sábado, 12 de setembro de 2009

OS ABESSAN

Bandeira do Benin cuja capital administrativa é Porto-Novo.

O fundador de Porto-Novo é Tè-Agbanlin e os primeiros ocupantes
foram os guns e os adjas.
O antepassado mítico comum da dinastia cuja origem é iorubá de Oyó
é Orile.
A entidade Orile é bem definida por um conjunto de atributos (Oriki)
para determinar a origem dos indivíduos,
membros do mesmo clã principal.
Qualquer comunidade iorubá, pode ser identificada no tempo e no espaço
por um Oriki.
O Oriki é recitado como uma ladainha "invocações ou saudações"
para relatar os fatos e gestos do ancestral mítico do clã principal.

Onikoyi, origem Ikoyi, foi um guerreiro.
Ele era o chefe do exército e dirigia as expedições guerreiras
contra os inimigos do reino. Ele recrutou guerreiros dentre os
melhores caçadores do reino.
A cicatriz racial aplicada nas bochechas, desde o nascimento de
uma criança pode determinar o clã de origem de um indivíduo dentro
da comunidade iorubá.

No final do século XV, o príncipe ANATA, filho de OBAGANDJOU,
Omo Onikoyi, assistido por seus dois irmãos e Ogboni AKAKPO
dirige uma migração de iorubás de Oyó à beira de um rio
(na atual Lagoa de Porto-Novo).
Exaustos, mas satisfeitos, eles disseram:
"Aja Asegun öta ibi di Ile"
"Nós lutamos, conquistamos o inimigo,
Este lugar é a nossa casa. "
Entendido por inimigo as dificuldades e obstáculos na
rota.
Esta declaração é apenas o nome de "Adjaché-Ile"
isto é, terra, lar dos vitoriosos, os que lutam.
Assim foi fundado o reino Iorubá do Príncipe ANATA,
filho de OBAGANDJOU, omó (originário) de Ikoyi.

Durante esta longa jornada, a mulher de Anata, uma princesa iorubá
estava grávida. Seu parto teve lugar à borda
da lagoa de Porto-Novo.
A sacerdotisa de Oyó disse coisas misteriosas e ela deu à luz
nove crianças (quatro meninos e cinco meninas) de uma vez.
Tal evento é lembrado pelo sacrifício ritual, a mãe
da prole, como é venerada.
A mulher foi apelidada ABESSAN, isto é, a
que deu à luz nove crianças, foram ambos elevados
ao posto de divindade, ela assumiu o título de ABESSAN.
Os iorubás de outros países que aprenderam as novas
virtudes beneficentes de ABESSAN estavam fazendo
visitas aos novos pais.
Entre os visitantes principais Agbarin, o ancestral Akè (Makpo Modji),
Afanja, Börö e Ölalëmi.
Todos vieram de Oyó e estavam definitivamente estabelecendo o reino de
ABESSAN.
O príncipe ANATA conhecido pelo nome de BALE entre seus antigos companheiros
enviados a Adjaché-Ile deu o nome de ADJACHE-ILE ao
novo reino.
Muito mais tarde, um príncipe da dinastia real Onikoyi de
Adjaché Ile se estabeleceu em Adjohoun.
Isso deu origem ao ramo de Onikoyi Omo (Matë-Magbo)
que hoje tem ramificações importantes
na cidade de Porto-Novo.
Os primeiros reis de Onikoyi ABESSAN, segundo informações
Coletadas de membros da dinastia real
OBA Onikoyi ABESSAN foram:

Onikoyi OBAGANDJOU ANATA ABESSAN 1º- reinou 1485-1560.
Onikoyi Tayèwo ABESSAN II 1560-1585.
Onikoyi ADJAGOUNAN 1585-1625.
Onikoyi ABESSAN ALATÈ 1625-1688.

Com estes quatro reis, um longo período de paz e
organização foi estabelecido.
As pessoas vieram e fizeram oferendas à divindade ABESSAN do templo,
que serviu como um santuário de
intronização de reis e governantes iorubás tradicionais.

Quanto à origem do iorubá, com sede em Òkòrò, ele
destaca os seguintes fatos:
Aborimèssan, o monstro de nove cabeças, é uma pura invenção.
Esse termo não existe em iorubá.
Na realidade, este não era um monstro que supostamente
"Três Caçadores" tinham encontrado em Òkòrò, eram
guerreiros reais de Oyo,
nativos de Ikoyi-Ile, sob a liderança do Príncipe
ANATA OBAGANDJOU Onikoyi.
O Príncipe e a Princesa OBAGANDJOU Onikoyi
conhecida pelo nome de ABESSAN.
Entre os iorubás, uma mulher que dá à luz a gêmeos é denominada
Iyabeji, a trigêmeos é denominada Iyabeta.

In: Les Abessan, site do Oba ONIKOYI ABÈSAN ALAJAȘE (traduzido por Ifabimi).
http://ikoyi-adjache-ile.com/

sábado, 5 de setembro de 2009

O Rei Adandozan

Símbolo Real de Adandozan.

“ADANDOZAN”
Origem: Wikipédia (En);
Comentários em trechos: PAPOINFORMAL.

Adandozan foi um rei do Daomé (hoje Benin), tecnicamente o nono, embora ele não seja contado como um dos doze reis. Seu nome tem sido amplamente apagado da história de Abomey (a capital do Daomé) e esse nome, geralmente não é falado em voz alta na cidade. Ele se tornou rei, quando, em 1797, o rei anterior de Daomé, Agonglo, morreu, deixando o trono ao seu filho mais velho.

(Versões apontam que o finado rei pai de Adandozan, Agonglo, queria Gakpe, o filho mais novo e meio-irmão de Adandozan, no poder e que ele ficasse apenas como tutor devido a menoridade de Gakpe. Geralmente o herdeiro de um rei é o filho mais velho, neste caso seria mesmo Adandozan o herdeiro legítimo, mas existem outras versões, e algumas alegam a orientação pela prática advinhatória do bokonon para que o rei considerasse desta forma.)

O símbolo de Adandozan era um babuíno com uma barriga inchada, a boca cheia e uma espiga de milho na mão (uma referência que não faz jus ao seu inimigo, o rei de Oyo), e um grande guarda-sol ('o rei ofusca seus inimigos'). Estes símbolos não estão incluídos nos apliques de Abomey, pelas mesmas razões que Adandozan não está incluído na história de Abomey.

As histórias tradicionais sobre Adandozan (que são recontadas, com algumas mudanças de nomes, no romance de Bruce Chatwin's: O Vice-Rei de Ouidah) retratam-no como extremamente cruel, “ele disse ter levantado hienas para jogar sujeitos vivos por diversão; ele é retratado cortando o abdômen de uma mulher grávida em uma aposta para ver se poderia prever o sexo do feto.”

Adandozan é retratado como um guerreiro incompetente em geral, e como um traidor da família real: Ele disse ter vendido seu irmão, Gakpe (também conhecido como Ghezo), e a mãe à escravidão. Gakpe, que já havia fingido idiotice para evitar atrair a atenção de seu irmão, fugiu para o exílio perto de Kana. Adandozan é retratado como irremediavelmente louco, esforçando-se loucamente com as potências europeias. Ele se recusou a pagar Francisco Félix de Souza, um comerciante brasileiro que se tornou um grande negociante no mercado de escravos em Ouidah, por serviços prestados, e de Souza foi preso e torturado, em seguida tentou com seus próprios ministros vender os escravos diretamente.

Na história tradicional, Gakpe, secretamente volta do exílio, e ajuda de Souza a escapar. Em contrapartida, de Souza ajudou Gakpe com uma força militar para tomar o trono com o apoio do amedontrado Conselho de Ministros. Gakpe, em seguida, coloca Adandozan na prisão.

(Obviamente o poderio militar do qual de Souza dispunha para ajudar no destrono de Adandozan era o que o apoiava na empreitada do tráfico de escravos.)

Este retrato tradicional pode estar errado: Como Richard II da Inglaterra na Guerra das Rosas, Adandozan pode ter sido objeto de uma propaganda reescrita da história depois que ele perdeu o trono, foi transformado em um monstro pelo seu sucessor como uma forma de desculpa ao golpe de estado e de se legitimar o novo regime. Todas as histórias concordam que Adandozan tentou forçar condições mais favoráveis de comércio com os europeus envolvidos na exportação de escravos, e seriamente minou o poder da família real e de praticantes do Culto Vodún em tribunal por meio de reformas administrativas.

(Provavelmente a família real tenha usado fortes propostas que eram antagônicas ao reinado de Adandozan em conjunto com os seguidores do culto vodún, como o fim do comércio de escravos e/ou a boa relação com o rei de Öyö, e consequentemente conquistando uma parcela muito significativa da população, observando-se que o vodún era praticamente o único fator congregante da época. Por isso Adandozan tenha resolvido vender seus conspiradores como escravos, incluindo a madrasta Agontime e alguns sacerdotes, acabando com o culto de Sakpata de origem Mahi, aliados de Öyö, no Dahomey, que só retorna depois no reinado de Ghezo, que manda vir de Savalou um novo sacerdote.)

Pode ser que essas políticas tenham provocado oponentes poderosos à Adandozan para apoiar um golpe contra ele. Para justificar o golpe, Gakpe pode ter obrigado os seus griots (historiadores orais) a falarem de um Adandozan monstruoso e louco.

(A forma de registro oral é tradicional para guardar a memória de um povo, principalmente nas sociedades onde não é desenvolvida a forma escrita. Pelo “recitar” e o “cantar”, principalmente, é muito mais fácil de ser resguardada esta memória e repassada para as gerações futuras, também é o que se faz nas saudações, rezas e cânticos religiosos dentro do Culto Vodún.)

domingo, 30 de agosto de 2009

As Línguas dos Mercados do Benin.

As cidades do Benin são formadas geralmente por etnias diferentes e com idiomas próprios, ainda que aparentados, onde termos e fonéticas variam, bem como o sentido de uma palavra ou expressão. Para não gerar dúvidas no comércio na hora da compra de produtos, o mercado de uma cidade emprega uma língua padrão para desenvolver sua atividade, uma língua geralmente falada por uma maioria de pessoas da localidade, e que varia de cidade para cidade; talvez essa regra seja produto da atividade comercial de um grupo étnico ao longo do tempo no local.
Vejamos:


CIDADE – LÍNGUA FALADA NO MERCADO:


- AZOVE – ADJA;
- BASSILA – ANI;
- BOHICON – FON;
- COME – MINA;
- DANGBO – GUN;
- DANTOKPA – FON;
- DASSA – IDATCHA;
- DJOUGOU – DENDI;
- GLAZOUE – MAHI;
- GOUKA – NAGÔ;
- KASSOUA – LOKPA;
- KETOU (Ketu) – NAGÔ;
- MALANVILLE – DENDI;
- NATITINGOU – WAMMA;
- NIKKI – BARIBA;
- OUANDO – GUN;
- OUESSE – MAHI;
- PARAKOU – BARIBA;
- PEHUNCO – BARIBA;
- POBE – NAGÔ;
- PORT DE COTONOU – FON;
- SAVALOU (Savalu) – MAHI;
- SEHOUE – FON;
- SEKOU – FON;
- ZOGBODOMEY – FON.

De todos os mercados do Benin o mercado de Dantokopa, é o maior deles.
É muito comum encontrarmos cidadãos beninenses poliglotas, por uma questão multicultural bem difusa, é uma questão de sobrevivência no dia à dia, contudo a língua oficial do país é o francês que é ensinado nas escolas após o aprendizado da leitura e da escrita da língua étnica de um dado grupo.
Nos mercados do Benin, que são típicas feiras-livres, tal as conhecidas feiras-livres dos cariocas, encontra-se de uma infinidade de produtos , inclusive os ritualísticos para o cultos dos voduns.

domingo, 23 de agosto de 2009

Referência aos Nomes do Bogum e do Cejá Undê.

Sacerdotisas do Culto Vodún em Zogbodomey.

O nome do Candomblé do Ventura, ou como conhecido Cejá Undê (Cachoeira, Bahia):

"Zogbodô Malé Bogum Cejá Undê", que ordenada de acordo com o nome do Bogum (obtendo sentido) temos:
“Zogbodô” Bogum Malé Cejá Undê, que seria em fon a frase:
Zogbodo gbò Gŭ ma lὲέ sε ̆ ja Hùn de,
que significa:
“Zogbodo corta (sacrifica ritualmente) para Gŭ, não parta espírito, venha aqui vodún.”
(Considerando-se a palavra hùn um sinônimo de vodún).



O nome do Candomblé do Bogum (Salvador, Bahia), cuja tradição deu nome ao local:

“Zoogodô” Bogum Malé Hundó
Aqui, a palavra Zogbodo parece ter sido alterada para Zoogodô ao longo do tempo, mas a disposição das palavras é coerente para a tradução.

Mas ao considerarmos Zogbodô. Obtemos a seguinte frase:

Zogbodo gbò Gŭ ma lὲέ hundɔ.

Entendendo-se a palavra hundɔ como uma corruptela mahi da palavra fon hundotɔ que significa viajante, temos:

“Zogbodo gbò Gŭ ma lὲέ hundotɔ”, ou seja:
"Zogbodo corta (sacrifica ritualmente) para Gŭ, não parta viajante!"
(Gŭ é um vodún guerreiro e expedicionário em suas batalhas, portanto, um grande viajante).


É importante lembrar que a africana Ludovina Pessoa que foi a fundadora destas duas casas era iniciada para o vodún Gŭ (Ogun dos nagôs).
A referência feita à Zogbodo, um lugar da cidade de Zogbodomey, região de Zou no Benin, não distante de Dassa Zoumé, de Allada e de Abomey, onde se encontra o histórico mercado de Zogbodoxi, talvez possa ser uma referência da origem da fundadora destas casas de candomblé da Bahia, visto que em Zogbodomey há uma matrilinearidade sacerdotal no culto vodún, tal como acontece no Brasil.
Observamos, também, que os nomes destas duas casas fazem referência ao vodún Gŭ e que o vodún Gbὲ Sε ̆ (Bessém, abrasileiradamente) , um dos títulos do vodún Dàn em terra mahi, e que significa “espírito da vida”, seria obviamente o ponto de união entre os mahis na época de suas fundações, como o vodún chefe do culto, um fato que comprova que estas casas são oriundas do culto de Dàn no Benin.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Interdito do Gergelim

Foto em http://www.uniprot.org/


Conta uma lenda, também citada por Verger, que certa vez Sakpata (Saponan – a varíola- em nagô; também conhecido por Obaluayié), e que é conhecido no território dos Tapa por Shankpannan Bokou (de caráter mais malfazejo) ou Shaknpannan Aerou (de caráter mais benfazejo) como é conhecido na cidade de Oron, chegou à antiga capital Yorùbá de Öyö para falar com o oba. Ele estava muito revoltado e dizia que tinha sido expulso da terra do Dahomey e pediu ao rei que fizesse guerra contra o rei de lá, à qual pedido, o oba se negou por mais que Sakpata lhe implorasse.
Vendo que não conseguiu o seu objetivo naquele reino, largou ao chão algumas sementes de njamati (em Nagô) ou agbò (em língua mahi) ou akan maku (em fongbè), gergelim ou sésamo (Sesamum indicum), juntamente com uma corrente na qual dependuravam-se tesouras, e desapareceu como se fosse uma miragem.
Passados alguns dias as pessoas daquele reino começaram a ser atacadas pela varíola, uma após à outra. O oba então resolveu consultar o oráculo sagrado para ver o que se podia fazer, e foi orientado para que fizesse alguns preceitos e pegasse as tesouras largadas por Sakpata e as colocasse em água, porquê aquela água é que teria o poder de curar a doença lançada naquele reino. Assim foi feito, e os resultados eram positivos, embora a doença já tivesse se espalhado. Foi o começo do culto do òrisà Saponan em terra nagô.
Bem, o objetivo desta lenda é observar que o interdito do uso de gergelim (que no Brasil, em Miami e na França é muito utilizado na panificação de croissants) no período das festas e da iniciação deste vodún, em candomblé de Mina Jeje no Brasil, bem como o do plantio e do uso do mesmo na roça de candomblé de Jeje Savalu (e ele é o rei desta nação), surge à partir desta lenda, pois, tanto no candomblé, quanto no culto ao vodún africano ou diasporano, a lenda ou a história é quem explica o porquê de um rito, de um preceito ou de um interdito, e esse é um deles. O mesmo interdito é observado no culto nagô de Saponan. O gergelim simboliza o mal da varíola lançado por sobre a terra, um mal que só Sakpata pode curar.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Akohun

Este é o Manjericão de folha graúda (Ocimum basilicum).

Este é o Manjericão roxo de folha miúda.

Este é o Manjericão branco de folha miúda (Ocimum americanum). Foto em: http://www.missouriplants.com

Planta muito conhecida no Brasil sob o nome de Manjericão ou Manjericão Branco (Ocimum basilicum, L.) e no Benin sob o nome de akɔhun ou kɔhun em fongbè (Língua Fon) e em maxigbè (Língua Mahi), e Késukésu em Gungbè (Língua Gun).
O sumo (amasìn) das folhas e do caule do akɔhun, além de antitussígeno e anticatarral, é muito empregado em gripes e resfriados, é antiespasmódico, sudorífero e carminativo; também serve para o tratamento de otalgias, de dores no peito, dores do cólon e como antiespamódico em geral; para febres e convulsões, dores de cabeça, diarréia crônica e desinteria; para tratamento da hemorragia nasal e tratamento da gonorréia, também é utilizado para lavagem vaginal quando obtido socado com sementes de Aframomum melegueta e coado, tal assepsia externa tem o objetivo de prolongar o período de gravidez, em determinados casos.
Quando obtemos seu sumo socando folhas de Alchornea cordifolia, Cymbopogon citratus, e sementes de Elaeis guineensis, temos um poderoso medicamento fitoterápico para o tratamento da depranocitose.
Para os casos de esplenomegalia juntamos com folhas de Heliotropium indicum, Hildegardia barteri, Commifora africana, e Croton zambesicus, então colocamos em decocção, obtendo desta forma um banho para tratar a doença.
A gonorréia, a infecção urinária e a nefrite são tratadas com a decocção (infusão fervida) de suas sementes; seu sumo amornado combate otites e sinusites.
No Benin Central as infusões de manjericão são muito usadas para banhar crianças, pela manhã e à noite, para protegê-las das picadas de insetos.
É uma planta muito utilizada em temperos da culinária doméstica, principalmente para temperar a carne.
O odor que exala esta planta não é muito apreciado por ofídeos, servindo para afastá-los do ambiente interno, principalmente.
O manjericão ou manjericão branco é utilizado em banhos rituais, vários preceitos de vodún, e um dos quais de conhecimento “somente” do vodunnon.

domingo, 9 de agosto de 2009

Azizà Vodún.

Foto por Ifabimi

Certa vez um caçador que emigrou para uma determinada área bem florestada, estranhou por que a caça estava à cada dia que passava mais reduzida, num dia em que caçava no interior de uma floresta, onde aprofundou-se, e sem ouvir sequer um ruido, voltando-se depara com um ser pequenino, tipo anão, de olhos luzentes e avermelhados como brazas vivas, era Azizà, grande amawato (curandeiro), azètɔ ́(feiticeiro) e protetor dos animais e plantas das florestas que se apresentou e lhe perguntou o que ele fazia ali? O caçador respondeu que estava em busca de caça, porquê estava com fome. O pequeno ser, então, disse que da próxima vez que voltasse, troussesse dois frangos para comer, mas que lhe faria um “bò” para que nunca faltasse comida em casa, já que fazia muitos e com distintas finalidades. Mas o que seria o tal “bò”?
O caçador muito assustado com tudo isso, voltou para casa pensando como poderia levar dois frangos se somente tinha um galo e uma galinha?
Chegando em casa, para seu maior espanto, sua galinha botara muitos ovos, e alguns chocaram, e dalí se pôde tirar os frangos e levar para a floresta para que aquele gênio lhe preparasse o “bò” para sua prosperidade. O caçador penetrou na mata e assobiou chamando Azizà que lhe entregou uma estatueta esculpida em madeira, e lhe ensinou como tratá-la. Ele retornou com o “bò” e a partir dalí suas criações e campos cultivados prosperaram incessantemente, então o “bò” passou a ser adorado como objeto de culto vodún que desempenha funções místicas específicas.


(Aziza é um vodún anão das florestas da África Ocidental, que confere grande força e poder com a capacidade de curar os homens através de seu excepcional conhecimento das ervas.)
Imagem: Azizà por Cyprien Tokoudagba, Museu de Abomey, no Flickr.

Aziza (Poema)
Aziza, clarividente espírito nos profundos abismos. Nem seus pés ou mãos deixam vestígios. Na trilha dos volumosos arbustos intercalados, sem cortes, sem ferramentas ou pirilampos na noite. Seu corpo e sua mente passaram por moradas do medo, trilhas iluminadas pelo escuro opaco e preto para entrar no reino cobiçado, mas de desconhecidos gênios.
Aziza, tua lenda alimenta várias histórias, canções e contos, e para a conta do seu destino para sempre enganados. A série de mistérios brota na lenda ancestral. Quem reforça o seu passado e seu personagem reanima a contesta.
Em um solo úmido ou madeira podre, enlameada, na floresta ou sobre os montes nus, a chuva é a suspeita de tuas virtudes e de seu colorido, de seu nada e de seus feixes de madeira morta.
Em seu pensamento e seus gritos de pesados silêncios, algumas glórias ao segredo de sua medida. Outros afirmam a fúria de sua ira. Mas para todos, és uma estadia de profundidade desconhecida.
Seu conhecimento das plantas, Aziza, faz da floresta, o maior hospital de Deus, que sábio pára, para assistir na madrugada ou à noite. Você confia na serpente que levanta a folha e faz os mortos retornarem à vida, desde o sapo.
Em pálida tristeza, por vezes o guerreiro procura sua ajuda, que é de uma forma desconhecida de todos os homens.
Na palma do Iroko Centenário você recolhe a água, que o céu em misericórdia enviou ao seu pedido. A procissão do vento acompanha o seu produto, e o sopro de suas localizações em passos surdos sem tentar manter o seu legítimo lugar.
Invisível ao homem, com seu talento e sua íris, é Aziza no seu mítico, vagando longe dos perigos. Tu visitas a nossa coragem em nossas entranhas, forja envergonhada, e é eleito um prodígio em sua volta, enquanto que transformou.
De sua força, eles têm uma grande consciência, mas em sua memória, eles perderam a faixa, despossuídos pelo véu do passado, do cordão umbilical da sobrevivência. Eles, seus poderes e seus dons para proclamar os benefícios.
Da sua boca a palavra que alivia e cura, de suas mãos, a receita que se refere à doença. Com base nisso, eu baseio a minha crença - Aziza - na sua existência, feito desfoque e mistério que não sai.
Aziza, o espírito do gênio, continua a ser aquilo que sempre foi.
(Por: Fiangor, Rogo Koffi. Traduzido para o português por Ifabimi.)

sábado, 1 de agosto de 2009

Os Mistérios de Dassa Zoumê

N. Sra. de Arigbo. Foto em http://www.pbase.com/bmcmorrow/ncbenin&page=all

Foto em http://image50.webshots.com

Dassa Zoumê, fica localizada no território Mahi no Benin, está rodeada por 41 colinas, sagradas e dedicadas as divindades tradicionais, e lembramos que 41 foram as leis à época do Reino do Dahomey (vide postagem do Rei Agadja). Uma das colinas, em fato mais recente, é dedicada à Virgem Maria devido à uma aparição numa gruta do local. A maior delas é denominada “Dignidade”.

“(...) O Folclore e as danças tradicionais são muito desenvolvidos. Cada aldeia ou cidade distrito tem, pelo menos, um grupo folclórico. Os principais encontrados são: Zinli, o Toba e os Mahi Tchègoumin, dos Fons de Paouignan, Gbaffo, Awaya, Soclogbo, Gankpétin, Togon e Zouto, Guba, o Ogou, o Adjarakpa, o Bolou e o Kpodoro entre Idaatchas de Loulé, de Lema, do Agao de módja-Gangan, Tagui, e de Kere Daho.

De um ponto de vista religioso, as religiões tradicionais são as primeiras conhecidas na cidade. Estas foram essencialmente a história da Terra Prometida e do êxodo. Irritados com o comportamento de homens que habitaram a cidade de origem, os deuses e os chefes sacerdotes foram forçados a emigrar para as terras menos corruptas. A alta vibração espiritual gerada por Dassa a designa para os devotos como sendo a terra prometida. Assim, foi instalado Ogun, divindade do ferro; Sakpata a divindade da varíola; Arira (Ayra) ou Shango, a divindade dos raios e trovões, e seus respectivos templos. Enquanto nesta terra acampam os orixás que correram para conquistar outras terras e tomaram o nome de vodún uma vez que o culto chegou em Abomey e no sul do Benin antes de os adeptos embarcarem (forçados) para as Américas e propagarem seus cultos para todo o mundo.
Para além destas religiões tradicionais e puramente africanas, coexistem as importadas de várias denominações, tais como o catolicismo, o protestantismo, as igrejas evangélicas, e as igrejas cristãs do céu (católicas) e o Islã.

As vibrações caracterizam muito a mística cidade de Dassa e significa que todas as grandes peregrinações de quase todas as religiões têm lugar em determinado momento. Assim, Dassa é a maior e mais famosa peregrinação à África Ocidental:
A peregrinação mariana de Nossa Senhora de Arigbo em Dassa-Zoumé (como a peregrinação de Lourdes, na França). Ela atrai milhares de pessoas, e decorre de uma aparição da Virgem, como em Lourdes com Bernadette de Soubirous. É a igreja de peregrinação a Assembléia de Deus, a menor em adeptos, mas é igualmente notável a peregrinação da Celestial Igreja do Cristianismo (o profeta é um filho de Dassa), e da peregrinação da religião tradicional Aziza. Em breve também haverá peregrinação de seguidores do mundo inteiro do vodún Sakpata.

Não é fabuloso que milhas de colinas circundam Dassa?! Cidade de relíquias, elas representam poderosos centros de cultos místicos. Assim:

- Na Colina Agbanou foram "esculpidos pela natureza" os signos do Fá, e é aqui que passam “todos” os estudantes do Fá, sejam iniciados no Benim ou em países vizinhos.

- Na Colina Omandjagoun encontramos:

O Museu Ecológico Yakà (existência de objetos-vestígios da história de Dassa );
O Templo de Ogun, sede onde se reúnem a maioria dos objetos de culto de Ogun, divindade da caça e do ferro.

- Okè-gnitè (Montanha da dignidade), o pico mais alto de Dassa, é repleto de relíquias e restos de vidas passadas.

- A leoa deitada Miniffi, morro parecido com um leão devorando sua presa, há esculturas na rocha.

- A caverna Arigbo onde há a peregrinação de católicos.

- A colina Fragba (sede mundial da divindade Sakpata), onde historicamente é o berço do culto do vodún Sakpata.”
(In: História, tradição e religião: os mistérios de DASSA http://okuta.cfun.fr/dassa.html)

Herskovitz em sua “Narrativa Daomeana”, reproduz uma lenda conhecida no Fá que expõe o porquê do nome “Dassa” e a origem do culto de Sakpata.
A lenda conta que no começo do mundo, primeiramente foram criadas as árvores (atin) por Máwu e que Loko'tin (Iroko), a Gameleira Branca, por ser o próprio vodún Loko em sua forma atinmè (dentro do árvore), veio sozinha do céu, depois foram criados os animais e o homem. Os primeiros homens cultivavam a terra e caçavam. Nos primórdios da existência humana haviam dois caçadores denominados Dasa (Dassa) e Agbanli, que conheciam a árvore que veio sozinha do céu, e certa vez necessitando de sorte na caçada, chegaram a árvore e viram um adjalala (pote de barro) ao pé da mesma e disseram que se desse a eles boa sorte na caçada, encheriam, em agradecimento, o pote com sangue da caça e também aspergiriam aos seus pés, e assim aconteceu, tornou-se farta a caça e depositavam ali suas oferendas. Costumeiramente Dasa oferecia ao pote e Agbanli “aos pés da árvore” (atinsa). Um dia Dasa teve que partir acompanhando os seus, e deixar Agbanli, mas o que fazer com o vodún ao qual deveriam cumprir o ritual? Então resolveram dividir, Agbanli ficou com o Loko'tin, já que ficaria por ali, e posteriormente originou o culto de Hevioso, e Dasa partiu dali carregando o adjalala para onde é a atual cidade de Dassa, que deu origem mais tarde ao culto do vodún Sakpata.
Esta lenda também faz, de certa forma, entender a razão de serem feitos sacrifícios aos voduns dentro do culto. A oferenda em geral e a princípio, surge como uma forma de agradecimento por se ter o que comer.

Verger cita em uma de suas obras que coletou em Dassa Zoumê uma lenda que faz referência a origem do culto de Sakpata naquela localidade, em Vedji. Diz a lenda que certo dia um caçador de nome Mölusi em sua tarefa habitual, viu uma corsa (Agbanli) e mirou com sua flecha, eis que a corsa levantou uma das patas dianteiras e derrepente tudo escureceu em pleno dia, pouco depois clareia novamente, e ao invés da corsa surge Aziza (que seria o Aröni para o povo Yorùbá). Aziza ofereceu a ele um amuleto poderozo, uma erva que deveria ser plantada próxima à sua residência e um apito com o qual deveria invocar-lhe em caso de necessidade.
Passaram-se sete dias depois que Mölusi plantou a erva na localidade onde morava e a epidemia de varíola começou a invadir aquele lugar, então ele invocou Aziza com o apito, e quando Aziza apareceu reclamou com ele do que estava acontecendo, ele então respondeu que não era culpado disso, porquê era coisa do vodún Sakpata. Deveria instalar um local de culto para Sakpata e iniciar pessoas para o culto dele. Aziza descreveu ainda como deveriam ser iniciadas estas pessoas e como agradar a Sakpata; revelou suas folhas e seus interditos; como poderia curar as pessoas que foram acometidas pelo mal, e até mesmo ressuscitar as que morreram devido à varíola, enfim, fazendo agora do caçador um vodunnon (sacerdote de vodún). É importante observarmos nesta lenda que o primeiro vodunnon de Sakpata era denominado Mölusi, que significa aquela pessoa que foi iniciada para Mölu (Ömölu; Aholu).

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Umbanda Patrimônio Imaterial do Rio.

Foto em www.jusbrasil.com.br

Agora foi a hora e a vez da Umbanda! Em dia 22 de julho de 2009, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, aprovou mais esta Lei Estadual nº 5514/2009, de autoria do Deputado GILBERTO PALMARES (PT-RJ) que torna a religião Umbanda um patrimônio imaterial do RJ.
Parabéns Deputado GILBERTO PALMARES!!!


Vejam na Íntegra:


LEI Nº 5514, DE 21 DE JULHO DE 2009.

DECLARA A UMBANDA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:


Art. 1º Declara como patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro a Umbanda, religião genuinamente brasileira.

Art. 2º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.


Rio de Janeiro, 21 de julho de 2009.


SERGIO CABRAL
Governador



PROJETO DE LEI Nº 2274/2009
EMENTA: DECLARA A UMBANDA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Autor(es): Deputado GILBERTO PALMARES


A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RESOLVE:
Art. 1º - Declara como patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro a Umbanda, religião genuinamente brasileira.

Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.



Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 13 de Maio de 2009.



GILBERTO PALMARES
Deputado Estadual


JUSTIFICATIVA

Trata-se de Projeto de Lei que "DECLARA A UMBANDA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO."

As raízes da Umbanda estão na fusão da cultura da ancestralidade indígena com a da africana, tendo ela sido primeiramente manifestada em uma sessão kardecista a 15 de novembro de 1908, e posteriormente estruturada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio Fernandino de Morais. Cabe ressaltar que a umbanda é uma religião genuinamente brasileira.

É uma manifestação religiosa baseada na caridade, na igualdade entre os seus filhos e no cuidado para com os humildes, visando sempre ao bem e à evolução espiritual. É baseada na manifestação de espíritos de várias linhas - Caboclos, Pretos-velhos, Crianças, Exús e ciganos, como sendo as principais, os quais vêm incorporar nos médiuns para auxiliar seus irmãos encarnados a compreenderem melhor a si mesmos e ao próximo, e a evoluírem através de ações benéficas para com a humanidade. Mantém-se na Umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e seus santos, assim como no antigo Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição, pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido, e, portanto, perseguido e combatido.

Na Umbanda os Orixás são energias, forças da natureza que estão presentes em todos os lugares, influenciando as pessoas e irradiando energias que mantém o equilíbrio natural dos elementos em relação ao universo. Uma interpretação mais objetiva coloca os Orixás como energias emanadas da divindade, como subdivisões da unidade perfeita de Deus e não, como muitos pensam, como espíritos que progrediram muito espiritualmente, não necessitando mais do processo reencarnatório, e que para darem continuidade no seu progresso espiritual possuem como missão organizar e orientar uma rede de espíritos com menos progresso espiritual do que eles, ajudando-os a progredirem espiritualmente. Estes espíritos são, na verdade, os guias espirituais.

Pelo exposto, conclamamos os representantes do Povo Fluminense a aprovarem a presente proposição, por se tratar de justa homenagem a uma religião genuinamente brasileira.

domingo, 26 de julho de 2009

Candomblé Patrimônio Imaterial do Rio.

DEPUTADO GILBERTO PALMARES (PT - RJ) Foto Alerj.

O candomblé agora é Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro, graças à uma lei de autoria do Deputado Estadual GILBERTO PALMARES do PT - RJ, aprovada pelo governo do Estado.
Isto enfraquece a forte onda de intolerância religiosa, discriminação explícita ou implícita sofrida por seus adeptos, pesquisadores, simpatizantes e espaços sagrados. Agora o candomblé tem que ser preservado e respeitada toda sua manifestação cultural dentro do Estado do Rio de Janeiro, e que sirva de exemplo para outros Estados da União.
Parabéns ao DEPUTADO GILBERTO PALMARES!!!

A notícia foi editada pelo Jornal O Globo e está na Internet de 17 de Julho do corrente ano. Vejam:

"RIO - Religiosos e pesquisadores comemoraram nesta sexta-feira a decisão do governo do Rio de declarar o candomblé um patrimônio imaterial do estado. A lei, proposta pelo deputado estadual Gilberto Palmares (PT), foi sancionada pelo governador em exercício, Luiz Fernando de Souza Pezão, e publicada quinta-feira no Diário Oficial. Projeto semelhante, que trata da umbanda, já foi aprovado na Alerj e aguarda sanção do governador.

A museóloga e pesquisadora de Cultos Afro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Márcia Netto comemorou:

- Grande notícia! Acho que muda muita coisa para essas religiões que, até há pouco tempo, eram vistas como folclore ou seita. Vai ajudar a diminuir o preconceito, dar credibilidade e ajudar a desmistificar. O preconceito contra o candomblé vem desde a colonização.

Gilberto Palmares espera que a lei ajude a reduzir a intolerância religiosa:

- A partir do momento em que os cultos viram patrimônio, eles passam a ser mais divulgados, diminuindo a violência -- afirmou o deputado."

(In: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/07/17/candomble-patrimonio-
imaterial-do-estado-756872936.asp)

sábado, 18 de julho de 2009

O Uso do Afoma em Tempo de Gripe Suína.

Foto em Objetos Educacionais (MEC/BR) http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/7505

Neste período de Gripe Suína que atravessamos, e à qual praticamente todo o mundo está vulnerável, até que soluções definitivas surjam, através do desenvolvimento de uma vacina eficaz, o uso do afoma é muito indicado para uma boa resistência pulmonar à esta forte gripe, mas desde que não seja retirada esta planta de árvore de espinhos, que segundo a tradição oral Jeje poderia causar malefício ao doente, ainda que de uma árvore de espinhos de bom uso terapêutico, é importante saber-se a procedência do vegetal. O afoma também guarda propriedades medicamentosas -bem como as místicas para a nossa cultura religiosa- da árvore de onde procede.
As folhas, que para problemas pulmonares sempre deverão ser utilizadas frescas (nunca secas), devem ser bem lavadas com água pura e socadas (trituradas) com um pouco de água pura e fria, antes filtrada e fervida, a proporção de 1/1 em volume, e toma-se o sumo (amasìn), coado, cerca de 1 cálice de 50 ml, por 3 ou 4 vezes ao dia (uso adulto), bem distribuidas as doses; para crianças a dose é a metade da habitual por 3 ou 4 vezes ao dia.
A planta afoma, que é consagrada a Omolu, é uma hemiparasita muito conhecida em diversos países tropicais, e no Brasil é vulgarmente conhecida por “Erva -Passarinho” ou “Erva-de-Passarinho” (Struthanthus flexicaulis).
Procure sempre visitar o médico.

“Erva-de-passarinho
O artigo tem como finalidade descrever o positivismo e o negativismo da erva - de - passarinho num ecossistema.
1. Definição, classificação e origem da Erva-de-Passarinho.
A erva-de-passarinho é uma planta superior, parasita, que ataca geralmente as plantas lenhosas e as árvores, sugando sua seiva e podendo causar até sua morte se não for retirada. A parasita recebeu esse nome porque se espalha com a ajuda de passarinhos: eles ingerem as sementes que são eliminadas mais tarde, junto com as fezes. De acordo com Gêiser [2]
Relação desarmônica ► Interespecífica ► Parasitismo ► hemiparasita
Relação desarmônica ou negativa, quando um dos dois indivíduos é prejudicado na associação.
Interespecífica são relações entre espécies diferentes. Já o parasitismo
acontece em organismos que se instalam no corpo de outros seres para deles extrair alimento. Esses organismos são chamados parasitos, e os seres que lhes servem de alimento e moradias são conhecidas como hospedeiros.
Apesar de não causar a morte, pelo menos imediata, de seu hospedeiro, enfraquece e prejudica suas funções orgânicas, sendo responsável por várias de suas doenças.
Encontramos representantes de parasitas nos mais variados dos grupos de organismos, como vírus, bactérias, protozoários, fungos, vermes, insetos e até mesmo alguns vegetais.
O termo hemiparasita designa, por exemplo, a erva-de-passarinho, por ser uma planta clorofilada, capaz de realizar fotossíntese, mas para isso absorve de outros vegetais a seiva bruta (água e sais minerais retirados do solo). Dizemos, por isso, que essa planta é uma hemiparasita (hemi = pela metade). De acordo com Linhares & gewandsznajder [3]
2. Caracterização da erva-de-passarinho
Família: Loranthaceae Juss
Nome vulgar: Erva-de-passarinho
Nome Científico: Struthantus flexicaulis
Distribuição: Cosmopolita
Bibliografia; [1]
3. Maleficidade da erva-de-passarinho
De difícil combate, a erva emite raízes especiais denominadas haustórios, que penetram no caule e nos ramos da planta hospedeira, sugando-lhe a seiva e causando sua degeneração. Os biólogos não sabem dizer exatamente quanto tempo uma árvore contaminada pela erva-de-passarinho demora a morrer. O tempo de vida da árvore, após a contaminação, depende de sua espécie, da qualidade do solo e de seu nível de estresse, que esta ligada ao local onde esteja fixada e ao nível de poluição do ar no lugar onde viver. [1]
4. Beneficidade da erva-de-passarinho
A erva-de-passarinho, Struthantus flexicaulis, o seu suco das folhas frescas, é recomendado para: Bronquites, pneumonia, pleurisias, hemoptises, dores no peito, pontadas e outras afecções respiratórias. O chá das folhas, por decocção (cozimento): Doenças do útero e hemorragias. [4]
5. Erradicação da erva-de-passarinho
O combate é feito única e exclusivamente através da poda, que deve ser feita preferencialmente durante o inverno, pois as folhas das árvores secam e a praga fica mais visível. A erva de folha graúda, é mais visível e fácil de ser combatida, dificilmente volta a se manifestar sozinha na árvore após esta ser podada. Já a erva de folha miúda volta a se desenvolver caso seja deixada uma única folhinha. Muitas vezes, seu hospedeiro precisa, além da poda, enfrentar uma raspagem. [1]
6. Considerações Finais
A minha opinião é que desta forma podemos de alguma maneira chamar a atenção não só da zona rural como também da zona urbana, no que diz respeito à epígrafe deste artigo.
Verifica-se a simbiose entre a erva-de-passarinho (hemiparasita) e os pássaros. Como também relata à importância do vegetal como planta medicinal. Em contrariedade se vê literalmente a parasitologia colossal da erva-de-passarinho no seu hospedeiro.
Desta forma tento chamar a atenção, do poderio floral que temos em nossas mãos, para sabermos se podemos extingui-la ou preservá-la em nossa biodiversidade.
7. Referências Bibliográficas
[1] DIACUY PAISAGISMO, http://www.diacuypaisagismo.com.br Disponível na internet. Acesso em 28/09/2004;
[2] GEISER, R.Revista Virtual www.jardimflores.com.br/CONSULTAS/erva.html Disponível na internet. Acesso em: 28/07/07;
[3] LINHARES, S & GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Atual. 5 edição. São Paulo: Editora Ática, 1995;
[4]PLANTAS MEDICINAIS, www.segredosdosdeuses.com.br/plantas2.htm Disponível na internet. Acesso: 28/07/2007;
Autor: Edglay Lima Barbosa
Profº. Licenciado e Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba-UEPB.”
(In: http://www.webartigos.com/articles/4029/1/erva-de-passarinho-
proliferacao-ou-erradicacao/pagina1.html).

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A Forte Influência Jeje na Umbanda.



A Religião Umbanda têm suas raízes no extinto culto de Omoloko, que era um culto que reunia baixo a simbologia nagô sincretizada com os santos da Igreja Católica, diversos grupos africanos bantos e sudanezes presentes no Rio de Janeiro antigo. Esta religião conservou preceitos deste culto mais primitivo e que não cantava louvando suas divindades em português, mas em dialetos diversos, com ênfase para o Quimbundo.
A contribuição do elemento negro sudanez especialmente o Jeje (Fon; Adja) é muito forte dentro do preceito da Umbanda. O desenhar, traçar o risco (denominado ponto riscado) tem sua origem na prática do “veve” de vodún, onde cada desenho é um símbolo que evoca ou simplesmente representa o vodún, ou ancestral. Através do veve são realizadas inúmeras oferendas rituais em ocasiões diversas, um hábito não muito presente no candomblé Jeje Mahi, mas de conhecimento e prática do antigo terreiro de Jeje Dahomey, e que em geral na diáspora tem sido praticado. O veve também é praticado no Benin, Togo, Ghana, República do Congo e Costa do Marfim até os dias atuais, e além do vodunnon, o bokonon também o pratica quando necessário em suas oferendas rituais.
O amasìn (amaci) que a crença umbandista pratica, também é uma prática de origem jeje, não só ritual, mas também como medicamento quando preparado para esta finalidade, com as folhas ou ervas adequadas.
Uma divindade de origem Jeje, uma ninfa, era muito cultuada no Omoloko e relacionada com Oxum, e carinhosamente tratada Mamãe Sinda (sín-da água; dàn-serpente), Mamãe Sinda da cobra coral, sincretizada com N. Sra. da Penha -talvez influência da imagem da serpente aos seus pés e mesmo da presença da Igreja da Penha no Rio de Janeiro- também denominada Oxum da Cobra Coral, que na realidade é um vodún feminino, uma ninfa, metade serpente, metade mulher, uma Mami Wata. Alguns terreiros de Umbanda preservaram a adoração à esta divindade no Brasil louvando-a com cânticos em Língua Portuguêsa.

“Mamãe Sinda como é linda,
Mamãe Sinda, Mamãe Sindá!
Mamãe Sinda vem n'Umbanda,
Mamãe Sinda da Cobra Corá!”

Muitos outros traços de herança Jeje se fazem presentes em muitos terreiros de Umbanda até os dias de hoje, nos tipos de fios de contas (guias) de contas maiores que a conhecida missanga, na forma de se amarrar o pano de cabeça, na roupagem tradicional e simples, que para muitos, lembra a época antiga dos antigos candomblés de Jeje Dahomey.

Glàséma.


Foto em:
http://www.missouriplants.com



Glàséma



(BELDROEGA)


Planta muito conhecida no Brasil e no Benin e de muitas propriedades medicinais, sendo muito utilizada para combater processos inflamatórios, principamente dos rins, com ação analgésica e antitérmica, também é denominada Teresinha, uma variedade da Onze Horas. Apresenta flores de cores variadas, sendo a de flores amarelas e a de flores lilás as mais comumente encontradas no Brasil. Esta planta muitas vezes serve na decoração jardins de casas e lugares públicos, decorando canteiros. É conhecida por Glàséma em fongbè.

“Nome científico- Portulaca oleracea L.
Família- Portulacáceas
Sinonímia popular- Salada-de-negro, caaponga, porcelana
Sinonímia científica- Portulaca marginata Kunth.
Parte usada- Planta inteira
Propriedades terapêuticas- Diurética, laxante, vermífuga, antiescorbútica, sudorífera, colerética, depurativa, emoliente, anti-inflamatória, antipirética e antibacteriana.
Princípios ativos- Ácido oxálico, sais de potássio (nitrato, cloreto e sulfato) ( 1% na planta fresca e 70% na planta seca), derivados da catecolamina (noradrenalina, DOPA e dopamina, em altas concentrações), ômega 3.
Indicações terapêuticas- Depurativa do sangue, disenteria, enterite aguda, mastite, hemorróidas, cistite, hemoptise, cólicas renais, queimaduras, úlceras, inflamação dos olhos.
Outros sinônimos científicos:
Portulaca marginata Kunth.
Portulaca oleracea subsp. Sylvestris (DC.) Thell.
Portulaca oleracea var. opposita Poelln.
Portulaca retusa Engelm.

Outros sinônimos populares:
Ora-pro-nobis, bredo-do-porco, verdolaga, beldroega-pequena, beldroega-da-horta, onze-horas.

Origem:
A literatura é um pouco confusa quanto a sua origem. Tem-se referência de que ela seja nativa da China, Japão, Índia, África e partes da Europa. Outras literaturas trazem referência de que as espécies desta família são originárias principalmente da América ocidental e andina.

Outros princípios ativos:
Mucilagem, saponina, vitamina C (700mg por 100g da planta fresca), proteína, alcalóides (0,03%), glicosídeos, esteróis, óleo essencial, resinas, ácidos orgânicos, ômega 3 (é a planta conhecida mais rica em ômega 3 encontrado em óleos de peixes).

Nome em outros idiomas:
Alemão: Portulak
Espanhol: Verdolaga
Francês: Poupier
Inglês: Purslane
Italiano: Portulaca
Árabe: Bakli, Farfhin
Grego: Glystiritha
Armênia: Perper

Uso medicinal:
A Beldroega é considerada uma planta refrescante. A beldroega tem valiosos minerais, vitaminas, e grande quantidade de ácido salicílico. Em infusões é tônica e depurativa do sangue.
É empregada internamente contra disenteria (principalmente infantil), enterite aguda, mastite e hemorróidas. As folhas são utilizadas contra cistite, hemoptise, cólicas renais, queimaduras e úlceras.
Suas folhas tem propriedades diuréticas e refrescantes. Aplicadas sobre as feridas favorecem a cicatrização e, em decocções, combatem as inflamações dos olhos. Colocando-se folhas de beldroega debaixo da língua ajuda a acalmar a sede.
As folhas também podem ser aplicadas como compressas para acalmar hematomas e inflamações nos olhos.
As sementes são vermífugas poderosas e excelentes emenagogas. O suco é particularmente efetivo, internamente ou externamente no tratamento de doenças de pele.
Indígenas das Guianas usam-na contra diabetes, para problemas digestivos e como emoliente e, externamente, como ungüento para problemas musculares.
Estudos clínicos têm mostrado que esta planta é rica fonte de ácido graxo Omega-3, substância importante na prevenção de infartos e no fortalecimento do sistema imunológico. Devido a presença de catecolaminas em seu extrato aquoso verificou-se também uma ação relaxante na musculatura.
Dosagem indicada:
Diurético (infusão)
Colocar, em uma xícara de água fervente, uma pitada de folhas de beldroega. Passado 15 minutos, filtrar e adoçar o líquido, bebendo-o em duas vezes.

Uso culinário:
As folhas jovens tem um sabor refrescante e podem ser consumidas em saladas ou cozidas ao vapor. As folhas mais velhas podem ser usadas para enriquecer sopas e ensopados. Os talos podem ser consumidos picados para saladas no inverno.

Salada refrescante de verão:
1 alface grande
1 maço pequeno de folhas de beterraba
8 folhas jovens de borragem
3 folhas jovens de tília
4 folhas picadas de melissa
um maço caprichado de folhas de beldroega
1 pepino finamente picado
molho de vinagrete
Lave bem e seque todos os ingredientes, rasgue as folhas se necessário. Misture tudo e adicione o molho de vinagrete.
Adicionar folhas de beldroega no espinafre refogado lhe confere um sabor extra.
Sanduíches feitos com fatias finas de pão preto, queijo cremoso e folhas de beldroega são uma excelente indicação para uma refeição leve e saudável.
A beldroega é ingrediente importante em uma sopa tradicional francesa, a Bonne Femme.

Curiosidades:
Todas as partes desta planta vem sendo usadas na medicina tradicional há séculos em todo o mundo, sendo de 500 AC seu primeiro registro na literatura na China.
É uma planta muito apreciada pelos coelhos.
Outra variedade, a Portulaca grandiflora, é muito apreciada por ser ornamental.
Seu nome genérico Portulaca provém do latim portula que significa pequena porta, referindo-se a maneira de como sua cápsula abre-se. Seu nome específico Oleracea refere-se a seu uso na cozinha.
Na Idade Média era considerada uma planta que protegia dos maus espíritos e com um poder "antifeitiço". Há registro de que um herbalista do século XVI disse que a beldroega esfria o sangue e provoca o aumento de apetite.”

Fonte:
http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/ver_1pl.asp?f_cod=21

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Azonadô

Tronco do Azonadô (A folhagem é de coqueiros ao lado).

Azonwanno Vodún dança com seu já.

Azoano adô ou Azonadô- Denominação aportuguesada no Brasil, que é oriunda do nome da Paineira Azonwanno a dŏ (O subidor de Azonwanno; onde o vodún sobe), árvore coberta de espinhos, senão acúleos, e que floresce anualmente, cuja muda teria sido plantada na antiga, hoje extinta, área do Candomblé do Bogum, e trazida por um avô da saudosa Mãe Menininha do Gantois, chamado Salakó, da costa africana; não mais existente no local desde 1979, quando foi -infelizmente- tombada tendo em torno de dois séculos de idade, alegando-se risco e danos as residências da ladeira e substituída pela finada Mãe Nicinha de Loko, por um Flamboyant Amarelo dentro da área que restou do Bogum.
O mito do vodún encerra a capacidade que têm de escalar o tronco de uma árvore coberta de espinhos, como que por magia, já que possui a fama de ser um grande feiticeiro.

O Prof. Vivaldo da Costa Lima registra:
"(...) Do mesmo modo que a falecida mãe-de-santo Runhó do antigo terreiro Jeje do Bogum, terreiro importante ao ponto de dar, como o do Gantois, seu nome a todo o bairro em que se situa - falando da historia de sua casa, dizia: "Tiana Jeje, mãe pequena daqui antes da finada Emiliana, tinha marca da nação no rosto. Tiana veio do tempo de meu pai-de-santo. No tempo em que fiz o santo ainda foi com africano na casa. Já a finada Emiliana era crioula (5). E continuava, saudosista: "A primeira mãe-de-santo era Ludovina, que era africana. Os terreiros de Jeje já acabaram tudo, Carabetã, Campina de Bosqueja, Agomenã, tudo..."
Mas a casa do Bogum continua, apesar da melancolia com que vodunsi RUNHÓ lamentava os tempos pretéritos "dos africanos", a manter a tradição de ser a casa mais pura de jeje-marrim que há na Bahia" (6). Esse terreiro possui diversos assentos de vodus daomenos e sua mãe-de-santo pode passar muito tempo falando dos mitos de sua nação e contando histórias dos velhos tempos em que "os jejes eram respeitados só com o nome". Irmã-de santo da famosa EMILIANA do Bogum (7) a quem substituiu na direção da casa, explicava, ainda: Emiliana morreu ha 15 anos (em 1966) e tinha 92 anos de idade. 0 terreiro foi fundado por africanos e tem mais de 100 anos. Esta é a segunda casa feita aqui no mesmo lugar. A gente quer acabar mas tem tanto santo por aí que veio da África que todos nós só lamenta aquela árvore onde esta assentado Azoano Ado (8)... "Houve a primeira casa que foi dos africanos, depois foi ficando nos caboclos. Esta casa foi construída em 1927, tem mais de trinta anos. A outra era de taipa. Nós não fazia questão de continuar, mas todo mundo dizia " Terreiro é o de Jeje!". Mas também a mãe-de-santo VALENTINA-RUNHÓ do Bogum, quando falava em "Jeje", estava se referindo a nação de seu terreiro, que de sua própria família biológica ela dizia apenas que era "de africanos". (...)"
"(...) 5. A palavra foi empregada no antigo sentido " conservado em algumas áreas lingüísticas " de "negro nascido no Brasil".
6. Jeje-marrim é umas das nações jejes conhecidas no Brasil. A expressão alude aos fõs da nação Mahi, ao noroeste de Ketu, e ao norte de Abomé. Dos Mahi escreve CORNEVIN: "C'est leur esprit indépendent, difficile et querelleur, surtout entre eux, qui leur valut le qualificatif de "MaHiNou", ce qui signifie presque litéralement "les démangés de la rage"./ Le terme Mahi fut ensuite étendu par les gens d'Abomey a tous les habitants de la région comprise entre les qroupements fon et les groupements yorouba" (1962, 47).
7. CARNEIRO,(1948,28-109)
8. Vodun daomeano, conhecido nas casas jejes ou que "tem uma parte de jeje". O terreiro da falecida mãe-de-santo CECILIA MOREIRA DE BRITO, em Cosme de Farias, tem como padroeiro a "Azoano, que é o nome que Omulu tem do lado de jeje marrim". (Entrevista 5, 1'. série). A Casa de Obaluâe, da mãe MARIA ANTONIA BISPO DA PAIXÃO; Magujé de Obaluâe, na Federação, tem Azoano igualmente como padroeiro: "Azoane é o dono da Casa".(...)"
(In: A Família de Santo nos Candomblés Jeje-Nagô da Bahia: Um Estudo de Relações Intragrupais, Salvador, Universidade Federal da Bahia, 1977.)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ayizan.

Palmeira Ráfia.

Dendezeiro.

Vodún que penetrou no Benin através da cultura ewe-adja, lá é tida como esposa do vodún Lègba. Representa o território, é considerada vodún dos mercados, e vodún da fertilidade da terra para que a mesma possa ser cultivada. Ayizan é representada na Palmeira Ráfia, ora no Dendezeiro, e a vemos em outras palmeiras, árvores cujas folhas recebem a denominação geral de zan. O ritual de sarapokan de Jeje Dahomey e Jeje Mahi no Brasil, nesta última ramificação do candomblé Jeje, onde o iniciando ainda apresenta cabelo antes de ser raspado, é uma reverência a este vodún, representa a penetração neste território sagrado de culto aos voduns.
Ayizan é festejada no Togo, quando da colheita do feijão, ocasião em que o vodún Legba se faz presente nesta festividade. Suas oferendas constam de cereais, sobretudo feijão. Seu atin (árvore) principal oferece a produção do sodabi; e aprecia o dendê, daí suas relações com o mercado. No Benin algumas tradições de vodún levam suas togbosi (tobosi do mahi; ahwansi em Allada; entidades femininas infantis do vodún Azili /Aziri/ principalmente) ao mercado após uma prévia consulta com vi (Noz de Cola) aos voduns, estes representados em montículos de terra, em reverência a Ayizan, e como uma forma de reintegração com a vida profana ao final do processo iniciático, o que no Brasil ficou substituído, aculturadamente, pela conhecida “Quitanda do Erê”, ritual nagô baseado no culto jeje. Desta forma este vodún passa a representar além do início do sagrado, o limite que estabelece uma ponte com a vida profana. É um vodún muito conhecido também no Haiti e em Cuba, onde também possui relações com os ritos de iniciação. É costume de algumas casas no Brasil pôr Ayizan como primeiro vodún no zandró (sequência de cânticos festivos e rituais) devido à sua pactualidade com Lègba e por representar o território sagrado, bem como sua palmeira estar à entrada de pórticos, templos, casas e espaços sagrados. Diversas cidades no Togo e no Benin tem este vodún na história de sua fundação, e diversos fundadores e reis, prestaram culto a Ayizan.
As árvores sagradas são também cingidas em determinada épocas, envoltas com uma tira de zan desfiada de modo a alertar que ali é morada (território) de um ou mais voduns, como o Hun'tin (Folha de Serra; Falsa Espinheira Santa; Cincho) do vodún Dangbe e o Loko'tin (Iroko; Gameleira branca) de Loko e outros.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Formação do Candomblé de Nagô Vodum.

A formação do ëgbë introduziu a forma de culto de vários grupos étnicos africanos presentes no Brasil ao final do 18º e início do 19º século DC.
O grupo Jeje ao passo que teve no passado sua extensão de terras do culto vodún cada vez mais limitada, foi cedendo cada vez mais ao modelo paradigma do ëgbë (sociedade) da nação de Ketu, e eis que surge o nagô vodum, muito complexo em sua ritualística, pois varia de acordo com o rito jeje do qual procede. O nagô vodum foi uma forma de resistência da comunidade jeje ameaçada, sobretudo em locais face a exploração imobiliária, tendo como resultado uma crescente aculturação dos rituais jeje dentro do candomblé. Houve a formação do Jeje Mahi com Ketu, do Savalu com Ketu, do Mina com Ketu, do Jeje Dahomey com Ketu, enfim, estabelecendo cultos diferentes de nagô vodum devido a sua origem e prestados a diferentes divindades jeje, embora a parte nagô seja algo similar cultuando os awön òrisà muito conhecidos no Brasil. Na realidade, e não muito diferente da prática Mahi e de Savalu, o òrisà torna-se o arquétipo de um vodún, porém, nem toda correspondência pode ser estabelecida devido a imcompatibilidade na forma de se reverenciar a um e a outro. Tal forma não dista da concepção fon e ewe de vodún, onde cada identidade vodún representa além de seu grupo venerando, o conceito próprio de sua origem mítica, acontecimentos lendários e reais, a justificativa de ritos, o espaço e o tempo, por fim o nome que lhe faz único, individual, conceito tecido até a atualidade. A formação Jeje Savalu foi a que menos sofreu com tais alterações pois vem de uma região na áfrica onde a presença nagô é muito forte e constitutiva, então, rapidamente, o Jeje Savalu adequou-se a formação do ëgbë, posteriormente, o modelo nagô vodum deste Jeje não alterou muito sua identidade, em grande parte oriunda dos nagôs na África.
A diferença traduz a origem e pode ser encontrada em toda ritualística, pois está manifesta no pouco do que não foi aculturado, ou pelo menos em parte. O nagô vodum não se trata de ter sido inventado como nação, conforme alguns pesquisadores afirmam, mas como formação cultural tendente ao nagô, e entende-se a cultura como invenção e reinterpretação de gerações, mas de uma forma de resistência do negro, as violências sociais do novo mundo, sob o que lhe congregava, a crença, o que mantinha vivo hábitos e costumes da vida cotidiana do africano que perpetuou na diáspora. Um exemplo de aculturação do Jeje para nagô vodum pode ser bem evidenciado quando se oberva casas de culto, que descenderam principalmente daquelas oriundas do Jeje Mahi de Cachoeira, Estado da Bahia que passaram a cultuar divindades oriundas dos awön yorùbá como Logunëdë e Osagian (Ajagunan), este último que não se arquetipa como um Olisa mahi como Osalufön, que aliás seria o próprio, em termos de conceitos científicos, investigando-se a origem de culto deste vodún.
A especulação imobiliária onde o “progresso” desenfreado, ou dessensibilizado e discriminador, chegou, talvez tenha sido fator primordial de aculturação, mas houveram fatores inerentes na prática do jeje que contribuiram para tal, como o tempo de reclusão em rituais de iniciações que com a República, e posteriormente normatização do trabalho, e ainda posteriormente do trabalhor, e das conquistas dos movimentos femininos na primeira metade do século passado, a têndencia ao nagô vodum tornou-se marcante, pois as reclusões acompanham ao modelo de Ketu, em tempo menor, diferentemente do candomblé de Jeje da época, que mesmo sob a influência da formação do ëgbë mantinha um tempo bem significante de reclusão. O tempo de reclusão Jeje compreendia extensivo aprendizado, inclusive do idioma falado e cantado dentre outras coisas pertinentes a religiosidade, fato que acelerou a aculturação de uma forma geral, pois sem o domínio pleno do idioma a compreensão e a reproduçao da cultura fica comprometida.

 


 

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Identidade Mahi (Maxi).

A constituição da origem Mahi é devida as populações que migraram em diferentes períodos para aquela região, principalmente os clãs Devonu, Dovinu, Djigbénu, Gbanlinnu e Ayonu.
Divo é uma cidade povoada na Costa do Marfim originalmente pelos povos cuja linguagem Djiboua (Djigbé) é o Dida. O Departamento de Divo tem uma população estimada em 387 000 habitantes.
O nome Divo veio de uma transcrição errada por parte das autoridades coloniais. Este nome vem do vocábulo “dji bi” em Dida, e na realidade traduz-se “ Lá por onde a pantera caminha”. Segundo a lenda, os seus antepassados ficaram estabelecidos à altura de Sassandra. Como resultado de disputas entre diferentes famílias, uma guerra teria forçado o grupo a emigrar derrotado. Migraram a Leste, através de um grande rio, e ficaram ali estabelecidos.
Ainda afetados por mais conflitos, o grupo partiu dali em pequenos grupos para localidade hoje conhecida como terra dos Didas. Do mesmo modo, "Divo" sempre deu controvérsia. São estes, os primeiros exploradores que chegaram em Grand Lahou para Bada. Localidade da terra Dida que teve guias Avikam que sabiam que o povo da região, sob o nome Djiboua (Djigbé), é descendente de uma pantera. E que a transcrição feita pelo explorador do nome teria dado a Djiboua a deformação “Divo”.
Numa outra versão apresentada a criação de Divo remonta a tempos imemoriais. Um total de quinze aldeias foram criadas.
Com efeito, segundo a lenda, o clã Djigbé, ou Djiboua, teria vivido na casa Gbogré-Djigbi, a actual cidade de Sassandra onde ele compartilhou com o clã Gnahoré. Deixando Gnahoré como resultado de uma disputa, os Djigbé primeiro foram para Liboli (próximo de Tioco) procurando subisistência e formando várias aldeias.
Assim, parte do clã descendeu aos Godi, e outros acompanharam o rastro dos búfalos, e acabaram formando Brabodougou, ou seja, o rastro de búfalos, e uma terceira parte cria cavalo e vai originar o povoado de Bribory, que é o nome de um caçador de Grozom.

Presentes no Dahomey muitos descendentes deste clã, no passado refugiaram-se das guerras, e também a procura de subsistência, na região Mahi, da mesma forma que outros clãs ali foram se estabelecendo com o passar do tempo.
“O Benim central constitui a fronteira agrária última do país, e um mosaico étnico verdadeiro. As ondas sucessivas da migração que vem de regiões densamente povoadas (Montanhas de Atakora na parte do noroeste do país, planalto de Aja no sudoeste, e ao sul-central – o Planalto de Abomey) transformaram profundamente a paisagem agrícola e política durante 40 anos passados, especialmente em duas décadas passadas. Contudo, a história da mobilidade na região é mais velha. Pode ser traçado atrás pelo que no período entre guerras quando os homens pela maior parte jovens entraram em equipes de funcionários à Costa Dourada e depois à Costa de Marfim. Antes disto, o Benim central, desde o décimo sétimo século tinha sido uma zona de “buffers” entre o estado invasor e esclavagista do Dahomey no sul, Oyo no Leste, e as chefias Wasangari de Borgu pré-coloniais. A mobilidade e a identidade de declocamento, bem como as lealdades políticas, foram a parte e a parcela do contexto; e o ”grupo étnico” Mahi pode ser visto como um subproduto desta história instável. (os Mahi pertencem ao grupo de Gbe-falantes como o Fon, o grupo étnico dominante no Benim e, em conjunto com vários subgrupos de Iorubá, são considerados como 'os autóctones no Benim central.) Contudo, a etnogênese Mahi foi processo de longo prazo (os registros primeiros traços do nome remontam os anos 1730; a Lei 1991) e permanece um "trabalho cultural contínuo” (Casca 1989), medir por palmos dos períodos pré-coloniais, coloniais e pós-coloniais. Além disso, ele não é de modo nenhum um processo linear, conseqüentemente resultando 'no Mahi' como um grupo de contorno nítido e homogênio que coincidiria exatamente com o nós-grupo. Por exemplo, a política francesa da aliança (com os reis de Mahi, supostos, e confederações de Dassa) na primeira fase de colonização e formas não-estabilizadas de administração indígena e divisões territoriais, engendou muita confusão e debates 'sobre uma verdadeira' identidade Mahi, que duram a este dia (e renovado dentro de descentralização e política com muitos participantes). Os argumentos são ao mesmo tempo ancorados em interpretações contrárias por cima do papel de clãs Mahi e chefias nas guerras pré-coloniais e alianças com, ou contra, a monarquia do Dahomey, e o Iorubá vizinho o afirma. Além disso, a sensação da pertinência é feita de identidade vária e situada, não limitada ao étnico. A interação de múltiplos pertences com acesso de terra e controle é descrita e analisada nesta contribuição com base na pesquisa de campanha (missões a curto prazo) executado em 1993, 1995, e 2002 na comuna de Gbanlin localizada alguns quilômetros a oeste de Ouessè no norte de Zou (agora o Département des Collines). O Gbanlin foi fundado até o final do décimo nono século agregando vários clãs (akò), cada um deles tendo uma trajetória complexa de fuga e restabelecimento. O clã é assim da grande importância, embora praticamente conflitante com a linhagem (hènnu) que parece ser a sua expressão localizada (ao nível de aldeia). Pensaram originalmente em relações entre linhagens e dentro deles (entre segmentos ou hwe) como funcional e não como hierárquico, apesar da preeminência do clã de fundação Devo. O clã/linhagem é espontaneamente tratado um nível primário como de pertencer (neste aspecto, não há nenhuma diferença entre a natureza de étnico, clã e níveis de linhagem; Mercier 1968). Isto foi forjado pela história pré-colonial de deslocações de linhagem e encontros (ainda em parte refletido na nomeação de linhagens). Contudo, um sentido da localidade progressivamente emergiu em aldeia e nível de ala (ver também a importância de vilas agrícolas – doho – e campo ou "fazenda" – gleji – em representações espaciais locais). Isto ocorreu pela história do acordo, a estabilização territorial ocasionada pela colonização, e alianças políticas e matrimoniais entre linhagens. Esta sensação da pertinência foi além disso – e um tanto paradoxalmente – reforçada por migrações de grupos de funcionários à Costa do Ouro e a Costa de Marfim no período dos anos 1930 aos anos 1960, baseadas em critérios de parentesco e vizinhaça (ver também o papel de investimentos sociais na aldeia graças à prosperidade adquirida na migração). Isto contribuiu para um sentido de 'Mahidade' especialmente com respeito a outros grupos autóctones da área (o Iorubá subagrupa-se tal qual os Savè e os Idasa).
Os fatores diferentes vieram para fazer o quadro mais complexo dos anos 1970 e os anos 1980 para a frente. Os emigrantes de outras regiões do Benim ficaram a parte de estratégias de acumulação locais pelo controle por cima da força de trabalho. A seqüência do acordo usado para começar com uma relação de trabalho antes do emigrante foi concedida uma parte da terra pela cabeça de linhagem (hènnugan). Como sinal de relações sociais entre proprietários de terras autóctones e emigrantes, as questões de terra progressivamente emergem como intrinsecamente políticas (ver por exemplo os emigrantes de exclusão das arenas públicas locais e a sua adoção de cultos Vodun locais). As inovações institucionais ocorreram nos anos 1990 com a imposição de um aluguel de terra em emigrantes, com a chefia tenta introduzir a arena de estabilidade de terra, e com a partida – e instrumentalization – de um projeto de gerência de recurso natural. A tensão principal não descansa de fato na oposição entre autóctones e recém-chegados, mas um tanto entre pessoas idosas e crianças. Isto é primeiramente por causa de experiências contrastantes da migração: para as antigas, economicamente e socialmente prósperas, Ghana e Costa do Marfim, muito mais frustrante para a última que foi desalojada da Nigéria nos anos 1980. Esta linha da rachadura foi reforçada (e também complicada) com a intrusão de novas igrejas cristãs do fim de de anos 1980 para a frente, resultando em – e exprimindo - conflitos agudos. O sócio religioso não reproduziu simplesmente uma oposição intergênere local, ele também teve um conteúdo econômico forte (entre grandes homens locais que são grandes comerciantes de colheita alimentares) e tendeu a limites de aldeias crosscut (por uma oposição entre novas igrejas Protestantes de um lado, e uma coalizão de Católico e grupos Vodun de outro lado). A dificuldade entre várias linhas da oposição (geração, prosperidade, linhagem, religião, autoctonia) é refletida em uma proposta negociada nos anos 1990 para a partição de uma aldeia em três alas autônomas (de fato três aldeias administrativas) onde nenhuma dessas linhas dominaria claramente. A divisão da aldeia é assim um tanto vista por elites locais como um modo racional de recuperar o controle social e político por cima de uma comunidade mais limitada inclusive emigrantes e "desordeiros" jovens.(...)”
(In: Localidade, terra e mobilidade no Benim central: o caso de Gbanlin, por Pierre-Yves Le Meur)

A busca pela indentidade própria e sua relações extendeu-se à diáspora dentro de sua cultura e com grande ênfase em sua religiosidade, principal fator de coesão social dentro do grupo, ainda que dentro de uma cultura imposta como foi a do escravizador.
No Brasil uma separação entre Minas e Mahis se deu pela razão principal de que os Minas estariam mais ligados culturalmente ao reino escravizador do Dahomey e inimigo dos Mahis que eram aliados dos Iorubás.
“No Brasil, como corretamente observa Hall, o termo “mina” era apli-
cado, em alguns contextos, aos que falavam as línguas gbe. A bem conheci-
da Casa das Minas, em São Luís do Maranhão, por exemplo, é uma casa de
culto de origem especificamente daomeana, onde se veneram espíritos as-
sociados à dinastia real do Daomé. Um vocabulário da “língua geral da
mina” compilado na Capitania de Minas Gerais em 1741 é igualmente de
língua gbe, basicamente fon, embora incorporando alguns elementos de outros
dialetos. O vocabulário, de modo um tanto confuso, dá como equivalen-
te vernacular de gente mina a palavra guno. Como “nu” quer dizer povo,
guno seria “povo gu”, e indica os minas como gamthòmè. A palavra “tome”
corresponde a país, sendo, então, “país dos gam”. Assim sendo, os chama-
dos guno seriam presumivelmente os “gun”, nome do grupo gbe situado adi-
ante, a sudeste, na faixa da fronteira entre os atuais Benim e Nigéria, inclu-
indo as localidades de Porto-Novo, no Benim, e Badagri, na Nigéria, e os
gamthòmè estariam relacionados a Gen, isto é, Popó Pequeno, mas talvez esta
segunda forma possa ser um erro de impressão.
No Rio de Janeiro, uma“Congregação dos Pretos Minas”, formada ao longo da década
de 1740,incluía várias nações, todas elas falando uma língua comum: “dagomés”,
“makis”, “sabarus”, “agonlins” e “ianos”, isto é, Daomé, Mahi (imediata-
mente a nordeste do Daomé), Savalu, ao norte do Daomé, Agonlin, a leste,
cuja principal vila é Covè, e Oió. Os oió são também chamados ayonu que,
em fon, quer dizer “povo de Oió”, e estão localizados mais no interior, para
lá dos mahi, na direção nordeste. Os oió falam iorubá – e não gbe – e sua
incorporação aos “minas”, de língua gbe, reflete, provavelmente, outro caso
de bilingüismo. Em 1762, a congregação se dividiu e os mahi, os savalu, os
agonlin e os oió formaram a “Congregação dos Pretos Minas do Reino de
Maki”. É digno de nota que esta separação não seguiu o recorte linguístico
(os de língua gbe contra os de língua iorubá), mas sim alinhamentos políti-
cos na África, onde os quatro grupos sessecionistas eram inimigos do reino
do Daomé e/ou vítimas de sua expansão territorial.”
( In: Etnias de Africanos na Diáspora:
Novas Considerações Sobre os
Significados do Termo "Mina". Por Robin Law).

domingo, 17 de maio de 2009

Árvores (Espécie e Família) Popularmente Veneradas no Culto aos Voduns no Benin e no Togo.



1
Adansonia digitata
Bombacaceae
2
Afzelia africana
Caesalpiniaceae
3
Albizia zygia
Mimosaceae
4
Antiaris africana
Moraceae
5
Bombax costatum
Bombacaceae
6
Borassus aethiopum
Arecaceae
7
Ceiba pentandra
Bombacaceae
8
Celtis integrifolia
Ulmaceae
9
Daniellia oliveri
Caesalpiniaceae
10
Diospyros mespiliformis
Ebenaceae
11
Diospyros monbuttensis
Ebenaceae
12
Dracaena arborea
Agavaceae
13
Elaeis guineensis
Arecaceae
14
Ficus capensis
Moraceae
15
Ficus polita
Moraceae
16
Grewia carpinifolia
Tiliaceae
17
Holarrhena floribunda
Apocynaceae
18
Hymenocardia acida
Euphorbiaceae
19
Khaya senegalensis
Meliaceae
20
Lecaniodiscus cupanioides
Sapindaceae
21
Lophira lanceolata
Ochnaceae
22
Milicia excelsa
Moraceae
23
Newbouldia laevis
Bignoniaceae
24
Parkia biglobosa
Mimosaceae
25
Tamarindus indica
Caesalpiniaceae
26
Triplochiton scleroxylon
Sterculiaceae
28
Vitex doniana.
Verbenaceae
27
Vittelaria paradoxa
Sapotaceae
29
Zanha golungensis
Sapindaceae
30
Zanthoxylun zanthoxyloides
Rutaceae


Vide nosso link anterior "As árvores sagradas dos voduns."

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Barco de Vodunsis

Comumente conhecido como barco de yaô, derivando a palavra yaô de uma denominação nagô no candomblé, os postulantes seguem uma ordem específica de acordo com a sequência hierárquica da divindade que possui, o vodún para o qual está sendo iniciado. O nome pelo qual é conhecido cada vodunsi é acrescido do nome de seu vodún e ficará assim conhecido o neófito até completar seu ciclo iniciático que no Brasil culmina com a obrigação de 7 anos, e durante este tempo nos períodos de clausura e nos de atividades do hunkpame há um aprendizado religioso e prático para a vida com rezas, cantigas, conhecimento litúrgico e medicinal das ervas, um idioma básico, etc.
Os conhecidos postos do primeiro ao último são Dofonu, Dofonitin, Fomu, Fomutin, Gamu, Gamutin, Vimu e Vimutin, variando o termo empregado que tendeu à aportuguesagem com o passar do tempo, assim sendo encontramos formas que empregam gênero como dofono e dofona, e outras que sem perder o sentido relacionam gênero, tamanho e intensidade como dofonitinho e dofonitinha, etc.
A procedência de cada termo é bem justificada em fongbè, quando para o Fon o iniciando está sendo preparado para a sociedade à partir de um estado “crú” ou “Mu”.

1-Don Fonnu- Aquele que está “longe de ser um Fon”;

2-Don Fonnu tiin- Aquele que está “muito longe de ser um Fon”;

3-Fon mu- É o “fon crú”;

4-Fon mu tiin- É o “fon muito crú”;

5-Gàn mu- Assimilado ao “ferro crú”;

6-Gàn mu tiin- “ferro muito crú”;

7-Vi mu- A “ criança crua”;

8-Vi mu tiin- É a “criança muito crua”.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Vodúngbe Gblamὲ (A Semana Fon).

Domingo- Vodúngbé- aklúnɔ́zángbè. Domingo (caindo no dia da “enchada” da antiga semana) – alìntín. Vodúngbé é o dia sagrado de se cultuar o vodún, em algumas aldeias no Benin não se pode fazer nada neste dia, caso contrário poderá até pagar uma multa.

Em Avlékété, aldeia litorânea no sul do Benin, cuja economia e subsistência é baseada na pesca, o dia Vodúngbé é um dia que deve ser respeitado por todos.

Em Ganvié, aldeia-lago no Benin, a pesca tradicional para, devido à crença e respeito aos voduns, e principalmente aos voduns da água como Anasi Gbegu, Avlékété e Agboé;

Segunda-feira‑ Tέnígbè- vodúngbé fɔ́n j'àyĭ. Segunda-feira, a útima (ou domingo, o último)- vodúngbe é kó wá yí ɔ́;

Terça-feira‑ Gùzángbè ‑talátà ‑talátàgbè. É o dia dedicado a Gú, vodún da Guerra e da forja;

Quarta-feira‑ Azăngagbè;

Quinta-feira‑ Lamísigbè; Vodúnzangbè

Sexta-feira- Axɔ́súzán - axɔ́zángbè - jĭmagbè – mεxózán. Literalmente “o dia do rei”. É o dia dedicado ao vodún Sakpata;

Sábado‑ Sabázángbè.

sábado, 2 de maio de 2009

Sógbó


Se analisarmos o vodún Sógbó (grande ráio) por etnias provenientes de Ghana, podemos indentificá-lo como sendo um vodún feminino da família de Hebioso (ou Hevioso) que foi levado para o que hoje conhecemos por República do Benin, tendo passado pelo Tado (atual Togo) com as conquistas e expansão dos ewe-adja, cuja cultura no Brasil indentificou o Candomblé de Jeje Dahomey (termo usado posteriormente para distinguirem-se de Minas e Mahis), ou simplemente Jeje, de formação muito anterior ao reino de Dahomey dos Fons, contudo, quero aqui neste tópico considerar este vodún, como os mahis e outros povos do Benin e no Candomblé Jeje Mahi o consideram, ou seja: Um sinônimo do òrisà Sàngó. Muito antes do Culto de Hevioso já havia no Dahomey, e antes da formação do Dahomey propriamente dito, o culto do vodún Djisó (ráio do céu), este culto tem origem nagô e era praticado pelo clã dos Djétovi e foi levado para Abomey na época do rei Glélé à partir de suas conquistas no território Mahi, daí Abomey perpetuar cultos distintos a Sógbó, um à forma feminina em uma família oriunda dos Adja, e outro à forma masculina oriunda do Mahis. Como o culto de Hevioso também se expandiu, tal forma feminina também é encontrada em locais distantes de Abomey.
Uma lenda já citada no blog PAPOINFORMAL conta o seguinte:
“Desejando descansar após criar o mundo, Mawu, deusa criadora, deu aos filhos Sakpata e Sógbó (Grande Ráio - sinônimo de Hevioso aqui nesta lenda Fon) o cuidado de preservar o seu trabalho, mas os dois vieram a se desentender por ciúmes, a partir daí, Sakpata se punha distante de seu irmão para resolver problemas originados em seu reino, o céu.
Como filho mais velho, ele teve de herdar a maior parte dos bens de seus pais, Sógbó achava isso preferência pelo irmão.
Sakpata havia garantido para si uma posição de soberano e tinha uma grande alegria, a de que os homens mostravam reconhecer o seu reinado, porém, começaram a reclamar porquê a chuva que deveria cair regularmente não caía, e começou, então, a haver muita sêca por toda a terra. Eles reclamavam em alta voz com Sakpata, que por vez se lamentava pelo que estava acontecendo em seu reino, a terra.
Um ano se passou sem a menor gota de chuva...um verdadeiro caos.
A agricultura praticamente não havia mais, havia apenas sêca e calor intenso na terra.
Sakpata observou que Lègba, seu irmão caçula que tudo vigiava e contava para Mawu, e um bokonon (advinho) viajavam pela terra falando de Fá e do oráculo sagrado. Ele reuniu-se com eles e rogou por isso, porquê a chuva era esperada e não vinha nunca. Foi consultando o oráculo com eles que soube que havia uma disputa entre ele e Sógbó, os dois aspirantes do título do poder, e essa era a raiz do problema.
Sua solução envolveu um acordo entre as duas partes. Mas, para isso, tinha que o mais antigo se reconciliar com os mais novo e lhe ser fiel. Sakpata teve a dolorosa lembrança de ter esquecido do fogo e da água. Tarde demais?... Ele tinha a visão de como os homens, animais e plantas precisam tanto desta água agora detida no céu por Sógbó. Quando perguntado como é que ainda poderiam salvar a terra, Fá o aconselhou a recolher alguns dos seus bens terrenos. O pássaro Otutu (Oferenda) iria levá-los para o céu e transmitiria uma mensagem para Sógbó, assim foi... e eis que a ave voando bem alto começou a cantar em plena voz: "Sakpata uma notícia para você! Me entenda você, e então? Ele disse que tu abandone a casa, filho, pai, filho, mãe! Me entenda você, e então? " Como garantia que ouviu e viu o portador dessa notícia Sógbó clareia a terra, lançando um imenso ráio. Assim pode ele reconhecer o pássaro Otutu do irmão caçula que trouxe os presentes e a mensagem de seu irmão mais velho. Otutu disse que Sakpata, mandou dizer que “por ser mais velho, herdou todos os bens de seu pai, mas não havia reconhecido a verdadeira fonte do poder. Água e fogo tinham força para destruir todas as riquezas na terra, que é a razão pela qual o poder volta para aquele que o possui. Assim Sógbó superava a Sakpata.”
E eis que voltou a chover na terra.”

Os símbolos deste vodún são o machado de pedra do ráio sokpè (sokpέn) em fongbè e o sosiovi, um chocalho que imita o barulho da chuva, e com o qual é saudado, e que os nagôs denominam sërë.
Sógbó costuma punir os malfeitores e feiticeiros, e sempre pratica a justiça. É conhecido pelos mahis com a denominação de Sógbó Adan, ou seja: Corajoso Sógbó, diferenciando-o.
Assim como o tovodun (vodún das águas) Avelékété, da praia, do mar e da chuva forte é considerada a esposa de Hevioso, Öya (òrisà nagô) também é considerada a eposa de Sógbó Adan pelos mahis.
Seus filhos são: Djakuta (Adjakata; Jakata; Jakuta), Aklombe (Akolombe), Gbwesu (Besu), Akele, Alasan, Gbade (Bade), Aden, Kunte e Agbolensi. Todos pertencendo à família Jivodun (voduns do céu), e todos voduns do ráio.

Quando Sógbó Adan dança com seu sokpè, imita os ráios caindo sobre a terra, em ligeiras quebradas na dança. O que é exemplificado por esta toada muito conhecida nos candomblés de Jeje Mahi no Brasil:

“Sógbó Adan tá nu sá gba owè,
A cabeça do corajoso Sógbó vai até a coxa na quebra da dança,
Sógbó Adan tá nu sá gba o.
A cabeça do corajoso Sógbó vai até a coxa na quebra.”