terça-feira, 8 de junho de 2010

Em Mahi Tudo Passa Pela Água.

Lago Azili

No culto de Mami Wata do Togo, o vodum Ayizan é considerado uma Mami Wata em terra firme, e a faz fecunda para o plantio, tal consideração é observada também no Haiti.
Como um das etapa da Festa do Vodum no Benim a cerimônia do Gozin de Dangbé e Agbé em Ouidah, consiste em buscar água em jarras (gozin) de um riacho por 41 meninas virgens para ser consagrada aos rituais de purificação. No riacho. Também é conduzida a hunsó em procissão para o Ritual do Tó (Tò Yiyi) símbolo de sua purificação renascendo para uma vida de iniciado no vodum, ritual também observado no Brasil.
A água está sempre presente nos ritos e onde não a vemos à atinsá (aos pés do atin – árvore sagrada de um vodum, a palavra atin também significa “pó”, por isso é comum se ouvir atinsá no candomblé para diferenciar) ou de seu fetiche ou altar, comumente uma prática nagô, a vemos servida molhando-se a terra por 3 vezes defronte a estes símbolos sagrados como na maioria dos cultos vodum, uma das razões pela qual os interiores dos kpejis (recinto interno de fetiches vodum) são de chão de barro batido.
Em candomblé Jeje Mahi é costume geral passar tudo que é oferecido e consagrado ao vodum pela água, além dos ritos de iniciação. A água fonte e manutenção da vida se faz presente até na morte inclusive no tambor d'água o sinhun. Rumo a origem das água do Rio Mono e depois seus afluentes, os adjas foram se estabelecendo ribeirinhos e adentrando o Benin por séculos no passado dando origem a muitos clãs de hoje em dia.
Quando o Rei Agadja perseguiu nagôs e os mahis, que foram se formando como refugiados de guerras, para vender como escravos ou mesmo como cobrança de impostos em algumas localidades, além das colinas, e ilhas, a própria água também servia de refúgio e bastava mergulhar, assim surge o método da Pesca de Agadja utilizado pelos Tofin na pesca do peixe no Lago Nekoué, que nada mais é que a interpretação de uma forma de reter indivíduos que se mantinham submersos por um longo tempo e obviamente teriam que emergir, quando da investida das tropas do rei na captura de pessoas para serem enviadas como escravos ao Novo Mundo. Tal procedimento era muito comum também em Zagnanado na vila de Agonvè-Azilidji ilha no Lago Azili que surgiu como proteção às investidas, assim como em outras localidades onde a investida se fazia próximo a um recurso adequado para a fuga, principalmente de jovens estruturados fisicamente para o trabalho braçal, o alvo principal. Nesta época e posteriormente em outras semelhantes, a água tornou-se “garantia de liberdade” para muitas pessoas, além de fonte e manutenção de vida.
O lago Azili, conforme uma lenda, foi um presente do vodum Sakpatá agradecido ao Rei Agbannon para que não faltasse água e peixe a seu povo, quando por ele fora acolhido na forma de um faminto e sedento leproso. Desde então o lago tornou-se sagrado e suas águas importantes dentro do culto vodum e tudo que se oferece e consagra aos voduns da localidade passam por suas águas. Os voduns Hlàn e Azili asseguram a preservação do lago, dividindo a importância local com o mais antigo, o vodum Agonvè (do Coqueiro Vermelho), que garante a frutificação do dendezeiro para principalmente a extração do azeite-de-dendê.

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