PAPOINFORMAL é voltado a tradição cultural religiosa afro-brasileira do candomblé da nação Jeje, e em especial do segmento Mahi no Brasil.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
A Conquista de Allada e Ouidah Pelo Rei Agadja de Abomey.
O Reino dos Houédas (Ouidah), na costa, havia crescido graças aos recursos da pesca, da caça e da chegada dos europeus. Este sucesso tinha atraído a cobiça dos reinos vizinhos, incluindo o rei de Abomey Agadja, que também procurava acesso ao mar, a fim de facilitar seu comércio de escravos. Para alcançar este objectivo, o rei Agadja começou a conquistar primeiro o reino de Allada. Allada (significa em Fon “O Rei está Morto”). Inicialmente foi chamada Davie, ou Adanhousa por alguns da cidade.
Allada foi criada com a chegada dos Àgasúvi do Tado no século 14 DC.
A partir de Janeiro de 1724, este reino foi dominado por Abomey.
Allada situa-se ao sul do Benin no Planalto de Allada.
Após a queda de Allada em 1724, as tropas de Agadja atacaram a cidade de Sahel, que dominou em fevereiro de 1727. Agadja só não conseguiu conquistar o terrítorio Mahi, porquê este se aliou ao poderoso Exército de Öyö e resistiu, e lhe derrotou. Agadja ainda teve que pagar tributos indenizando a Öyö pelos iorubás que mandou para diáspora como escravos: (*) 41 jovens, 41 meninas , 41 espingardas, 41 barris de pólvora, e muitas outras coisas. Tegbessou, mais tarde, seu sucessor também tentou, e também foi derrotado. O Mahi fora para muitos alladanu e outros, um local de refúgio.
Os mahis (reinos de Savalu e Aguagon) e cidades nagôs como Ketu, por exemplo, pagavam altos tributos a Abomey, tais tributos compreendiam dinheiro, gêneros, e escravos. O reino mahi de Aguagon pagava seus tributos com escravos. Cansados de tanto tributo pago indevida e forçosamente a Abomey, os mahis e iorubás já tinham pedido a proteção de Öyö (reino dos iorubás) e de seu poderoso exército contra o poderio tirano de Abomey.
No entanto, a cidade de Ouidah devido à superioridade das armas resistiu por mais um tempo. Tais conquistas obtidas permitiram a monarquia abomense assegurar o controle da circulação de mercadorias e pessoas, incluindo o comércio de escravos em todas as áreas, de Allada à Abomey. Foi, portanto, em favor de novas anexações que aconteceu durante tempos as sucessivas povoações do sul do reino de Abomey pelos Adja-Fon. Sobre o Planalto de Allada e ao sul da depressão de Lama, são aldeias Fon, grupos ao norte da estrada Abomey-Allada-Ouidah.
A etnia Fon, cuja formação data, principalmente da segunda metade do século XVII, baseia sua economia em impostos de ocupação, ou pedágio, controlando o tráfego de mercadorias a partir do mar. Abomey foi o reino dos funcionários responsáveis pela cobrança dos impostos, a fim de garantir abastecimento e até mesmo de recrutar guerreiros.
(*) 41 eram as leis de Abomey.
Referências de Pesquisa:
http://www.beninensis.net/peuplement_allada.htm
http://www.web-africa.org/allada/
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Vodún Nùdúdú
Podem contar de objetos até mesmo valiosos como dinheiro; jóias; alimentos; ou sacrifício animal (vodún nuhudo), onde são separadas as partes correspondentes ao vodún para que a oferenda seja composta. A outras partes são banqueteadas pelos fiéis, principalmente se for um sacrifício à Lègba, que deve ser consumido no local onde se realiza a oferenda. É a comunhão com o vodún, muito comum dentro do culto.
O preparo e o oferecimento requer um resguardo de seus seguidores geralmente desde um dia anterior à data em que se oferece, e na maioria da vezes este resguardo é referente a não se fazer uso de álcool (ahán), consumo de azeite-de-dendê (zomi; ami vovo) sexo, pensamentos ruins, palavras e ações ruins. Deve se estar em pureza física e mental para se ofertar, e também depois da oferta feita, de modo que seja bem aceito aquele vodún nùdúdú e haja bênção da divindade.
A Iniciação ao Vodún no Benin.
I- O Recrutamento:
É Fá quem indica quem deve ser iniciado ao vodún.
II- A Entrada Para o Hunkpame:
Trata-se de um período em que se passam três meses ajudando no convento no trabalho doméstico e agrícola. Pode-se ir visitar a família, porém, antes de voltar para casa, há um ritual para '' fixar o pé em casa''. Este rito tem lugar na noite e na manhã seguinte. Ao amanhecer, termina. Nesta fase se é Kajekaji (aprendiz). Depois de concluida esta fase torna-se um hunsò /runsó/, o que os nagôs chamam de yawo /iaô/.
III- Hùnxwedoxo e Asihuhu:
Representa a mortificação e a ressureição pelo vodún do hunso. Este passo é realizado 15 anos após o noviciado, e novamente volta-se a ser um kajekaji. O Vodunnon coloca um punhado de terra na mão esquerda do kajekaji, e este a fecha, então pronuncia: “Esta é a terra do ventre de Dan, segure-a, e não a deixe cair”, então, seguem para o interior do convento. Chegando no convento, ele vai para a cama antes do Vodunnon. A sua mão esquerda servirá de travesseiro e de talher, e então, alguém vai levá-lo dentro do Vodúnxo, o mesmo que hùnxo (quarto sagrado), onde só têm acesso o Vodúnsì (esposa do Vodún) kajekaji, que lá irá aprender com a nangbó (uma avó religiosa que ensina) a língua xogbonugbe que vai falar como Nubyoduto.
IV- Hùnfunfon:
A morte e ressurreição do Vodúnsì é feita sete dias após o hunso chegar ao templo. Dorme-se em um colchão especial preparado para esta finalidade e sobre o chão, então, se estende um tapete especial sobre ele, é o símbolo da morte. Ali está o morto; menos o vodún que não está morto. Um hunso é responsável para cada um dos hunso mortos que ali houverem. E canta-se, quando lá pelo final do quarto canto começa a ressurreição pelo vodún. Derrepente levantando-se tomado pelo vodún, começa a dançar ao ritmo do tam-tam na direção de um frango que um hunso traz na mão e o vodún sacrifica com os dentes. E retorna-se para o aprendizado da língua xogbonugbe e da reza com a Nangbo até se concluirem três meses nesta etapa.
Finalmente, vem o ritual do afamèyiyi (tatuagem), quando após sua cicatrização é determinada da data do Sudidé /Sudidê/ (remoção da proibições do Vodún) pelo vodunnon.
V- Sudidé (Sù Ɖiɖè):
É um ritual secreto. Ocorre em um local isolado. Existe nele uma cerimônia de corte de folhas e abate de aves e preparação das folhas. Com as folhas e sangue, prepara-se o colar sagrado com o qual o hunso também se banhará ritualmente na água; os ramos secos de palma Zan (palha-da- costa), irão adornar o seu pescoço e sua cintura, o adorno também envolve a preparação de pintura com caolim e argila vermelha, e as folhas verdes de Palmeira Zan para a cerimônia noturna. Na manhã seguinte, ele vai a fonte em local escondido para o banho de purificação que é o ritual do toyiyi donde se retorna para o hùnkpame cantando e dando graças e louvores.
VI- Axiyiyi:
O rito de ir ao mercado, simboliza o restabelecimento ao mundo profano. Vamos ao mercado para cantar e dançar por três vezes. O vodúnsì senta-se em um tapete e consulta com o vì sobre seu feito de ir ao mercado na frente de três montículos de areia levantada pelo próprio Hunso ajoelhado. Ao montes de areia, que ali simbolizam o Vodún, é depois oferecido aquele vì (noz de kola de 4 gomos) como comida.
VII- Ahwandida (Ahwankenkan):
Esta é a fase final da Iniciação que começa quando retornam ao recinto sagrado, então, vem o rito de guerra onde há um sacrifício e depois a dança e o festejo final.
Este é todo o rito de iniciação ao Vodún no Benin, com origem aja-fon.
O Vodún Mahi e o Òrisà em Comparação.
Até onde são tecidas comparações entre vodun e awön òrisà? Bem, havemos de entender que as comparações existem, pois no Benin há uma multiculturalidade já bem antiga, o que podemos observar na formação da cultura mahi que luta por uma identidade em comum, porém há a diversidade de clans, sua cultura e costumes herdados pelas novas gerações. O questionamento do Candomblé de Jeje Mahi no Brasil, bem como a denominação de diferentes nações de Jeje no Candomblé brasileiro além do Mina Jeje, é justamente o reflexo do que realmente ocorre naquele território lá no Continente Africano. Quando comparamos o vodun Gu com Ogun, não estamos errados em tecer tal comparação, pois Gu procede do culto nagô de Ogun que adaptou-se à cultura mahi-fon. Ao referirmos que Öya não é vodun mahi, estamos cometendo um grave erro, pois lá foi adotada, culturalmente falando, e passou a ser reverenciada. Já o vodún Sógbó, sendo este sinonímia de Hevioso dentre os mahis, que por ser o vodún do ráio, consequentemente correspondeu-se a Sàngó.
Devemos compreender que os mahis em época de guerra com o Dahomey abrigaram-se a proteção do exército yorùbá de Öyö, e assim conseguiu defender seu território, daí alguns awön òrisà serem cultuados nesta região multicultural; e mesmo na época de escravidão estas divindades nagôs foram trazidas para o Brasil na cultura do mahi escravizado e vendido para a diáspora. Em Cuba também são tecidas comparações, mas a iniciação, os ritos, os cuidados com o vodún e o que ele recebe em termo ritual é o que justifica haver, ou não, uma correspondência entre duas divindades. O culto de Azili por exemplo, vodun da família de Dan, é própio da cultura aja-fon, ao passo que o culto de Òsun vem pelo lado da cultura nagô desde os awön yorùbá, com fundamentos que muito divergem e as fazem divindades individuais, ainda que em Cuba, ou no Brasil, alguns as considere como sendo a mesma divindade.
Ora, se partirmos da concepção de Mami Wata, podemos considerar Yémojà, uma Mami também, porém, lá respeitam-lhe a identidade de Yémojà e de cada mãe d'água, e assim pode-se comparar várias mães Tò vodoun como Naité, Sindasindaé, Òsun, Yémojà, Azili e tantas outras... pois todas são mães d'água, sem que se perca a identidade de cada divindade, essa perda da identidade seria aculturação. Mesmo assim o culto de Mami Wata é um, e o de Azili é outro e ambas delegações costumam se fazer presentes no Dia Nacional do Vodún no Benin para festejar o vodún em pról de um mundo melhor com paz e justiça social, conforme ouvimos costumeiramente nas orações dos vodunnon representantes de delegações presentes ao evento.
Não cabe a nós na diáspora estabelecermos comparações, e sim seguirmos as tradições que nos foram passadas pelos nossos ancestrais, afim de que não cometamos erros e ofensas aos voduns (incluindo no termo os awön òrisà).
Sakpate (ewe) não é fundamentado sem a folha Melão-de-São Caetano. Ele é chamado “Sakpata” entre os fons, como poderia ser o mesmo Obaluaiyé nagô que tem como éwò (proibição yorùbá) esta folha pelos nagôs consagrada ao òrisà Sàngó?
Obaluaiyé não gosta de trepadeiras e de raízes também, já Sakpata recebe o inhame em sua oferenda votiva...e na festividade de sua colheita no Benin.
Até podemos relacioná-los como divindades de poder sobre doenças, ou atribuir uma origem, um ponto distante no tempo, porém nunca dizermos que são a mesma divindade, a mesma cultura, ou que se um vodunsi iniciado em um rito nagô para Obaluaiyé (Omolu- Príncipe; Baba Olu Aiyé; Saponan), que mudou de águas, indo para a cultura Mahi, tornou-se um Sakpatasi... isto não existe! É importante lembrar que dentro do culto ao vodún Sakpata o “ayonu” é o vodúnsì iniciado pela parte nagô (òrisà) e o “azonsi” pela parte fon (vodún propriamente dito).
A grandeza do Mahi está em saber lidar, tanto com Sakpata, quanto com Obaluayié, e outras divindades.
Em http://www.vodoo-benin.info/data/e_about.htm relacionaram o vodún Dan, em um dos quadros apresentados, com o òrisà Obatala dos nagôs, talvez por serem divindades superiores, e/ou das vestes brancas, quando na realidade o vodún “Lisa” é quem corresponde a Obatala. Ainda no mesmo quadro, também relacionaram Oya com o vodún “Aveji Da” dos ewes e fons, que é um vodún relacionado com o ar, porém, é da família de Dan, e que corresponde a Dangla ou a Dangbe, a serpente da vida. (Vide Aveji Da: http://www.mamiwata.com ).
Oya é muito cultuada entre os fons inclusive podemos vê-la rapidamente dançando lá em um festejo de vodún no Benin, numa película cultural brasileira. (Vide vídeo: http://www.youtube.com/watch?gl=GB&hl=en-GB&v=GER6XBLxEko&feature=related )
Quanto aos ritos desenvolvidos no Benin, o referido site é muito recomendável.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Gba Hùn!!!

Lamentamos o ocorrido no último 10 de Janeiro do corrente ano de 2009, durante a festa em comemoração ao Dia Nacional do Vodún em Aklankpa em Glazoué, com seis feridos no Hospital de Calavi e saque dos atabaques do Hunkpame principal da cidade, e tudo devido a sucessão ao trono. Um terrível confronto entre forças militares e adeptos do vodún da região Mahi.
Lembramos que a religiosidade, a crença, a ancestralidade deve ser respeitada por todos acima de quaisquer divergências. O ocorrido só tende a afastar da área de Calavi as milhares de pessoas do mundo todo que vão ao Benin anualmente para honrar a memória da ancestralidade com respeito e adoração.
Manifestamos nosso apoio ao nosso pai e amigo Dah Azondekon, que preside a associação dos Mahi vodunnon, tendo a certeza que o vodún irá proceder a cobrança do que ali foi praticado indevidamente, inclusive por militares que deveriam manter a ordem no local.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
O Prático Oráculo do Vì.
4 partes convexas- Yèku; “É ciòn alò kú ji bo ciòn alò ji.” (Ele apanhou a morte e sua maldição)- Resposta muito negativa;
4 partes côncavas- Djogbè (Edji Gbè); Alihùn; Alafia- Caminhos abertos; paz- Resposta muito positiva;
2 partes convexas e 2 côncavas- Djirè- Favorável; pode surgir ajuda na situação; também revela equilíbrio, é uma resposta positiva, um sim.
3 partes convexas e 1 côncava- Aklan- Hohovi pode estar reclamando uma promessa feita a eles, ou a outro vòdún. Algo falta para obter êxito, é necessário fazer oferenda, e/ou cumprir o prometido;
3 partes côncavas e 1 convexa- Etawà “ E ta we wà.” (A cabeça que se foi)- Cumpre-se o destino e/ou ao que se está determinado. Resposta não muito boa, e pode significar um não, ainda que o bokonon saiba que este conselho pode não ser ouvido, pois falta “a cabeça”. Pode também representar uma perda.
Esta forma de consulta é muito prática e muito usual, contudo a resposta encontrada para a questão deve ser bem empregada de acordo com o caso que se tem. Tal oráculo é precedido de preceitos referentes a sua prática para que a resposta seja realmente dada pelo vòdún.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
A Matriz Carioca do Jeje Mahi.

A memória do primeiro Candomblé da Nação Jeje Mahi no Rio de Janeiro, ficou registrada pelo saudoso professor, babalorixá e Oluwo Agenor Miranda Rocha (1994: 32) em seus mais de 90 anos de idade:
“As comunidades Jeje encontradas no Rio de Janeiro à época eram as de Rozena de Bessein (azinossibale); a de Domotinha de Oiá (Vodun Zevode) e a de Natalina de Oxum. Todas também no centro da cidade, região da Saúde.
A vinda para o Rio de Janeiro, de Tata Fomotinho, que aqui vai fundar seu terreiro e originar uma extensa linhagem, somente vai ocorrer muito mais tarde, por volta de 1950.” Cita José Flávio Pessoa de Barros (1999: 31).
O saudoso Pai Agenor, como era conhecido em todo os candomblés do Brasil, teve o privilégio de presenciar todo este fato, pois fora iniciado por mãe Aninha, a época de Oba Sanyia. Anteriormente a fundação do Terreiro da Cruz Santa do Opo Afonjá, em Salvador, Bahia, Aninha tinha casa da nação Ketu no bairro da Saúde, e onde tinha por filho-de-santo o saudoso João Alabá de Omolú, que tinha terreiro na rua Barão de São Felix, e que foi Pai-de-santo da famosa Tia Ciata de Oxum e de Maria Adamastor, que foi a 1º Mestre-sala mulher quando se introduziu Mestre-Sala e Porta-Bandeira em ranchos na formação do que hoje conhecemos como Escola de Samba. João Alabá foi sucessor de Aninha, porém, mais tarde a roça foi transferida para o bairro de Coelho da Rocha na Baixada Fluminense, onde até hoje se situa o Opo Afonjá do Rio de Janeiro (Nação Ketu).
Pai Agenor deixa claro que à partir da segunda metade do 19° século, ou seja: Desde o início do Jeje no Rio existiam 3 casas de Jeje Mahi no Rio de Janeiro.
Sabemos que Natalina de Oxum foi iniciada por Mèjitò Adelaide (Domotinha de Oya), ambas naturais da Bahia, e que Mèjitò foi herdeira do Kpo Dagba, a "matriz", o terreiro da africana Gayaku Rosena (natural de Allada), o qual mais tarde foi transferido para o bairro de Piedade, próximo a Cavalcante, à época de Egbomi Dila que foi filha de Mèjitò por falecimento de Mãe Aninha que foi quem lhe tirou a mão ritualística de seu, então, finado pai-de-santo o africano Cipriano Abedé de Ogun. Abedé, na época, tinha terreiro de Nagô na rua João Caetano, e título de Doutor em Ciências Ocultas expedido por uma universidade Norte-Americana, sendo muito respeitado pelas autoridades.
Kposú Vodún.
Neste reino havia uma princesa chamada Àlìgbónó que junto com outras jovens perdeu-se em uma floresta durante esse período de expansão, quando depararam com uma pantera ( Kpɔ̀; pronuncia-se /Pó/ em Português; escreve-se Kpô ou Kpò afrancesadamente), então todas correram do animal, mas Àlìgbónó não consegiu escapar e não retornou para os seus pais, aparecendo bem mais tarde e declarando que a pantera havia lhe desposado.
A princesa engravidou e deu a luz a um menino que fora denominado Àgàsú (esposo do adultério) e que mais tarde tornou-se um rei muito ilustre e corajoso.
Àgàsú é venerado hoje como um toxwyo (tokwyo, tohwyo fundador sobrenatural de um clã).
Muito posteriormente em Abomey, na época do rei Agaja, o termo Kposú (esposo da pantera) passa a ser um título de valente general de campo de batalha, tal qual Gahu.
Enquanto Àgàsú é a denominação dada a ele devido a circunstância misteriosa que cercou seu nascimento, não oriundo da união lícita e abençoada pelos pais, seus valorosos feitos, posteriormente reconhecidos, lhe trouxeram fama e este glorioso título de Kposú, um verdadeiro homem-pantera.
Kposú é considerado um ako vodún (vodun étnico) para os Houégbajavi de Abomey, assim como todos os toxwyo, e aliás, conhecido na diáspora onde, também, é cultuado.