Forte de São Jorge da Mina, Gana. |
"(...) A maioria dos negros
que trabalhavam escravizados nas minas da África era de uma variedade de etnias.
Geralmente o indivíduo preso em batalhas, ou obtido como pago de tributos já
tinha o seu destino traçado para ser escravo, e assim muitos foram capturados e
vendidos para o novo mundo. Os ajás viviam em Ajá-Tado no país Ashanti, parte
que hoje se situa no Togo próximo a fronteira com Benim e alguns deles foram
escravizados. Na realidade Ajá-Tado (Tadô é a forma correta de se pronunciar em
Língua Portuguesa); Sado; ou Ezamé (termo mais antigo), refere-se a uma grande
civilização, ela é a origem e a identidade de diversos povos do sul do Benim ao
centro do país. O nome de Ajá-Tado está associado às origens dos povos Ajá; Fon
e Agassuvi (Aja Kponsu); Gun; Guin; Sahue; Hula ou Pla e Hueda ou Peda (Ajá
Ho); Aizo (Ajá Dossu); Mahis e Uemês, que são descendentes dos ajás em suas
respecticas regiões. Aja-Tado é também a origem dos Ajá-Euês (Ajá Kpondjin); um
grupo étnico que habita o sul do Togo e de Gana. O nome original do povo que
habita o Tado, conforme mencionado, é "Ezamé", onde Eza (ezan) para
aquele povo significa Palmeira. Assim, Ezamé significa "no interior das
Palmeiras; ou seja: entre estas árvores"; justificando o local de
instalação deste povo.
Sua história conta que
por volta do ano 1000 D.C. a vila estava sofrendo com várias doenças. Houve
mortes infantis, seca e fome até que passou por ali, vindo do Reino de Oió:
Togbui Anyi. Ele sugeriu curar a população desde que fosse aceito como seu rei
e todos concordaram. Com seu conhecimento de magia e poder ancestral Togbui
Anyi curou todos os enfermos daquela cidade e tornou-se o rei. Em seu trono
marcou o evento mudando o nome de Azamé para Tado que significa pisar sobre
algo.
A cada ano a memória de
Togbui Anyi é reverenciada no mês de agosto, aniversário do Tado e marca do
início um novo ciclo anual, é quando todos os ajá-euê de Gana, do Benim e do Togo
rumam ao Tado para a comemoração e pedidos de proteção e bênçãos ao antepassado
em comum. (...)"
Trecho do livro "Tradição e Realeza nos Terreiros de Jeje" de Ifabimi Aladanu (Jan. 2013).