sábado, 13 de agosto de 2011

São Roque, Obaluaê, Xapanã.


"Não existem grandes certezas sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de família e não o nome de baptismo (está documentada a existência no século XII de uma família com aquele apelido na cidade).

Embora haja considerável variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte (consoante os hagiógrafos, a data de nascimento varia de 1295 a 1350; a da morte de 1327 a 1390), Roque terá nascido em Montpellier, França, por volta de 1350, e falecido na mesma cidade em 1379 (embora outra versão da sua biografia o dê como morto naquele mesmo ano, mas na Lombardia). Sabe-se contudo que terá falecido jovem.

Era filho de um mercador rico, de nome João, que teria funções governativas na cidade, e de sua mulher Libéria. Estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna.

Diz a lenda que Roque teria nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o predestinaria à santidade. Roque terá ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua educação confiada a um tio. Terá estudado medicina na sua cidade natal, não concluindo os estudos.

Levando desde muito cedo uma vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, partindo de seguida em peregrinação a Roma.

No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a assediada pela peste (aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De imediato ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando as primeiras curas milagrosas, usando apenas um bisturi e o sinal da cruz. De seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e muitas outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e taumaturgo.

Depois de visitar Roma (período que alguns biógrafos situam de 1368 a 1371), onde rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertenceria a um rico-homem, de nome Gottardo Palastrelli, que apercebendo-se miraculosamente da presença de Roque, o terá ajudado, sendo por ele convertido a emendar a sua má vida.

Miraculosamente curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que alguns biógrafos afirmam seria um seu tio materno, que declarou não o conhecer. Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão (alguns biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.

Uma versão alternativa situa o local da prisão em Angera, próximo do Lago Maggiore, afirmando que teria sido mandado prender pelo duque de Milão sob a acusação de ser espião a soldo do Papa. Não se podendo livrar da acusação de espionagem (ou de disseminar a peste), morreu prisioneiro naquela cidade (diz-se que em 1379).

Embora não haja consenso sobre o local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um largo período de encarceramento.

Descoberta a cruz no peito, a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia, popularizando-se como o protector contra a peste e a pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente curada.

Embora sem provas que o consubstanciem, afirma-se que Roque terá pertencido à Ordem Terceira de São Francisco."


(In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Roque_de_Montpellier)

 

 

São Roque e Obaluaê


Era dia 21 de Julho do ano de 1855 quando ficou confirmado pelas autoridades competentes da época que a Bahia começava a ser atingida pelo mal da cólera. Milhares de cidadãos morriam de um dia para o outro, o mal não dava trégua e não se tinha na época o conhecimento que se têm hoje sobre o que é cólera, de como evitá-lo, e como tratá-lo. O povo sofria e a doença se expandia.

Tendo os primeiros casos da doença surgido no Rio Vermelho, na capital, logo atingiu as cidades do Recôncavo Baiano dentre elas Nazareth.

E o que fazer? Só restava a devoção e a misericórdia divina.

Foi então que a imagem de São Roque achada por quatro pescadores em 16 de Agosto de 1810 no rio Jaguaripe e mantida por Joaquim Torquato, o dono da rede de pesca, foi levada em procissão para as cidades atingidas e milagrosamente o cólera começou a diminuir.

Foi assim que São Roque, na Bahia, além de São Lázaro, obteve sincretismo com o orixá nagô Obaluaê (Xapanã), ligado à cura de doenças, e cujo culto em Benin deu origem ao culto do vodum Sakpatá.

É um santo muito cultuado no recôncavo e possui anualmente uma linda festividade a 16 de Agosto, sua procissão em Nazareth dá uma parada na porta de cada pessoa que se sabe que está enferma, também neste dia glorioso o candomblé lhe tece homenagens como a grande divindade que traz a cura daquele que sofre de uma terrível doença.

É de costume baiano passar pipocas que foram estouradas na areia pelo corpo e bater determinadas folhas no enfermo neste dia, rogando-se ao santo São Roque e ao poderoso orixá Obaluaê pela cura da doença e proteção em atos cirúrgicos se houverem.

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