) de santo, um outro parente, ou algum outro chefe de sua confiança.

Quanto aos parentes carnais, a mãe não pode iniciar a filha ou o filho carnal, e nem os avós, mas os tios carnais o podem, como no caso de Mãe Índia do Bogum Iniciada por sua tia Nicinha do Bogum que por sua vez, sendo filha carnal de Mãe Runhó, foi iniciada por Mãe Emiliana do Bogum, que era de raíz Banto (Angola) e feita sacerdotiza de Agué no Bogum por Mãe Runhó.

sábado, 18 de junho de 2011

O Segredo da Cabaça e o da Bigorna.

                                                      Foto de Beautifulcataya no Flickr

Lenda Fon Oriunda do Fá

Foi num longo período de seca e consequentemente de fome que ele entrou na mata em busca de comida para alimentar sua família, quando derrepente escutou um gemido no mato e foi ver o que era... era uma ká (cabaça em fongbè) que pedia ajuda porque estava caída sobre espinhos que lhe incomodavam, o homem admirado retirou a cabaça falante daquele espinheiro e ela agradecidamente disse que fizesse nela um pedido de comida, porque dentro dela surgiria para que ele pudesse comer, e assim o fez, então, ele se alimentou e retornou para sua casa com o objeto encantado. Chegando no lar sua mulher perguntou para que aquilo e se eles iam comer cabaça sem sementes (pois o marido já havia comido nela), e que isso não iria cozinhar mesmo, ele, então, lhe explicou... e toda família pedia ali do que queria comer e o alimento que se pedisse, ali aparecia, e a fome foi embora daquela casa.

Certo dia, sua mulher passou próximo do rei de sua cidade e o cumprimentou, e ele voltando-se à mulher imediatamente perguntou como ela conseguia ficar tão gordinha numa época de tanta estiagem, e sem mais, nem menos, a mulher lhe contou toda a história, sendo em particular repreendida pelo seu marido, pois sabia que se a cabaça não atendesse ao rei ela  poderia ser punida por ter contado uma mentira, e que se atendesse ao pedido do rei, poderiam perder o valioso objeto. Assim foi, o rei não tardou a passar pela casa deles, e eles acabaram perdendo a cabaça para o rei... e a fome voltou a habitar naquela casa, que triste.

Em poucos dias o homem voltou a entrar na mata para procurar comida, desta feita, ouviu pedidos de socorro no mesmo local do espinheiro onde tinha encontrado a cabaça encantada, mas não havia ali nenhuma outra cabaça... eis que agora é uma kpè (pedra) quem lhe pede que a retire dali, e ele admirado diz: "Oh, uma pedra falando", e imediatamente a pedra destaca-se agilmente de sua mão e o atinge e doloridamente na sua cabeça... tratava-se uma pedra que não gostava de ser chamada de pedra! Tinha de ser tratada por Bigorna... então, levou a falante Bigorna para casa e a pôs sobre a mesa. Quando sua mulher vê o objeto, diz: "Vamos comer pedra???" e imediatamente toma uma pedrada de Bigorna, não tardou muito o rei  ficou sabendo da pedra que falava... chegando lá disse: "Homem! Mostre-me a pedra que fala!"... E Bigorna saltou da mesa e deu lhe uma pedrada no tá! (cabeça).

Moral da história: O homem não deve compartilhar do segredo com a mulher, mas do segredo da Bigorna, que é boa armadilha para curiosos e ladrões...

Ifabimi.

domingo, 12 de junho de 2011

Como Eliminar Virus e Outras Pragas com Sucesso!



Gente, como hoje é Dia dos Namorados queremos presentear aos nossos amigos e irmãos de fé, enamorados pelo PAPOINFORMAL, com uma dica muito interessante e muito boa. Quem nunca sofreu com vírus de computador, ou mesmo sofre e muitos nem sabem disso, são várias as pragas que afetam o sistema dentre vírus trojan (cavalo de tróia), vírus spy (espião) e até scripts que permanecem dentro do seu computador servindo de spy quando você visita um site. Você tem antivírus atualizado? Sim? Muito bem! Mas aposto que ele não dá conta sozinho, as pragas se camuflam tão bem que na maioria das vezes passa por despercebido pelo antivirus que quase sempre só irá detectar quando uma pasta, por exemplo, já está tomada de vírus, aí então, quarentena... que caos!

Não perca seu tempo e baixe o Spybot, antes que tudo vá piorando... atualize e bote para procurar as ameaças, depois de eliminadas, imunize-se contra elas. Não é complicado para baixar, é só ter atenção, escolher o idioma, depois qualquer biblioteca do mundo para atualizar os arquivos que ele vai pedir para você escolher, e Boa Sorte! Aqui vai o link:

Spybot Search & Destroy

Link do amigo Patrick Kolla no site Baixaki.
  • Em Português
  • Gratuito
  • 16,03 MB
  • Para Windows XP/Vista/7/98/2000

sábado, 11 de junho de 2011

Livro: A Cozinha Africana da Bahia.

"Cozinha que desaparece"

"Tenho grande preocupação com a sobrevivência da cozinha afrobaiana. Há elencados no meu livro A Cozinha Africana da Bahia 38 pratos que nasceram das mãos da mucama adaptando-os do cardápio português. Desses pratos elencados, alguns já não comparecem à mesa do baiano e suas receitas foram resgatadas em minha obra. Em realidade, hoje, são servidos de modo corrente aos comensais apenas o vatapá, o caruru, o acarajé e o abará.
O ochin-chim de galinha, o efó, o humulucu e o arroz de hauçá aparecem de modo esporádico. O amalá, o latipá, o lelé, o afurá, o quibombo, o ecuru, o quitandê, o efun-oguedê, o denguê, o ipetê, o erampaterê desapareceram da dieta dos baianos. Alguns desses pratos sumidos da mesa dos baianos, são servidos aos Orixás. O amalá é servido a Obá e Iansã, o denguê, a Iansã, o ipetê, a Oxum, o latipá, a Omulu. Isto pode ser uma garantia de que eles não desaparecerão. O arroz de hauçá, talvez por ter origem numa tribo muçulmana da Nigéria e ter duas coisas que só são usadas nele e no ecuru: o charque e a fritura, não é ofertado aos Orixás.
O charque lembra a escravidão, sendo uma quizila. O amalá, por ter os ingredientes que os africanos trouxeram para o Brasil, o quiabo, o inhame e o azeite de dendê, é um prato síntese da cozinha afrobaiana, servida ao Orixá Obá, e seria ótimo que ele voltasse à mesa dos baianos. É um prato simples, mas de grande sabor."

"Professor emérito da UFBA, Guilherme Radel é estudioso de gastronomia e autor de quatro livros sobre a cozinha baiana. O último, A Cozinha Africana da Bahia, é resultado de dez anos de pesquisa. Radel ministrará a aula “Tem prato que está sumindo!” no sábado, 20 de novembro, às 14h, no Nordeste Bahia Gourmet."