. . Owo Eyó (dinheiro)
O búzio, conhecido na frase da língua iorubá “owo eyo” (Cypraea moneta), era um dos tipos de pagamento mais populares e amplamente utilizados no mundo, foi a primeira moeda na China; coexistiu por muito tempo com muitos outros tipos de moeda na África Ocidental, onde substituiu o sistema de escambo, incluindo ouro em pó, moedas de prata, pedras de sal, etc. Os búzios utilizados no comércio, bem como aqueles que eram utilizados na prática religiosa entraram no oeste africano através dos comerciantes árabes que buscavam produtos no oriente para vender no ocidente, são conchas com o origem no Oceano Índico, diferentes dos búzios naturais do oeste africano.
O Império Mali foi o introdutor do uso do cauri no comércio, fato incentivado pelo colonizadores que com isso pode ampliar os seus negócios. Os comerciantes africanos no Daomé no Período Colonial não estavam acostumados com papel e escrita, notas promissórias; da mesma forma, os comerciantes europeus hesitaram, a princípio, em receber por conchas. Ainda que com a lei francesa de 1907 a resistência ao uso exclusivo da moeda do colonizador foi muito prolongado, observando-se o cauri na atividade comercial do Dahomey até 1940.
Essas conchas eram arrumadas em barbantes. 40 búzios formam 1 barbante de cordão; 50 cordões formam 1 cabeça de cordões, cerca de 2.000 búzios, enquanto 10 cabeças de cordões formam 1 saco (akpò kan), que contém cerca de 20.000 búzios no total.
O owo erò (Cypraea annulus) é o búzio dedicado à prática religiosa da consulta às divindades, um hábito geomântico muito comum por todo o oeste africano, em distintas formas de jogos adivinhatórios, de distintas culturas. É comum vermos búzios serem lançados sobre uma peneira de palha, um tecido, ou mesmo sobre o solo, onde procura-se uma orientação espiritual para uma questão.
O uso do owo eyò era como moeda, o uso do owo erò era e ainda é para a prática religiosa da consulta às divindades. Ambos os búzios possuem formas próprias, no owo eyò podemos notar algumas protuberâncias ou "abas" laterais, no owo erò essas protuberâncias são inexistentes.
Os búzios quando são utilizados para jogo dentro do Candomblé vêm em número de leitura que pode variar segundo a prática religiosa, a nação e o segmento, acrescido do oye que pertence ao guardião do jogo Lègba ou Esu (Exu). O número de conchas que designadas ao Oye (oiê) determina a nação à qual pertence aquele jogo, no jeje geralmente são três.
Geralmente o sexo das conchas acompanha o sexo dos voduns, inkices ou orixás envolvidos naquele jogo, e para saber o sexo de cada concha basta observar antes de sua abertura, o volume de sua protuberância, a conchas mais protuberantes, na parte que será removida, são fêmeas.
Owo erò , búzio de jogo. |