A formação do ëgbë introduziu a forma de culto de vários grupos étnicos africanos presentes no Brasil ao final do 18º e início do 19º século DC.
O grupo Jeje ao passo que teve no passado sua extensão de terras do culto vodún cada vez mais limitada, foi cedendo cada vez mais ao modelo paradigma do ëgbë (sociedade) da nação de Ketu, e eis que surge o nagô vodum, muito complexo em sua ritualística, pois varia de acordo com o rito jeje do qual procede. O nagô vodum foi uma forma de resistência da comunidade jeje ameaçada, sobretudo em locais face a exploração imobiliária, tendo como resultado uma crescente aculturação dos rituais jeje dentro do candomblé. Houve a formação do Jeje Mahi com Ketu, do Savalu com Ketu, do Mina com Ketu, do Jeje Dahomey com Ketu, enfim, estabelecendo cultos diferentes de nagô vodum devido a sua origem e prestados a diferentes divindades jeje, embora a parte nagô seja algo similar cultuando os awön òrisà muito conhecidos no Brasil. Na realidade, e não muito diferente da prática Mahi e de Savalu, o òrisà torna-se o arquétipo de um vodún, porém, nem toda correspondência pode ser estabelecida devido a imcompatibilidade na forma de se reverenciar a um e a outro. Tal forma não dista da concepção fon e ewe de vodún, onde cada identidade vodún representa além de seu grupo venerando, o conceito próprio de sua origem mítica, acontecimentos lendários e reais, a justificativa de ritos, o espaço e o tempo, por fim o nome que lhe faz único, individual, conceito tecido até a atualidade. A formação Jeje Savalu foi a que menos sofreu com tais alterações pois vem de uma região na áfrica onde a presença nagô é muito forte e constitutiva, então, rapidamente, o Jeje Savalu adequou-se a formação do ëgbë, posteriormente, o modelo nagô vodum deste Jeje não alterou muito sua identidade, em grande parte oriunda dos nagôs na África.
A diferença traduz a origem e pode ser encontrada em toda ritualística, pois está manifesta no pouco do que não foi aculturado, ou pelo menos em parte. O nagô vodum não se trata de ter sido inventado como nação, conforme alguns pesquisadores afirmam, mas como formação cultural tendente ao nagô, e entende-se a cultura como invenção e reinterpretação de gerações, mas de uma forma de resistência do negro, as violências sociais do novo mundo, sob o que lhe congregava, a crença, o que mantinha vivo hábitos e costumes da vida cotidiana do africano que perpetuou na diáspora. Um exemplo de aculturação do Jeje para nagô vodum pode ser bem evidenciado quando se oberva casas de culto, que descenderam principalmente daquelas oriundas do Jeje Mahi de Cachoeira, Estado da Bahia que passaram a cultuar divindades oriundas dos awön yorùbá como Logunëdë e Osagian (Ajagunan), este último que não se arquetipa como um Olisa mahi como Osalufön, que aliás seria o próprio, em termos de conceitos científicos, investigando-se a origem de culto deste vodún.
A especulação imobiliária onde o “progresso” desenfreado, ou dessensibilizado e discriminador, chegou, talvez tenha sido fator primordial de aculturação, mas houveram fatores inerentes na prática do jeje que contribuiram para tal, como o tempo de reclusão em rituais de iniciações que com a República, e posteriormente normatização do trabalho, e ainda posteriormente do trabalhor, e das conquistas dos movimentos femininos na primeira metade do século passado, a têndencia ao nagô vodum tornou-se marcante, pois as reclusões acompanham ao modelo de Ketu, em tempo menor, diferentemente do candomblé de Jeje da época, que mesmo sob a influência da formação do ëgbë mantinha um tempo bem significante de reclusão. O tempo de reclusão Jeje compreendia extensivo aprendizado, inclusive do idioma falado e cantado dentre outras coisas pertinentes a religiosidade, fato que acelerou a aculturação de uma forma geral, pois sem o domínio pleno do idioma a compreensão e a reproduçao da cultura fica comprometida.