domingo, 24 de outubro de 2010

Ícones da Área de Trabalho não Abrem no Windows.


A postagem abaixo é de extrema importância para corrigir um erro no Windows que pode ter sido ocasionado pela exclusão sem querer, talvez de uma dll. Se o irmão clica nos ícones, pelo menos alguns deles, na sua área de trabalho e o ícone não abre,fica transparente...e nada! É hora de corrigir o problema.
Transcrevo abaixo uma postagem da web que considero uma das mais importantes e que tenho certeza irá auxiliar prontamente, e de forma simples, à quem necessita, já que enfrenta o problema:

"ARQUIVOS .EXE NÃO ABREM CORRETAMENTE. ERRO AO ASSOCIAR."

"Solução para um problema que ocorre muitas vezes por engano ou descuido onde o usuário do Windows associa a extensão.exe com algum programa e assim impede a abertura de todos os outros programas inclusive o próprio Windows.
Este problema aconteceu comigo e com certeza já aconteceu ou acontecerá com outros usuários por isso deixo aqui uma solução fácil e prática. Esta solução evita que seja necessário à reparação do sistema com cd-windows ou formatação e reinstalação do sistema operacional. PROBLEMA: O cliente relatou que não conseguia abrir um arquivo .exe e sempre que tentava dava erro. Na insistência resolveu associar este arquivo a outro programa, no caso o internet Explorer (IE), na parte inferior da caixa de diálogo em que associou o IE estava marcado “sempre usar o programa selecionado para abrir este tipo de arquivo”. Por descuido ele não desmarcou esta instrução. Então teve início um grande problema que durou uma semana.
Todos os arquivos executáveis tentavam abrir sempre com o IE, ao clicar duas vezes em qualquer arquivo .exe sempre abria o internet Explorer e o arquivo clicado não conseguia abrir. Ao reiniciar o micro a surpresa foi maior (ou pior) todos os arquivos executáveis que iniciavam com o micro não estavam iniciando. Não era mais possível entrar no registro, não tinha antivírus nem proteção nenhuma. E os ícones de todos os arquivos .exe eram o ícone do IE. A solução mais obvia seria desassociar ou desfazer o que tinha feito antes parecia de fácil solução, mas voltando a caixa de diálogo para desassociação de arquivos a instrução não podia ser desmarcada, pois estava indisponível.
Outras soluções mais simples, como restaurar o sistema para uma data anterior ou usar opções de pastas também não conseguiram resolver o problema. A solução parecia caminhar para uma reparação do sistema pelo console do Windows ou formatação e reinstalação do sistema operacional. Mas sempre deixamos estas opções por último, quando não temos outra alternativa.
Após muitas horas de pesquisas achei algumas instruções no sentido de reparar a chave do registro. Mas o registro não estava abrindo, pois também é um arquivo .exe.
Finalizando pesquisei sobre os “fix”, então achei a solução. Um pequeno software que repara a chave do registro para associação com arquivos .exe. Fazendo com que todos os arquivos .exe funcionem novamente e corretamente. Tudo que precisa ser feito é baixar ele para o desktop (vem zipado) depois abrir com winrar ou outro programa similar e clicar em “extrair aqui”. Com um click direito sobre ele escolha mesclar. Ele fará o trabalho de alterar a chave do registro. Agora é só reiniciar o micro e tudo volta ao normal. Às vezes os ícones continuam trocados, mas os arquivos .exe funcionam normalmente. Para colocar os ícones originais pode ser feito através de propriedades > alterar ícone. Abaixo estão os links para fazer o download dos “fix”. Eles são usados somente para este tipo de problema e cada um é específico para um tipo de sistema operacional:

Para Windows XP usar este: winXP_EXE_Fix.reg

Para Windows Vista usar este: exefix_vista.zip

Para Windows 7 usar este: exe_fix_w7.zip


Instruções:

1. Clicar no link > Abre a caixa de transferência de arquivos > salvar Como > escolher Desktop
2. arquivo vai aparecer zipado > click direito sobre ele >
3. Escolher extrair aqui. 4. Click direito no arquivo extraído (.reg) > 1ª opção (mesclar)
5. Aguardar um pouquinho e reiniciar o micro. Tudo ok novamente.
6. ATENÇÃO PARA O XP: Pular os itens dois e três, pois ele não vem zipado.
Espero que esta solução possa ajudar quem tiver este mesmo problema, sei que existem outras maneiras, mas esta é bem prática e não exige que o usuário esteja familiarizado com editor de registro."

(Postado por: Washington Luiz Machado dos Anjos, in:
http://tecnociencia.inf.br/tecnico/wluiz - Friday, 23 July 2010)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Formatação de PC com OS Windows.


FORMATAÇÃO DE PC - COMPLICADO NÃO?

Muitos formatam o PC salvando arquivos ou não
Formatam para eliminar vírus ou simplesmente o lixo que ocupa espaço no HD, e
muitos pagam por isso, quando na maioria das vezes sem necessidade, ou até
trocam de HD (carinho eim) porquê dizem que o HD pifou - Imaginem!
Tenho vários amigos que passaram por este problema e quero compartilhar
algo que talvez possa ajudar ao irmão que precise da dica e utilize o
Windows:

1- procure visitar o centro de atualizações da Microsoft pelo menos 1 vez por semana.
Se vc utiliza o Microsoft Security Essentials não precisa ir lá, ele vai
para vc e baixa as atualizações (Este antivírus é gratuito e só é
compatível com o Panda Online, outros teriam que ser removidos para
baixá-lo, ele inativa o Windows Defender porquê faz todo serviço dele e
ainda trás atualizações pra vc)

2- O lixo acumulado no seu HD não
precisa ser removido através de FORMATAÇÃO, vá no site BAIXAKI e baixe o
CCleaner em português, é gratuito e fácil de operar, bastam 2 cliques um
em analisar e outro em remover, ele também corrige erros de registro e
sua máquina voa na internet. Fica novinha em folha!!! Faça o download
clique nele 2 vezes e salve o arquivo em sua área de trabalho.

3-O navegador mais rápido da internet é o FIREFOX, sei porque já usei todos
os 5 principais e também tenho acesso discado em uma máquina.

4- Se tiver dúvidas pode deixar sua dúvida por aqui, de certo procurarei ajudar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ex-alunas de Monica Serra confirmam relato sobre aborto | Jornal Correio do Brasil

Ex-alunas de Monica Serra confirmam relato sobre aborto | Jornal Correio do Brasil
Esta é a notícia que os principais jornais escondem. Nós do Candomblé Jeje não somos a favor do aborto, exceto em casos especiais, de o embrião ou feto estar morto, em caso de grande risco de vida para a mãe, etc. Lembremos que Gbesen significa "espírito da vida" e que na tradição Jeje a oferenda é uma forma de agradecimento por se ter o que comer, além de remontar lendas que justificam o rito. Separadas as partes dos voduns o resto da oferenda deve ser consumido pelos fiéis.
Lamentável notícia esta, mas a verdade como sempre...aparece.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os Voduns do Jeje Mahi.

Foto: Entrega do Balaio de Yemanjá. In: http://www.overmundo.com.br/banco/alma-benzida

Para se sentar na cadeira de gayaku da Roça do Ventura tem que ser feita (iniciada) para o vodun Sógbó (sobô), ou Azonsú (lá Azansu) ou para Gbesen (Bé-sém), lembramos que no Ventura a gayaku é termo dado aquelas que iniciaram pelo menos 1 filho para um vodum da família nagô (Ogun, Odë, Iyemoja, Osun,..., lá não se inicia Iyewa, nem Oba, nem Logunëdë)
Bem, a fundadora foi Ludovina Pessoa, que era iniciada de Ogun (um vodum nagô) obviamente ela não era iniciada de Azonsú, nem de Sógbó e nem de Gbesen, e obviamente não se sentou no trono, tendo-se aliado a Maria de Azonsú da família de Modubi (de José Maria de Belchior, originária do Terreiro do Pinho - Hunkpame Dahomé) da roça de cima para fundar a roça de baixo empossando uma de suas filhas (de Gbesen).
A lógica é que para sentar no trono de gayaku tem que se iniciar lá um vodun nagô e ser iniciada para vodum propriamente dito, embora o conceito de vodum nagô varie dentro das ramificações do jeje. Por que isso? Isso porque Gbesen é o espírito da vida e assim sendo não compactua com nada que lembre a morte, daí o uso de sempre-vivas em preceitos como o gbo-etá (boitá), do beeko (quizila) com flores dignas de se cobrir defuntos, do não estabelecer casa de egun (asen), etc. como havia na roça de cima (de Modubi) etc.
Os mahis na realidade cultuam voduns que se relacionam diretamente com os orixás e deles tiveram origem de culto na África, e de sua região mahi. Assim comumente ouvimos sou de Sango de um filho de Sógbó e o mesmo de um filho de Aira (lembramos que sacerdotes do Benin afirmam que Sógbó é Sàngó).
Na roça de cima o termo gayaku herdado pelos modubis e pelos hoje, então, descendentes, designa aquela que é dirigente de um culto voltado aos voduns de nagô (um Nagô Vodum antigo), e não necessariamente a que inicia um vodum desta família, o título foi repassado com a criação da roça de baixo. Visto que Azonsu é termo próprio da família de Modubi.
Eguns e voduns que tiveram vida terrena como os reais do Dahomey não são cultuados em Mahi, todos os antepassados da casa são reverenciados (ja avalu) saudando-se e ofertando-se ao vodun Ayizan, sempre à frente da casa principal conforme Ajahuto o fez em Allada.
Os voduns mahis seguem conforme os orixás nagôs, são aqueles que de alguma forma morreram, seus corpos não foram encontrados, despareceram, subiram ao céu ou desceram pela terra, enfim se há sepultura (como a dos reis do Dahomey) não é cultuado como vodum Mahi.

Obs. Esse assunto é referente ao Jeje Mahi no Brasil e não no culto de voduns mahis no Benin onde reina Ainon (Sakpatá). Atualmente vemos o maravilhoso e reedificado asen de Savalou em memória à ancestralidade real do Palácio de Savalou.
O Jeje Mahi de Cachoeira, Bahia e do Bogum de Salvador, Bahia (da mesma fundadora) tem como divindade principal Gbesen, que é do culto de Dàn de local próximo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Vodum Azili no Sincretismo com Maria.


N. Sra. de Nazaré:
(Foto: Wikipédia)

Nossa Senhora da Nazaré é a denominação conferida a uma imagem esculpida em madeira, com cerca de 20 cm de altura, representando a Virgem Maria sentada a amamentar o Menino Jesus. Conforme a tradição oral terá sido esculpida por São José carpinteiro, nos anos 1 a 3, quando Jesus era ainda um bebê de mama, tendo sido pintada, décadas mais tarde, por São Lucas. É venerada no Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, no Sítio da Nazaré, em Portugal.

A imagem é uma Virgem Negra com a cara e as mãos pintadas de cor morena com parte das costas e dos lados alisados, indiciando a intenção original de a encaixar numa estrutura com lados e costas que a faria parecer estar sentada num trono.

A história da imagem foi publicada, em 1609, pela primeira vez, por Frei Bernardo de Brito, na Monarquia Lusitana, Tomo Segundo.

Este monge de Alcobaça conta ter encontrado no cartório do seu mosteiro uma doação territorial, de 1182, na qual constava a história da imagem da Senhora da Nazaré transcrita de um pergaminho escrito cerca do ano de 714.

A imagem terá sido venerada nos primeiros tempos do cristianismo em Nazaré na Galileia, cidade natal de Maria. Daí a invocação de Nossa Senhora - da Nazaré.

Da Galileia terá sido trazida, no século quinto, para um convento perto de Mérida, em Espanha, e dali, em 711 para o Sítio (de nossa Senhora) da Nazaré, onde continua a ser venerada.

A história desta imagem é indissociável do milagre que salvou D. Fuas Roupinho, em 1182, episódio a que se convencionou chamar, Lenda da Nazaré.

Durante a Idade Média apareceram centenas de imagens de Virgens Negras por toda a Europa a maioria das quais, tal como esta, esculpidas em madeira, de pequenas dimensões e ligadas a uma lenda miraculosa. Hoje, existem cerca de quatrocentas imagens antigas, ou as suas réplicas, representando "Virgens Marias Negras", em igrejas por toda a Europa, bem como algumas mais recentes no resto do mundo.

A verdadeira e sagrada imagem de Nossa Senhora da Nazaré ainda não foi sujeita a uma perícia laboratorial para a datar cientificamente e paralelamente obter a confirmação de se estar perante uma imagem bi-milenar, ou de uma réplica produzida posteriormente.
Fonte: Wikipédia.

No Pará a devoção à Virgem é também envolvida em lenda. Plácido, o precursor do culto teria encontrado a pequena imagem em madeira de Nossa Senhora de Nazaré às margem do Igarapé Murutucu, que corria pela atual travessa 14 de Março onde hoje ficam os fundos da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Imaginando que algum devoto da cidade de Vigia havia esquecido a imagem ali, levou-a para casa. No dia seguinte não a encontrou. Ela havia retornado ao igarapé. Nova tentativa, novo retorno da imagem ao nicho que havia escolhido. A imagem então teria sido levada para a capela do Palácio do Governo da Província, onde ficou guardada por escolta. De manhã, não havia nada na capela, a imagem havia retornado ao igarapé. Obedecendo os desejos da Virgem, à beira do igarapé foi construída uma ermida, que deu início à romaria e à devoção do povo paraense à Virgem de Nazaré.

A primeira procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré saiu na tarde do dia 8 de setembro de 1793. Na noite anterior, a imagem da Santa havia sido transferida de sua ermida na Estrada do Utinga para o Palácio do Governo. Tempo mais tarde, a procissão passou a sair no segundo domingo do mês de Outubro e, duzentos anos depois a procissão faz o mesmo percurso, de cerca de cinco quilômetros, saindo do Palácio do Governo, hoje Palácio Lauro Sodré, levando a Santa para o mesmo lugar onde havia a ermida e hoje ergue-se a imponente Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. A primeira procissão foi acompanhada por toda a tropa aquartelada na cidade, os cavalheiros montados em seus melhores cavalos, as damas carregadas em seges, o povo a pé em torno do carro que transportava a Santa. A imagem ia no colo do padre capelão e o próprio governador da Província, Dom Francisco de Souza Coutinho, acompanhava o cortejo trajado com uniforme de gala. Dom Francisco Coutinho, que havia organizado a homenagem à Santa, estruturou também aquela que iria ser a maior manifestação religiosa do Pará e uma das mais impressionantes demonstrações de fé religiosa dos católicos. Com o tempo a procissão sofreu algumas modificações, como a inclusão do Carro dos Milagres, que lembrava a salvação do fidalgo português Dom Fuas Roupinho, o barco que lembrava a salvação dos náufragos do brigue São João Batista, a corda que substituiu a junta de bois que puxava o carro da Santa, e o carro dos fogos, que com muito barulho precedia o cortejo religioso. Já neste século, o poeta maranhense Euclides Farias compôs o hino ” Vós Sois o Lírio Mimoso”, que se consagraria como o Hino do Círio, e hoje identifica a procissão sempre que é cantado.

O primeiro Círio mobilizou gente de toda a redondeza de Belém, principalmente em função da feira que o governador determinou que fosse instalada no terreno que circulava a ermida, para a venda de produtos regionais. Nos duzentos anos em que o Círio de Nazaré vem sendo realizado, é a cada ano maior o movimento de romeiros. Hoje calcula-se em mais de um milhão o número de pessoas que saem às ruas para celebrar a Virgem de Nazaré.
In: http://minhaprece.com/n-sra-nazare/histria-da-nossa-senhora-de-nazar/






N. Sra. da Conceição Aparecida:
(Foto: N. Sra. Aparecida. Atribuição: Santuário de Fátima, Wikipédia.)

A Pescaria Milagrosa

A sua história tem o seu início em meados de 1717, quando chegou a Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, iria passar pela povoação a caminho de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto), em Minas Gerais.

Desejosos de obsequiá-lo com o melhor pescado que obtivessem, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves lançaram as suas redes no rio Paraíba do Sul. Depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio chegaram a Porto Itaguaçu, a 12de outubro. Já sem esperança, João Alves lançou a sua rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Em nova tentativa apanhou a cabeça da imagem. Envolveram o achado em um lenço. Daí em diante, os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores.


Início da Devoção:

Durante quinze anos a imagem permaneceu na residência de Filipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para orar. A devoção foi crescendo entre o povo da região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da imagem. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. Diversas vezes as pessoas que à noite faziam diante dela as suas orações, viam luzes de repente apagadas e depois de um pouco reacendidas sem nenhuma intervenção humana. Logo, já não eram somente os pescadores os que vinham rezar diante da imagem, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. A família construiu um oratório no Porto de Itaguaçu, que logo se mostrou pequeno.
Fonte: Wikipédia.

No sincretismo religioso de algumas casas que festejam ou reverenciam suas divindades ainda de acordo com a prática antiga das senzalas, das comunidades quilombolas, dos antigos terreiros originados de calundus, temos dentro do Jeje a N. Sra. de Nazaré como o vodum Azili (Aziri) Tolá (a mais antiga) e oriunda do Jeje Dahomé, e N. Sra. da Conceição Aparecida como Azili Togbosi (A mais nova). Ambas as imagens de N. Sra. têm aparição junto às águas. Na realidade os nomes Tolá e Togbosi surgem aqui como uma relação entre a prática antiga do Jeje Dahomé e a mais nova do Jeje Mahi para um mesmo vodum: Azili.

sábado, 9 de outubro de 2010

PAPOINFORMAL Solidário com a Roça do Ventura.

Foto: A Tarde.

"Iphan barra construção em área de terreiro em Cachoeira

Cristina Santos Pita, do A TARDE

Sítio ecológico e santuário religioso de matriz africana da nação jêje marrin e um dos mais antigos terreiros de candomblé da Bahia, a Roça de Ventura, como é conhecido o terreiro Zô Ôgodô Bogum Malê Seja Hundê, da cidade de Cachoeira (a 110 km de Salvador), no Recôncavo baiano, está sendo ameaçado pela especulação imobiliária. Segundo denúncias de entidades ligadas ao culto afro e do povo-de-santo de Cachoeira, parte da área da Roça de Cima, que deu origem ao tradicional terreiro, está sendo desmatada para dar lugar à construção de um loteamento residencial. Para os religiosos, embora esteja numa área particular, a Roça de Cima, onde os mais antigos faziam celebrações, é uma área considerada sagrada e por isso deve ser preservada.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) enviou técnicos ao local e notificou o proprietário da Fazenda Altamira, o advogado Ademir Passos, que paralisou as obras do loteamento. Fiscais do Ibama também vistoriaram a área no último sábado, dia 2, mas ainda não foi divulgado relatório sobre possíveis crimes ambientais. O Seja Hundê está em processo de tombamento pelo Iphan desde 2008 e é um dos mais importantes terreiros de candomblé do País.

A demolição parcial da Roça de Cima, que faz parte da Fazenda Altamira, começou no último fim de semana e provocou uma série de protestos dentro e fora da comunidade do povo-de-santo. “Os donos sempre permitiram que se fizessem as obrigações na Roça de Cima há mais de 50 anos. Foi o primeiro candomblé que deu origem ao da Roça de Baixo, que existe desde 1878, quando Ludovina Pessoa abriu para a filha dela, Maria Luiza do Sacramento, aí todo mundo passou para o terreiro de baixo, para não separar os jêjes”, explicou Edvaldo de Jesus Conceição, ogã Buda, líder religioso do Roça do Ventura.

Na Roça de Cima, uma área de 12 hectares que pertence à Fazenda Altamira, localizada na Ladeira da Cadeia, não há construções de alvenaria, há algumas árvores no seu entorno e os assentamentos sagrados, onde ainda são feitas as obrigações ao ar livre. Os zeladores do terreiro alegam que várias árvores centenárias e sagradas no culto aos voduns foram arrancadas pelas máquinas. “Foram derrubadas ubaúba, jaqueira, são-gonçalinho, mangueira, sucupira e olicuri, além do aterramento da Lagoa de Nanã, também sagrada. Nós cultivamos as árvores que são consagradas aos orixás”, destacou Buda.

A Fazenda Altamira foi vendida há oito anos ao advogado Ademir de Oliveira Passos, que nega a derrubada de qualquer tipo de árvore do local. Segundo o advogado, a área é de capoeira, com vegetação rasteira e algumas árvores no seu entorno. “A área que eles alegam pertencer ao terreiro, na verdade, me pertence. Comprei a Fazenda Altamira de Antônio Brandão Costa por R$ 110 mil. Vou construir um loteamento com 120 casas numa área que é de pasto, não é mata e nem restinga. A Roça de Ventura está a cerca de 300 metros do local, onde eles celebram os rituais, fora dos limites da propriedade, que possui cadeia sucessória há mais de cem anos’, afirmou."

In: A Tarde
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5633055

Dois Anos de Hwendo Mag.

Foto: Bokonon Dah Azondékon (Aklankpa) in Hwendo Mag. Profundo conhecedor das ervas.

"Editorial: A festa foi simplesmente linda!

Anunciamos, há algumas semanas, que o seu jornal favorito "Hwendo Mag" acaba de celebrar dois anos oficialmente no mundo da imprensa Benin. Ele nunca vai deixar de dizer, a imprensa cultural é um mundo sem juros. Mas ainda estamos convencidos de que um dia isso vai mudar, porque sem cultura, nenhum desenvolvimento pode ser possível. Eu estava falando sobre os dois anos de sucesso do jornal Hwendo. Na verdade, estes dois anos foram o resultado de um longo tempo de trabalho duro entre nós e os nossos leitores. Muitos são conhecidos por nós e nos dão conselhos de qualidade. Eles são os nossos motivos para acreditar sempre em um certo sucesso. Além destes, os nossos irmãos que estão tentando de alguma forma e com todos os problemas entram em contato conosco para nos encorajar. Tudo isso é porque temos a vontade de fazer. Nós nunca pensamos por um momento que as pessoas da mídia fossem tão unidas. Uma enorme multidão de compatriotas esteve presente na celebração. E como o nosso jornal tem se especializado em cultura, música, artes, também coroou chefes de partido. A aposta está ganha para mim e minha equipe sempre pronta para continuar essa luta sem fim. "Hwendo Mag", escreveu as mais belas páginas de sua história. Assim, dizemos: Era uma vez... Dois anos de Hwendo Mag! Não é fácil ser uma revista cultural na República do Benin, mas é sempre bom quando você tem sucesso em seu campo e você é considerado um membro influente no seu universo. 22 de maio, já é história, temos agora de pensar no futuro. A preocupação imediata é o nosso primeiro jornal ser estendido ao redor do mundo, com estes com que acabamos de assinar um contrato, a Comunicação Dekart, que agora assumirá todas as nossas informações na Internet. Além disso, o jornal está presente em Ouidah, bem como no Brasil. Cada edição, é lida por mais de 85 estruturas públicas e privadas de Cotonou e de outros locais. Nós vamos cobrir todos do Benim e da África. Em suma, nosso objetivo é permanecer gravado no coração de cada consciência beninense do desenvolvimento endógeno de sua cultura. A fim de atendê-lo ainda mais, vamos projetar temas muito cativantes e muito educativos. Tão logo você terá temas como "exemplo" que irão levantar o véu de sobre os líderes políticos, culturais e esportivos. "Retrato", que será para a descoberta de Hounnons, dahs, e de reis do Benim e de outros lugares. Hoje, queremos reforçar a nossa meta: Sermos os mais endógenos do showbiz. Mas para obter sucesso, precisamos do apoio de todos vocês. Hwendo Mag é o seu jornal.
Eu não vou terminar este editorial sem agradecer, mais uma vez aos meus colegas com quem eu trabalho todos os dias e acreditam em mim e na vontade de ir mais longe na salvaguarda do nosso patrimônio cultural e adorado. Com estas palavras, caros leitores eu digo tudo ...

Constantino B. NOBIME"


In Hwendo Magazine

Parabéns Hwendomag! Temos orgulho de participar desta revista.
Ifabimi.

domingo, 19 de setembro de 2010

Noz-de-Cobra.


Arbusto pertencente ao vodum Dàn.
O arbusto africano de linda floração amarela é muito tóxico e tem sua casca, folhas, e raiz utilizadas no tratamento de doenças cardíacas, possuindo propriedades cardiotônicas. Seu fruto é muito venenoso. Possui uma resina leitosa rica em Cerebrina, Nerifolina, Teveresina e Tevetina. Comumente encontramos na África e no Brasil esta bela planta ornamental conhecida pelos nomes de chapéu-de-napoleão, jorro-jorro, noz-de-cobra, cerbera, aoaimirim, auaí-guaçú, bolsa-de-pastor, louro-amarelo, noz-da-sorte, ou eleander-amarela.
Na Costa do Marfim e no Benin a seiva das folhas é usada em gotas para o nariz curando a dor de cabeça violenta, a seiva das folhas nas narinas é também usada para reanimar pessoas que desmaiam e curar resfriados. A semente da noz-de-cobra (Thevetia linearis, Thevetia neriifolia, Thevetia thevetia) é um veneno de contato, quando amassadas e misturadas à uma solução de sabão são usadas como inseticida.

Fontes:
Revista Tropicultura n° 26 vol. 3 (1988)
http://livingfarmacy.wordpress.com/herb-identification/beautiful-but-dangerous/

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Oração Mina








Oração do Diálogo Inter-religioso do Benin em 2008. (Língua Mina).






Agoo, amin! (Com Licença, amém!)


Mi le kafu mi Mawu, jinukusi kuɖo ayingbanɖotɔ.


Oh! Deus todo poderoso e criador do céu e da terra, nós te louvamos.


Mi le kafu mi Mawu agbeaɖotɔ.


Oh! Deus todo poderoso e mestre do universo, nós te glorificamos.


Mi le ja avalu mi Vodun Yɛwe ka voɖeka wo kɛun kɛn kɛn.


Nós saudamos a vós todas 41 entidades divinas do Vodun Yɛwe.


Mi le yɔ mi Vodun Gu, Sakpata, Xɛbioso kudo Vodun ke mi jesi o gba kudo ede ke mi un jesi kpata.


Nós vos invocamos Vodun Gu, Sakpata, Xɛbioso e a todos os voduns que conhecemos ou não.


Mi le yɔ mi Vodun Ginyɛhwe woo kɛun kɛn kɛn.


Nós imploramos as mãos do Vodun Ginyɛhwe.


Mi le yɔ mi Ata Kpesu, Ata Adjigo, Ata Sakuma ku do ke mi ɖo hun wo gbakudo ke mi hun ɖo hun ɖo hun woa.


Nós imploramos as mãos de Ata Kpesu, Ata Adjigo, Ata Sakuma, também dos nossos protetores e os de todos.


Mi le yɔ mi Vodun Dan wo kpata,


Nós imploramos as mãos do vodun Dan


Mi le yɔ mi Nana Sika, Sika jɛnɔ, Sika avɔnɔ, Sika dɔkunnɔ.


Nós imploramos à Nana Sika, Sika Jɛnɔ, Sika Avɔnɔ, Sika Dɔkunnɔ.


Mi le yɔ mi Ata N’Desu kata bia,


Nós imploramos a Ata N'Desu,


Mi le yɔ mi Dan Ayiɖohwɛɖo kudo Vodun Dan ke mi ɖo wun wo gbakudi ke mi hun ɖo wun woo.


Nós imploramos ao vodun Dan Ayidohwɛdo com todas aquelas que conhecemos ou não.


Mi le yɔ mi Togbe wo, Mama wo, Tasinɔ wo kɛun kɛn kɛn,


Nós imploramos as mãos dos antepassados, as mãos de Mama, as mãos de Tasinɔ,


Mi wun gba sɔ eku sɔ kan agbe n’ɛ mi, mi wun sɔ agbe sɔ kan ku n’ɛ mi woo,
Faafa biɔ mi le.

Nós não estamos pedindo para substituir a vida morta, nem a vida para substituir os mortos. Pedimos
pela paz.


Bɔbɔ ke mi le ji la wɔ a, mi sɔ ɖo mi be ata mɛ, n’ɛ mi n’ɛ mi la do acɛ eji, n’ɛ zɔnzɔn kuɖo vuɛn le ji la ɖo exɔ ya mɛ, mi a tu agbo wo ɖo wo.
Nɛ mi wun agbo nɛ faafa kudo ennyuɛn ke la kplɔ bɔbɔ ya yi nuko a.
Kuefan ke le mi le fan n’ɛ mi eyeun.
Mi a tu faafa ɖo mi a ji nɛ ba nyi jijɔɛ nɛ amɛsiamɛ le xɔ ya mɛ, le bɔbɔ ya be te pe.
Ezo ma ɖia, ezo be wun kpɛ ye loo.

Nós colocamos essa reunião sob a vossa proteção e pedimos sua bênção para que tenha lugar em paz, harmonia, e que leve às conclusões felizes e benéficas para a construção do nosso país, o Benim e a África, nosso continente. Ouçam nossas orações.






Yawoo! Yawoo! Yawoo!


Que assim seja! Que assim seja! Que assim seja!










Tradução: Ifabimi.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Rituais do Nascimento Fon.


Os rituais que envolvem o nascimento de uma criança no Benin são muito variados, porém não são muito complexos, e variam de acordo com o grupo étnico que concebe o nascituro, sem contudo, que varie a essência dos mesmos, assim para termos ideia tomamos por base o povo Fon.
A criança é concebida no seio da família, geralmente no lar, onde são preceituados tais ritos. Os primeiros rituais envolvem a participação de membros da família e/ou de parentes, já a cerimônia final é exercida pelo sacerdote do Fá (Ifá).

Ohondudu- É a aplicação de manteiga de karité no cordão umbilical da criança, com o objetivo de secar devidamente e também ser emoliente, é geralmente preceituado uma tia paterna do pai do bebê e acontece ao terceiro dia de nascimento da criança;

Jedudu/ Jenunu- Tem lugar na madrugada seguinte ao dia em que o cordão umbilical da criança, então seco, cai. Nesta cerimônia a mãe volta a consumir do sal e lhe é feito um oferecimento de feijão com salgados, sodabi, milho, várias bebidas, noz de palma, peixe frito no dendê, etc. A tia vem e após todos comerem do peixe e beberem, entrega a mãe uma enxada e a mesma cultivará os grãos que lhe foram oferecidos e que deverão ser bem tratados, pois simbolizam votos de boa sorte sendo a primeira semeadura na vida do recém-nascido;

Sunkunkun- Este rito significa a bênção da lua para a criança é ;realizado no primeiro dia de lua nova a noite e repetido no segundo dia. Um menino, em troca de alguma soma em dinheiro, assobia 41 vezes em uma garrafa vazia, a criança é mostrada a primeira lua nova após o Jedudu em um Medjo (primeiro dia do Fezan) e no Meku (segundo dia) em honra aos seus antepassados, a garrafa permanecerá em seu quarto e a mãe receberá revelações da ancestralidade acerca de seu bebê, através de seus sonhos;

Vidinkpon- de “Ovi Vin Dinkpon” que significa “Reencarnação”. É a última cerimônia de nascimento, nela é consultado o Fá pelo sacerdote. Aqui os pais saberão se é um espírito da família que reencarnou, se é um Abiku (aquele que vem e promete voltar ainda na infância à sua floresta, o Abikuzun, etc.
Aqui podem ser indicados preceitos e mesmo o preparo de fetiches que deverão ser reverenciados por toda a vida da criança, há também a confirmação de sua ancestralidade e de seu primeiro nome.

sábado, 24 de julho de 2010

O Culto Real dos Mortos

Assen (Assem) do Rei Akaba - Exposto no Museu Histórico de Abomey.


Reis Defuntos e suas famílias. Culto Real dos Mortos.

"Ritos Fúnebres"

Os vários ritos funerários por ocasião da morte deve permitir deixar sua concha para
integrar o mundo biológico dos mortos.
Na primeira fase do funeral, o corpo está preparado para o enterro. A família presta
homenagem aos mortos como sinal de submissão e de luto, ela arcos, beija a terra e
cobre a cabeça com a terra.
O morto é enterrado com alguns objetos para não ser impotente em sua nova vida como o mundo dos mortos é organizado como o da vida e uma delas. Parentes oferecem serviços diversos (roupas, colares, etc.). Para cada um deles, o nome do doador é proclamado por um arauto. Então, um tiro é disparado. As doações, oferendas, são divididas em três partes. A primeira será enterrado no túmulo, a segunda será partilhada entre as crianças, o resto será para os mestres de cerimônias.
Nos funerais reais, nós adicionamos as doações algumas regalias: espreguiçadeiras,
guarda-chuvas do pátio, guarda-sol e cadeiras pequenas ...
Anteriormente, algumas esposas do rei seguiam o falecido em sua tumba para não perder seus atributos, seu poder e status na vida após a morte.
Tambores sato (sató) participam nesta parte visível do mundo invisível. A orquestra sato uma vez por ano vem para homenagear os mortos da aldeia do ano anterior. Os filhos batem os tambores sato “dos mortos” usando curvas varas. Estes cilindros são em pares, um macho, uma fêmea de cada adornada com atributos sexuais. Enquanto os tambores cantam, mulheres velhas cobertas de lama, usando colares de ráfia, assumem o papel de viúvas. Elas vão para a fonte sagrada yatonou (yató-nu) para purificar-se (eles lavam a lama) e adiam a morte e as maldições.
O falecido não recebe os ritos fúnebres e não se realiza a fase de "separação" pode
passear e assombrar os vivos.
A próxima fase tem como objetivo recriar a sua identidade e é transformada em
antepassado. Este novo status vai permitir aos mortos participarem na vida da
comunidade e serem vistos como guardiões da tradição. A transformação dos ancestrais
mortos se materializa na construção de um altar memorial chamado Assen.
A caixa dos antepassados está no meio da composição familiar. Os “antepassados” são
representados pelo Assen, guarda-chuvas em forma de ferro decorado com figuras. O
tanyinon, a sacerdotisa da família, é responsável pelas orações e ofertas. São libações de água e de óleo de palma (azeite-de-dendê).
Na cerimônia para homenagear os antepassados da família, os assens são transportados
para a casa de orações e empurrados para o chão por ordem de precedência. O clero
proclama então, sucessivamente, os nomes dos antepassados e os elogios que o
acompanham. Eles atualizam a presença dos mortos, dando-lhes bebidas alcoólicas e a
comer do inhame e da mandioca. O sangue é o presente final, porquê tem uma força vital que passa a morte da vida animal e transfere para o ancestral. Os números nos altares portáteis caracterizam a vida do falecido, como os feitos que marcaram a sua existência e as restrições alimentares.
Na família real de Abomey, as princesas cantam os louvores dos reis mortos, lembrando seus feitos de glória e exaltam o seu poder. Da mesma forma, o tocador do gongo, chamado kpanlingan, cantando as ladainhas dirigidas aos antepassados reais. Ele taxas a genealogia dos reis no som de um sino que atinge um casal de paus. Totalmente dedicado a essa tarefa, o tocador do gongo canta três vezes por dia este recitativo que dure mais de meia hora. Anteriormente, acontecia que quando o kpanlingan esquecia uma palavra, ele era imediatamente decapitado, o que demonstrava a importância de tal função: analisar a evolução do reino e da cronologia dos reis, kpanlingan, memória do país, o papel do historiador.
Ao contrário dos antepassados da família que se mantêm no âmbito da concessão da
linhagem, os mortos são reverenciados real por toda a população em geral, festas
comemorativas.Voduns Reais, que se dividem em três categorias:

Ahossou (Ahossu)- que correspondem aos reis antigos mortos;

Nessouhoué (Nessuhuê)- príncipes e princesas mortos;

Tohossou (Tohossu) as crianças anormais mortas.

Imediatamente após o culto de ahossu, os reis antigos, honram-se os tohossus, voduns
da água. As crianças que nasceram deformadas estão sujeitas a um culto especial,
porque elas são uma manifestação divina dos reis das águas. Cada rei tem um ou mais
tohossus, mas dentre os tohossus Zomadonou (Zomadonu) é o mais importante. Vodum infantil monstruoso do rei Akaba, se manifestou em várias formas, por vezes, assumindo a aparência de uma criatura com seis olhos, às vezes de um pássaro grande consumindo peixe.
As cerimónias de homenagem aos tohossus são os últimos vinte e quatro dias. As
sacerdotisas regressaram ao seu convento, três meses antes do início das
comemorações, que representam o tohossu nessuhuê, tohossu real, e acompanhados
pelos príncipes e princesas, agrupados por famílias de falecidos reis sucessivos. O
nessuhuê, tohossu e os ornamentos estão em cerimônia que acompanham vários
números diferentes de dança. Danças de todas as danças individuais seguem como os
botrotro dançados durante a cerimônia na qual o nessuhue, de espada na mão, vestindo
as roupas dos príncipes de outrora, em passos de dança reservada para os reis e
príncipes mostra sua força, bravura e real invulnerabilidade. É tempo de dançar, principes antepassados vão incorporar em ambos os seguidores do sexo masculino ou feminino.
Os cultos vodum em público, ou como os de Sakpatá e Hebiosso, são celebrados após o
culto dos tohossus e nessuhuês. Ao colocar os espíritos do panteão vodum sob a
supervisão do culto real, os reis de Abomey tinham reforçada a sua autoridade. Estas
grandes cerimônias comemorativas foram feitas para o falecido e se destinam, no devido respeito aos antepassados, para manter a coesão social e poder religioso para fazer o poder real.

Fonte:
Flora Cornelup; Hervé Corneloup.
Museu Albert Kahn, Paris.

Link para Leitura:
http://papoinformalpapoinformal.blogspot.com/2010/03/gnidji.html

Obs.

Nas festividades dos tohossus é sacrificado um boi, ao qual o tohossu apontando-o com uma espada indica a hora do sacrifício, são efetuadas danças nas quais em uma delas o tohossu Zomadonu dança ao lado da princesa Dan Yá Edo, que segundo a lenda o achou em um pântano e o criou. O tohossu é identificado pelo número de búzios em seu chapéu, que no caso de Zomadonu são 6, já para Akpelou (Akpelu) e Adomou (Adomu) são 4.

Um fato interessante no Candomblé é que dizemos "assentar um santo", e isto é devido a utilização do assen oriundo do culto dos mortos, e muito embora o assentar candomblezeiro de origem Jeje e que ficou difundido nada tem a ver com culto dos mortos, ainda mais se tratando de tradição Jeje Mahi onde eles não são cultuados, porém, os antepassados recebem reverência exclamativa no cerimonial do Zandró.

Extraído do Curso de Cultura Vodún PAPOINFORMAL.
Contato:
Aklonbe@gmail.com

Pai Dancy entrevistado no Jornal Hwendo 2

Foto: Pai Dancy a frente conduzindo o homenageado Pai Zezinho da Boa Viagem, filho do saudoso Tata Fomutinho.

Como foi mencionado anteriormente em postagem anterior por este blog, Pai Dancy (Estado de São Paulo), grande defensor do culto, um líder atuante contra a discriminação religiosa aos cultos afro-brasileiros, concedeu uma pequena entrevista ao Jornal Hwendo (Cotonou, Benin) do Culto Vodún tradicional, o texto original, embora sem as belas fotos que estão publicadas jornal, está em francês do Benin e agora pode ser visualizado pela internet porquê foi publicado no Blog HwendoMag do jornal, uma boa opção para quem está distante e não tem acesso imediato as tiragens editoriais do mesmo.


Abaixo está o link de acesso para a entrevista de Pai Dancy:


http://hwendomag.afrikblog.com/archives/2010/07/09/18542558.html

sábado, 3 de julho de 2010

Os Filhos do Sol.


(Lenda Fon)

Em uma contenda, Gbe Yeku pediu a lua que iluminasse todos os seus filhos (as estrelas), mas exceto um -a estrela-do-mar- para induzir o sol que a tudo procurava iluminar ao erro, então ele jogaria alguns dos seus filhos no mar, já que observaria que ali também haviam estrelas. Assim foi feito. Posteriormente, percebendo o engano, o sol pôs o rosto na água para recuperar a sua ninhada. O primeiro o viu piscou, reluziu, moveu-se e depois morreu, o segundo também não vingou por muito tempo, então, para que não morressem mais dos seus filhos Olonfin permitiu que o sol também brilhasse sobre o mar atravessando a água com seus ráios penetrantes, pois lá estavam seus filhos -os peixes- (hwevi, filho do sol em Fongbè, a língua mais falada no sul do Benin, hwe= sol + vi= criança) e os filhos da lua são as estrelas, que continuam brilhando no firmamento. Assim os filhos do sol que outrora residiam no firmamento iluminados pelo sol, passaram a residir na água e assistidos pelo sol.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Floresta, Espaço Multiuso ou Padrões Tradicionais de Gestão?

Felinos, animais sagrados desde o Egito Antigo e Núbia. Leão, gato e pantera.

"No Centro do Benin, os vários componentes do ambiente são percebidos conscientemente ou inconscientemente, num ângulo cosmogônico por sociedades rurais: A “terra ", que prevê a fertilidade e poder é vista como uma divindade feminina, o céu, mais distante, e tendo a chuva fecunda, é considerado um deus do sexo masculino (O vodun Mahi Hevioso). O iroko (Milicia excelsa) ou Lokovodun chamado por Mahis e Fons, ou loko, o fetiche árvore, "Rei das Árvores" pode ser, dependendo da sua forma, um intermediário entre duas divindades principais, tais como o céu e a terra. Quando as árvores são agrupadas em blocos de floresta, tornam-se o domínio dos espíritos da floresta, benéficos ou maléficos, e onde alguns animais silvestres também desempenham papéis. Há também o acontecer de certos acordos entre homens e espíritos dos antepassados (em vez de iniciação). Considerados como elementos divino, o espaço e o seu conteúdo (solo, árvores, água) não são apropriados por um único indivíduo. O espaço é um patrimônio pertencente aos antepassados (ou em mahi: Hinnu), que têm confiado a seus descendentes que ainda vivem na Terra. Como tal, o chefe da terra, ou Hinnugan, não pode afastar definitivamente o patrimônio em benefício de terceiro indivíduo ou coletivo. Em praticamente todas as tradições nagôs e mahi do Benin Central, a concessão de um direito de utilização de uma área de floresta, geralmente concedido àqueles que assim o solicitar, é acompanhada por diversas proibições sobre determinadas árvores e solo. O espaço é um todo, que inclui terras agrícolas e áreas florestais.

A floresta é uma representação etno-mitológica, que abriga o panteão de deuses que protegem a vila. Seus totens e representações materiais são variados: a pantera, o antílope. Animais e plantas se tornam totens venerados, bem como a floresta (há dias específicos para ir na floresta). Nas florestas, alguns líderes tradicionais foram empossados, este é o lugar onde os ancestrais tiveram instalados deuses protetores quando escolheram a terra que se tornou a casa da aldeia. Assim, as florestas estão sob a autoridade do chefe da tribo ou de um descendente do primeiro ocupante das aldeias. É ele quem deve pedir a permissão de qualquer taxa. Ele introduz uma legislação para proibir o corte de árvores, exceto para fins públicos: a construção de
escolas, farmácias, canoas. As montanhas costeiras rurais Kouffé, assim, tem uma noção da importância das florestas e desenvolve seus próprios padrões de gestão ou de proteção que muitas vezes não colidam com os estabelecidos por lei. Uma questão subjacente a perguntar é: Será que estas representações para que as normas possam ser aplicadas a todos os grupos de usuários que são indígenas; assentados da agricultura; os agricultores sedentários; pastores transumantes; os comerciantes de lenha; comerciantes de carvão; madeireiros, conhecidos como serradores, o homem associa? Com efeito, o Código Florestal é insuficiente para captar as relações na civilização agrária, a terra, unir o povo da aldeia, os habitantes de um território. A classificação legal da terra não teve em conta a dimensão espiritual dos relacionamentos humanos e "o poli-consumo" do espaço, tendo sido desenvolvido principalmente por parte do Estado e seus súditos individuais.

Estas comunidades locais devem adotar normas e direitos, e como tal, ato legal de produção, mesmo que não esteja codificado em procedimentos escritos. Esta produção pode servir como base jurídica quando, em projetos de reforma agrária, será posto em confronto e em seguida, vincular a norma legal do Estado e a comunidade jurídica. Com efeito, a análise de diferentes abordagens para a proteção da fauna e flora, a ausência de mudanças na legislação no sentido de adaptação ao local de normas sócio-econômico e da integração de povos tradicionais leva a ver nessas medidas, como forma de privá-los da vida que eles têm.

O direito secular fez da terra e da área florestal de propriedade de empregados e empresas, individuais e igualitários, privatizando as relações entre indivíduos, ignorando a relação hierárquica de dependência e solidariedade da comunidade em diferentes grupos estratégicos que existem na sociedade global. A legislação florestal não fala das tradições do passado, como se tivessem deixado de existir, quer no presente, como se, tendo sempre existido, elas não foram alteradas. A racionalidade técnica ocidental rompe o fio que conecta povos com as suas tradições.

Contudo, deve mencionar a introdução do dinheiro, tecnologias para atender a uma economia de mercado, o desenvolvimento da exportação de produtos agrícolas especulativos, transforma o valor de uso da terra no valor de troca. E o produto de bens de subsistência?

Países com florestas:
O espaço mahi ou nagô participa no sistema de relações sociais e de produção para os direitos de terras agrícolas e florestais, são uma função da posição ocupada pelos indivíduos em organizações sociais, políticas, econômicas e religiosas. O estatuto da terra ou floresta conota as áreas tais dos indivíduos, ao passo que na concepção ocidental, a pessoa é apreendida em sua unidade individual e autônoma.

À nível místico, o tomar posse de terras devolutas é acompanhado de um ritual de fundação, onde o primeiro colono deve obter o acordo dos poderes espirituais que residem lá. Ele reconhece os contratos de devedor para com eles, uma dívida de gratidão em todos os aspectos, comparável ao do marido que incorre vis-à-vis a seus pais durante o pacto do casamento. A ligação vital entre o estabelecido e inseparável é o pioneiro, o seu grupo e os terrenos limpos. Esta aliança é o primeiro ocupante do antepassado (representada pelo chefe da linhagem mahi chamado de Hinnugan, ou chamado no nagô de Balé) bem de sua linha, em que seus descendentes tenham um controle inalienável e imprescritível.

O direito à terra ou a áreas arborizadas pode ser transmitido na tradição do fundador. Eles não podem ser extintos enquanto houverem descendentes que reivindicam o uso, e não podem ser transferidos sem o seu consentimento, de forma permanente, para estrangeiros, ou seja, aos imigrantes. Assim, pela mediação de espíritos ancestrais, o grupo de parentes é que indubitavelmente tem se ligado à terra, de modo que ambas as ligações são complementares e se reforçam mutuamente."


Referências:
Gaston S. Akouehou, «Environnement institutionnel et gestion traditionnelle des espaces forestiers: cas de la région des Monts Kouffé au Centre du Bénin», Les Cahiers d’Outre-Mer, 226-227| Avril-Septembre 2004, [En ligne], mis en ligne le 13 février 2008. URL: http://com.revues.org/index526.html. Consulté le 22 juin 2010.

domingo, 13 de junho de 2010

Agudás.

O texto abaixo é uma reportagem da Revista Veja de 07/07/99 que vale a pena ser relida por ser muito interessante, além de esclarecedora, e que fala sobre os ex-escravos e os negros livres brasileiros que retornaram à África, e dos agudás, seus descendentes, conforme são conhecidos em Lagos e Porto-Novo.

A epopéia do retorno

Romance narra a aventura de escravos
que voltaram à África e enriqueceram
no comércio, na construção
e até no tráfico negreiro

Paulo Moreira Leite


Um romance muito especial retorna às livrarias – A Casa da Água, do diplomata Antonio Olinto. Escrito em 1969, relançado há pouco, o livro mereceu do crítico Wilson Martins a classificação de obra-prima. A Casa da Água é uma obra feliz também por fazer história pela literatura. Apresenta, no reino da ficção, uma epopéia que permanece desconhecida pela maioria dos brasileiros – a aventura dos escravos que deixaram o país para retornar à África, no século passado. No romance, a trama se concentra em três mulheres negras que embarcam num veleiro em Salvador para se estabelecer em Lagos, a então capital da Nigéria. Ali, constituem família, enriquecem, seus descendentes até participam das lutas pela independência. Tudo isso aconteceu na vida real. A diferença é de escala.

No decorrer do século passado, milhares de negros brasileiros atravessaram o Atlântico para residir no Continente Negro. Em Lagos eles formaram um bairro, o Brazilian Quarter. Em Porto Novo, no Benin, instituíram o Carnaval e o costume de comer bacalhau na Semana Santa, além de comemorar a festa do Nosso Senhor do Bonfim. Ainda foram para o Gabão e Gana. Muitos brasileiros enriqueceram a ponto de construir as grandes fortunas de seu tempo. O comerciante Domingos José Martins tornou-se um dos homens mais ricos da Nigéria no século XIX. Vivia em uma casa imensa, com quadros nas paredes, pátio com árvores de laranjeira e sala de visitas com caixas de música, a pré-vitrola da época.

No Togo, que proclamou a independência em 1960, o primeiro presidente da República, Sylvanus Olympio, era descendente em linha direta desses imigrantes. O Benin teve um ministro das Relações Exteriores, chamado Luís Inacio Pinto, que era neto de baianos. Um dos figurões atuais desse país paupérrimo se chama Karim da Silva. Comerciante, Karim é um senhor de bengala e chapeuzinho, que cultiva modos elegantes e automóveis de luxo, com uma frota de Rolls-Royce e Mercedes em sua garagem. Outro nome ilustre vem de uma árvore genealógica fundada por um mulato que se dedicava ao tráfico negreiro, Francisco de Souza, o "Xaxá" (veja quadro).

Uma primeira leva de retornados tomou o rumo da África depois de 1835, quando a Revolta dos Malês, em Salvador, produziu o temor de que no Brasil pudessse ocorrer uma rebelião como a dos negros no Haiti. Setecentos rebeldes foram deportados. Depois, outros negros partiram por conta própria. Nenhum proprietário mandava escravo embora, pois era um investimento caro. Mas o cativo que conseguia a alforria, seja pela compra da liberdade, seja como recompensa após décadas de bons e duros serviços, era pressionado a deixar o país. No mundo do século XIX, em que as idéias racistas ocupavam lugar central na organização das sociedades, nenhum governo considerava conveniente manter os negros dentro de suas fronteiras com o fim do cativeiro. Os Estados Unidos estimularam o retorno dos escravos a um país improvisado, a Libéria. No Brasil de Pedro II foram elaboradas leis que forçavam a saída dos negros. Os cativos podiam juntar dinheiro – mas eram proibidos de comprar bens de raiz, mesmo que fosse uma terra para trabalhar. Todo alforriado era convocado a se registrar na polícia, vivia sob vigilância e era obrigado a pagar um imposto exorbitante, não cobrado dos brancos. Convencido de que o retorno seria uma solução razoável num país que importava imigrantes europeus em grande escala, depois da proclamação da República o governo financiou a volta de milhares de negros.

Boa parte dos retornados não era a ralé da senzala, mas uma espécie de elite negra, que havia aprendido um ofício no Brasil. Artesãos que sabiam ganhar a vida, mesmo se obrigados a entregar seus rendimentos a um senhor. Chegaram à África como os primeiros sapateiros, ourives, mestres-de-obras e carpinteiros. Boas costureiras, as brasileiras levaram a moda européia para o continente. As cozinheiras conquistaram freguesia como banqueteiras. Mas o principal papel que os ex-escravos desempenharam foi no grande comércio. Num artigo dedicado ao assunto, Gilberto Freyre diz que eles foram os pioneiros do capitalismo na África. Sua presença, diz o professor, "marca significativo começo de burguesia capitalista africana em terras até então virgens de burguesismo e de capitalismo indígena".

Uma atividade a que os negros se dedicavam sem dor na consciência era o comércio de escravos, o que não espanta pelos olhares da época e do lugar. Grande mercadoria de exportação africana por três séculos, a captura e revenda de cativos em ações de guerra produziu milionários sem conta, brancos e negros. Na segunda metade do século XIX, quando o tráfico negreiro começou a declinar no comércio internacional, os comerciantes brasileiros mudaram de ramo, mas seguiram enriquecendo, levando produtos brasileiros para lá, trazendo produtos africanos para cá. Volumosa, a compra e venda com o Brasil era menor que a dos ingleses, mas maior que a dos franceses e só um pouco inferior à dos alemães.

De bolso cheio, os antigos escravos investiam até em atividades culturais. Em Lagos formou-se uma companhia teatral chamada Brazilian Dramatic Company. Quando a notícia do 13 de maio de 1888 chegou à África, os brasileiros organizaram festejos que duraram uma semana. Guardou-se uma foto da comissão responsável pelo evento. São elegantes homens de fraque, negro como sua pele. Os brasileiros levavam uma vantagem sobre os nativos. Eram os únicos cidadãos ocidentalizados num continente que começava a ser conquistado por Inglaterra, Bélgica, Alemanha e França. Eles acabaram recrutados, em boa quantidade, para os melhores empregos na administração colonial e para grandes casas comerciais européias. Outra diferença era a religião. Uma parcela dos que retornaram era formada por muçulmanos, mas a maioria chegou convertida ao catolicismo, e isso marcava. A identificação com essa religião era tão grande que, na língua ioruba, um mesmo termo, agudá, serve para designar brasileiro e católico.

Agora que o Brasil é uma lembrança dos avós que já morreram, o sinal permanente da presença brasileira na África se encontra na arquitetura. O sobrado criado pelo colonizador português na América saiu do Brasil e foi de navio para o Continente Negro, onde ficou de pé graças ao talento e à competência de construtores, mestres-de-obras e pedreiros brasileiros. Esses casarões de dois andares, de tijolo e cimento, eram novidade em um lugar onde a maioria das moradias era de barro ou de palha. Foram erguidos em toda parte. A mesma técnica de construção serviu para levantar edifícios públicos, catedrais e mesquitas. Como os brasileiros se tornaram símbolo de gente com dinheiro e prestígio, seus casarões viraram sinal automático de riqueza. Hoje, suas obras alimentam trabalhos acadêmicos. O arquiteto brasileiro Marianno Carneiro da Cunha e sua mulher, a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, escreveram Da Senzala ao Sobrado – Arquitetura Brasileira na Nigéria e na República Popular do Benin, obra básica sobre o tema. O italiano Massimo Marafatto também fez um livro, inédito em língua portuguesa, intitulado Casas Nigerianas-Brasileiras.

O primeiro a estudar os afro-brasileiros foi Pierre Verger, antropólogo francês que adotou o Brasil como pátria e o candomblé como religião. Verger entrevistou e fotografou brasileiros na Nigéria, ainda nos anos 40. Diplomata com posto em Lagos, além de escrever A Casa da Água Antonio Olinto produziu uma obra de pesquisa histórica, chamada Brasileiros na África, em que faz um apanhado do assunto. No ano passado, o professor Victor Leonardi e o cineasta Renato Barbieri realizaram o documentário Atlântico Negro na Rota dos Orixás, estabelecendo laços entre imigração e religião. Há trinta anos, o embaixador Alberto Costa e Silva produziu um ensaio sobre o tema, chamado Vícios da África. "Até hoje esse episódio permanece na semiclandestinidade", diz. Acompanhar a trajetória desses brasileiros capazes de dar a volta por cima na mais dolorosa condição humana, que é a escravidão, é partilhar uma surpreendente aventura.


Negreiros ricos e famosos

Xaxá VIII: dinastia de 200 anos

Nenhum traficante de escravos foi tão rico e famoso quanto Francisco Félix de Souza, o primeiro "Xaxá". Mulato, aparecido na África no final do século XVIII, Xaxá fundou uma dinastia familiar riquíssima, que sobrevive há 200 anos. O atual patrimônio da família, um dos maiores do Benin, é administrado pelo empresário Honoré Feliciano de Souza, o Xaxá VIII. Os viajantes do século passado descrevem a casa de Xaxá I com "alguma coisa de palácio oriental" e outro tanto de "palacete de novo-rico", mas contam que ali se usavam roupas importadas da França, se ofereciam charutos de Havana e cachaça do Brasil. Xaxá I viveu cercado de belas mulheres e, em sua morte, recebeu as honrarias de praxe no continente na época: cinco meses de festejos fúnebres, em que foram sacrificados cinco seres humanos – um rapaz, uma moça e três adultos. Seus sucessores deixaram lembranças variadas. Xaxá II assumiu o posto após uma briga de família, mas morreu moço. Xaxá III fez levantar uma casa onde usava cachaça em vez de água na argamassa. Xaxá IV aliou-se a Portugal, que tentou recuperar espaço na África. Já o Xaxá V teve os bens confiscados, mas seu sucessor pegou tudo de volta.



Imagens desta postagem: Revista Veja de 07/07/99.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pai Dancy Entrevistado no Jornal Hwendo.



Fotografado na capa do Hwendo de Junho de 2010, que faz dois anos nas bancas de jornal desde sua primeira edição, Pai Dancy (Estado de São Paulo), um grande lutador contra a intolerância religiosa, é o primeiro sacerdote brasileiro do Jeje a dar uma entrevista a um jornal exclusivamente dirigido ao público seguidor do culto vodún tradicional no Benin.
Parabéns guerreiro do axé Pai Dancy! Parabéns Hwendo!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Em Mahi Tudo Passa Pela Água.

Lago Azili

No culto de Mami Wata do Togo, o vodum Ayizan é considerado uma Mami Wata em terra firme, e a faz fecunda para o plantio, tal consideração é observada também no Haiti.
Como um das etapa da Festa do Vodum no Benim a cerimônia do Gozin de Dangbé e Agbé em Ouidah, consiste em buscar água em jarras (gozin) de um riacho por 41 meninas virgens para ser consagrada aos rituais de purificação. No riacho. Também é conduzida a hunsó em procissão para o Ritual do Tó (Tò Yiyi) símbolo de sua purificação renascendo para uma vida de iniciado no vodum, ritual também observado no Brasil.
A água está sempre presente nos ritos e onde não a vemos à atinsá (aos pés do atin – árvore sagrada de um vodum, a palavra atin também significa “pó”, por isso é comum se ouvir atinsá no candomblé para diferenciar) ou de seu fetiche ou altar, comumente uma prática nagô, a vemos servida molhando-se a terra por 3 vezes defronte a estes símbolos sagrados como na maioria dos cultos vodum, uma das razões pela qual os interiores dos kpejis (recinto interno de fetiches vodum) são de chão de barro batido.
Em candomblé Jeje Mahi é costume geral passar tudo que é oferecido e consagrado ao vodum pela água, além dos ritos de iniciação. A água fonte e manutenção da vida se faz presente até na morte inclusive no tambor d'água o sinhun. Rumo a origem das água do Rio Mono e depois seus afluentes, os adjas foram se estabelecendo ribeirinhos e adentrando o Benin por séculos no passado dando origem a muitos clãs de hoje em dia.
Quando o Rei Agadja perseguiu nagôs e os mahis, que foram se formando como refugiados de guerras, para vender como escravos ou mesmo como cobrança de impostos em algumas localidades, além das colinas, e ilhas, a própria água também servia de refúgio e bastava mergulhar, assim surge o método da Pesca de Agadja utilizado pelos Tofin na pesca do peixe no Lago Nekoué, que nada mais é que a interpretação de uma forma de reter indivíduos que se mantinham submersos por um longo tempo e obviamente teriam que emergir, quando da investida das tropas do rei na captura de pessoas para serem enviadas como escravos ao Novo Mundo. Tal procedimento era muito comum também em Zagnanado na vila de Agonvè-Azilidji ilha no Lago Azili que surgiu como proteção às investidas, assim como em outras localidades onde a investida se fazia próximo a um recurso adequado para a fuga, principalmente de jovens estruturados fisicamente para o trabalho braçal, o alvo principal. Nesta época e posteriormente em outras semelhantes, a água tornou-se “garantia de liberdade” para muitas pessoas, além de fonte e manutenção de vida.
O lago Azili, conforme uma lenda, foi um presente do vodum Sakpatá agradecido ao Rei Agbannon para que não faltasse água e peixe a seu povo, quando por ele fora acolhido na forma de um faminto e sedento leproso. Desde então o lago tornou-se sagrado e suas águas importantes dentro do culto vodum e tudo que se oferece e consagra aos voduns da localidade passam por suas águas. Os voduns Hlàn e Azili asseguram a preservação do lago, dividindo a importância local com o mais antigo, o vodum Agonvè (do Coqueiro Vermelho), que garante a frutificação do dendezeiro para principalmente a extração do azeite-de-dendê.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O Vodum Ogu.

Um fetiche Ogun (da porta) em Porto Novo (foto em http://ikoyi-adjache-ile.com/index.html)

Ogu (Ogu dentre os hula; Gŭ entre os fons; Ogun entre os nagôs; Ogum no Brasil) é a divindade associada ao ferro, com o qual são confeccionados seus símbolos e seu sabre, o gubasá (gubassá); aos que trabalham a metalurgia; divindade dos guerreiros e expedicionários; da cirurgia e da tecnologia. É a primeira divindade reverenciada antes de qualquer cerimônia para se garantir o bom êxito das mesmas. Recebe suas oferendas e libações no fogo, na terra, no ar ou na água, conforme a determinação do Fá (Ifá) ou do vodum. Doenças de pele que trazem a sensação de estar queimando, urticárias, e outras, estão relacionadas com este vodum quando associado ao fogo.
Seus filhos em geral denominados oguvi tem o arquétipo de pessoas destemidas, batalhadoras e generosas, e quase sempre passam pela mesa de cirurgia. Seus iniciados são os ogusi (ogunssi), e ogusivi para o iniciado mais jovem, já os filhos dentro do culto em outros cargos são denominados de ogujo (ogundjô em português), o mais velho ogujogan, e o mais novo ogujovi. Os ogusi respeitam o vodún sù (a proibição do vodum) de comer carne de animais abatidos por acidentes, carne seca ou salgada, bacalhau seco, peixes e crustáceos secos ou salgados, que Ogu não aprecia, e os hulas guardam as sextas-feiras para cuidar de seu fetiche que fica sempre depositado à entrada de uma cidade, casa ou templo, em um huntigomε (huntigomé é uma árvore que lhe pertença, como é o hunmatin, Ahoho ou Akoko) e atin sá (aos pés desta árvore em templos, ou em entradas de vilas e cidades como tovodun, o Togu), ou em seu gubaji (gunbadji) ou oguxɔ (oguho, seu quarto sagrado).
Os fons lhe dedicam a terça-feira (gùzangbè) e o domingo para todos os voduns, e principalmente sendo um alintin (coincidir com um dia sagrado).
Das doze divindades populares do culto yεhoué dos hulas, Ogu e Ahwanba (que se tornou Dangbé em Ouidah porquê veio dos adangbe) são as que mais se destacam nas cerimônias e festas, Ogu recebe sua reverência sempre no início das mesmas.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Hùngbè.

As línguas dos candomblés de jeje:

Não muito diferente do que é existente dentros dos cultos tradiconais de vodún africano (Hwendo)
a ramificação é identificada pelo uso da língua. Os cultos de vodún em si reúnem vários idiomas distintos, segundo origens étnicas de cultos, porém, identifica-se a ramificação pela maioria de termos utilizados no dia-à-dia e não somente nos cânticos festivos.
A maioria de termos define o Jeje. Assim temos:

Jeje Mahi- Maioria de palavras em língua mahi;

Jeje Mina- Maioria de palavras em língua mina;

Jeje Dahomé- Maioria de palavras em ewe-adja;

Jeje Savalu- Maioria de palavras oriundas do nagô de Savalu,

Jeje Mina Popo- Maioria de palavras em Mina;

Jeje Modubi- Maioria de palavras ewe-adja e com forte influência nagô.


A coletividade e a individualidade do hùngbè:

À toda linguagem falada dentro de um culto de voduns denominamos hùngbè (rumbê). O hùngbè nada mais é do que esta linguagem como um todo e também em particular. Pois cada vodún possui seu próprio hùngbè de acordo com o local de origem de seu culto., assim sendo o hùngbè de Sakpatá é ayonù (nagô), o de Agbé é mina, o de Odé (considerado um vodún nagô em jeje mahi) é nagô, e assim sucessivamente.
Os mahis utilizam o mahigbè (mahi) que é uma linguagem muito semelhante ao fongbè, aliás as línguas gbè são aparentadas, e por isso existem muitas semelhanças de palavras entre grupos.


Filiação lingüística.

(In: http://www.everyculture.com/Africa-Middle-East/Ewe-and-Fon-Orientation.html)
O dicionário Pazzi (1976) comparativo dos Ewe, Adja, Guin e línguas Fon demonstra que elas estão intimamente relacionadas, tendo todas se originado séculos atrás com as pessoas da cidade real do Tado. Elas pertencem à linguagem do grupo Kwa.
Existem numerosos dialetos dentro da família do Ewe, como Anlo, Kpelle, Danyi, e Be. Os dialetos Adja incluem Tado, Hweno e Dogbo. 
Fon, a linguagem do Reino de Daomé, inclui Abomey, Xweda e dialetos Wemenu, bem como muitos outros. Kossi (1990, 5, 6) afirma que o nome geral para esta grande família das línguas e dos povos deve ser Adja ao invés de Ewe / Fon, dada a sua origem comum em Tado, onde a língua Adja mãe das outras línguas, ainda é falada.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Bembé do Mercado 2010.



BEMBÉ DO MERCADO 2010.

Data: de 12 a 16 de Maio de 2010 Hora: de 13 a 15 as 21:00 hs e dia 16 as 08:00 hs, para a entrega do presente na praia de Itapema.
Local: Largo do mercado Cidade: Santo Amaro, Bahia.
Detalhes: O grande manifesto de resistencia da Cultura e religiosidade Negra do País! Batidas de Candomblé, manifestações de Maculêlê, Capoeria, samba de roda.
A festa oferece comidas típicas do recôncavo com maniçoba, feijoada, sarapatel e maturi.
Para compor as mesas redondas, este ano o Bembé conta com o apoio institucional da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB, além do CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais (UFBA), Instituto Steve Biko e CEN - Coletivo de Entidades Negras.

CELEBRAÇÕES DA LIBERDADE:
• 1ª Mesa: Joaquim Nabuco e os Abolicionistas Naiano (sexta-feira)
• 2ª Mesa: João de Obá e outras celebrações do 13 de maio (sábado / manhã) 
• 3ª Mesa: 13 de maio, Quilombo dos Palmares e outros sonhos de liberdade (sábado / tarde) Teatro Dona Canô.

A Equipe do PAPOINFORMAL estará representada no evento. Não perca!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Principais Cargos dos Candomblés de Jeje.

Agbajigăn (Agbadjigã)- Literalmente: O chefe da praça, agbají, local em frente ao convento onde ficam os tambores e as pessoas se reúnem para assistirem as saídas do vodún. Amawáfá (Aman-Uafá)- Literalmente: A folha que vem fresca; entendido pelos nagôs como onan ofà (onã ofá). Função do catador de folhas num zogbé ou zùngbó. Derε (Deré)- Primeira auxiliar do sacerdote. Donε (Doné)- Sacerdotiza do culto de Heviosso; título muitas vezes extensivo aos sacerdotes de jívòdún. Dotε (Doté)- Sacerdote do culto de Heviosso; título muitas vezes extensivo aos sacerdotes de jívòdún. Gayaku (Gaiacú)- Sacerdotisa do rito Nagô Vodum do candomblé. Găn n'kpè (Gaimpê)- Auxiliar do KPèjígăn; é aquele que sacrifica somente aves no altar. De Găn yĭ kpè, literalmente: O chefe que recebe a pedra (de seu predecessor o KPèjígăn ). Hŭn tɔ́ (Runtó) - o pai (tɔ́) do tambor (hŭn). Aquele que toca atabaques (Alagbe em Jeje Mahi e no rito Nagô Vodum). Hŭn tɔ́găn (Runtó Gã) – O chefe dos tocadores de atabaques. Ele dá o ritmo com o gàn (instrumento de ferro) aos tocadores. Função feminina em Mina Jeje e no Tambor de Mina (Hùn nɔ́găn). Hŭnsὲngăn (Russengã,Ruzengã ou Rozengã)- Auxiliar imediata do vodum. O mesmo que ekεji (ekédji) do yorùbá ekeji (segunda). A palavra ekεji é mais usual em candomblé Jeje Mahi e no rito Nagô vodum. KPèjígăn (Pejigã)- Literalmente: O chefe do kpèjí, altar, é aquele que sacrifica o bicho de 4 patas. Mεjitɔ́ (Mé-djitó, mejitó)- Literalmente pai ou mãe, no seio familiar; é o sacerdote do culto de Dàn. Nágbó (Nangbô)- Literalmente: A grande mãe. Mulher mais velha que instrui a hunsɔ́ e o hùndevá, que são iniciantes (vodunsi) em processo de recolhimento. Ogan Kútɔ́ (Ogã cutó) ou Kútɔ́găn- Aquele que é responsável pelos rituais pós morte (kú) e pelo sìnhún (tambor d'água). Yátemi- Título de uma sacerdotisa de qualquer divindade no nagô. Vem do yorùbá arcaico “iyà ti ëmi” (mãe de eu). Literalmente “minha mãe”, para não se pronunciar “Yá mi” que é o nome da coletividade de mães ancestrais, quando se pronuncia este nome ancestral tem que se estar de pé e em seguida saudá-las, sendo sem querer, bate-se na própria boca e pede-se perdão, pois o fez em vão. Esta é uma visão dos cargos mais importantes nos candomblés Jeje de uma forma geral, não nos esquecendo que os títulos variam muito, os dispostos aqui são mais voltados para os segmentos de Jeje Mahi, Daomé, Savalu e Modubi, com ligeiras modificações de um segmento para o outro.

 


 

Complemente com esta leitura: O BARCO DE VODUNSIS

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dangbé, Origem Adangbe.



Ga-Adangbe

O Idioma:
Os nomes alternativos são: DANGBE, ADANTONWI, AGOTIME, ADAN

Região:
Área de fronteira com o Togo diretamente a leste de Ho. Os Agotime estão principalmente em Gana, na região Volta, nas cidades de Gana estão em Kpoeta Apegame, entre outras. O idioma é falado também no Togo.
O Adan e o Agotime são grupos étnicos distintos que falam o Adangbe.

O povo Ga-Adangbe habita as planícies de Accra. O Adangbe é encontrado a leste, e os grupos Ga, a oeste do litoral de Accra. Embora ambas as línguas sejam derivadas de uma língua proto-Ga-Adangbe, ancestral comum, o Ga moderno e o Adangbe são mutuamente ininteligíveis. O Adangbe moderno inclui o povo de Shai, La, Ningo, Kpone, Osudoku, Krobo, Gbugble e Ada, que falam dialetos diferentes. O Ga inclui também os grupos de Ga-Mashie que ocupam bairros na região central de Accra em Gana e outros outros falantes Ga que migraram de Acuamu, Aneho (Pequeno Popo) no Togo, Akwapim, e áreas adjacentes. Os Adangbe no Togo foram um dos pré-ajá.

Debates persistem sobre as origens do povo Ga-Adangbe. Uma escola de pensamento sugere que o povo proto-Ga-Adangbe veio de algum lugar a leste de Accra na planície (o povo Adangbe também esteve estabelecido, durante um período, no norte da Nigéria), enquanto a outra sugere uma localidade distante, bem além da costa do Oeste Africano, seriam originariamente núbios.

“A Núbia é a região situada no vale do rio Nilo que atualmente é partilhada pelo Egito e pelo Sudão mas onde, na antiguidade se desenvolveu o que se pensa ser a mais antiga civilização negra da África (baseada na civilização anterior do Baixo Egito, que deu origem ao reino de Kush, que existiu entre o 3º milénio antes de Cristo e o século IV da nossa era). Este reino foi então dominado pelo reino de Axum e aparentemente, os núbios formaram novos pequenos estados fora da região ocupada. Um deles, Makuria tornou-se preponderante na região, assinando um pacto com o Egito islâmico para conservar a sua religião cristã (copta), que conservou até o século XIV, quando foi finalmente submetida aos árabes dominantes, mais precisamente dominada pelos Turcos Mamelucos por volta de 1315. Eles impuseram sua religião muçulmana e colocaram no poder um príncipe Núbio convertido ao Islã.
No entanto, a parte sul conservou-se independente, como o reino de Sennar, até o século XIX, quando o Reino Unido ocupou a região. Com a independência dos atuais estados africanos, os núbios ficaram divididos entre o Egito e o Sudão.
Nesta região, na grande curva do Nilo, na parte sudanesa, encontram-se as ruínas das cidades de Napata, perto do monte Gebel Barkal, e Meroe que foram inscritos pela UNESCO, em 2003, na lista do Patrimônio Mundial.
Apesar de essas teorias históricas e linguísticas, fica acordado que as pessoas que foram assentadas nas planícies por volta do século XIII, tanto o Ga e o Adangbe foram influenciados por seus vizinhos. Por exemplo, ambos emprestaram algo de seu vocabulário, especialmente palavras relativas às actividades econômicas e políticas, a partir do Guan. Acredita-se também que o Éwé influenciou o Adangbe. (Fonte: Wikipédia).”

Dangbé:
A serpente sagrada Dangbé, principalmente cultuada em Ouidah, Benin, tem sua origem de culto nos Adangbé, e tal culto foi muito difundido no passado.
Os Ga-Adangbe cultuam suas divindades sobre o “otutu” (*), uma espécie de cone sobre qual é depositado o fetiche Dangbé. A escola de pensamento que sugere a origem Núbia assimila o cone-altar como tendo origem nas conhecidas Pirâmides.
Dangbé (com som de “E” fechado) é uma palavra de origem Gá-Adangbe e não deve ser traduzida como se fosse uma palavra Fon. Adan refere-se ao povo e ao idioma, e Gbe ao idioma dos Adan. Traduções de Dangbé como serpente da vida são errôneas, visto que em Fon a palavra gbè é idioma, e vida em fon é Gbὲ, com som de “E” aberto.

(*)- Otutu: Altar em Ga-Adangbe, já em fongbè otutu é oferenda e nome do pássaro de Legba, do iorubá etutu.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Hùnxwedoxo e Asihuhu, Morte e Ressureição da Hunsó.



"Ressuscitação de Moça Morta Há Sete Dias."

Texto e fotos de Robert Grainville
O jornalista francês Robert Grainville
participou no Daomé (África)
de um dos mais impressionantes rituais
de iniciação da África Negra.

Ante seus olhos,
uma moça que estava clinicamente morta
há sete dias foi ressuscitada
pelos sacerdotes do orixá Sapata,
o deus da terra e da varíola.


Um grito de dor, após o ritual em homenagem ao orixá Sapata.
A moça, que estava clinicamente morta, volta à vida.
Marcando o ponto culminante da festa da ressurreição, uma das cerimônias mais importantes entre os f fons do Daomé.

Um povoado africano, em meio à densa floresta tropical do Daomé. As casas circundam um espaço vazio, espécie de praça central. Tudo é ainda silêncio, e ninguém permanece na praça. Mas o dia de hoje não é como os outros.

De repente, do interior de uma das casas maiores, uma espécie de convento, ouvem se gritos lancinantes de mulheres. Como que despertados por esses gritos, os atabaques começam a tocar.
É preciso esperar. Eu, europeu, e os demais habitantes não iniciados temos que aguardar o término da cerimônia de adoração do orixá, feita no interior do convento, e assistida apenas pelos sacerdotes e sacerdotisas. Logo após, no meio da praça, todos assistiremos à demonstração do poder de Sapata (deus da terra e da varíola, correspondente a Omulu e Abaluaé nos cultos afrobrasileiros).



Sapata vai ressuscitar uma jovem, clinicamente morta há sete dias.
Chegar até este povoado, e conseguir autorização para presenciar e fotografar a cerimônia, custou me meses de trabalho e dedicação. Estou aqui graças à bondade do chefe do povoado de Aliada, que é também o líder de todos os rituais religiosos dos fons (a principal etnia do Daomé, que vive ao sul do país). Consegui convencer esse chefe do meu interesse a tudo que concerne ao vodum, a religião dos fons, e ele me convidou a assistir à festa da ressurreição. Entregou me aos cuidados de um de seus filhos, que me explicou cada fase do complexo ritual.

Num instante, os atabaques param de tocar. Cadeiras e bancos são trazidos para a praça central, e os habitantes reúnem se em círculos. Entre eles encontram se os familiares da jovem morta, que trouxeram oferendas a Sapata, a fim de que este traga sua filha de volta de seu reino.



O lento despertar do reino da morte
Os músicos dos atabaques já saíram do convento, e tomaram lugar entre as cadeiras, com seus instrumentos seguros entre as pernas. Recomeçaram a tocar, mantendo o mesmo ritmo, constituindo um estranho e estimulante fundo musical.

Agora são as sacerdotisas que chegam, facilmente reconhecidas pelas inúmeras cicatrizes que ornam sua pele. Com a cabeça raspada, elas se enfeitam com braceletes e colares feitos principalmente de cauris (pequenas conchas, conhecidas no Brasil como búzios e que serviam antigamente de moeda). Além de enfeites, esses objetos têm um importante significado ritualistico. Todas trazem na fronte uma fita ornada com plumas de papagaio: sinal que distingue as sacerdotisas de Sapata. Depois, são os vodum non, feiticeiros, que entram na praça. Em seguida, chega o corpo da jovem morta enrolado num lençol imaculado, carregado por quatro homens. No centro da massa humana reunida, foi deixado um espaço livre sobre o qual ninguém pisa. Nesse espaço o corpo é depositado, e desnudado. A jovem não apresenta nenhuma manifestação de vida. Não respira, não se move. A pele adquiriu uma tonalidade cinza, e apresenta diversas feridas purulentas. Os sacerdotes trazem uma grande cabaça cheia de água, na qual foram mergulhadas diversas plantas.

O canto das mulheres recomeça, monocórdico. Lava se o corpo da jovem com a água da cabaça. Ao mesmo tempo, as sacerdotisas libertam se de seus atributos, e começam a massagear o corpo. O lençol é umedecido, e usado por momentos como sudário.

O trabalho de massagem dura cerca de duas horas, onde se repetem os mesmos gestos e cantos. Algumas pessoas jogam moedas sobre o lençol. Ninguém fala. Pouco a pouco o corpo retoma sua cor normal, negra, mas permanece sempre inerte.

A certo ponto, o silêncio se faz mais profundo. As sacerdotisas se afastam. Chega o lider dos feiticeiros, que se ajoelha ao lado da jovem, inclina se sobre seu ouvido, e grita seu nome com todas as forças. “Ele deve chamá la sete vezes", diz meu guia e companheiro. E, fora esse grito que se repete, nenhum outro ruído afasta o pesado silêncio. Sete vezes, e nada acontece! Um sobressalto percorre a multidão.

Um oitava vez o nome da jovem é gritado pelo feiticeiro. E, então, ela gemeu! Todos nós somos testemunhas: ela gemeu.

O atabaques e os cantos se desencadeiam: Sapata aceitou que a jovem se torne mais uma de suas sacerdotisas. Imediatamente, a rapariga tem sua cabeça coberta, e é retirada para o interior do convento. Sua iniciação começou, e ela não deverá ver o mundo exterior.

No povoado a festa vai continuar durante todo o dia e toda a noite. Todos vão comer, beber, dançar e rir muito, contagiados pela típica alegria africana, um estado de espírito que tudo arrasta à sua passagem.
O ritual para ressuscitar é apenas uma parte ínfima dos complexos processos de iniciação ao culto de Sapata, que dura pelo menos três anos. Período durante o qual os jovens discípulos são completamente isolados do mundo exterior.

A cerimônia da ressurreição é, de fato, primordial. O chamado ao novo "filho" do orixá é feito pela própria entidade (que se apodera de seu corpo provocando profundos transes mediúnicos), ou decidido pelos familiares ou pelos outros sacerdotes. A idade média de iniciação, tanto para moças como para rapazes, varia de oito a dezesseis anos. Os dois sexos, se bem que em habitações diferentes, seguem mais ou menos os mesmos ritos e etapas iniciáticas.

Desde sua entrada, o jovem discipulo entra num estado de morte aparente, onde cessam todas as suas funções vitais. Durante sete dias, ele vai permanecer no local sem receber nenhuma alimentação, bebida, ou cuidado. Já nesta primeira etapa, ocorre uma seleção natural: alguns, após sete dias, despertam, e outros, não. Estes últimos Sapata não os quer para servi lo neste mundo, e por isso os guarda junto de si.



Três anos, e Sapata tem mais um sacerdote
Após serem cuidados, e postos em boas condições físicas, os jovens escolhidos irão aprender a linguagem secreta dos iniciados, os cantos, danças, as diversas operações mágicas. Serão feitas cicatrizes em seu corpo, principalmente na fronte, costas, ventre e braços. A cada corte que produzirá uma cicatriz, será proferida uma prece, e um pouco de pó à base de plantas carbonizadas será depositado no interior da carne.

Cada uma delas destina se a proteger o iniciado contra a feitiçaria, os inimigos, e também a lhes dar poder e direta ligação com o grande orixá.

Os discípulos deverão também aprender as propriedades de cada planta mágica ou medicinal, propriedades que tanto podem ser boas como maléficas. Os remédios, as poções, amuletos, não mais terão segredos para eles. Entre essas operações, uma das mais respeitadas e temidas é a cultura do vírus da varíola.

Eles conhecerão cada deus animista, cada ser da natureza, e as cerimônias a eles relacionadas. Mais tarde, para os rapazes, após passarem outras temporadas em reclusão, será permitido servir também a outros desses deuses.

Ao término da iniciação, rapazes e moças retomarão sua vida normal, mas estarão sempre à disposição do grande feiticeiro para os rituais. Periodicamente, retornarão aos conventos durante algumas semanas.

Existem muitas coisas para se descobrir nos meios vodum do Daomé. Os fons constituem uma das últimas etnias que conservam de forma cuidadosa e ciumenta suas tradições religiosas. Foram eles, junto a outras raças africanas, que introduziram o culto dos orixás no Brasil e no Haiti, por intermédio da escravidão. Se bem que possa haver charlatanismo em algumas dessas festas, a sinceridade e autenticidade dessas crenças, o perfeito conhecimento das propriedades das plantas, a força mística dos chefes de culto são elementos dignos de serem aprofundados.



Revista Planeta
Número 66 - Março de 1978

Fontes:
http://www.imagick.org.br/zbolemail/Bol06x12/BE12x11.html
http://www.sitedecuriosidades.com/impressao.php?id=ressuscitacao_de_moca_morta_ha_sete_dias.html

O Sincretismo do Ritual da Cura no Candomblé.

Cruzeiro (Cruz). Foto Wikipédia.

O Ritual da Cura ou Fechamento de Corpo praticado em muitos candomblés na Sexta Feira da Paixão, que é uma data que os católicos dedicam à memória da crucificação de Jesus Cristo, tem origem nas mais antigas práticas bantos de calundus (formações religiosas anteriores à formação do candomblé modelado pelo Ketu na Bahia).
Algumas tradições Jeje Mahi, formações de candomblés Nagô Vodum, e Jeje Nagô principalmente, absorveram, em sua formação, do elemento banto presente no Recôncavo Baiano, tal tradição, umas casas como as de Candomblé de Angola realizam na Sexta Feira da Paixão e outras tradições segmentadas e formações não propriamente no dia santificado dos católicos, mas em etapa anterior ao sacrifício do bicho de 4 patas do rito de iniciação.

A “cura” é uma denominação para a “cruza ou cruz”, sinal recebido dos mercadores e traficantes de escravos para marcá-lo e distinguí-lo dentro de um grande número de indivíduos, principalmente assim agiam os mercadores e traficantes espanhóis, portugueses e brasileiros (muitos referidos ao longo da História como sendo portugueses). Tal símbolo era marcado nos braços, peito, costas dos escravos de forma a marcá-lo com sendo já batizados e portanto que já haviam recebido o nome pelo qual deviam ser conhecidos doravante, só então depois eram conduzidos ao Brasil em navios negreiros. Tal flagelo atendia a grandes encomendas de escravos principalmente para o árduo trabalho da lavoura no Ciclo da Cana de Açúcar.

Em fongbè (Língua Fon) a cruz é denominada kluzú (pronunciando-se curuzú, que dá nome a uma localidade em Salvador, Bahia). Para o indivíduo banto de forma geral e principalmente no Brasil ficou entendida como “cura”. Também no Brasil muitos índios entenderam o símbolo da cruz como curuçá ou cruçá a partir dos Jesuítas, passando assim a denominá-la.

O segredo do Fechamento de Corpo no Ritual da Cura está no que lhe é passado depois da marcação do sinal e o que é rezado naquele momento, diferindo os ingredientes passados e ingeridos e as rezas de acordo com o candomblé.