terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fá Vodún, Um Inspirador da Literatura Contemporânea.



O Fá e os recursos literários: Ontem e Hoje
(Mahougnon Kakpo)

“O poeta, nem mesmo por um dia,
não pensou em usar o espírito de seu povo
como tábua de escrita?”
(Jean-Baptiste Tati Loutard)

A origem da religião Vodum e o sistema de adivinhação Fá, marcaram a produção literária e artística.
O homem, como seu cérebro tem uma história. Uma vida que não é necessariamente terra. É uma afirmação da transcendência que é a herança psicológica comum da humanidade. Os símbolos transmitidos por este legado em ressurgir as ações do homem de hoje, na criação de forma literária e artística de uma viagem iniciática.
O Fá, é um sistema de adivinhação praticado na África Ocidental, que é a origem da religião Vodum, inspirou a criação literária e artística de muitos do Benin, incluindo "Palavras Esotéricas" poema longo de quinze páginas em “Nova Respiração” de Nouréini Tidjani Serpos.
Sem fazer referência explícita a este sistema de adivinhação, o poeta utiliza não apenas o padrão temporal, mas também os nomes de divindades, que dá ao poema um significado filosófico, religioso e ritual em particular. Este é um homem onde a ontologia lhe é frontal, um caminho que escolheu, não rastreado, mas um caminho que permeia a sua travessia do rio, ou seja, disse da sua existência terrena em busca do seu espaço interior.
De acordo com o Fá, na verdade, este mundo é uma representação em miniatura do que aconteceu no tempo mítico. O homem não nasce ex-nihilo. Ele vem de uma vida anterior antes de descer para o seio de sua mãe. Esta é a vida passada, é quando o destino de todo homem foi concebido. Tudo o que vai fazer na terra será um desempenho de seu destino, mesmo antes de nascer, antes da grande descida, ele já fez sua escolha:

“Como os meus,
Eu visitei Ajalla que aguardava...
Deixou-me escolher um espaço de meus pensamentos.
O tempo não existia e Ajalla, o grande oleiro,
fez-me livre. ”

Para escolher o seu espaço interior, a alma do indivíduo que ainda não tenha acontecido sofre o batismo de Ajalla. Na mitologia nagô, iorubá e Gun, “Ajalla” ou “SE” é o equivalente ao destino ou a fatalidade, e é um dos deuses míticos que formaram o indivíduo dando-lhe um papel a desempenhar na terra antes mesmo de chegar à fase fetal. O termo Ajalla é iorubá significa “Oleiro do Orun”, isto é, do céu. Mas Ajalla, deus do destino, é um grande democrata, e como ele é um grande oleiro: Um criador. Pois, consciente da importância do seu dever, ele dá liberdade para o indivíduo de escolher seu próprio destino:

“(...)
Sob a grande árvore do destino
Ele disse-me para selecionar
meu tá, meu chi, meu ori.
(...)
Fomos milhões
Para fazer a escolha
Antes da grande descida
Rumo a matriz das nossas mães.”

A escolha de tá, chi, ori, é muito crucial para a existência terrena do indivíduo. Esta escolha depende do seu poder ou a sua vulnerabilidade. Na verdade, tá, chi e ori são, respectivamente, sob gun, ibô e iorubá e significa, literalmente “cabeça”, ou seja, a estrela do destino, o destino ou o espírito. Em "Palavras esotéricas", o evento através das maravilhosas fontes culturais disse a natureza endógena do tempo que o poeta nos apresenta. Este é o momento maravilhoso quando Ajalla cautelosamente leva o indivíduo a horizontes sem fim do seu espaço interior.
Em uma perspectiva antropológica, pode-se notar que estes versos revelam uma seqüência de imagens que estão além da imanência humana para tornarem-se incorporadas na arquetipologia geral. E, portanto, toda a poesia torna-se um espaço paleopoético, da caverna à cidade através da floresta e do cerrado, é o termo que segue a imaginação poética. Esta mesma rota que o poema revela Tidjani-Serpos.
O percurso vai da água para a terra, e é uma viagem de iniciação, onde os deuses são mistagogos. As águas e florestas são locais onde as divindades residem em várias jurisdições. O homem, antes de ser verdadeiramente humano, deve ganhar a bênção e o poder dos deuses, depois de ter sido submetido com êxito a julgamentos severos.
Portanto, o poema de Tidjani Serpos aqui tem um olhar alegórico e padrão, ele descreve e também se reflete nos gêneros da literatura oral. Na mãe devoradora, Denise Paulme mostra que nos contos Africanos, a falta, o que coloca as pessoas no caminho da busca de seu espaço interior, é preenchida somente após uma jornada de iniciação.
Assim, "Palavras Esotéricas" está profundamente enraizada no gun e na cultura iorubá que nutre o poeta. Para Ajalla está na tradição iorubá, um orixá ou seja, um ser sobrenatural antropomórfico que tem o poder de criar homens. Ele principia no tempo, os homens hoje reproduzem ritualisticamente. O ritual é a passagem para o tempo original. Para o ritual, que revive as letras de ontem, ele repete o gesto arquetípico dos orixás. O poema torna-se uma discussão em que o poeta mente quando a montante e a jusante da Lagoa Existencial, parte da consciência de seu povo.
Nas culturas Kamit (negro-africana), há uma ponte entre o sensível e o mundo supra-sensível, ou metafísico. O mundo moderno é a imagem do mundo mítico. As dores e calamidades são apenas um reflexo do que aconteceu no mundo mítico do tempo original. Esta realmente é a dualidade existencial que se reflectem nas culturas negro-africanas.
Na verdade, só o Profeta ou “Bokonon” do Fá detém a ciência do mundo transcendental. Com esse conhecimento, ele pode consultar os oráculos. O Fá é a ponte que liga as origens do tempo e do tempo profano. Quando um indivíduo está experimentando, ele tem um grande projeto a realizar, quando um surto é acionado ou uma desgraça bate à porta, ou quando um homem deseja conhecer o seu destino, que ele tinha livremente escolhido pelo submetidos a testes de Ajalla, ele usa o Fá Depois de consultar oráculos, o Bokonon substitui o cargo de consultor para o sobrenatural no tempo original e transpõe para o cotidiano.
O homem está em busca de seu espaço interior, a liberdade ou a felicidade na terra. Apenas o chi, tá ou ori pode revelá-lo. O Bokonon interpreta a situação. O ritual instituído pelas cerimônias propiciatórias, permite a ele se reconectar com as origens do tempo ou repetir o gesto arquetípico. Isto sugere que, na poesia negro-africana de língua francesa, a persistência do tempo original, que é um fator de movimento e de incerteza, mostra uma correlação entre o passado e o presente no centro do qual está o poeta em si.

Por: Mahougnon Kakpo.
In: Africultures - N º 31

sábado, 21 de novembro de 2009

O Terreiro do Pinho.



O Terreiro do Pinho

A casa está desativada no momento, embora tenha passado por algumas reformas, enlutada e aguardando o processo sucessório, é Jeje Dahomé e os cânticos são em ewegbè e ajagbè. Há muitos candomblés descendentes do Pinho no Recôncavo e segundo a oralidade dos terreiros descendentes, a família de Modubi, e quiçá o extinto Kpo Zehen da antiga área do Bogum na capital baiana, teriam origem lá também.

Modubi, talvez, com o tempo tenha adequado sua prática e se diferenciado, ainda no Bitedô, para Mahi, deixando de lado o sacrifício do carneiro de Hevioso que é o rei de Dahomé, e concebendo como rei a Sogbo Adan, bem Mahi, dentre outras coisas.

No Benin e no Togo, como no Terreiro do Pinho na Bahia, pode se virar com quantos voduns a vodunsi carregar, mas inicia-se somente para um vodún, assim também é no Haiti.

Kpɔ̀sú (O homem-pantera, Kposú) é um vòdún velho, o tratamento vovô é uma forma de carinho para com ele, na relidade ele é filho de Kpɔ̀(Pó), a pantera, tida no Togo como uma das manifestações de Khebioso (Hevioso) dentro da floresta. Ele nasceu meio homem e meio animal e com forte instinto da parte felina, tanto que sua esposa teve que consultar o oráculo de Fá com um bokonon para ver o que podia fazer para diminuir a agressividade dele para que pudesse governar com mais equilíbrio, conta o dù Letegbe, e lhe foi dito que fizesse uma corôa de penas vermelhas de papagaio e adornasse a cabeça de Kpɔ̀sú dizendo certas palavras, e assim ela o fez, afastando dele a fúria da pantera, e pode bem governar seu reino. Esta coroa é conhecida como a coroa de Da Daho, o pai do Dahomé, sinônimo de Kpɔ̀sú que é um termo empregado em substituição ao de filho bastardo (Agasú), e de matador de Aja (Ajahuto), ela adorna até hoje as cabeças dos seguidores do culto de Hevioso na África do Oeste.

Roger Bastide em O Candomblé da Bahia: Rito Nagô, menciona que "Da Daho" tem como um dos seus voduns tokwen (toquem) que criou, o vodum JAGOROBOSSU, contrariando alguns autores que apresentam o surgimento deste vodum bem posteriormente, ele talvez sem saber confirma a antiguidade do Terreiro do Pinho, cujo vodum chefe espiritual da casa é JAGOROBOSSU e cuja placa de inauguração data do século XVII, oficialmente, embora as tradições de vodum no local tenham surgido por volta de 1568 com a formação do quilombo.
Era hábito dos fons, ajas, e ewes, que o local de culto vodum fosse construído pelo rei local e por ele fosse empossado o vodunnon, esse hábito ainda vigora na África.
É “Na Furê Najé Eshá” que funda a casa, obviamente de família real africana, segundo registros orais. O mais interessante é que a comunidade denominada Najé envolve o local.

Muitas casas tradicionais de Jeje descendem do Terreiro do Pinho, onde a formação do ëgbë não atingiu muito.
Uma destas características é a de não se "raspar" para iniciar, pois o ato de se raspar é uma influência dos nagôs, mesmo no Benin há esta influência, inclusive em Savalu, onde o anagonú (iniciado no Culto de Sakpatá) tem a cabeça raspada no processo de iniciação. As casas descendentes raspam porquê sofreram a influência da formação do ëgbë, ou mesmo porquê envolveram ritos mahinos, minas, ou mesmo savalunos que já tinham forte influência nagô. Mas o Pinho não tem influência nagô? Claro que sim, mas de outras formas. O próprio culto de voduns no Rio Grande do Sul tem fortíssimos traços da cultura do Jeje Dahomé do Terreiro o Pinho.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cultura Vodún PAPOINFORMAL



Nosso blog está oferecendo o Curso de Cultura Vodún, online, para comemorar seu primeiro aniversário, e para tal conta com a sua equipe de colaboradores sob a liderança de Ifabimi.

A- Modalidade:

*Livre;
*À distância;
*Religioso.
*Vagas Ilimitadas.

Curso livre, religioso, à distância via internet, atendendo a alunos de vários países interessados em candomblé Jeje e Cultura Vodún, dividido em 10 (dez) módulos que são enviados via e-mail, e arquivos via e-mail, contendo folhas de leitura, fotos, links de leitura e ferramentas de trabalho, como no caso do tradutor online.
À cada módulo recebido, o aluno deverá estudar, e como prova disto, ao final, deverá preencher uma folha com respostas e devolvê-la pelo e-mail.

B- Exigência:

O aluno deve ser religiosamente oriundo de matriz Jeje do candomblé ou de tradição Fá com origem em Gana, Togo, Camarões ou Benin e possuir mais de 3 anos de iniciado ou confirmado.

C- Conteúdo em Módulos:

*Vodún - significado, origens e dados históricos;
*Linguística Aplicada no Culto Vodún;
*As festividades, preceitos e interditos;
*A iniciação na África e na diáspora;
*Vodún na diáspora;
*Métodos advinhatórios;
*Cânticos, louvores, rezas e saudações;
*A tradição ewe e a tradição Fon na África e no Brasil;
*Os candomblés de matriz Jeje no Brasil, fundação, organização e voduns.
*Reis e antepassados históricos e lendários do Dahomey.

D- Ferramentas e Material de Apoio:

*Vídeos diversos;
*Tradutores Online;
*Links da web de música e leitura (e lógico do blog também);
*Arquivos de fotos pessoais e da web;
*Google talk para tirar dúvidas;
*Gmail.

Os interessados em fazer o curso e receber para tal maiores informações, deverão fazer contato pelo e-mail:

aklonbe@gmail.com

O Jardim de Inhames de Máwu.

O inhame (tè) é muito utilizado na culinária do Benin pilado ou frito. (Foto: Cotonou).

O Jardim de Inhames de Máwu
(Lenda Fon)

Inicialmente, Legba morava com a mãe Máwu, e executava suas ordens cuidadosamente e nada fazia sem o seu consentimento. Se alguém praticasse um ato lesivo, era punido. Se fizesse uma boa ação, recebia benefícios e apreços. Tudo o que via e ouvia contava à mãe que se ocupava com a criação do universo e vinha sempre à terra.
Os seres humanos, então, começaram a repudiar Legba...

Máwu tinha um jardim onde plantava inhames.
Legba disse à ela que os ladrões queriam levá-los.
Máwu, portanto, reuniu seus súditos, e advertiu:
"O primeiro que se atrever a tocar nos meus inhames morrerá!”
Na noite seguinte, começou a chover. Legba escorregou na casa de Máwu com suas sandálias, pois chovia muito naquele dia, e não pode vigiar, então, ladrões roubaram todo o inhame...

Na manhã seguinte, quando Máwu observou o ocorrido, Legba aconselhou a trazer todos os súditos para determinar quem possuía as pegadas tão claramente visíveis no solo úmido. Cada súdito colocou os pés nas marcas para comparar, mas nenhum tinha o tamanho correto. E Legba, que muito ria do povo que media os pés nas pegadas, falou:

"Será que Máwu esteve em seu jardim e se esqueceu?"
Máwu, indignada, respondeu:
"Eu? Legba, como você ousa dizer tais coisas? Mas gostaria de me submeter ao teste".

É claro que eram pegadas de Máwu... (brincadeirinha de travesso, ou Máwu tinha se esquecido que foi lá e colheu os inhames?)

"Bem, aqui está um proprietário que rouba seu próprio inhame!" (Disse ele à mãe)

Magoada, Máwu, então, resolveu que deixaria a terra para viver no céu. No futuro, Legba deveria apresentar-se lá à cada dia, para lhe relatar os eventos que ocorreram na Terra durante todo o dia. E daí Máwu permanece até hoje no céu.

Com essa história Legba provou que era amado por sua mãe e zombou daqueles que não lhe tinham apreço, embora punido com a distância de sua mãe.

domingo, 8 de novembro de 2009

A Presença Adja no Brasil.

Comércio de Escravos. Foto em http://www.vkblog.nl/



"DO TOGO AO BRASIL: A ROTA DOS ESCRAVOS"

Por Amoussou Kpotogbé Gael

(Togo)

INTRODUÇÃO

"A partir do século XVI, ao longo do tempo e cada vez mais, fatores externos vão surgir na história do Togo, e alterar profundamente as estruturas sociais e políticas. Ao sul o desenvolvimento do comércio costeiro, e principalmente: os escravos.

A história de eventos que afetaram o continente africano e o contato entre africanos e europeus na costa ocidental da África no século XV, foi o ponto de partida para as relações multidimensionais.

Uma conseqüência desse contato foi o comércio de escravos.

Os escravos antes de serem enviados para o novo mundo, seguiam rotas específicas.



ORIGEM DOS ESCRAVOS

O estudo étnico dos negros que os anos de tráfico transplantou ao Novo Mundo lançou uma série de termos familiares na Costa dos Escravos. Os escravos vendidos na costa do Togo são: ajá, uatchi, tchamba, kotokoli, kabyê.

Parece que o tráfico era regularmente alimentado por cativos do interior. As sociedades costeiras não venderam seus membros, exceto por terem cometido certos crimes. Houve também a captura de homens livres, na praia ou nas ruas à noite.

As regiões que serviam como locais de abastecimento estão localizados pelo menos cem milhas da costa. Constatamos que 90% dos escravos exportados da região foram ajás, capturados numa distância inferior a 200 quilômetros da costa. Os ajás representam o principal grupo exportado.

Na realidade, esse número de escravos está arredondado para cima incluindo grupos da cavalaria semassi (kotokoli) e os bariba.



PRINCIPAIS PORTOS

De todas as empresas negreiras que operavam no Golfo do Benim, apenas empresas dinamarquesas construiram sua fortuna com uma presença constante em nossa região. As maiores empresas negreiras tinham, de fato, a sua sede na Costa do Ouro e não tinham sucursais (pousadas, fortalezas e feitorias na Glehuê, ou fortes) na Costa dos Escravos. Apenas as empresas da Dinamarca, devido à feroz concorrência prevalecente na Costa do Ouro, fez a parte mais a leste de Acra para Aneho, principal campo de atividade.

Além disso, pérolas, panos de Aladá e outros bens de pequeno valor eram negociados na Costa dos Escravos até o século XVII e não era susceptível de atrair essas empresas e que tinham sido tomadas, de repente, pela importância do comércio de escravos no final do século XVII; a nossa região estaria certamente mantida fora do negócio principal por muito tempo.

Levando apoio nesta fortaleza, os dinamarqueses lançaram no início do século XVIII, uma grande ofensiva para expandirem-se ao leste, em direção à região de Volta, ainda relativamente pouco utilizada por outros operadores europeus. Eles vieram pacientemente ao longo do século, para construir fortes "Fredensborg", Ningo (1737 ); "Kongensten", Adam (1783); e "Prinsensten" em Chum (1784); e um número de postos comerciais fortificados, como em "Augustaborg", Teshi; "Proevesten", no oeste de Osu Issegraae e Kpong. Estas instalações foram concluídas, e até poços de Ai (1657), Aneho (1772) e de Kpon Aflao em 1784, graças ao dinamismo do governador Kioege.

No final do século, os dinamarqueses tiveram uma série de assentamentos fortificados em sua maior parte, que abrange o trecho do litoral que se estende desde Acra a Aneho, em que seu poder de mercado é inquestionável, eles tinham um monopólio quase absoluto. (História do Togo)

Ao abordar a Costa dos Escravos, quatro portas foram utilizadas como ponto de venda de escravos no Togo. São elas: Agoé, Aneho (Pequeno Popo), Gumu-Kope (Gunkope) e Agbodrafo (Abre).

Na verdade, Agbodrafo foi erguido no local de uma antiga instituição edificada na década de 1680 por refugiados Gans. Esta localidade, chamada Abre pelos Portugueses, era, então, freqüentada por traficantes holandeses, e sobretudo ingleses.

Aneho, "Pequeno Popo": Os europeus situados a quinze milhas a leste de Agbodrafo, frequentavam desde a segunda metade do século XVII.



ROTA DOS ESCRAVOS

O tráfico de escravos transplantados para o Novo Mundo era baseado em rotas específicas. Estas rotas de tráfico foram realmente bem organizadas e lentamente durante o século XVIII com uma rede de mercados e lojas espalhadas por toda a região em uma longa seqüência.

Uma das mais famosas rotas do tráfico de escravos foi uma que drenou os cativos do Norte (mercado Tchamba) ao longo das seguintes rotas:

* De Tchamba os escravos iam até a costa ao longo do vale do rio até Kpessi no Mono. Depois de uma pausa para Kpessi é que se recuperava a estrada de Atakpame. Eles iam a pé na maioria dos casos, sendo 20 a 25 km por dia.

* A partir da cidade de Atakpame, eles pegavam a estrada para Tadô. Tadô Na verdade era uma cidade cercada por importantes foruns, cuja construção havia começado no reinado Aja Kponjin e continuada por seus sucessores.

* Depois da cidade de Tadô, os escravos continuaram a sua marcha em direção à outra cidade maior chamada Sagada. Sagada era um mercado ajá muito famoso.

* Neste mercado, eles estavam rumando sul - leste para chegar em Togodô antes de chegar às margens do rio Mono. Os escravos eram, então, carregados em canoas em direção à costa.

* Antes de chegar na costa estavam passando por Dekpo que rapidamente se transformou em um movimentado mercado conhecido por Blokossi, na atual prefeitura de Zio, no qual os comerciantes do litoral passavam a adquirir escravos. De Dekpo os escravos retornavam ao rio. Antes de embarcar de novo, eles eram lavados no rio, como sinal de purificação de sua vida passada. Após a purificação, eles eram embarcados para um dos quatro (04) portos da Costa, a saber: Aneho, Agoé, Gumu-Kopê, Agbodrafo.

* Esses escravos eram depois vendidos aos traficantes de escravos dinamarquêses, ingleses, portugueses e holandeses que os enviavam ao Brasil, onde a demanda foi forte em finais do século XVIII.

* Em resumo, temos: Tchamba ___Vale do Mono____Kpessi ____ Atakpame___ Tadô____ Sagada_____ Togodô ____ Mono____Dekpo (Blokossi) ___ Um dos 4 portos na costa do Brasil.



CONCLUSÃO

O comércio de escravos era muito praticado na costa, e ela ganhou o apelido de “Costa dos Escravos”.

Na sua operação foi necessária a organização de circuitos de câmbio adaptado e rotas específicas para os escravos.
(In: http://www.icomos-ciic.org/CIIC/pamplona/PROYECTOS_Amoussou_Kpotogbe.htm)