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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Iyami Bi Mi.

Iyami bi mi

Iyami bi mi, o si bimi ire
Baba mi bi mi, o si bimi ire
Emi naa dagba
Momu oja gboro mofi tun ibi ara mi se
Adifafun ipade-ola Omo Orunmila
Orunmila ni ki Osetua o mó tele lo
O ni nitori kinni?
Orunmila ni nitori awon awo ti pa omo lalaju ni
O ni nitori awon agba isegun ti pa omo si ilemere ni
Orunmila ti o ba se bi ise t’omo oun bani
Ido oju de la eh ahun
Ifa ya fa la eh igbin
Bi ebiti ba pa eku asi pa tiye tiye

Minha mãe me deu à luz, deu à luz à felicidade
Meu pai me deu à luz,  deu à luz à felicidade
Eu também cresci.
“Fiz compras no mercado,  fiz isso sozinho”
O ifá foi lançado na reunião em honra do “Filho de Orunmila”
No dia em que o céu ia se romper, e isso acontece
Orunmila disse que Osetua deveria ir
Você diria: por causa de quê?
Orunmila disse que é porque as portas foram fechadas
Ele disse que foi porque anciãs vitoriosas fecharam as portas para a felicidade.
Orunmila se fizer o trabalho de seu filho
Os olhos estarão abertos para o coração
Ifá pega e puxa o igbin
Onde encontra oferece eku asi; oferece tiye tiye.
(Traduzido por Ifabimi)


Este lindo poema do Ifá se fundamenta na seguinte passagem do odu Osetuá narrada pelo saudoso Pai Agenor:

“Quando Olodumaré enviou
os Orixás ao mundo para criar a
Terra, ensinou que deviam abrir
uma clareira na floresta, dedicada
a Oro, outra a Egum e uma ter-
ceira, consagrada a Odu-Ifá, cha-
mada Igbo Odu, onde consul-
tariam o Oráculo. Ensinou
como deveriam resolver os pro-
blemas de assentamentos e ado-
ração dos lugares sagrados, como
fazer as oferendas para evitar
doenças, maldições, morte, po-
breza e desgraça sobre a terra.

Os Orixás fizeram tudo o que foi re-
comendado e consultavam Ifá a res-
peito de todos os problemas dos
seres humanos. E assim foi feito,
por muito tempo.
Quando faziam essas
oferendas, não convidavam Oxum
para ir junto. Entretanto, sempre
levavam os animais que abatiam
para ela limpar, proibindo-a de co-
mer, porque serviriam de oferendas.
Oxum, revoltada com esse trata-
mento, começou a usar o poder das
iyami-ajé, as ancestrais, e as previ-
sões começaram a sair sempre ao
contrário. Se Ifá dissesse que uma
pessoa ia ficar boa, ela morria; se
previsse que teria filhos, ela ficava
estéril. Nada que Olodumaré tinha
ensinado estava dando certo.
Fizeram uma reunião e
Orumilá sugeriu que era preciso
consultar Ifá para esclarecer tudo.
Ifá pegou seus objetos de adivinha-
ção e se revelou o Odu, que apa-
receu no jogo: Oxetuá. Avisou
aos outros que deveriam encontrar
um homem sábio e culto que pu-
desse ser enviado como mensagei-
ro a Olodumaré, para que este re-
solvesse o problema e indicasse o
que precisava ser feito para as coi-
sas se normalizarem. Orumilá foi o
escolhido. Partiu para o outro mun-
do, o Orun, para encontrar
Olodumaré e, ao chegar, já encon-
trou Exu Odara, explicando que
tudo o que acontecia era porque eles
não chamavam a décima sétima pes-
soa para participar das oferendas. Ela
é que estragava tudo.

Quando Orumilá voltou e ex-
plicou aos outros, eles chamaram
Oxum e disseram que ela deveria
acompanhá-los, quando fossem fa-
zer oferendas e sacrifícios. Ela se
recusou e todos começaram a supli-
car, homenageá-la e reverenciá-la e
ela passou a maltratá-los durante sete
dias. No sétimo dia, eles a chama-
ram e ela disse que não iria, mas que
havia outra solução. Se eles fizessem
com que o filho que ela esperava
nascesse homem, ele os acompanha-
ria, em vez dela. Porém, se nascesse
mulher, a terra se acabaria e eles te-
riam que fazer outra.
Para conseguir que nascesse
um menino, todos os Orixás reza-
vam e colocavam seu axé na cabeça
de Oxum. No dia do nascimento, ela
não disse o sexo, e só deixou que
todos vissem a criança no nono dia,
que era o dia de dar o nome, o que
originou a atual cerimônia do nome.
Nesse dia, ela mostrou a criança,
colocou-a nas mãos de Oxalá e to-
dos viram que era menino. Depois,
passou a criança de mão em mão e
todos a abençoaram e chamaram de
Axetuwa: o poder o trouxe a nós .
Na ocasião de consulta ao
oráculo para a criança, viram que
seus odus eram Osé e Otuá e pas-
sou a chamar-se Oxetuá, nome dado
por seu odu de Ifá. Assim, Oxetuá
passou a acompanhá-los, as coisas
voltaram a dar certo, as previsões a
realizarem-se e os orixás determi-
naram que, sem o décimo sétimo
membro, não chegariam à nenhuma
conclusão, e que Oxum deveria es-
tar sempre entre eles.

Eis que uma seca se abateu
sobre a terra. Eles foram consultar
Ifá, que determinou uma grande
oferenda para que Olodumaré pro-
tegesse a terra e tivesse piedade. Reu-
niram todos os elementos e fizeram
a oferenda, que foi levada a
Olodumaré por Ejiogbe. Quando ele
chegou lá, as portas do Orun esta-
vam fechadas. Os demais foram,
cada um, num dia, mas nada feito.
Olorun não abria as portas.
Decidiram, então, que Oxetuá
deveria tentar e ele devia levar a
oferenda. Ifá disse que Oxetuá rece-
beria honras e teria uma posição para
sempre e fez recomendações.
Oxetuá encontraria uma velha e de-
veria tratá-la bem. O previsto acon-
teceu e a velha deu conselhos a
Oxetuá de como proceder para a
oferenda chegar às mãos de
Olodumaré.
Oxetuá e Exu partiram para
levar a oferenda, seguindo os con-
selhos da velha e encontraram as
portas do orun abertas. Olodumaré
deu a Oxetuá uns feixes de chuva.
Ao descer, Oxetuá perdeu um feixe
e logo começou a chover muito.
Os legumes e verduras brota-
ram e cresceram, as palmeiras desen-
volveram-se. Quando Oxetuá vol-
tou, recebeu muitas homenagens e,
por um acordo, ficou sendo o por-
tador de todas as oferendas para
Olodumaré, no poderoso Orun.”

Prof. Agenor Miranda Rocha

(REVISTA KÀWÉ - 2/2001)


Lendo este belo poema do odu Osetuá (Tché Tulá entre os fons) também podemos compreendero por que os filhos de Oxum quando participam do preparo de certas obrigações nos terreiros, devem acompanhá-las até a entrega das mesmas, e também compreender o por que dos noviços no Candomblé terem suas cabeças raspadas nove dias antes do santo dar o nome no agbassá.
“No dia do nascimento, ela
não disse o sexo, e só deixou que
todos vissem a criança no nono dia,
que era o dia de dar o nome, o que
originou a atual cerimônia do nome.
Nesse dia, ela mostrou a criança,
colocou-a nas mãos de Oxalá e to-
dos viram que era menino. Depois,
passou a criança de mão em mão e
todos a abençoaram e chamaram de
Axetuwa: o poder o trouxe a nós .”


Moral da História:
Devemos ser sempre reconhecidos quanto às pessoas que nos auxiliam, sem desmerecer ninguém, agindo assim os ancestrais nos darão bons caminhos nas empreitadas da vida.
Sejamos sempre agradecidos.


Iyami por Izikade no SoundCloud

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Jaca


Artocarpus heterophyllus, Lam.

Fruto muito nutritivo oriundo da Índia e de Bangladesh, sua árvore é a Jaqueira, ou Pé-de-jaca, como é mais conhecida no Brasil.

Foi introduzida na África e nas Américas pelo branco, por isso é denominada pelos Adjás do Mono no Benim de Yovozin, ao passo que por esse nome os fons denominam a laranja, também introduzida pelo branco.

Os hulas denominam a jaca de Kubé (Cubê em português), ao passo que em Gana Kubé é a denominação do coco-da-bahia em língua twi.

A Jaca-dura, ou Jaca-pau, um tipo mais consistente de Jaca, é utilizada no Candomblé em substituição a um mogno africano para realização de preceitos de certas divindades como Azonsu e Ewa dos Modubis, e da yami progenitora de Oxóssi pelos nagôs, tornando-se um interdito comer de seus frutos aos filhos deste orixá.

Os frutos, as folhas e as raízes da Jaqueira possuem propriedades medicamentosas e o fruto é muito apreciado no Brasil, onde também possui aplicações na culinária.




segunda-feira, 12 de junho de 2023

Omolokun, o Oore de Otun.

 

"Oore de Otun"


"A tradição diz que o Oore emergiu do Okun Moba (Mar de Moba) em Lagos com uma cabaça contendo água na mão, contas em volta do pescoço e uma coroa de contas na cabeça. Oore, também conhecido como Omolokun, não tinha pai nem mãe terrenos conhecidos.

Oore, havia se estabelecido em lugares diferentes em épocas diferentes, começando em Moba, perto de Mushin, em Lagos. Alguns dos lugares pelos quais passaram depois de Ile-lfe incluem Akure, Oke Olodun e lpole antes de se mudarem para o local atual, Odo Ira, há mais de 400 anos. Oore/Omolokun em um momento ou outro esteve em IIe-Ife e teve um relacionamento muito forte com Oduduwa, o progenitor dos Yorubas. O Oore era formalmente conhecido e referido como Omolokun. O Oore também existia durante os períodos itinerantes quando as pessoas migravam de um lugar para outro.

A relação entre Oore e Oduduwa foi muito especial e em um momento durante sua estada em IIe-Ife, Oduduwa misteriosamente ficou cego e os esforços para restaurar sua visão foram abortivos. Oore e Oduduwa viveram ao mesmo tempo em Ile-Ife. No entanto, houve um período em que Oduduwa ficou cego e todos os esforços para ressuscitar sua visão se mostraram muito difíceis e abortivos. Foi Omolokun, agora Oore, que consultou o Oráculo de Ifa em nome de Oduduwa e disse que, a menos que eles buscassem água no oceano para preparar certas coisas, a visão de Oduduwa não seria restaurada.

Oduduwa chamou todos os seus filhos e queria saber quem se voluntariaria para ir buscar a água do oceano e como a história conta, um dos filhos mais novos de Oduduwa, Ajibogun, ofereceu-se para ir buscar a água. E quando ele foi, demorou muito para voltar. Então, todos, incluindo Oduduwa, pensaram que Ajibogun havia morrido.

Neste ponto, quando todos os outros filhos de Oduduwa perceberam que seu pai estava envelhecendo; eles decidiram ter sua própria herança e migraram para formar seus próprios reinos. Durante esses períodos, Oore continuou garantindo a Oduduwa que Ajibogun retornaria com segurança. Antes do retorno de Ajibogun para Ife, todos os outros filhos de Oduduwa haviam deixado o local, sempre que esses filhos saíssem de Ilê Ifé, sempre que chegassem onde deveriam se estabelecer, eles enviariam uma mensagem de volta para casa indicando onde se estabeleceram.

Oore estava sempre com Oduduwa. Então Oore sabia onde cada filho de Oduduwa se estabeleceu. E quando Ajibogun voltou com a água, foi o Oore quem fez todos os rituais necessários, e Oduduwa recuperou a visão. Oore pegou parte da água trazida de Okun Moba para lavar os olhos de Oduduwa antes que sua visão fosse restaurada. Essa façanha realizada por Oore o tornou querido por Oduduwa na medida em que ele o chamou de "Oloore mi" (que significa meu benfeitor). Foi assim que Oore derivou seu nome.

Foi neste ponto que Oduduwa começou a chamar Oore de meu benfeitor (Oloremi). Oloremi é o nome completo de Oore. Esse era o nível de proximidade entre Oore e Oduduwa nos tempos antigos. Foi depois que Oduduwa recuperou a visão que Oore decidiu deixá-lo, e com Oduduwa exigindo uma promessa de Oore de que sempre que Oduduwa precisasse de Oore, Oore deveria encontrar tempo para vir até ele. Oore foi a última pessoa a deixar Ilê Ifé.

Desde então, Oore é a única pessoa legítima autorizada pela tradição a anunciar a passagem de qualquer Ooni de Ife. Então, quando Oduduwa faleceu, Oore foi a primeira pessoa que eles enviaram e Oore teve que voltar para Ilê Ifé e informar todos os filhos de Oduduwa sobre a passagem de seu pai. Essa era a situação e foi onde a história foi estabelecida que sempre que um Ooni em Ilê Ifé falece, é o Oore que tem o direito de saber sobre tal morte antes de qualquer outra pessoa. Além disso, antes que um novo Ooni possa ser instalado, certos ritos tradicionais devem ser realizados para invocar o espírito de quatro (4) Obas muito antigos na Iorubalândia. O Oore é um deles."

In: https://oloolutof.wordpress.com/2020/09/07/the-brief-history-of-oore-of-otun/  (12/06/2023)


Esta lenda nos esclarece por que razão o tão conhecido prato de Oxum, denominado omolocum, que nada mais é que um abobó, que é feito à base de feijões brancos de olho preto (fradinho) e temperado com camarões secos descascados e outros temperos, é enfeitado com quatro ovos cozidos e descascados, o ovo representa o início, os quatro reis.

Uma outra explicação é a do Oore Omolokun produzindo a cura da cegueira, e fazemos o omolocum muitas vezes para curar uma cegueira mental e oferecemos à Oxum que possui a capacidade de prever, ver e curar essa cegueira. Essa situação pode até ser causada por algum trabalho feito para a pessoa, conforme conta um kpoli nós versos do qual Oxum perseguida por adjés (feiticeiras que se transformam e pássaros) é orientada a cozinhar ovos e preparar omolocum para comer amedrontando estas adjés, situação que faz muitas das casas de candomblé alterarem o número de ovos e por conseguinte sua tradição, mas é importante lembrar que o kpoli (odu, du) relaciona coisas em números próprios e não de sequência de caída que muitas vezes muda conforme o jogo e a nação.



sábado, 2 de novembro de 2013

Benim: A Divindade Oro em sua Origem.

Yami Ati Òrò Mèhoun (Foto de Gèlèdè em Kétou)


Benim: A Divindade Oro em sua Origem.

O mito conta que Ogum, Deus do Ferro, havia pedido à sua irmã Oro (Òrò) para vir à terra oferecer sacrifícios a Deus, enraivecido, para solicitar a sua indulgência e obter o seu perdão depois das divindades que viviam com ele o terem ofendido.
Em sua jornada para a terra, a lenda revela que Oro viajou nua, pois confiou suas roupas para outra divindade que a acompanhou no meio do caminho entre o céu e a terra, para permitir que o sacrifício rapidamente se espalhasse aos quatro ventos.
Desde que chegou à Terra para fazer o sacrifício composto de todos os frutos, as mulheres viram Oro nua e começaram a tirar sarro dela. A divindade sofreu chicotadas, atiravam-lhe pedras... Confusa e coberta de vergonha de sua nudez, a Deusa do vento foi se esconder em uma floresta. A Divindade que tinha acompanhado ela, então, retorna para o céu para informar a Ogum da situação.
Ogou, Deus da vingança e justiça desceu e matou todas as mulheres. Ele bloqueia o caminho dos homens que tinham ido para os campos, e pede a sua irmã. Os homens responderam que estavam ali para nada - mas estavam ansiosos para explicar a Ogum que uma senhora chegou nua e se escondeu na floresta, após a fúria das mulheres contra ela.
Chegando na entrada da floresta, Ogum a chamou. Oro se recusou a sair porque estava nua. Ogum a vestiu com ramos de palmeiras. "Partamos agora aos céus", ordenou Ogum. Oro persistiu e escolheu permanecer na floresta com os fiéis companheiros que vão dar-lhe de comer: os homens. "À partir deste dia, só homens podem acompanhar-me no meus rituais e consagrações. As mulheres tendo me visto não se abstiveram de me difamar, não me poderão ver mais. E qualquer uma delas que cometer este deicídio será condenada à morte." Censurou Oro.
Comovido, a divindade Ogum tomou a decisão sobre a sua permanência na terra com sua irmã Oro por vingança. Razão pela qual o Deus do Ferro co-habita com sua irmã dentro da floresta.
A lenda diz que esta situação causou a descida à terra de diversas outras divindades e o por que Deus criou uma atmosfera insuportável: por causa de suas ofensas.



De: ABP - Pobè, Bénin. Publicado em 06 de Julho de 2013.

Traduzido por Ifabimi.

Eepa!