sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Jogorobossu.

A serpente Boa constrictor por Jinterwas no Flickr.


Jogorobossu ou Jagorobossu, como é conhecido no Brasil, é um vodum toqüem (toxwen, vodum menino) que foi criado por Dadaho. Foi o vodum fundador do Terreiro do Pinho em Maragojipe, BA, e segundo os registros orais data a construção do Hunkpame inscrita na placa sob o recente busto do poeta abolicionista Castro Alves da década de 50 é de 25 de Dezembro de 1658 reunindo cultos de  voduns de famílias de negros refugiados na região distante da cidade e de difícil acesso.

É um vodum muito conhecido na Casa das Minas, seria um terceiro menino criado por Dadaho, e assim sincretizado com o terceiro gêmeo Doun (Idou em nagô) e portanto festejado na data de São Cosme e Damião.

Seu culto foi introduzido no Brasil pelos primeiros africanos escravizados que eram oriundos da Fortaleza de São Jorge da Mina. O culto deste vodum vem dos Hula que eram capturados em disputa pelo poder e vendidos para as Américas. No Haiti também é conhecido como Jobolo Bossou (Bossu) dando o sentido de gbosu que em ajagbè identifica uma forma na qual uma criança do sexo masculino vem ao mundo, geralmente com o cordão umbilical envolvendo o pescoço e/ou a mão. Os haitianos sempre lhe ofertam um porco quando chega em suas fortes manifestações e um touro preto que lhe é adornado em suas festividades, isto devido a ser também um tohossu (rei das águas).

Dentre os Hula, Jogorobossu é conhecido como “Dogblosu”, espírito da serpente Boa constrictor. Na realidade o nome significa “armadilha” devido ao bote desta serpente. A palavra aja tem o mesmo significado em mina, assim como ajagodo em fon.

Dogblosu habita a lagoa, tem um grande apetite e é possuidor de um olho que tudo vê e de um anel, que evidencia a armadilha do bote. As tradições minas no Brasil fazem referência ao espírito da cobra grande, sendo seus anéis as influências étnicas recebidas para a formação dos cultos, assim como aconteceu no Terreiro do Pinho, onde o elemento nagô parece influenciar somente a partir do final do século XVIII com os Modubi (Mudubi), é por esta época na Bahia que começava a formação do ëgbë .

Em Benin a serpente Boa é respeitada da mesma forma que a serpente Dangbe (Ahwanba dos Hula, o chicote da guerra). No antigo Daomé havia punições severas para quem maltratasse, e inclusive verbalmente, as serpentes sagradas.

Os cultos de vodum no Brasil foram amparados e preservados graças ao espírito da cobra grande.



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