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domingo, 17 de dezembro de 2023

A Festa do Inhame dos Mahis de Savalu.

"Festival do Inhame no Benim: preservando os valores culturais e religiosos do povo Mahi."

Texto de: Léonce Houngbadji

"No Benin, várias culturas coexistem e dialogam pacificamente. Em Savalou, no centro, é organizado todos os anos um festival de inhame para preservar os valores culturais e religiosos do povo Mahi. Pessoas de outras culturas e turistas estrangeiros não perdem esta oportunidade de encontros e intercâmbios em torno de questões de desenvolvimento.

O inhame triturado é a refeição básica da população do centro e norte do Benin. Impossível ir a este país francófono da África Ocidental com mais de 12 milhões de habitantes sem comê-lo! É uma massa pegajosa tradicionalmente preparada batendo e amassando o inhame cozido. Sem dúvida, é o produto alimentar tradicional mais difundido na sub-região, é denominado “iyan” na Nigéria, “foutou” na Costa do Marfim, “fufu” no Togo e “yam fufu” em Gana.

O projeto Breeding Roots, Tubers and Bananas Products for End User Preferences (RTBfoods) estudou esse alimento e explica seu preparo: o inhame os tubérculos são descascados e cortados em fatias ou pedaços cilíndricos. Esses pedaços são então cozidos em água, o que costuma levar de 20 a 25 minutos, dependendo da variedade. Isso é chamado de inhame cozido. Os pedaços de inhame cozido são então colocados um a um em um almofariz e amassados com um pilão. O preparado é socado e amassado até se obter uma massa elástica e pegajosa. Isso é chamado de inhame triturado. Pode ser servido com uma sopa ou guisado à sua escolha (sopa de legumes, sopa de amendoim, sopa de sementes de melão (egusi), etc.).

Este prato está no centro da diversidade cultural no Benin, onde os comportamentos habituais, as crenças, os valores culturais, os modelos de pensamento e os modelos de comunicação são numerosos. Em Savalu ele aproxima e contribui significativamente para a consolidação dos laços sociais entre as populações.

Festival do Inhame

No dia 15 de agosto de cada ano, os filhos e filhas da histórica cidade de Savalu reúnem-se para comer inhame triturado, nomeadamente aquele chamado “ laboco ” porque é a primeira variedade de tubérculos colhida na temporada. É uma tradição preservada, que reúne pessoas com a mesma expressão culinária e cultural. Com 69 anos (1952), esta celebração identitária tem a sua génese na festa daAssunção, e permite-nos cultivar a empatia, tolerância, mente aberta, solidariedade e fraternidade . É também um reconhecimento dos povos do cultura Mahi aos deuses por sua assistência, sua proteção e acima tudo por boas colheitas de tubérculos de inhame.

Para profissionais que entendem muito bem esta questão: “era uma festa dedicada à adoração de divindades. E isto para lhes agradecer pela abundância de colheitas provenientes dos campos, dos quais seriam os criadores. Em 1954, este festival foi readaptado numa celebração para reunir a diáspora Savalu. Nesta ocasião, sacrifícios, orações a diversas divindades, mas também atividades

“Quando os executivos de Savalu terminam de ir à missa no dia 15 de agosto, eles se reúnem para falar sobre desenvolvimento e a comida que comem é a mesma: inhame triturado”, explica Julien Kandé Kansou, gerente cultural e de turismo. “Já no dia 14 de agosto são realizadas oferendas e ritos tradicionais aosancestrais. Este festival diz respeito a várias culturas do Benin, não apenas aos Mahis de Savalu. O Estado central preocupa-se com a sua organização e com o seu sucesso. Ao longo dos anos, tornou-se até a celebração de todo o Benin, uma celebração praticamente nacional. O inhame triturado é consumido hoje em todas as 77 comunas e municípios do Benin. E onde quer que se coma, pensamos em Savalu, pensamos no 15 de agosto, pensa

A Câmara Municipal e o palácio real de Savalu aproveitam esta oportunidade para dar respostas concretas aos problemas que minam a região, mobilizando executivos nativos, que vêm dos quatro cantos do Benim e da diáspora. A cada ano é escolhido um tema para alimentar os debates. O rei de Savalu aproveitou esta alegria popular para autorizar oficialmente o consumo de inhame acabado de se colher nos campos.

“Todos os beninenses – especialmente os Mahis ou os filhos de Savalu – e os estrangeiros participam em atividades culturais. É uma festa de regresso a casa. Conhecemo-nos, encontramos oportunidades de negócio, criamos e fortalecemos vínculos, há feiras para promover os produtos locais. , detalha um eleito municipal. “Os turistas compram os objetos de arte e descobrem os principais locais turísticos como o lago dos crocodilos, o palácio real, as palmeiras de 7 ramos, Yokpota, o Panteão da resistência africana, paisagens excepcionais, uma cultura que nem o sol e nem a chuva mudaram. Os artistas chegam de todos os lugares para se apresentar, o que significa que todos os olhares no Benin e na sub-região estão voltados para Savalu. Os hotéis estão lotados. Este é um período em que a cidade e os operadores económicos, sobretudo os pequenos comerciantes, ganham muito dinheiro”, explica. “No dia 15 de agosto, já não conseguimos sequer perceber a diferença entre os seguidores da religião tradicional Vodum, os cristãos católicos e evangélicos, e os muçulmanos. É um momento forte de unidade nacional que permite às comunidades vibrar e dançar ao som dos morteiros”, observa Julien Kandé Kansou.

No Benin, não existem apenas festas deste tipo em Savalu. Existem outros como o Gaani em Nikki, no nordeste, o Nonvitcha em Grand-Popo, no sudoeste, e o Wéméxwé, no vale do Uemê no sudeste. Todos visam o mesmo objetivo: o fortalecimento da diversidade cultural para permitir que as pessoas vivam em um ambiente pacífico onde todas as culturas possam florescer."

In: https://www.notrevoix.info/formations/articles/fete-de-l-igname-au-benin-preserver-les-valeurs-culturelles-et-cultuelles-du-peuple-mahi

 



sexta-feira, 17 de abril de 2015

Festa de Agassu em Allada

É noite, começam os cânticos ao soar dos atabaques e do gã e eis que a homenagem é consolidada pelos voduns que se apresentam de um a um para junto dos vivos reverenciarem o espírito da pantera sagrada em mais uma festa anual de Agassunon em Allada - Benin.


E aos poucos o sol vai surgindo e a festa continua. 


 Cada vodum apresenta seu traje, sua dança e seu modo de ser baixo os traços dos aladanus agassuvis.


                        
                                           Parabéns Dah Agassounon pela maravilhosa festa!




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

São Cosme e São Damião na Cultura Baiana.

São Cosme e São Damião. Imagem do Portal São Francisco

A postagem abaixo explica bem o significado destes santos dentro da cultura baiana que lhe dá, dentro do sincretismo afro-baiano, um ênfase nagô muito forte:



"Dia 27 de setembro. Dia de São Cosme e São Damião."


"São Cosme e São Damião são santos católicos com grande receptividade entre as camadas afro-brasileiras do Recôncavo baiano. Seus nomes de batismo são Acta e Passio, nascidos na Arábia do século III, de família nobre e cristã. Os irmãos gêmeos estudaram medicina na Síria e exerciam a profissão gratuitamente. Acusados de feitiçaria, por realizarem milagres, foram jogados de um despenhadeiro – Assim conta a história. Em outras versões ouve-se que tentaram matá-los de várias formas, mas não conseguiram. Por fim foram degolados. Entre seus milagres estão a cura e a materialização (após a morte) para ajudar crianças vítimas de violência.

São associados aos Ibejís, divindades gêmeas do Candomblé. Apesar do catolicismo oficial venerar a figura de Cosme e Damião como santos adultos e que dedicaram a vida a praticar a medicina caridosa, os mesmos santos “correspondem” a entidades infantis nos cultos afro – brasileiros, e é justamente dessa maneira que Cosme e Damião são venerados pela ma ior parte de seus devotos: os santos meninos.

 Pessoas devotas , crianças, católicos, pais-de-santo, babalorixás, vendedores ambulantes do souvenir dos santos, simpatizantes, toda essa gente devota segue em clara romaria até o bairro da Liberdade, precisamente á Paróquia dos Santos Cosme e Damião, no dia 27 de setembro. Durante todo o dia de São Cosme e São Damião, são várias celebrações com procissão, missas durante o dia e uma celebração do Cardeal á noite.

Os devotos de São Cosme e Damião costumam “dar Caruru de Cosminho” em suas casas durante o mês de setembro e principalmente no seu dia: 27 de setembro. A festa já começa durante os preparativos, e mexe com todo o comércio de feiras em Salvador, quando se tem uma procura maior dos ingredientes para a grande festa e quando a família se reúne para cortar os quiabos em forma de cruz e depois em extreitas rodelas, preparar os temperos, torrar e triturar o amendoim e a castanha, temperar a galinha e fazer os seus pedidos também. A quantidade dos quiabos do Caruru, geralmente chegam aos milhares, a depender da promessa, devem ser cortados por quem está oferecendo, mas vale a ajudas de participantes voluntários que também fazem a sua reza e pedidos aos santos gêmeos.

Nas proximidades do dia 27 de setembro, é comum encontrar, pelas ruas da Bahia, crianças, adultos , a espera de um prato de caruru, aliás, na Bahia, não se diz São Cosme e São Damião e sim São Cosme e Damião), para o caruru dos santos. A dupla imagem de madeira ou uma simples gravura emoldurada é exposta numa caixa enfeitada em papel de seda colorido, envolta em fitas e cheia de flores, rosas ou flores de laranjeira, muitas vezes. Não se pode comemorar santos tão populares nos lares baianos sem que se peça esmola para a missa.

Vale tudo para se fartar de uma prato de caruru: pode-se ir às ruas, sem a menor cerimônia, e esperar que pessoas simplesmente ofereçam as quentinhas do farto prato ou pode-se ir até a casa de familiares e amigos durante o período do mês de setembro para prestigiar os santos e saborear as iguarias afro-baianas.

 
Grande também é o número de lares baianos que festejam o grande dia dedicado aos dois mártires da Igreja. Tão populares como São João, como Santo Antônio, os dois santos têm a sua festa comemorada sobretudo com um grande almoço, o caruru dos santos.

 
No candomblé Cosme e Damião são filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Os santos gêmeos possuem muitos simpatizantes e devotos, estes que todo ano fazem caruru para eles, chamado também de “Caruru dos Santos” e “Caruru dos sete meninos” que representam os sete irmãos (Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi) cita em seu livro “Cosme e Damião, O culto dos santos gêmeos no Brasil e na África” por Vivaldo da Costa Lima.

Em casa em que haja gêmeos: ou que os santos tenham evitado partos gêmeos. Ou que promovam a festa como tradição de família. Nenhum dia melhor para se saborear um grande almoço da cozinha baiana do que o 27 de setembro.

Em casa onde existam Cosme e Damião, não entra epidemia, porque eles foram sempre considerados advogados contra “feitiços, bruxarias, mau olhado e espinhela caída”. Isso quanto às origens européias da devoção. No que se refere ao ramo africano, sabe-se que foram os nagôs que nos trouxeram os seus gêmos, Ibeji, transformados numa das maiores tradições vivas das populações baianas, especialmente. Nas casas de famílias católicas, suas imagens são comumente encontradas, em oratórios, pequenos altares ou simples prateleiras reservadas. No seu dia, estes pequenos altares tem desde de simples velas acesas, a oferendas como mel, caruru, balas e farofas de azeite. É comum també, distribuir pequenos saquinhos recheados de doces, balas e brinquedos as crianças nas ruas, comunidades onde se habita.


Desde a véspera, a movimentação todas é em torno da finalização do preparo da comida de preceito: caruru, vatapá, muito camarão seco, leite de coco, azeite, milho branco, feijão preto, feijão fradinho, ximxim de galinha, arroz branco, farofa de mel, banana da terra frita, amendoim assado,coco seco cortado em tirinhas,inhame, abóbora, batata doce, pipoca, rapadura, cana cortada,acarajé, abará e ovo em rodelas.



Os primeiros a serem servidos são os donos da festa: São Cosme e São Damião. As oferendas são precisamente colocadas no altar decorado para a ocasião Procedida a cerimônia, chamam-se os sete meninos, especialmente convidados para iniciar a comilança. A tradição manda que se prepare uma roda de sete meninos. Geralmente é colocada uma toalha de mesa no chão e as crianças se sentam ao redor. Eles geralmente sentam-se no chão e comem em pequenos pratinhos de barro, ou em um único grande prato como uma bacia. Não usam talheres, usam as mãos. Mas algumas mudanças já ocorrem em torno da tradição do Caruru de cosminho como misturar meninos e meninas, comer com talheres; ao final eles levantam-se e juntos cantam a musica de Cosminho juntos com os outros convidados da festa.







“São Cosme mandou fazer


A sua camisa azul


No dia da festa dele


São Cosme quer Caruru


Vadeia Cosme, vadeia!


Vadeia Cosme, vadeia!”






“Cosme e Damião


Vêm comer teu Caruru


Que é de todo ano


Fazer Caruru pra tu

 


Vem cá, vem cá, Dois-dois


Vem cá, vem cá, Dois-dois




E já os garotos estão comendo, no seu lambuzado e na sua alegria, e os adultos, em redor, cantam deliciosas toadas. Se acabam, levantam a tigela e cantam:



Vamos levantar


O Cruzeiro de Jesus


No céu, no céu, no céu


A Santa Cruz






Antes, outras canções são entoadas, com grande entusiasmo dos presentes, meninos ou adultos:

 
São Cosme me mandou fazer


Uma camisinha azul


Quando chega o dia dele


São Cosme quer caruru






E mais:



São Cosme e São Damião


Cheira cravo, cheira rosa


Cheira flor de laranjeira


Vadeia Cosme, vadeia


Vadeia Cosme na areia






O jornalista e poeta Cláudio Tuiuti Tavares recolheu, em excelente estudo sobre Ibeji, variantes destas cantigas e numerosas outras como:

 
Cadê sua camisa


Dois-dois!


Dois jogando bola


Com ela


Dois jogando bola


Quem não tem pena


Mamãe


Quem não tem dó


De ver Dois-dois


Na roda


Brincando só


Cosme e Damião


Ogum e Alabá


Vamos catar conchinha


Na beira do mar


Os apreciadores da festa e do farto prato típico têm lugar certo para comê-lo gratuitamente do seu grande dia de festejo: Caruru dos Sete Poetas, Mercado das Sete Portas, Instituto de Artesanato Mauá, Mercado de Santa Bárbara, Mercado Modelo.


Padroeiro dos farmacêuticos, médicos, babeiros e cabeleireiros, São Cosme e Damião protege as crianças , os orfanatos, creches,as doceiras filhos em casa, além de proteger com doençcas como hérnia e a peste.Os emblemas dos santos são caixa com ungüentos, frasco de remédios, folha de palmeira.
Por que sete meninos são convidados de honra para o almoço de Cosme e Damião?


Havia sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi, todos mabaças, e é por isso que se torna necessário dar o caruru em honra de sete meninos, especialmente convidados.


Mas, se os festejos são profanos, como os famosos carurus, se das igrejas católicas saem procissões dos dois mártires, como a da Lapa à Soledade, nos terreiros dos candomblés se realizam durante todo o dia cerimônias e as mesmas comidas também são esmeradas para que Ibeji sinta, para sua maior glória, a fé dos seus devotos.

Um mês depois, no dia 25 de outubro, as cerimônias se repetem, embora com menos intensidade: comemora-se a festa de São Crispim e Crispiniano, também mabaças e confundidos na crendice popular com Cosme e Damião, cujas imagenzinhas com sua palma, sua pena e seu livro, estão em quase todos os lares da Bahia, de negros ou de brancos, de pobres ou de ricos, que tenham coração para crer, com sua fé inabalável, nos grandes protetores da saúde da espécie humana."






"(TAVARES, Odorico. Bahia; imagens da terra e do povo)"






"Fontes: www.dihitt.com.br/noticia/o-caruru-de-cosme-e-damiao


http://www.jangadabrasil.com.br/setembro13/fe13090a.htm Wikipédia






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1.Festas populares da Bahia


2.Dia da Baiana de Acarajé – dia 25 de novembro


3.Caruru


4.Mariscada


5.Insuportável, uma comédia de batom vermelho – último dia"


Por:
Rosilda Oliveira
in: Cultura Baiana
http://www.culturabaiana.com.br/sao-cosme-e-sao-damiao/