terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Gbessem, o Espírito da Vida.




Os Huedas eram oriundos de Ayó (Oyó) eram ayonus, portanto um 

povo de origem iorubá e em êxodo chegaram ao Vale do Uemê, 

território Mahi, até a cidade de Tado,  quando imigraram rumo ao sul. 

Enfrentaram muitos problemas devido ao grande número de 

imigrantes nas áreas, muitas vezes deficientes, em que se 

instalaram, então uma pequena parte deles prosseguiu na rota sul 

pela margem do Rio Mono chegando à Agonmeseva.


Sob a liderança de um príncipe de Tado denominado Ahoho, 

eles chegaram à Região de Guezin e rumaram para Huetokpa 

em Savi, Uidá, onde se deu início ao que seria o futuro reino e que 

mais tarde esse reino passa a fazer parte das conquistas do Rei 

Agajá como uma possibilidade de expansão para a costa marítima, 

sem ter que pagar tributos ao reino vizinho.

Por todo o trajeto migratório, os Huedas por onde passavam e onde 

se estabeleciam de forma provisória para descansar e conhecer 

melhor a terra, propagavam o culto sagrado ao vodum Dan 

Aydohwedo, a serpente sagrada, denominada Gbé (Gbè) pelos 

mahis, e que significa vida (Gbesen- espírito da vida- Gbessem).

Os mahis denominaram a árvore sagrada de Gbessem 

(Newboldia laevis) por Ahoho, fazendo alusão ao príncipe.


Uma lenda conta que a serpente sagrada veio do céu para a 

Terra enviada por Mahu (a deusa suprema) para proteger a todos 

os voduns nagôs, e também dar a sua benção e proteção aos seus 

filhos.

O culto a Gbé em Abomey foi estabelecido na floresta sagrada de 

Gbé, o Gbezum (Gbèzun), local onde dizem que o vodum, 

em certa ocasião, apareceu para um homem chamado "Ja" 

-a palavra Ja significa "ver, enxergar"-, quando ele caminhava 

pela floresta, mas não apareceu de imediato, ele ouviu alguém 

cantar uma canção olhou, olhou e não viu ninguém, ficou 

muito assustado, então, foi embora. 

Preocupado com o acontecido decidiu retornar ao local para 

procurar quem cantava, e a musica continuou, só que o ritmo 

agora estava mais acelerado, mas Ja nada via… Não havia 

ninguém ali, a não ser ele mesmo! Resolveu procurar um sacerdote 

do Fá (um bokonon, um adivinho) e se foi… O adivinho consultado 

lhe disse  que a música que ele ouviu estava sendo cantada pelo 

vodum Gbé, um vodum que teria vindo de Jaluma para habitar 

naquela floresta.


No dia seguinte, obviamente para cumprir algum preceito sagrado 

da adivinhação, determinado pelo bokonon, Ja penetrou na 

floresta pela manhã, bem cedo, e  pode ver quem entoava aquele 

cântico: uma grande serpente com duas cristas vermelhas na 

cabeça que estava toda enrolada em uma árvore, era o vodum Gbè.

Por essa razão até hoje Ja carrega o presente para Gbessem 

nos terreiros de Candomblé Jeje Mahi quando é realizado o "boitá" 

(Gbo-etá, que significa carregar sobre a cabeça), essa lenda 

justifica também a razão pela qual as árvores consagradas ao 

vodun Gun são genericamente denominadas Jassu, pertencem a 

Gun Ja (Ogum Já), assim como o vermelho das cristas da cabeça 

de Gbé é a cor de Ogum entre os nagôs, o povo protegido por Gbé.

 

 

 Uma cantiga muito entoada nos candomblés de Jeje Mahi lembra:


Ja, Ahoho kpekpele,

Ja, Ahoho kpekpele

Kpekpele! Gunja nde

Aholu Gbesen nde

Kpekpele! Gunja nde,

Aholu Gbesen nde.


Veja tem pato no Ahoho

Veja tem pato no Ahoho

Pato! Ogunjá está chamando,

Chamando o Príncipe Gbesen.

Pato! Ogunjá está chamando,

Chamando o Príncipe Gbesen.

 

Obs kpekpele (pepelé) vem do iorubá kpekpeye. 

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Vídeo:Prof Dr David Koffi Aza da Aunor

Dã Kó (cantiga)


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Ogum Timbiri

 

Gou- Escultura de Akati no Museu do Louvre (Wikipedia).


Ogum foi uma divindade muito aclamada pelos seus fiéis durante guerras, revoltas e batalhas pelo fato de ser vencedor de demanda. 

Destaco aqui, em breves linhas que alguns adeptos da Umbanda de hoje consideram Ogum Timbiri como se fosse uma  entidade japonesa associada à Linha do Oriente. Na época da segunda grande guerra surgiu nos terreiros de Umbanda do Rio de Janeiro um lindo ponto cantado que fazia referência à Ogum Timbiri e dizia: "olha as ondas do mar oh! Japonês, olha as ondas do mar; segundo outros entoadores olha as costas do mar oh! Japonês, olha as ondas do mar!" Como quem diz: presta atenção japonês, você vai perder essa guerra… Não devemos associar Ogum a nenhum regime político, sequer imaginar que a divindade seja excludente de alguma raça, o papel aqui para os seus seguidores é o de intercessor. 

Quando dizemos Ogum Timbiri (Ogun ti igbi ri) estamos dizendo que Ogum foi visto pelas ondas. 

No candomblé alguns cânticos de Timbiri tenderam a se confundir com Biriri, e até mesmo com Tiriri. Numa dessas cantigas é dito ele ser o primeiro chefe de Kpossu, o primeiro chefe do campo de batalha de Kpossu (Ogun Timbiri ta nu Kpossu ta de, Ogun Timbiri ta nu Kpossu Gbeta).   

Ogun yè!   

Ponto cantado

Ponto cantado 2 

 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Akandji

 

     
Gritz de milho do Armazém Túnis (web).   

 

Você conhece akandji?

Muito tradicional no Benim, o akandji é uma saborosa iguaria de milho 

que acompanha o café da manhã, o lanche e as refeições em geral.

 

Os grãos de milho para a produção do akandji são selecionados, então

lavados e escorridos. Daí vão ser moídos, assim é no preparo 

tradicional.

O milho triturado é peneirado, resultando em três produtos: a farinha, 

o gritz e o farelo, este último é dispensado no preparo da massa.

 

O gritz e a farinha de milho são umedecidos com água e depois 

enviados de volta ao moinho para uma segunda moagem. Um terço da 

farinha é lavada em água e colocada para ferver, produzindo uma pasta 

que é deixada para resfriar à temperatura ambiente. 

O restante da farinha, pequena quantidade de açúcar e farinha de trigo 

segundo alguns preparadores, sal e fermento biológico, são misturados.  

Tudo é bem amassado e sovado até que se forme uma massa 

visivelmente bem homogênea, então coloca-se para descansar por cerca 

de 60 minutos. Após este tempo, a massa é enrolada com folhas de 

bananeira, de araruta ou de taioba e posta para assar por cerca de 

45 min em forno pré-aquecido, aos 180ºC.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Eliminando Intrusos No Celular.

 


 

 

Se você anda desconfiado de que exista grampo por desvio em suas chamadas de celular, Whatsapp e mensagens de texto ligue *#21# no seu celular que irá aparecer uma mensagem dizendo se existe algum desvio, caso exista e você queira eliminar a intrusão digite ##21# que será eliminada. 

Fica a dica! 🤗

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Vodum Legba, Uma Divindade Tutelar Entre os Fons do Benim.

 

 


 

Segunda-feira, 10 de janeiro, feriado no Benin, comemora-se o festival 

anual do Vodun, festival instituído por lei de 20 de agosto de 1997. 

Nesta ocasião, La Croix Africa foi descobrir uma das divindades mais 

difundidas do país, o Vodun Lègba.

No misticismo Vodun, Lègba é considerado uma divindade tutelar. “  

Na categoria de deuses tutelares, colocamos os espíritos assumindo 

funções especiais na conduta e no destino dos homens (…). 

Dentre esses Vodun, está Lègba que exerce múltiplas funções. (1) 

explica o professor Jérôme Alladayè, historiador das religiões. Ele é 

apoiado pelo professor Dodji Amouzouvi, sociólogo das religiões, que 

afirma que “  na constelação Vodun, Lègba aparece como uma entidade 

central ”.


Tendo em vista essa precedência no panteão Vodun e suas diversas 

funções, essa divindade é muito difundida no Benin. É encontrado em 

residências e também em espaços públicos. Referindo-se aos tipos de 

Lègba existentes, o professor Mahougnon Kakpo, especialista em 

literatura oral sagrada, afirma: "  Lɛgba: é a divindade protetora 

encontrada na entrada de uma casa (Agbonu Lɛgba), de uma cidade 

(To Lɛgba), de um convento (Hun Lɛgba), um mercado (Axi Lɛgba)  ”. 

(2)


Obviamente, a implantação do cristianismo por quase dois séculos no 

Benin parece não ter, por enquanto, superado o culto prestado a essa 

divindade por alguns beninenses. Lègba continua, de fato, sendo objeto 

de oferendas, sacrifícios propiciatórios, etc.

 


O deus de mil funções.

 

Muitas funções são atribuídas a Lègba. O professor Paulin 

Hounsounon-Tolin, aponta que no Benin, “  Lègba faz o papel de Hermès,

serve como um guia necessário para o sucesso de qualquer negócio  ”. 

O filósofo acrescenta: “  A mitologia Fon [o grupo étnico majoritário na 

nota do Editor do Benin] concebe cada divindade como sendo capaz de 

entender e se comunicar apenas em sua própria língua. Lègba era a 

única divindade capaz de LPcompreender todas as línguas e permitir, 

ipso facto, que as outras divindades se comunicassem entre si  ” (3). 

Ao Professor Alladayè para ir mais longe: “  É para acelerar esta 

intercessão que cada panteão Vodun tem o seu Lègba  ”.

 


Para ler: 

A fé cristã diante do vodun.

 

Lègba também é a divindade protetora. “Lègba é o guardião do templo. 

Ele garante a segurança e proteção daqueles que confiam nele. 

Seu seguidor confia a ele o começo e o fim de todas as coisas, o 

começo de seu dia, de suas atividades para que prosperem” , explica o 

professor Amouzouvi. Além disso, completa o professor Alladayè, “  

Lègba é regularmente invocado e chamado para proteger contra o mal  ”

e, ao contrário de certas crenças, “  ele não está ali para fazer o mal ou 

perturbar o destino do homem  ”.

 

O desafio de estetizar as práticas Vodun.

 

Não se pode apresentar a divindade Lègba sem mencionar o fato de 

que, em certos templos, as abundantes oferendas e os numerosos 

sacrifícios aos quais a divindade é submetida diariamente às vezes dão

origem a um monte de sujeira em seu ambiente; daí o desafio da 

estetização das práticas em torno da divindade. Esta observação 

compartilhada por muitos cidadãos beninenses entrevistados no 

prelúdio do festival Vodun, ao que parece, pode até ser estendida a 

outras divindades Vodun.


Questionado sobre o assunto, o professor Amouzouvi acredita que 

aqueles que fazem essa crítica às práticas do Vodun em geral e ao 

Vodun Lègba em particular, “o fazem por ignorância ou por má 

comparação” . Colocando as coisas em perspectiva , ele questiona a 

consistência da observação: “  você vai a certos templos em Lègba, 

quer sentar, comer e até dormir; você vai nos outros, tem moscas  ”. 

No entanto, o académico reconhece que “  é uma questão de 

sentimento, da sensibilidade de cada um perante o seu Vodun, o seu 

Lègba, garantir uma certa limpeza, estética e beleza à sua volta.  »


Juste Hlannon (Cotonou)

(1) Jérôme Alladayè, Le catholicisme au pays du Vodun, Cotonou, 

Éditions du Flamboyant, 2003, p. 35.


(2) Mahougnon Kakpo, La Naissance de Fa. L’enfant qui parle dans le 

ventre de sa mère, Cotonou, Laha Éditions, 2018, p. 159.


(3) Paulin Hounsounon-Tolin, Éducation et décolonisation culturelle de 

l’Afrique. Éléments et situation de comparaison entre les Romains de 

l’Antiquité et les Fons du Bénin, Yaoundé, Éditions CLE, 2019, p.91.


In: https://africa.la-croix.com/vodun-legba-une-divinite-tutelaire-chez-les-

fons-du-benin/amp/   (acesso em 03/02/2023).


https://youtube.com/shorts/HuKQtaso2ig?feature=share




 Quer saber mais sobre Legba?  ifabimi@yahoo.com , na medida 
do possível. 👍