domingo, 23 de agosto de 2009

Referência aos Nomes do Bogum e do Cejá Undê.

Sacerdotisas do Culto Vodún em Zogbodomey.

O nome do Candomblé do Ventura, ou como conhecido Cejá Undê (Cachoeira, Bahia):

"Zogbodô Malé Bogum Cejá Undê", que ordenada de acordo com o nome do Bogum (obtendo sentido) temos:
“Zogbodô” Bogum Malé Cejá Undê, que seria em fon a frase:
Zogbodo gbò Gŭ ma lὲέ sε ̆ ja Hùn de,
que significa:
“Zogbodo corta (sacrifica ritualmente) para Gŭ, não parta espírito, venha aqui vodún.”
(Considerando-se a palavra hùn um sinônimo de vodún).



O nome do Candomblé do Bogum (Salvador, Bahia), cuja tradição deu nome ao local:

“Zoogodô” Bogum Malé Hundó
Aqui, a palavra Zogbodo parece ter sido alterada para Zoogodô ao longo do tempo, mas a disposição das palavras é coerente para a tradução.

Mas ao considerarmos Zogbodô. Obtemos a seguinte frase:

Zogbodo gbò Gŭ ma lὲέ hundɔ.

Entendendo-se a palavra hundɔ como uma corruptela mahi da palavra fon hundotɔ que significa viajante, temos:

“Zogbodo gbò Gŭ ma lὲέ hundotɔ”, ou seja:
"Zogbodo corta (sacrifica ritualmente) para Gŭ, não parta viajante!"
(Gŭ é um vodún guerreiro e expedicionário em suas batalhas, portanto, um grande viajante).


É importante lembrar que a africana Ludovina Pessoa que foi a fundadora destas duas casas era iniciada para o vodún Gŭ (Ogun dos nagôs).
A referência feita à Zogbodo, um lugar da cidade de Zogbodomey, região de Zou no Benin, não distante de Dassa Zoumé, de Allada e de Abomey, onde se encontra o histórico mercado de Zogbodoxi, talvez possa ser uma referência da origem da fundadora destas casas de candomblé da Bahia, visto que em Zogbodomey há uma matrilinearidade sacerdotal no culto vodún, tal como acontece no Brasil.
Observamos, também, que os nomes destas duas casas fazem referência ao vodún Gŭ e que o vodún Gbὲ Sε ̆ (Bessém, abrasileiradamente) , um dos títulos do vodún Dàn em terra mahi, e que significa “espírito da vida”, seria obviamente o ponto de união entre os mahis na época de suas fundações, como o vodún chefe do culto, um fato que comprova que estas casas são oriundas do culto de Dàn no Benin.

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