sábado, 1 de novembro de 2008

AS ÁRVORES SAGRADAS DOS VODUNS (PARTE 5)

Foto em http://www.metafro.com.be

Spondias mombin (Akikon'tin; Igi Eyè, Iyéyé ou Okika)
O cajazeiro é um atin dedicado ao culto de Fá, é cultuada pelo bokonon (aquele que é sacerdote de Fá), onde são depositados seus fetiches e oferendas rituais e seus sacrifícios são feitos, geralmente com cabritos e frangos; também é oferecido vi, ami-vovo, sodabi, etc.
O nome Akinkon'tin é Fongbe; os nagôs e iorubás chamam esta árvore de Igi Eyè (Árvore do Pássaro) por causa do Ifá (Fá), cujo símbolo é o pássaro, ou chamam de Iyéyé (mamãe) devido a utilização de suas folhas pelas parturientes; eles também conhecem esta árvore como Okika.
Em Benin as cerimônias e festividades anuais de Fá são realizadas em torno deste atin, onde são reverenciadas outras divindades como os Azètɔ́, cuja grande ira deve ser aplacada, Legba, Gun, e outros relacionados. Os preceitos do Fá são voltados a atrair coisas boas, livrando-se das más, e dos maus espíritos. O espírito “mau” aqui em referência é o desencarnado popularmente denominado “Ahovi”.
Seus frutos são muito apreciados e muito nutritivos; suas folhas tem propriedades desinflamatórias e são muito utilizadas no pós-parto sob a forma de chás e para assepsia local. O Cajazeiro, Cajazeira, Cajarana, ou Cajaeiro é muito comum no Brasil, onde seu fruto é o conhecido cajá, possuindo espécies como cajá-manga (da Cajarana); cajá-mirim; etc.

Cocos nucifera (Agon'tin; Agbon)
O Coqueiro ou Coqueiro-da-Bahia, Agon'tin entre os fons; Agbon entre nagôs e iorubás, são tipos de palmeiras que dão o conhecido coco d'água (coco-da-bahia) muito apreciados na alimentação, na produção de óleo para alimentação e indústria, etc. Da mesma forma que as palmeiras em geral, sua palha tem grande utilidade; no Brasil a folha do Coqueiro é bem evidenciada nos rituais de Sarapokan, a última saída em que o iniciado apresenta o cabelo antes de ser raspado o vodum em Jeje Mahi, em substituição às folhas ainda verdes da Palmeira Raphia, ou mesmo de Dendezeiro, então o Coqueiro-da-Bahia é considerado um recurso quando não se tem a possibilidade de acesso ao devido material.
Existem casas de Candomblé da nação de Ketu que consideram o Coqueiro uma palmeira onde habitam Ogun e seu irmão Osösi (Oxóssi), este útimo à quem pertence o fruto que lhe é oferecido em seu prato votivo conhecido por asòsò (axoxô).
Os nagôs e iorubás reconhecem a palmeira Agbon uma árvore sagrada do Culto de Ifá, onde habita o espírito de Orunmila, referido como Agborinegun, o mesmo conhecimento do bokonon no Benin, onde o Agon'tin é a árvore do Culto de Fá onde habita o espírito de Ela (Elá).

Zanthoxylum zanthoxyloides ou Fagara zanthoxyloides (Xè'tin)
Atin coberto de espinhos que é consagrado ao vodún Gédé, e plantado por ele mesmo antes de se transformar numa grande rocha em Kotokpa. Os fons denominam Xè'tin.
Há uma história que diz que Gédé fora um prisioneiro de Guerra do rei Glèlè apanhado numa de suas expedições contra os Ayonu, e que certa vez Glèlè decidiu decaptá-lo mas Gédé consegiu escapar de Abomey. Ele foi orientado por Dan a mudar sua rota de fuga e terminou em Kotokpa onde plantou o Xè'tin e se transformou em uma grande pedra, ocasião em que se une à Dan. O rei vendo tais feitos e consultando a Fá, no oráculo sagrado, passou a ser um gédenón (adorador do vodún Gédé), ocasião em que dedicou-lhe aquele local como sendo sua floresta sagrada, o gédézun.
Esta árvore é consagrada aos voduns Gédé e Dan, e a rocha que ali existe é o prório vodún que se transformou.
Recentes estudos farmacológicos vieram confirmar cientificamente a ação positiva deste vegetal no tratamento da anemia falciforme e da leucemia.


Azadirachta indica (Kininu'tin)
Oriunda da Índia onde é conhecida por Nim esta árvore é amplamente conhecida pelos fons sob o nome de Kininu'tin, existe também na Amazônia no Brasil; seus frutos possuem uma forte ação anti-bacteriana; o pó e o óleo de Nim são amplamente utilizados, assim como suas infusões, e também no preparo de sabões medicinais; é um forte repelente de insetos, e controla muitas pragas em lavouras. Sua utilização além de medicinal e repelente, é observada também nas demarcações de propriedades.

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