sábado, 14 de setembro de 2024

A Mesa de Hohovi

Uma imagem benta de Santa Bárbara, aqui simbolizando Oyá e Yassã, mãe  dos filhos gêmeos, encabeça a mesa de tecido branco ou estampado em desenhos de flores que é estendido no chão da sala, onde as crianças entram e se alimentam. São os primeiros dos convidados a serem servidos nesse dia. A mesa é posta para sete em número simbólico, são sete meninos com até sete anos, as demais crianças também são servidas em outro local dentro da sala.

O almoço é acompanhado de sete cantigas referentes ao sagrado dia, e uma dessas cantigas faz referência à Santa Bárbara. Antes de tudo uma oração é feita em agradecimento a Avievodum (Maú; Deus) e roga-se a interseção de São Cosme e São Damião, dos Hohovi (Ibeji), dos gêmeos nos caminhos dessas vidas. Tossá, Tossé e Jogorobossu recebem cada um o  prato preparado com caruru e farofa de farinha de milho no interior do recinto.

Nos sete pratos da mesa das sete crianças tem caruru que Xangô lhes oferece, omolocum de Oxum, farofa de farinha de milho com dendê que é alimento sagrado de Hohovi, banana-da-terra fatiada e frita no dendê que Dã e sua família oferece, o acarajé de Oyá e Yassan, o buruburu de Azonsu que é a pipoca estourada na areia de rio e o acassá que Olissá serve a todos os voduns nagôs. Aqui as mãos servem de talher, o que relembra tanto o cotidiano no passado em terra africana, quanto o Brasil anterior à chegada de Dona Leopoldina que introduziu o hábito de usá-lo. O repasto é acompanhado de sucos, refrescos ou refrigerantes para matar a sede.

Almoço consumado, o que sobrou é servido a todos os participantes do evento, inclusive aos adultos, e todas as crianças presentes recebem frutas, doces e regalos que constam de peças de vestuário e/ou brinquedos.



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