quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ayizan.

Palmeira Ráfia.

Dendezeiro.

Vodún que penetrou no Benin através da cultura ewe-adja, lá é tida como esposa do vodún Lègba. Representa o território, é considerada vodún dos mercados, e vodún da fertilidade da terra para que a mesma possa ser cultivada. Ayizan é representada na Palmeira Ráfia, ora no Dendezeiro, e a vemos em outras palmeiras, árvores cujas folhas recebem a denominação geral de zan. O ritual de sarapokan de Jeje Dahomey e Jeje Mahi no Brasil, nesta última ramificação do candomblé Jeje, onde o iniciando ainda apresenta cabelo antes de ser raspado, é uma reverência a este vodún, representa a penetração neste território sagrado de culto aos voduns.
Ayizan é festejada no Togo, quando da colheita do feijão, ocasião em que o vodún Legba se faz presente nesta festividade. Suas oferendas constam de cereais, sobretudo feijão. Seu atin (árvore) principal oferece a produção do sodabi; e aprecia o dendê, daí suas relações com o mercado. No Benin algumas tradições de vodún levam suas togbosi (tobosi do mahi; ahwansi em Allada; entidades femininas infantis do vodún Azili /Aziri/ principalmente) ao mercado após uma prévia consulta com vi (Noz de Cola) aos voduns, estes representados em montículos de terra, em reverência a Ayizan, e como uma forma de reintegração com a vida profana ao final do processo iniciático, o que no Brasil ficou substituído, aculturadamente, pela conhecida “Quitanda do Erê”, ritual nagô baseado no culto jeje. Desta forma este vodún passa a representar além do início do sagrado, o limite que estabelece uma ponte com a vida profana. É um vodún muito conhecido também no Haiti e em Cuba, onde também possui relações com os ritos de iniciação. É costume de algumas casas no Brasil pôr Ayizan como primeiro vodún no zandró (sequência de cânticos festivos e rituais) devido à sua pactualidade com Lègba e por representar o território sagrado, bem como sua palmeira estar à entrada de pórticos, templos, casas e espaços sagrados. Diversas cidades no Togo e no Benin tem este vodún na história de sua fundação, e diversos fundadores e reis, prestaram culto a Ayizan.
As árvores sagradas são também cingidas em determinada épocas, envoltas com uma tira de zan desfiada de modo a alertar que ali é morada (território) de um ou mais voduns, como o Hun'tin (Folha de Serra; Falsa Espinheira Santa; Cincho) do vodún Dangbe e o Loko'tin (Iroko; Gameleira branca) de Loko e outros.