Mostrando postagens com marcador Orixá. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Orixá. Mostrar todas as postagens

sábado, 5 de agosto de 2023

Origem do Termo Umbanda.

"Umbanda é uma religião afro-brasileira que sintetiza o culto aos Orixás e aos demais elementos das religiões africanas, em especial Iorubá, com indígenas e cristãs, porém sem ser definida por eles.

 Estruturada como religião no início do século XX em São Gonçalo, Rio de Janeiro, a partir do sincretismo entre candomblé, o catolicismo e o espiritismo que já se vinha operando ao longo do final do século XIX em quase todo o Brasil. É considerada uma "religião brasileira por excelência" caracterizada pelo síntese entre a tradição dos orixás africanos, os santos católicos e os espíritos tradicionais de origem indígena.

O dia 15 de novembro é considerado a data do surgimento da Umbanda como religião organizada, e foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 pela Lei 12.644. Em 8 de novembro de 2016, após estudos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a umbanda foi incluída na lista de patrimônios imateriais do Rio de Janeiro por meio de decreto." 

In: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Umbanda , em 05/08/2023.

 

Segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas do médium fundador Zélio Fernandino de Moraes, a Umbanda é definida como "A manifestação do espírito para a prática da caridade". A Umbanda se contrapõe à Kimbanda? Qual a origem da Umbanda?

Podemos definir "Kimbanda" em três concepções: uma como sendo a religião por inteiro, o Omolocô no Estado do Rio de Janeiro - Brasil que era o conjunto de práticas de Umbanda e Kimbanda; de uma outra forma como vista por muitos umbandistas, ela seria o "lado esquerdo ", observado que a palavra "kimbande" significa defensiva, defesa, sendo o propósito do Povo da Rua que é cultuado na parte de fora dos terreiros; ou bem entendido: as giras (sessões) desse Povo da Rua (Exus e Pomba giras); e de uma terceira forma entende-se por Kimbanda o praticante de Kimbanda, o "kimbandeiro", o feiticeiro ou o curandeiro.

Umbanda (mbanda) é uma palavra kimbunda oriunda do bantu (povo, outra palavra kimbunda) sobretudo da região da atual Angola. Manda significa "preceito". Exercer uma fé religiosa, praticar adoração às divindades e antepassados é mbanda, numa segunda definição, a dos antigos praticantes do Omolocô, Umbanda é a parte de cura praticada pelos guias espirituais, como também pelo "embanda" (dirigente de um culto, mais tarde nomenclaturado babá e babalaô, zelador ou zeladora, pai ou mãe - termos oriundos do kimbundo "tata" e "mam" que eram utilizados no Omolocô).

As raízes da Umbanda vêm do Omolocô, antigamente conhecido popularmente como "macumba", é a parte da mesa de cura, da prática da caridade, do descarrego (desobsessão, limpeza espiritual). 

 A Umbanda conserva algumas características das práticas de cultos de divindades bantas e sudanesas herdadas do Omolocô, que era uma reunião religiosa originada dos calundus dos Filhos da Fazenda (Omo l'oko), assim identificados pelos nagôs.

 

 



 


Assista os vídeos:


https://youtu.be/eMwUSn0B6DY

 

https://youtu.be/RroftfW8nGU 

terça-feira, 27 de junho de 2023

Oxum em Aladá.

 

"Oxum, orixá da beleza, do dinheiro e do amor é conhecida em Aladá no Benim por Oxum Yalodê (Ìyálóde em irorubá), mas o que significa este título que Oxum recebeu? Vejamos:

A Ìyálóde é um cacique feminino de alto escalão na maioria dos estados tradicionais iorubás . O título está atualmente dentro do dom dos obás , embora Njoku tenha afirmado em 2002 que o processo de escolha de um Ìyálóde na Nigéria pré-colonial era menos uma escolha do monarca, e mais da realização e envolvimento da mulher para ser assim. homenageado em assuntos econômicos e políticos.


 

História

Historicamente, portanto, o Ìyálóde não serviu apenas como representante das mulheres no conselho, mas também como influenciador político e econômico na Nigéria pré-colonial e colonial.

Referido na mitologia Yoruba como Oba Obirin ou "Rei das Mulheres", as opiniões de uma Ìyálóde são normalmente consideradas no processo de tomada de decisão pelo conselho de altos chefes. Em 2017, Olatunji da Tai Solarin University of Education comparou o papel desempenhado por uma Ìyálóde ao do feminismo moderno . Ele foi além, explicando que uma Ìyálóde do século 19, Madame Tinubu , era uma das pessoas mais ricas na iorubalândia, e serviu como uma peça importante que se tornou rainha em ambos: Lagos - onde ela se casou com um obá - e Egbalândia - onde ela contribuiu para o esforço de guerra de seus companheiros Egbás.

Mosadomi opinou que a influência da Ìyálóde nunca se limitou a estar apenas entre as mulheres, mas transcende seus deveres oficiais e inclui toda a estrutura política, cultural e religiosa do povo irorubá, citando Tinubu e Efunsetan Aniwura como exemplos óbvios .  Sofola (1991) corrobora isso ao afirmar que "Não importa o quão poderoso um obá possa ser, ele nunca poderá ser uma Ìyálóde". De acordo com o professor Olasupo, a autoridade do título de Ìyálóde na Nigéria moderna não é tão extensa quanto antes. Um Alafin de Oyó , Lamidi Adeyemi, identificou a extinção cultural causada pela "modernidade" como razões para o desenvolvimento. Ele lembrou que as mulheres tinham papéis mais importantes no círculo de liderança da iorubalândia no passado. Por exemplo, é relatado que Tinubu exercia tanto poder que impediu o obá de Lagos de fazer de Lagos uma colônia britânica por um período."

In: https://en.m.wikipedia.org/wiki/Iyalode_(title)  (Em 27/06/2023)

Podemos concluir que é uma líder influente e para tal, de altíssima reputação, tal qual Oxum, orixá cheio de dignidade e poder. Por essa razão e sua reputação junto a Xangô, Oxum é entitulada Yalodê em Aladá, resguardando sua origem Egbá. Ora yeye o!



domingo, 25 de junho de 2023

Assentamento de Odu.

 Já há alguns anos algumas pessoas têm perguntado à minha pessoa se "odu" pode ser "assentado" na Umbanda ou no Candomblé, e a maioria geralmente é orientada a proceder desta forma por questões como as de dinheiro.

Bem, o que eu posso é alertar a essas pessoas que "odu" é com a religião do Ifá, e não com a Umbanda ou com o Candomblé. Odus também não são "assentados", simplesmente são "encontrados" e "recebidos", na floresta e/ou no salão e não devem ser estudados por quem não é iniciado em Ifá, pois poderia trazer má sorte. 

O que se faz no Candomblé é um jogo de búzios onde cada caída, cuja a leitura numerológica e geomântica que varia de nação para nação e de segmento para segmento, pertence a um odu maior e responde um ou mais orixás, voduns ou mankissi para os quais são realizadas as obrigações necessárias daquele jogo realizado.

Todos os odus do Ifá/Fá/Afá/Ufá possuem seus preceitos descritos no próprio corpo da oralidade, o resto é invencionismo.

O Ifá é um patrimônio imaterial, vamos respeitar.

Ifabimi Aladanu.







segunda-feira, 12 de junho de 2023

Omolokun, o Oore de Otun.

 

"Oore de Otun"


"A tradição diz que o Oore emergiu do Okun Moba (Mar de Moba) em Lagos com uma cabaça contendo água na mão, contas em volta do pescoço e uma coroa de contas na cabeça. Oore, também conhecido como Omolokun, não tinha pai nem mãe terrenos conhecidos.

Oore, havia se estabelecido em lugares diferentes em épocas diferentes, começando em Moba, perto de Mushin, em Lagos. Alguns dos lugares pelos quais passaram depois de Ile-lfe incluem Akure, Oke Olodun e lpole antes de se mudarem para o local atual, Odo Ira, há mais de 400 anos. Oore/Omolokun em um momento ou outro esteve em IIe-Ife e teve um relacionamento muito forte com Oduduwa, o progenitor dos Yorubas. O Oore era formalmente conhecido e referido como Omolokun. O Oore também existia durante os períodos itinerantes quando as pessoas migravam de um lugar para outro.

A relação entre Oore e Oduduwa foi muito especial e em um momento durante sua estada em IIe-Ife, Oduduwa misteriosamente ficou cego e os esforços para restaurar sua visão foram abortivos. Oore e Oduduwa viveram ao mesmo tempo em Ile-Ife. No entanto, houve um período em que Oduduwa ficou cego e todos os esforços para ressuscitar sua visão se mostraram muito difíceis e abortivos. Foi Omolokun, agora Oore, que consultou o Oráculo de Ifa em nome de Oduduwa e disse que, a menos que eles buscassem água no oceano para preparar certas coisas, a visão de Oduduwa não seria restaurada.

Oduduwa chamou todos os seus filhos e queria saber quem se voluntariaria para ir buscar a água do oceano e como a história conta, um dos filhos mais novos de Oduduwa, Ajibogun, ofereceu-se para ir buscar a água. E quando ele foi, demorou muito para voltar. Então, todos, incluindo Oduduwa, pensaram que Ajibogun havia morrido.

Neste ponto, quando todos os outros filhos de Oduduwa perceberam que seu pai estava envelhecendo; eles decidiram ter sua própria herança e migraram para formar seus próprios reinos. Durante esses períodos, Oore continuou garantindo a Oduduwa que Ajibogun retornaria com segurança. Antes do retorno de Ajibogun para Ife, todos os outros filhos de Oduduwa haviam deixado o local, sempre que esses filhos saíssem de Ilê Ifé, sempre que chegassem onde deveriam se estabelecer, eles enviariam uma mensagem de volta para casa indicando onde se estabeleceram.

Oore estava sempre com Oduduwa. Então Oore sabia onde cada filho de Oduduwa se estabeleceu. E quando Ajibogun voltou com a água, foi o Oore quem fez todos os rituais necessários, e Oduduwa recuperou a visão. Oore pegou parte da água trazida de Okun Moba para lavar os olhos de Oduduwa antes que sua visão fosse restaurada. Essa façanha realizada por Oore o tornou querido por Oduduwa na medida em que ele o chamou de "Oloore mi" (que significa meu benfeitor). Foi assim que Oore derivou seu nome.

Foi neste ponto que Oduduwa começou a chamar Oore de meu benfeitor (Oloremi). Oloremi é o nome completo de Oore. Esse era o nível de proximidade entre Oore e Oduduwa nos tempos antigos. Foi depois que Oduduwa recuperou a visão que Oore decidiu deixá-lo, e com Oduduwa exigindo uma promessa de Oore de que sempre que Oduduwa precisasse de Oore, Oore deveria encontrar tempo para vir até ele. Oore foi a última pessoa a deixar Ilê Ifé.

Desde então, Oore é a única pessoa legítima autorizada pela tradição a anunciar a passagem de qualquer Ooni de Ife. Então, quando Oduduwa faleceu, Oore foi a primeira pessoa que eles enviaram e Oore teve que voltar para Ilê Ifé e informar todos os filhos de Oduduwa sobre a passagem de seu pai. Essa era a situação e foi onde a história foi estabelecida que sempre que um Ooni em Ilê Ifé falece, é o Oore que tem o direito de saber sobre tal morte antes de qualquer outra pessoa. Além disso, antes que um novo Ooni possa ser instalado, certos ritos tradicionais devem ser realizados para invocar o espírito de quatro (4) Obas muito antigos na Iorubalândia. O Oore é um deles."

In: https://oloolutof.wordpress.com/2020/09/07/the-brief-history-of-oore-of-otun/  (12/06/2023)


Esta lenda nos esclarece por que razão o tão conhecido prato de Oxum, denominado omolocum, que nada mais é que um abobó, que é feito à base de feijões brancos de olho preto (fradinho) e temperado com camarões secos descascados e outros temperos, é enfeitado com quatro ovos cozidos e descascados, o ovo representa o início, os quatro reis.

Uma outra explicação é a do Oore Omolokun produzindo a cura da cegueira, e fazemos o omolocum muitas vezes para curar uma cegueira mental e oferecemos à Oxum que possui a capacidade de prever, ver e curar essa cegueira. Essa situação pode até ser causada por algum trabalho feito para a pessoa, conforme conta um kpoli nós versos do qual Oxum perseguida por adjés (feiticeiras que se transformam e pássaros) é orientada a cozinhar ovos e preparar omolocum para comer amedrontando estas adjés, situação que faz muitas das casas de candomblé alterarem o número de ovos e por conseguinte sua tradição, mas é importante lembrar que o kpoli (odu, du) relaciona coisas em números próprios e não de sequência de caída que muitas vezes muda conforme o jogo e a nação.



sábado, 27 de maio de 2023

Fufu

 

Há duas formas pelas quais podemos preparar o Fufu, a mais tradicional é pilando o inhame cará (aquele grande) depois de cozido em água e descascado depois para não perder os nutrientes, então pilamos até que obtenhamos uma massa uniforme e espessa, à qual, em seguida, damos um formato arredondado.

De outra forma podemos utilizar a farinha branca de inhames com água, na proporção de duas partes de água para uma de água filtrada.

Colocamos a água para ferver reservando um pouco dela em outro recipiente para o final. Adicionamos a farinha mexendo sem parar para que não forme grumos e quando terminamos de adicionar vertemos com cuidado, aos poucos e mexendo sempre, o restante da água. O Fufu está pronto, é só aguardar esfriar um pouco e formatar.

A palavra Fufu vem do iorubá fun fun que significa branco. Este prato é um tipo de amalá, só que é produzido com a farinha branca de inhames, ao passo que o Amalá  Branco é produzido com a farinha branca de mandioca. Dentro da religiosidade dos orixás ele é oferecido para obatalá (Oxalá; Lissá, Olissá do Jeje) geralmente acompanhado da Farinha de Egusi (Egussi) passada em Limo da Costa derretido. Não se usa sal.

É  um delicioso prato acompanhado da Sopa de Egussi, ou de outras.

🍴🥣🍸😋❤️🔆







quinta-feira, 27 de abril de 2023

O Feijão Sagrado de Cada Oferenda.

Feijão é um alimento muito saboroso e dependendo de qual feijão pode apresentar diferentes constituintes nutritivos, contudo antes de se cozinhar o feijão ele deve ficar de molho para amolecer os grãos e liberar o gás metano. Deve ser muito bem cozido em seu preparo evitando assim um excesso de flatulência em quem ingere o prato preparado com feijão. Uns ficam macios em poucas horas de molho na água, como o feijão fradinho e outros mais duros que necessitam de mais horas de molho.

Xangô adora o seu gbegiri (sopa de feijão fradinho) acompanhado do ebá, que são os bolinhos de farinha, que dependendo do kpoli (Du, odu) não deve ser moldado com os dedos para fazer o rostinho na massa. É bom lembrar que Xangô é um Egun e que voltou da morte, e que o feijão fradinho é um dos feijões brancos da Iorubalândia, assim como o da variedade Branco de Sokoto e que com ele são feitos diversos pratos além do acarajé (akara) e do abará (massa do acarajé envolta em folhas de bananeira e cozida no bafo da panela)

Ogum gosta do seu feijão vermelho, o que décadas atrás não era muito fácil de ser encontrado nos mercados do Brasil, e muitos substituiam pelo feijão mulatinho, ou até mesmo pelo preto, e o preto também não havia na Iorubalândia, mas no Daomé, e se preparava com ele pratos para Sakpatá. Os sakpatassis (vodunsis de Sakpatá) não comem do feijão preto durante seus preceitos de resguardo porque representa a erisipela.

Niébé (niebê), Abôbô (abobó), Vèyi (vé-í), Koki, Benga, hummm... É tudo feijão!


Feijão vermelho (de Ogum)

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Osopupa

Osopupa é o Pau Amarelo, uma árvore africana de madeira amarela cujo o corte não pode ser quadrado na base devido à sua constituição e cujo fruto se assemelha à uma pequena banana que junta-se a outras arrumando-se em penca. É um interdito para Xangô, e por causa disso também não se deve oferecer para ele a banana ouro, que lembra o fruto do osopupa, substituindo-se pela banana maçã que é maior. O orixá pode se confundir, assim como confundiu a orelha de Obá, uma de suas esposas, com olu (cogumelo) que é comida de Ogum, mas Xangô não gosta.


 
Osopupa 


Osopupa 

domingo, 23 de abril de 2023

O Pombo

Eyelé dos yorubás (elé dos mahis).

Oyá não aprecia pombos, é um dos seus principais interditos, você  sabia disso?

Filha(o) de Oyá: mantenha seu etá (cabeça em mahi) protegido evitando os interditos, mas sempre ligado com Oyá, não coma pombo(a), não use penas de pombo, mantenha o pombo fora de suas obrigações rituais.



Goro

Ma bo kwere

Ase kwere

Goro, goró, adja!...


Obi gbanja (golo; goro) é muito apreciado por muitas divindades, inclusive Olissá, menos por Lègba (Exu).

Goró é um interdito para Lègba. Ofereça o Obi Abatá de quatro gomos para ele, aquele de jogo, e o vi (obi) de cinco gomos você oferece para Gun (Ogum).

Goro

 

Acendendo as Velas.

Você pode usar o isqueiro para acender seus lumes, suas velas, suas lamparinas para os orixás e voduns, desde que haja responsabilidade de modo a evitar um incêndio no local, sejam afastados os riscos e você permaneça ali até que o lume termine. Só não utilize o isqueiro para acender a vela de Ogum, use um palito de fósforo... Ogum não aprecia o uso de isqueiro, é um interdito.



sábado, 22 de abril de 2023

Aklan Loso




Certa vez Oxum se envolveu com um homem chamado  Djehun Djoke (o que se levanta para ir comer) e foi consultar Aklan Loso para saber sobre o seu amor. O sacerdote jogou Ifá e lhe transmitiu que deveria ter atenção, antes de tudo respeitar os seus interditos alimentares de não ingerir grãos de painço, sorgo e outros milhetos para que nada de mal lhe acontecesse. Oxum respondeu-lhe que sempre respeitou os seus interditos, e se foi.

Dizia-se que o homem amado por Oxum se transformava em serpente e que costumava sair à noite para caçar. Até que Oxum envolveu-se com ele de fato e dormiram juntos. Depois desse acontecimento ela começou a sentir fortes dores na barriga e resolveu fazer imediatamente outra consulta ao sacerdote de Ifá. O sacerdote jogou e disse-lhe que estava com os grãos, que lhes são proibidos de ingerir, congestionando o funcionamento do seu intestino, mas como teria sido se ela não comeu grão nenhum? Segundo o Ifá quem teria comido os grãos teria sido um rato que entrou em um recinto onde estavam estes grãos e depois seu homem transformado em serpente o caçou e comeu.

Chegando à noite quando o homem se transformou para ir caçar, acabou sendo caçado e eis que dentro de sua barriga ainda estava o rato, e morto.

                                                                                      -Aklan Loso-

                                 

Deusa Oxum, de Bernadett Bagyinka

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Gbessem, o Espírito da Vida.




Os Huedas eram oriundos de Ayó (Oyó) eram ayonus, portanto um 

povo de origem iorubá e em êxodo chegaram ao Vale do Uemê, 

território Mahi, até a cidade de Tado,  quando imigraram rumo ao sul. 

Enfrentaram muitos problemas devido ao grande número de 

imigrantes nas áreas, muitas vezes deficientes, em que se 

instalaram, então uma pequena parte deles prosseguiu na rota sul 

pela margem do Rio Mono chegando à Agonmeseva.


Sob a liderança de um príncipe de Tado denominado Ahoho, 

eles chegaram à Região de Guezin e rumaram para Huetokpa 

em Savi, Uidá, onde se deu início ao que seria o futuro reino e que 

mais tarde esse reino passa a fazer parte das conquistas do Rei 

Agajá como uma possibilidade de expansão para a costa marítima, 

sem ter que pagar tributos ao reino vizinho.

Por todo o trajeto migratório, os Huedas por onde passavam e onde 

se estabeleciam de forma provisória para descansar e conhecer 

melhor a terra, propagavam o culto sagrado ao vodum Dan 

Aydohwedo, a serpente sagrada, denominada Gbé (Gbè) pelos 

mahis, e que significa vida (Gbesen- espírito da vida- Gbessem).

Os mahis denominaram a árvore sagrada de Gbessem 

(Newboldia laevis) por Ahoho, fazendo alusão ao príncipe.


Uma lenda conta que a serpente sagrada veio do céu para a 

Terra enviada por Mahu (a deusa suprema) para proteger a todos 

os voduns nagôs, e também dar a sua benção e proteção aos seus 

filhos.

O culto a Gbé em Abomey foi estabelecido na floresta sagrada de 

Gbé, o Gbezum (Gbèzun), local onde dizem que o vodum, 

em certa ocasião, apareceu para um homem chamado "Ja" 

-a palavra Ja significa "ver, enxergar"-, quando ele caminhava 

pela floresta, mas não apareceu de imediato, ele ouviu alguém 

cantar uma canção olhou, olhou e não viu ninguém, ficou 

muito assustado, então, foi embora. 

Preocupado com o acontecido decidiu retornar ao local para 

procurar quem cantava, e a musica continuou, só que o ritmo 

agora estava mais acelerado, mas Ja nada via… Não havia 

ninguém ali, a não ser ele mesmo! Resolveu procurar um sacerdote 

do Fá (um bokonon, um adivinho) e se foi… O adivinho consultado 

lhe disse  que a música que ele ouviu estava sendo cantada pelo 

vodum Gbé, um vodum que teria vindo de Jaluma para habitar 

naquela floresta.


No dia seguinte, obviamente para cumprir algum preceito sagrado 

da adivinhação, determinado pelo bokonon, Ja penetrou na 

floresta pela manhã, bem cedo, e  pode ver quem entoava aquele 

cântico: uma grande serpente com duas cristas vermelhas na 

cabeça que estava toda enrolada em uma árvore, era o vodum Gbè.

Por essa razão até hoje Ja carrega o presente para Gbessem 

nos terreiros de Candomblé Jeje Mahi quando é realizado o "boitá" 

(Gbo-etá, que significa carregar sobre a cabeça), essa lenda 

justifica também a razão pela qual as árvores consagradas ao 

vodun Gun são genericamente denominadas Jassu, pertencem a 

Gun Ja (Ogum Já), assim como o vermelho das cristas da cabeça 

de Gbé é a cor de Ogum entre os nagôs, o povo protegido por Gbé.

 

 

 Uma cantiga muito entoada nos candomblés de Jeje Mahi lembra:


Ja, Ahoho kpekpele,

Ja, Ahoho kpekpele

Kpekpele! Gunja nde

Aholu Gbesen nde

Kpekpele! Gunja nde,

Aholu Gbesen nde.


Veja tem pato no Ahoho

Veja tem pato no Ahoho

Pato! Ogunjá está chamando,

Chamando o Príncipe Gbesen.

Pato! Ogunjá está chamando,

Chamando o Príncipe Gbesen.

 

Obs kpekpele (pepelé) vem do iorubá kpekpeye. 

................................................................................ 


 


Vídeo:Prof Dr David Koffi Aza da Aunor

Dã Kó (cantiga)


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Ogum Timbiri

 

Gou- Escultura de Akati no Museu do Louvre (Wikipedia).


Ogum foi uma divindade muito aclamada pelos seus fiéis durante guerras, revoltas e batalhas pelo fato de ser vencedor de demanda. 

Destaco aqui, em breves linhas que alguns adeptos da Umbanda de hoje consideram Ogum Timbiri como se fosse uma  entidade japonesa associada à Linha do Oriente. Na época da segunda grande guerra surgiu nos terreiros de Umbanda do Rio de Janeiro um lindo ponto cantado que fazia referência à Ogum Timbiri e dizia: "olha as ondas do mar oh! Japonês, olha as ondas do mar; segundo outros entoadores olha as costas do mar oh! Japonês, olha as ondas do mar!" Como quem diz: presta atenção japonês, você vai perder essa guerra… Não devemos associar Ogum a nenhum regime político, sequer imaginar que a divindade seja excludente de alguma raça, o papel aqui para os seus seguidores é o de intercessor. 

Quando dizemos Ogum Timbiri (Ogun ti igbi ri) estamos dizendo que Ogum foi visto pelas ondas. 

No candomblé alguns cânticos de Timbiri tenderam a se confundir com Biriri, e até mesmo com Tiriri. Numa dessas cantigas é dito ele ser o primeiro chefe de Kpossu, o primeiro chefe do campo de batalha de Kpossu (Ogun Timbiri ta nu Kpossu ta de, Ogun Timbiri ta nu Kpossu Gbeta).   

Ogun yè!   

Ponto cantado

Ponto cantado 2 

 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Xango Gbaru.

 Oxê de Xangô do Museu de Arte Metropolitana do Central Park, em Nova Yorque, esculpido por Duda de Meko e fotogradado por Peter Jr. no Flickr.

Visitando alguns sites, tópicos de foruns e blogs, frequentemente nos deparamos com questões sobre Xangô Gbaru que é muito cultuado em candomblé de Ketu, ritos nagôs, Jeje Mahi e Nagô Vodum.
São atribuídos à esta divindade, nestas páginas alguns aspectos peculiares, diferenciados de Xangô (Sàngó) o 3° rei de Oyó, e coisas muitas vezes absurdas.
Na realidade Gbaru é um ancestral da família real, ele foi um rei em Oyó, capital dos Iorubás, foi o 22º rei de Oyó que viveu de 1732 à 1738.

Abaixo uma lista dos reis de Oyó (os alaafin):

  1. Oranmiyan
  2. Ajaka - Foi destronado
  3. Sango - Veio a se tornar o rei dos ráios e trovões
  4. Ajaka - reinstalado
  5. Aganju
  6. Kori
  7. Oluaso
  8. Onigbogi - Conduziu a evacuação da cidade de Oyó em torno do século XVI. Depois dele vieram 36 alaafin.
  9. Ofiran - Construiu a cidade de Shaki
  10. Egunoju - Fundador de Oyo Igboho
  11. Orompoto - Especulou-se ser uma mulher
  12. Ajiboyede -
  13. Abipa - 1570-1580
  14. Obalokun - 1580-1600
    ---Oluodo – Ele não foi enterrado em BARA (o cemitério real; então seu nome foi suprimido)
  15. Ajagbo - 1600-1658
  16. Odaranwu - 1658-1660
  17. Kanran - 1660-1665
  18. Jayin - (Nomeado o primeiro Awuyale de Ijebu Ode) 1655-1670
  19. Ayibi - 1678-1690
  20. Osiyango - 1690-1698
  21. Ojigi - 1698-1732
  22. Gbaru - 1732-1738
  23. Amuniwaye - 1738-1742
  24. Onisile - 1742-1750
  25. Labisi - 1750
  26. Awonbioju - 1750
  27. Agboluaje - (Celebração do Festival de Bere) 1750-1772
  28. Majeogbe - 1772-1775
  29. Abiodun - (Celebração do Festival de Bere) 1755-1805
  30. Aole
  31. Adebo
  32. Maku - 1802-1830
  33. Majotu - (Ilorin dimensiona-se pelos fulanis)
  34. Amodo - 1830
  35. Oluewu - (Queda do Reino Antigo de Oyó) 1833-1834
  36. Abiodun Atiba - (Fundador da moderna Oyó; Celebração do Festival de Bere) 1837-1859
  37. Adelu - 1858-1875
  38. Adeyemi I - 1875-1905
  39. Lawani Agogoija - 1905-1911
  40. Ladigbolu - Jan. 15, 1911-Dec. 19, 1944
  41. Adeniran Adeyemi II - Jan. 5, 1945-Sept. 20, 1955
  42. Bello Gbadegesin - (Ladigbolu II) Jul. 20, 1956-1968
  43. Adeyemi III - Alaafin atual desde 14 Janeiro de 1971
 Faça uma visita ao site do alaafin e de preferência use o Google Chrome que ativa a tradução do texto:

                                             http://www.alaafin-oyo.org/main/