terça-feira, 25 de outubro de 2011

Jokojɛ


Foto em www.plantes-botanique.org




Cissampelos mucronata

O Jokojɛ (pronuncia-se djocodjé em português) é uma trepadeira cujo nome em fon e em gun deriva do iorubá joko (abaixar) + jë (comer) - abaixar e comer, observado, desde então, seu uso em rituais ofertivos de certos voduns.
Esta planta é conhecida pela maioria dos minas como Kassahe (pronuncia-se cassarrê), é uma planta de um gênero muito utilizado, de amplo emprego ritual como o de possuir a capacidade de afastar os maus espíritos e também medicinal sendo um antiinflamatório eficiente, ela possui espécies conhecidas no Brasil como a Abutúa, Caapeba, ou Cipó-de-Cobra, de inúmeras propriedades medicamentosas.

A Exemplo de suas variedades e empregos, vejamos o conteúdo técnico abaixo que é oriundo do PROJETO: “EXTRATIVISMO NÃO-MADEIREIRO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA (ITTO – PD 31/99 Ver. 3 (I)”.
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PROJETO: “EXTRATIVISMO NÃO-MADEIREIRO E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA (ITTO – PD 31/99 Ver. 3 (I)”.
BANCO DE DADOS “NON WOOD”
NOME CIENTÍFICO:
Cissampelos pareira L.
FAMÍLIA:
Menispermaceae
SINÔNIMOS CIENTÍFICOS:
Cissampelos owariensis Beauvais ex DC.
NOMES VULGARES:
Brasil:
parreira-brava, parreira-do mato, patindu, uva-do-rio-apa, videira silvestre.
abuta, abutua, barbasco, butua, caapeba, cipó-de-cobra, pareira, pareira-brava,
Outros Países:
salud, guayacán, masquiaunsabe, patacón (Centro América); bejuco azul, venadero (Costa
Rica); ambastha, laghupatha (Índia); picamano (Nicarágua); akalbindu, akanabindu (Oriya);
kidikidikanda (Paroja); barbasco (Peru); hierba ratón, oreja de tigre (Venezuela); aknadil,
alcotá, aristoloche lobee, barbasco sacha, bejuco de cerca, bejuco de mona, bejuco de ratón,
bejuco morado, bejuco para baño, bejuquillo, chiric sanango, curarina, doradilla, false
pareira, feuille coeur, gasing-gasing, hierba de peso, hierba del jiote, imchich masha, liane
amère, liane-cordé, liane molle, liane patte cheval, midwife’s herb, mil hombres, musya
belo, kwartang gugi, oreja de ratón, palikur, peteltun, redondilla, sacha, velvet leaf.
chantimal, ghodakhuri (Batra, Rana); alcotan, amargoso, batato, bejuco de
Descrição botânica
“Planta dióica, trepadeira, de base lenhosa, com ramos de vários metros de
comprimento que chegam ao topo de grandes árvores. Folhas simples, arredondadas,
peltadas, glabras na face superior e revestidas por uma pubescência sedosa na inferior.
Flores pequenas, amareladas, as femininas com 1 sépala e 1 pétala e as masculinas com 4
sépalas e 4 pétalas. Os frutos são drupas globosas, vermelhas, de superfície híspida”
(Lorenzi & Matos, 2002). A raiz é fibrosa, irregular, tortuosa, variando a espessura até
15cm (Matta, 2003), externamente marrom e internamente amarelo-acinzentado (Maisch,
1885).
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Informações adicionais
O nome “parreira brava” provém do fato das menispermáceas produzirem grandes
cachos de frutos baciformes parecidos com uva (Hoehne, 1978).
A variedade
orbiculata é conhecida como chigonde (Hedberg & Hedberg, 1982).
Cissampelos pareira
base na morfologia das duas espécies.
alguns autores, variedades da
pode ser confundida com C. mucronata, sendo separada comC. mucronata e C. owariensis são consideradas, porC. pareira (Tshibangu et al., 2002).
Distribuição
De acordo com Francis (2007) é nativa do México, Argentina e Peru, sendo também
encontrada na Ásia. Menciona-se ainda sua ocorrência na Índia (Amresh
Equador e Colômbia (Raintree, 2004).Cruz (1965) cita que é originária da África Oriental.
et al., 2004),
Aspectos ecológicos
Habita em bosques secundários e em solos areno-argilosos (Revilla, 2002). Comum
em solos úmidos, em altitudes acima de 2000m (Amresh
em subsolos argilosos expostos, solos compactados, excessivamente drenados ou muito
pobremente drenados. Em Porto Rico cresce em áreas que recebem 750 a 2400mm de
chuva de precipitação anual, em elevações próximas ao nível do mar até cerca de 1500m. É
moderadamente intolerante à sombra (Francis, 2007). Conforme Rangel (1993) cresce
entre 1000-1800 m.s.n.m.
Nas Américas, a abuta floresce e frutifica durante o ano todo, enquanto que na Índia
floresce entre julho e outubro e frutifica de outubro a dezembro. As sementes são dispersas
provavelmente por pássaros (Francis, 2007).
et al., 2004). Em geral não cresce
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Informações adicionais
Na planta, foi observada a presença do fungo
Meliola parreirae (Mendes et al.,
1998).
Cultivo e manejo
A produção de frutos e sementes é geralmente moderada. Em Porto Rico, os frutos
foram colhidos pesando, em média, 0,1925g/fruto e as sementes, 0,0109g/fruto. Quando
plantada em substrato comercial, observou-se uma porcentagem de germinação de 26%,
entre 28 e 61 dias após semeio (Francis, 2007).
Duas espécies de fungos pertencentes ao gênero
cissampeloides
al.,
Ramularia, sendo R.e R. triumfettae foram coletadas em folhas da abuta, na Índia (Srivastava et1995).
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Informações adicionais
É considerada planta daninha no México (Stepp & Moerman, 2001).
A abuta é considerada uma planta hospedeira da larva de Lepidoptera
homaena
observados 6 ínstares larvais (Bhumannavar & Viraktamath, 2001).
Othreis. O período total do seu desenvolvimento na abuta foi de 32 dias. Foram
Utilização
A abuta possui diversos usos medicinais, além de ser empregada em artesanato,
veterinária e como ornamental, dentre outros. No entanto, é contra-indicada para pessoas
com pressão baixa (Raintree, 2004).
Artesanato
A abuta é empregada na confecção de cestos (Rangel, 1993).
Inseticida
Foi observada a toxicidade do extrato de raízes e folhas da abuta contra os
coleópteros
bastante efetivo e promissor (Niber
Acanthoscelides obtectus, Prostephanus truncatus e Sitophilus oryzae, sendoet al., 1992).
Isca
A raiz e o caule são empregados como piscicida (Revilla, 2002).
Medicinal
Como fitoterápico, a planta tem emprego como analgésico, antiinflamatório,
diurético, expectorante, febrífugo, com ação sobre os órgãos do aparelho urinário, contra
doenças venéreas, cálculos renais, cólicas uterinas, dispepsia, prisão de ventre, dor de
cabeça, tontura, supressão dos lóquios, fígado, provocando a desobstrução nas afecções
hepáticas, hidropisia e reumatismo (Revilla, 2002). Também é usada como antiofídica,
antitumoral, emenagoga (Orellana
sangramento excessivo, para interromper hemorragias uterinas, dores pré e pós-natal
(Raintree, 2004) e ainda sono após as refeições (Cruz, 1965), dentre outros. Menciona-se a
aplicação de óleo cozido com
cuidados pós-operatórios em casos de tumores (Balachandran & Gavindarajam, 2005).
Em algumas regiões, a abuta vem sendo empregada contra inflamação dos testículos
e para problemas renais menores (Lorenzi & Matos, 2002). É das plantas empregadas entre
índios e população rural na Ìndia para o tratamento e controle da diabete (Rana
et al., 1994), indicada nos casos de menstruação difícil ePremna herbacea, Embelia ribes e Cissampelos pareira paraet al.,
1999).
O chá preparado com as folhas, cascas e raízes moídas é empregado pelos índios da
Amazônia para problemas menstruais, dores pré e pós-natal e para estancar hemorragias
uterinas. Também é usado por outras tribos como analgésico oral e para febres (Lorenzi &
Matos, 2002). Nas Guianas, os Creolos, usam a imersão das folhas, casca e raízes em rum
como afrodisíaco. A decocção das folhas e caule tem uso pelos índios Waiãpi como um
analgésico oral (Raintree, 2004). O chá das raízes e folhas é usado como diurético,
expectorante, emenagogo, febrífugo, prevenir riscos de aborto, aliviar menorragia e
estancar hemorragias uterinas (Lorenzi & Matos, 2002). Raiz e caule triturados são dados
oralmente em casos de insolações (Singh
Dentre os vários usos a folha é ainda empregada contra diarréia (Ankli
Juntamente com gengibre (
curar dores de estômago e indigestão (Pushpangadan & Atal, 1986). Aplicadas
externamente são úteis para tratar inflamações e coceiras (Manandhar, 1991). O cataplasma
das folhas é útil pelos índios Palikur da Guiana como analgésico tópico (Raintree, 2004).
Depois de trituradas faz-se uma pasta útil para tratar furúnculos (MSSRF, 2004). Para
agilizar o parto, as folhas devem ser trituradas, colocadas dentro de uma pílula e esta
inserida na vagina (MSSRF, 2004). Socadas, as folhas são cozidas com arroz e úteis como
tônico e em problemas no coração. O suco fresco das folhas é aplicado em doenças dos
olhos (Amresh
As folhas em decocção em água, na forma de banhos em crianças contra dores no
umbigo (Comerford, 1996). Os Ketchwa (Equador) preparam uma decocção com as folhas
para infecção nos olhos e mordida de cobra (Raintree, 2004). O chá das folhas é usado para
tratar reumatismo (Raintree, 2004) e uma infusão é tomada contra dores ao urinar
(Pushpangadan & Atal, 1986).
A casca do caule da abuta é empregada para tratar escrofuloderma. Para isso, deve
ser feita uma pasta, colocada em tabletes e tomada oralmente durante 20 dias, sendo um
tablete diário (MSSRF, 2004). Com o caule da abuta moído, juntamente com o da espécie
et al., 2002).et al., 1999).Zingiber officinale) e sal comum, as folhas são comidas paraet al., 2004) e contra picadas de cobra (Maisch, 1885).
Equisetum giganteum
que é ingerida com água para tratar transtornos hepáticos. A decocção do caule da abuta
juntamente com a parte aérea de
(Scarpa, 2002). Como depurativo do sangue e diurético recomenda-se beber 1 xícara de chá
apenas uma vez. Este é preparado com o caule (10cm) de abuta, cozido em 2 litros de água
(Scarpa, 2004).
Como contraceptivo fervem-se 5 ramos pequenos de
pedaço da raiz (10cm) de
em 3 litros de água. Deixar esta mistura aberta pela noite toda. Beber como água, 3 vezes
por dia, por toda semana antes da menstruação (Scarpa, 2004).
A raiz possui atividade tônica (Matta, 2003), anti-helmíntica (Sharma
sudorífera, diurética, febrífuga, antiasmática (Arbelaez, 1975), estomática, antilítica,
analgésica, sendo prescrita para tratar diarréia, tosse, dispepsia, hidropsia, problemas urogenitais,
tais como prolapso de útero, cistite, hemorragia, menorragia e nefrite calculosa
(Amresh
de cobra (Arbelaez, 1975) e para prevenir abortos (Morita
A decocção das raízes é antimalárica (Rasoanaivo
febre, devendo, nesse último caso, empregar 50ml oralmente, duas vezes por dia (Singh
al.,
devendo ser tomado 50ml da decocção uma vez ao dia, durante 7 dias (MSSRF, 2004). A
infusão das raízes é útil contra diarréias e disenterias (Heinrich
esmagadas, quando friccionadas, em espinhas ou em picadas de insetos (Alfaro, 1984).
O suco da raiz, cerca de 10ml, quatro vezes ao dia, é dado oralmente em caso de
indigestão (Manandhar, 1998). O extrato das raízes tem emprego contra diarréia (Amresh
al.,
raiz de abuta é considerada amarga (Leonti
efeito tóxico contra o câncer do colo (Raintree, 2004).
Uma pasta preparada com as raízes de abuta pode ser tomada oralmente, contra
epilepsia. Nos casos de dores abdominais indica-se colocar na barriga uma pasta feita com
a raiz triturada, bem como administrar oralmente uma pasta feita com
paniculata
Para curar disenteria com sangue, as raízes da abuta devem ser trituradas de forma
que o suco das raízes seja extraído. Deve ser tomada uma colher de chá do suco das raízes,
duas vezes ao dia, durante 7 dias. Ou então, tritura-se as raízes da abuta, misturando-as com
2 a 3 pimentas do reino para fazer uma pasta. Esta, administrada oralmente em dose única
também é eficiente para tratar disenteria com sangue. Ou ainda trituram-se as raízes da
abuta, formando uma pasta que pode ser administrada oralmente. Contra dores ao redor do
umbigo, devem-se triturar as raízes da abuta e tomar oralmente 15ml. Para problemas nas
amídalas, devem-se triturar as raízes e untá-las na garganta (MSSRF, 2004).
A raiz também pode ser usada em forma de tintura 1:10 na dose de 1 a 10 gramas
por dia, em quatro doses. Também pode ser preparado um extrato fluido até 4 gramas em
poção nas 24 horas, bem como uma infusão 10 a 20:500 ou um xarope das raízes até 60
gramas. O cozimento das raízes pode ser empregado de 10 a 15:500, para usar um cálice
todas as horas (Matta, 2003).
Com as raízes da variedade
cornuta
Hedberg, 1982). As raízes da espécie
pareira
As sementes são empregadas contra picadas de cobra (Duke & Vazquez, 1994),
febre, doenças venéreas, como diurético e expectorante (Raintree, 2004). As sementes
torradas são misturadas dentro do chá para tratar hemorragias internas e sangramento
externo (Raintree, 2004).
A substância tetrandrina está presente na abuta, sendo responsável pela atividade
analgésica, antiinflamatória e febrífuga comprovadas e apresentadas pela mesma (Lorenzi
& Matos, 2002).
e a parte aérea de Heliotropium elongatum se prepara uma decocçãoPectis odorata é ingerido contra “frio do estômago”Petroselinum crispum com umMelia azedarach, ralado, e um pedaço de caule ralado de abutaet al., 2004),et al., 2004). Ainda tem emprego em gota, diátese úrica (Matta, 2003) e picadaset al., 1993c).et al., 1992), útil para aliviar aet2002). Contra artrite reumatóide, as raízes devem ser fervidas com pimenta do reino,et al., 1992b) e as raízeset2004). Geralmente, os remédios contra diarréia e disenteria são adstringentes, mas aet al., 2002). O extrato da raiz mostrou umAndrographis, pimenta-do-reino e raiz de abuta (MSSRF, 2004).orbiculata e as raízes e folhas da espécie Launaeproduz-se um extrato em água quente que é usado contra a epilepsia (Hedberg &Sida rhombifolia são fervidas com as raízes de C.var. orbiculata e a decocção usada contra abortos freqüentes (Hedberg et al., 1983).
Ornamental
É considerada planta ornamental, devido ao belo aspecto que apresenta quando em
frutificação (Cruz, 1965).
Tóxico
A raiz e a casca do caule são tidas como venenosas (Revilla, 2002).
Veterinária
O suco da raiz é empregado em ferimentos dos animais para expelir algum germe
ou verme (Manandhar, 1998).
Outros
A abuta é empregada no preparo do curare dos índios Quéchua (Philippe
et al.,
2004).
A abuta mostrou uma excelente atividade biológica (repelente) contra o parasita
terrestre
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Haemadipsa sylvestris (Saileela et al., 1999).
Informações adicionais
Os cissampelos consistem nas raízes secas da espécie
Cissampelos pareira
(Henriette’s herbal (2004).
Foram encontrados vários alcalóides comuns às demais espécies desta família, como
saponinas, esteróis, triterpenos, óleos etéreos, politerpenos e polifenóis (Lorenzi & Matos,
2002). Foram isolados o alcalóide pelosina e beeberina, corpos análogos à buxina.
Observou-se também a presença de uma substância neutra, cristalizável em tablóides
microscópicos, chamada deianutina (Matta, 2003). Também faz parte da composição
química os compostos cissampareína, nemispermina e hayatidina (Orellana
Os alcalóides, presentes na abuta, cissampelina e tubocurarina são amplamente
usados como relaxantes musculares, antes de cirurgias cardíacas (Aymard, 1991/1992).
Todos esses relaxantes musculares são antagonistas competitivos na ligação neuromuscular
(Zhen-Gang & Gan-Zhong, 1985). No Equador a cissampelina é vendida como uma droga
relaxante muscular (Raintree, 2004).
É uma espécie rica em alcalóides derivados de 1-benzylisoquinoline, dentre eles a
(S,S)-4”-O-metilbebeerina, (S,R)-hayatidina, (R,R)-bebeerina, (R,R)-isochondrodendrine,
(K,R)-cicleanine, (dl)-hayatin, (dl)-hayatinin, cissampareína, insularina e sepeerine
(Bhakuni
(Sharma
Sheng
taninos (Heinrich
O alcalóide curine mostrou atividade anti-plasmódica
et al., 1994).et al., 1987). Apresenta o alcalóide pareitropone (Morita et al., 1995) e reserpinaet al., 2004). Foi identificado também um alcalóide dl-curine methoiodide (Ren-et al., 1985). A pelosina é um sucedâneo da quinina (Arbelaez, 1975). Não contémet al., 1992a).in vitro (Tshibangu et al.,
2002). A abuta contém a substância tetrandrina, com atividade analgésica, antiinflamatória
e febrífuga comprovadas (Lorenzi & Mattos, 2002). Os compostos pareirubrinas A e B,
isolados das raízes e lenho, são considerados substâncias antileucêmicas junto com
grandirubrina e isoimerubrina (Morita
(antileucêmico) foi isolado da abuta (Morita
propriedades hipotensivas, antifúngicas e antimicrobianas (Raintree, 2004).
As raízes da abuta apresentam os seguintes compostos: ácido araquídico, bebeerina,
beberina, chondodendrina, cissamina, alcalóides A., B, C e D, esteróis, curina (+), curina (-
), 4”-metil-curina, ciclanolina, cicleanina, dicentrina, dehidro-dicentrina, óleo essencial,
grandirubrina, hayatina, hayatinina, nor-imeluteina, insularina, ácido linoléico, menismina,
iso-merubrina, pareirina, pareirubrina A, B, D-quercitol, nor-ruffscina, ácido esteárico,
tetrandrina, dimetil-tetrandrinium (Raintree, 2004). De acordo com Oliver-Bever (1983), as
raízes possuem 0,5% de bebeerina.
O caule apresenta os seguintes compostos: bebeerina, beberina, bulbocapnine, isochondodendrine,
corytuberine, curine (-), 4”-metil-curine, hayatine, laudanosine,
magnoflorine, nuciferine (Raintree, 2004).
As folhas apresentam: bulbocapnine, corytuberine, curine (-), cicleanine, hayatine,
hayatinine, laudanosine, magnoflorine, nuciferine, D-quercitol (Raintree, 2004). Foi isolado
da parte aérea um dímero de chalcone-flavone, sendo 2-(4-hidroxi-3-metoxifenil)-7-(4-
metoxifenil)-6-(2-hidroxi-4,6-dimetoxibenzoil)-furano[3,2-g]benzopiran-4-1. Esse
composto possui uma boa atividade contra
baixa toxicidade às células humanas KB (Ramírez
Foi observada, no Amazonas, uma variedade com apenas uma ordem de feixe líberolenhoso
e dela foi obtido um corpo solúvel no álcool, amargo, suscetível de cristalização,
análogo a pelosina. Esta é insolúvel à água, inodora, de gosto agridoce e que precipita em
solução concentrada de HCl pelo AzH
Menciona-se que a abuta possui ação antibacteriana contra
Pseudomonas, Salmonella
Pérez & Anesini (1994) a abuta não mostrou atividade antibacteriana contra
typhi
et al., 1993c). O alcalóide tropoloisoquinolineet al., 1993a). O alcalóide berberine apresentaTrypanosoma cruzi e T. brucei rhodesiense eet al., 2003).3, pelo nitrato e iodeto de potássio (Matta, 2003).Staphylococcus,e Klebsiella (Raintree, 2004). Porém, conforme expeimento deSalmonella.
Dados sócio-culturais
A abuta está entre sete plantas, com forte odor e cor, que são usadas, em infusão,
contra o susto (“mal ar”) e maus espíritos (Alfaro, 1984). A pasta feita com as raízes da
abuta é empregada, oralmente, contra maus espíritos (MSSRF, 2004) e a decocção do caule
ralado pode ser bebida quando a pessoa sonha que está sendo picada por uma abelha e se
sente mal depois de acordada (Joly
et al., 1990).
Quadro resumo de usos
Quadro resumo de uso de
Parte da
planta
Forma Categoria do
uso
Uso
Cissampelos pareira L.:
- - Artesanato Confecção de cestos.
- - Medicinal Como analgésico, antiinflamatório, diurético, expectorante,
febrífugo, com ação sobre os órgãos do aparelho urinário,
contra doenças venéreas, cálculos renais, cólicas uterinas,
dispepsia, prisão de ventre, dor de cabeça, tontura, supressão
dos lóquios, fígado, provocando a desobstrução nas afecções
hepáticas, hidropisia e reumatismo. Também é usada como
antiofídica, antitumoral, emenagoga, indicada nos casos de
menstruação difícil e sangramento excessivo, para
interromper hemorragias uterinas, dores pré e pós-natal e
ainda diabete, sono após as refeições; para cuidados pósoperatórios
em casos de tumores.
- - Outros É empregada no preparo do curare dos índios; mostrou
atividade biológica (repelente) contra o parasita terrestre
Haemadipsa sylvestris.
Caule - Isca Piscicida.
Caule Decocção Medicinal Transtornos hepáticos, contra “frio do estômago”,
depurativo do sangue; o caule como contraceptivo.
Caule Infusão Medicinal O chá preparado com as cascas, folhas e raízes moídas para
problemas menstruais, dores pré e pós-natal, estancar
hemorragias uterinas, analgésico oral e para febres.
Caule Outra Medicinal A imersão das folhas, com a casca e raízes em rum como
afrodisíaco. Raiz e caule triturados são dados oralmente em
casos de insolações.
Caule Pasta Medicinal A casca para tratar escrofuloderma.
Caule - Tóxico A casca é tida como venenosa.
Folha Extrato Inseticida Tóxico para coleópteros.
Folha - Medicinal Diarréia; para tratar inflamações e coceiras, curar dor de
estômago e indigestão.
Folha Cataplasma Medicinal Analgésico tópico.
Folha Decocção Medicinal Dores no umbigo, para infecção nos olhos e mordida de
cobra.
Folha Infusão Medicinal O chá preparado com as folhas, cascas e raízes moídas para
problemas menstruais, dores pré e pós-natal, estancar
hemorragias uterinas, analgésico oral e para febres. O chá
das raízes e folhas como diurético, expectorante,
emenagogo, prevenir riscos de aborto, aliviar menorragia,
estancar hemorragias uterinas; contra reumatismo, dores ao
urinar.
Folha Outra Medicinal A imersão das folhas, casca e raízes em rum como
afrodisíaco. Socadas são úteis como tônico e em problemas
no coração. Para agilizar o parto são trituradas.
Folha Pasta Medicinal Para tratar furúnculos.
Folha Suco Medicinal Em doenças dos olhos e picada de cobra.
Inteira Integral Ornamental Ornamentação.
Raiz Extrato Inseticida Tóxico para coleópteros.
Raiz - Isca Piscicida.
Raiz - Medicinal Atividade tônica, anti-helmíntica, sudorífera, diurética,
febrífuga, antiasmática, estomática, antilítica, analgésica,
sendo prescrita para tratar diarréia, tosse, dispepsia,
hidropsia, problemas uro-genitais, tais como prolapso de
útero, cistite, hemorragia, menorragia, nefrite calculosa,
gota, diátese úrica, picadas de cobra.
Raiz Decocção Medicinal Como antimalárica, para aliviar a febre; artrite reumatóide.
Raiz Extrato Medicinal Contra diarréia, câncer do colo.
Raiz Infusão Medicinal O chá preparado com as folhas, cascas e raízes moídas para
problemas menstruais, dores pré e pós-natal, estancar
hemorragias uterinas, analgésico oral e para febres O chá
das raízes e folhas como diurético, expectorante,
emenagogo, prevenir riscos de aborto, aliviar menorragia,
estancar hemorragias uterinas; diarréia e disenteria.
Raiz Outra Medicinal A imersão das folhas, casca e raízes em rum como
afrodisíaco. Raiz e caule triturados são dados oralmente em
casos de insolações. Esmagadas são úteis nas espinhas ou
em picadas de insetos. Raiz triturada usada contra dores ao
redor do umbigo, problemas nas amídalas.
Raiz Pasta Medicinal Dores abdominais, epilepsia, disenteria de sangue.
Raiz Suco Medicinal Indigestão; disenteria com sangue.
Raiz - Tóxico Venenosa.
Raiz Suco Veterinária Expelir algum germe ou verme de ferimentos de animais.
Semente - Medicinal Picada de cobra, febre, doenças venéreas, como diurético e
expectorante.
Semente Torrado Medicinal Tratar hemorragias internas e sangramento externo.
Links com imagens
1.Missouri Botanical Garden - MBG. MOBOT. W3TROPICOS.
Exsicata1; Exsicata2;
Exsicata3
; Foto
2. Fairchild Tropical Botanic Garden. Flórida, USA.
Virtual herbarium
3. Field Museum.Chicago, USA.
Neotropical Herbarium Specimens - Exsicata1; Exsicata2;
Exsicata3
; Exsicata4; Exsicata5; Exsicata6; Exsicata7; Exsicata8; Exsicata9
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domingo, 23 de outubro de 2011

Kwékpozinkpó.


Alocasia macrorrhiza. Foto em http://www.pacificbulbsociety.org

Kwékpozinkpó

Alocasia macrorrhiza

Ao passar por ela você pode até nem perceber a diferença e confundir o Kwékpozinkpó (Cuepozinpô pronunciado em Língua Portuguesa - Orelha de Elefante Gigante) com uma Taioba bem grande, mas esta planta tem um certa ondulação nas bordas, nervuras bem diferenciadas, e uma certa cerosidade nas folhas que lhe acentua o brilho, coisa que a Taioba não tem.
O gênero Alocasia encerra diversas plantas muito utilizadas no culto aos voduns, no Brasil na falta de uma destas plantas imediatamente recorre-se à uma espécie mais similar, assim é conhecida a utilidade de Antúrios e Tinhorões como o Tajá-Onça, que guardam as entradas em muitos terreiros de Matriz Jeje.
O Kwékpozinkpó é ornamental, como as várias plantas de seu gênero e serve em diversos rituais, trazendo proteção espiritual onde é cultivado.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ajpsc Reconhece os Méritos de Personalidades e Agentes do Desenvolvimento Cultural no Benin.

Benin - Mapa Político (Antigo)

"Ajpsc recompensa os méritos de personalidades e agentes do desenvolvimento"
"Enviado em 12 de outubro de 2011"

"Nos últimos anos, a Associação da Juventude para o Avanço da Escultura e da Cultura (Ajpsc) se esforça para reconhecer os méritos de atores do desenvolvimento e da sociedade. Fiel à sua tradição, realizou domingo, 2 de outubro, 2011 na condecoração de uma dúzia de dignitários da religião endógena, artistas e até mesmo políticos de quase todos os departamentos do Benin.


Durante a cerimônia, que atraiu uma enorme multidão de seguidores do vodun, convidados e curiosos, o Presidente Eskil Tessi da Ajpsc recordou a criação da associação, suas missões essenciais e o contexto em que ocorre esta cerimônia. Para ele, hoje dedicada ao reconhecimento do mérito de algumas personalidades que marcaram a história através de suas habilidades. "Essas pessoas são um paraíso para a geração presente e futura", disse o presidente da Ajpsc, que acha que seria injusto não reconhecer os seus conhecimentos. Para ele, esses atores merecem o melhor. "Dentro em breve vamos organizar um festival em honra dos destinatários para que as pessoas possam identificar melhor os promotores que ativam o desenvolvimento diário nas sombras", prometeu Eskil Tessi. Com os destinatários de sorte para o público, ele colocou ênfase especial no processo conducente à sua designação e seu trabalho para o desenvolvimento. Este é realmente o prefeito de Zou e Collines, Armand Maurice Nouatin, Olona de Gautier, Diretor Departamental do Meio Ambiente, o Diretor Executivo do CBDIBA, Simplice Amagbégnon, o prefeito de Djidja, Placide Avimadjènon, Roger Dagba , dignitário do vodun religioso e o presidente dos sábios e notáveis ​​de Abomey, Justin Ahidazan, sumo sacerdote do culto Houindonafa'','' René Dehou Lokossi e muitas outras personalidades da comunidade local e congregações como a Ogboni, Mama Sanny Vice-Prefeito em Bohicon, Polycarpe Zogo da Fraternidade Ogboni, e Hyacinte Bocossa. Cada um recebeu um troféu, um certificado e um cachecol.

Os compromissos dos beneficiários

"Em nome dos meus colegas, temos o prazer de honrar o que é feito no local do vodun. Através deste prêmio, nos sentimos melhor e nos organizamos para colocar a religião endógena ao serviço da paz e desenvolvimento", disse Roger Dagba, porta-voz do dignitários. Simplice Amagbégnon sócio-antropólogo está comprometido com a sociedade civil à trabalhar mais para ganhar esses prêmios nacionais e internacionais. Placide Avimadjènon prefeito Djidja dedicou a sua condecoração a todo conselho comunitário: "Este prêmio é o resultado do trabalho e da coesão no seio do Conselho. Então, em nome de meus conselheiros, acreditamos em trabalhar para o desafio que foi lançado", disse o prefeito."

"Zephirin Toasségnitché

(Br: Zou / Collines)
ACTUBENIN.COM "

In: le229.com (Notícias do Benin)

Traduzido por Ifabimi.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Efó de Taioba com Camarões.


Taioba. Foto em: http://www.flatsmentorfarm.org/2011/07/taioba/
 Taioba: Xanthosoma sagittifolium

Na África o inhame de suas duas espécies, a roxa e a branca é mais utilizado, já no Brasil se usa mais as folhas da taioba verde (macabo; cocoyam; ewe gbala, a verde é folha de Xangô; gbalaman; etc;  na África do Oeste).

Suas folhas não possuem brilho, muitas vezes podem confundi-las com as folhas do inhame, mais a abertura da folha do inhame não vai até o talo, a da taioba vai.
Tanto a taioba, quanto o inhame prorpiamente dito, para se colher o inhame tem que se esperar as folhas começarem a amarelar, aí está no ponto!

Uma receita que é muito saborosa, conhecida em algumas regiões do Brasil e feita dentro do culto em algumas ocasiões é o efó (do yorùbá: efö, guisado) de folhas de taioba. Vamos a ele:


Uma dúzia de folhas novas, porém, grandes de taioba;

100 ml de Azeite de Dendê de boa qualidade;

300 g de camarões graúdos ou miúdos bem lavados e regados com 1 colher de sopa de sumo de limão;

Pimenta do Reino a gosto (em alguns casos Pimenta da Costa);

Uma cebola branca (pode ser a roxa) de bom tamanho bem picadinha;

Sal a gosto.



Procedimento:

Lave bem as folhas, remova os talos e as nervuras mais grossas, e corte-as enroladas bem fininho, coloque em uma bacia e jogue água fervente, assim você eliminará o Oxalato de Cálcio que é picante na língua.
Em uma caçarola frite os camarões com os demais temperos e quando estiver tudo bem douradinho jogue as folhas  acrescentando um pouco de água só para elas não queimarem no fundo, então tampe a caçarola e quando estiver com uma coloração mais escura já estará cozida, cerca de 10 minutos em fogo alto.
Sirva sobre o angu tradicional ou sobre o inhame cozido e pilado, podendo ser o da própria taioba.

Bom Apetite!!!


Gostou? Imagina quando fizer... Bom apetite!

domingo, 25 de setembro de 2011

O Interdito do Carneiro.

Templo de Dangbé em Ouidah. Foto em : http://www.festival-ouidah.org/Ouidahanglais.htm


A tradição de alguns terreiros de candomblé de nação jeje, principalmente na Bahia, faz interdito (vodún su) de se comer da carne do carneiro aos seus iniciados, independentemente do vodum para o qual eles se iniciaram.
Uma lenda muito antiga, provavelmente de origem Ga-Adangbé, explica o seguinte:

Certa vez o templo de Dangbé (Dangbê) pegou fogo, havia fogo por toda a parte e a serpente Dangbé entrou em desespero, vendo passar por ali o carneiro, que também fugia das chamas, enrolou-se no pescoço dele, então, ele partiu correndo com a serpente ernolada e ambos conseguiram se salvar das chamas, assim por "gratidão" ao carneiro Dangbé prometeu nunca mais comer de sua carne, e nem mesmo os seus descendentes (que são vários grupos instalados em inúmeros quarteirões de vilas e cidades da África do Oeste e da diáspora...)
Assim aprendi... e assim termina a história; espero que tenham gostado!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

São Cosme e São Damião na Cultura Baiana.

São Cosme e São Damião. Imagem do Portal São Francisco

A postagem abaixo explica bem o significado destes santos dentro da cultura baiana que lhe dá, dentro do sincretismo afro-baiano, um ênfase nagô muito forte:



"Dia 27 de setembro. Dia de São Cosme e São Damião."


"São Cosme e São Damião são santos católicos com grande receptividade entre as camadas afro-brasileiras do Recôncavo baiano. Seus nomes de batismo são Acta e Passio, nascidos na Arábia do século III, de família nobre e cristã. Os irmãos gêmeos estudaram medicina na Síria e exerciam a profissão gratuitamente. Acusados de feitiçaria, por realizarem milagres, foram jogados de um despenhadeiro – Assim conta a história. Em outras versões ouve-se que tentaram matá-los de várias formas, mas não conseguiram. Por fim foram degolados. Entre seus milagres estão a cura e a materialização (após a morte) para ajudar crianças vítimas de violência.

São associados aos Ibejís, divindades gêmeas do Candomblé. Apesar do catolicismo oficial venerar a figura de Cosme e Damião como santos adultos e que dedicaram a vida a praticar a medicina caridosa, os mesmos santos “correspondem” a entidades infantis nos cultos afro – brasileiros, e é justamente dessa maneira que Cosme e Damião são venerados pela ma ior parte de seus devotos: os santos meninos.

 Pessoas devotas , crianças, católicos, pais-de-santo, babalorixás, vendedores ambulantes do souvenir dos santos, simpatizantes, toda essa gente devota segue em clara romaria até o bairro da Liberdade, precisamente á Paróquia dos Santos Cosme e Damião, no dia 27 de setembro. Durante todo o dia de São Cosme e São Damião, são várias celebrações com procissão, missas durante o dia e uma celebração do Cardeal á noite.

Os devotos de São Cosme e Damião costumam “dar Caruru de Cosminho” em suas casas durante o mês de setembro e principalmente no seu dia: 27 de setembro. A festa já começa durante os preparativos, e mexe com todo o comércio de feiras em Salvador, quando se tem uma procura maior dos ingredientes para a grande festa e quando a família se reúne para cortar os quiabos em forma de cruz e depois em extreitas rodelas, preparar os temperos, torrar e triturar o amendoim e a castanha, temperar a galinha e fazer os seus pedidos também. A quantidade dos quiabos do Caruru, geralmente chegam aos milhares, a depender da promessa, devem ser cortados por quem está oferecendo, mas vale a ajudas de participantes voluntários que também fazem a sua reza e pedidos aos santos gêmeos.

Nas proximidades do dia 27 de setembro, é comum encontrar, pelas ruas da Bahia, crianças, adultos , a espera de um prato de caruru, aliás, na Bahia, não se diz São Cosme e São Damião e sim São Cosme e Damião), para o caruru dos santos. A dupla imagem de madeira ou uma simples gravura emoldurada é exposta numa caixa enfeitada em papel de seda colorido, envolta em fitas e cheia de flores, rosas ou flores de laranjeira, muitas vezes. Não se pode comemorar santos tão populares nos lares baianos sem que se peça esmola para a missa.

Vale tudo para se fartar de uma prato de caruru: pode-se ir às ruas, sem a menor cerimônia, e esperar que pessoas simplesmente ofereçam as quentinhas do farto prato ou pode-se ir até a casa de familiares e amigos durante o período do mês de setembro para prestigiar os santos e saborear as iguarias afro-baianas.

 
Grande também é o número de lares baianos que festejam o grande dia dedicado aos dois mártires da Igreja. Tão populares como São João, como Santo Antônio, os dois santos têm a sua festa comemorada sobretudo com um grande almoço, o caruru dos santos.

 
No candomblé Cosme e Damião são filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Os santos gêmeos possuem muitos simpatizantes e devotos, estes que todo ano fazem caruru para eles, chamado também de “Caruru dos Santos” e “Caruru dos sete meninos” que representam os sete irmãos (Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi) cita em seu livro “Cosme e Damião, O culto dos santos gêmeos no Brasil e na África” por Vivaldo da Costa Lima.

Em casa em que haja gêmeos: ou que os santos tenham evitado partos gêmeos. Ou que promovam a festa como tradição de família. Nenhum dia melhor para se saborear um grande almoço da cozinha baiana do que o 27 de setembro.

Em casa onde existam Cosme e Damião, não entra epidemia, porque eles foram sempre considerados advogados contra “feitiços, bruxarias, mau olhado e espinhela caída”. Isso quanto às origens européias da devoção. No que se refere ao ramo africano, sabe-se que foram os nagôs que nos trouxeram os seus gêmos, Ibeji, transformados numa das maiores tradições vivas das populações baianas, especialmente. Nas casas de famílias católicas, suas imagens são comumente encontradas, em oratórios, pequenos altares ou simples prateleiras reservadas. No seu dia, estes pequenos altares tem desde de simples velas acesas, a oferendas como mel, caruru, balas e farofas de azeite. É comum també, distribuir pequenos saquinhos recheados de doces, balas e brinquedos as crianças nas ruas, comunidades onde se habita.


Desde a véspera, a movimentação todas é em torno da finalização do preparo da comida de preceito: caruru, vatapá, muito camarão seco, leite de coco, azeite, milho branco, feijão preto, feijão fradinho, ximxim de galinha, arroz branco, farofa de mel, banana da terra frita, amendoim assado,coco seco cortado em tirinhas,inhame, abóbora, batata doce, pipoca, rapadura, cana cortada,acarajé, abará e ovo em rodelas.



Os primeiros a serem servidos são os donos da festa: São Cosme e São Damião. As oferendas são precisamente colocadas no altar decorado para a ocasião Procedida a cerimônia, chamam-se os sete meninos, especialmente convidados para iniciar a comilança. A tradição manda que se prepare uma roda de sete meninos. Geralmente é colocada uma toalha de mesa no chão e as crianças se sentam ao redor. Eles geralmente sentam-se no chão e comem em pequenos pratinhos de barro, ou em um único grande prato como uma bacia. Não usam talheres, usam as mãos. Mas algumas mudanças já ocorrem em torno da tradição do Caruru de cosminho como misturar meninos e meninas, comer com talheres; ao final eles levantam-se e juntos cantam a musica de Cosminho juntos com os outros convidados da festa.







“São Cosme mandou fazer


A sua camisa azul


No dia da festa dele


São Cosme quer Caruru


Vadeia Cosme, vadeia!


Vadeia Cosme, vadeia!”






“Cosme e Damião


Vêm comer teu Caruru


Que é de todo ano


Fazer Caruru pra tu

 


Vem cá, vem cá, Dois-dois


Vem cá, vem cá, Dois-dois




E já os garotos estão comendo, no seu lambuzado e na sua alegria, e os adultos, em redor, cantam deliciosas toadas. Se acabam, levantam a tigela e cantam:



Vamos levantar


O Cruzeiro de Jesus


No céu, no céu, no céu


A Santa Cruz






Antes, outras canções são entoadas, com grande entusiasmo dos presentes, meninos ou adultos:

 
São Cosme me mandou fazer


Uma camisinha azul


Quando chega o dia dele


São Cosme quer caruru






E mais:



São Cosme e São Damião


Cheira cravo, cheira rosa


Cheira flor de laranjeira


Vadeia Cosme, vadeia


Vadeia Cosme na areia






O jornalista e poeta Cláudio Tuiuti Tavares recolheu, em excelente estudo sobre Ibeji, variantes destas cantigas e numerosas outras como:

 
Cadê sua camisa


Dois-dois!


Dois jogando bola


Com ela


Dois jogando bola


Quem não tem pena


Mamãe


Quem não tem dó


De ver Dois-dois


Na roda


Brincando só


Cosme e Damião


Ogum e Alabá


Vamos catar conchinha


Na beira do mar


Os apreciadores da festa e do farto prato típico têm lugar certo para comê-lo gratuitamente do seu grande dia de festejo: Caruru dos Sete Poetas, Mercado das Sete Portas, Instituto de Artesanato Mauá, Mercado de Santa Bárbara, Mercado Modelo.


Padroeiro dos farmacêuticos, médicos, babeiros e cabeleireiros, São Cosme e Damião protege as crianças , os orfanatos, creches,as doceiras filhos em casa, além de proteger com doençcas como hérnia e a peste.Os emblemas dos santos são caixa com ungüentos, frasco de remédios, folha de palmeira.
Por que sete meninos são convidados de honra para o almoço de Cosme e Damião?


Havia sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi, todos mabaças, e é por isso que se torna necessário dar o caruru em honra de sete meninos, especialmente convidados.


Mas, se os festejos são profanos, como os famosos carurus, se das igrejas católicas saem procissões dos dois mártires, como a da Lapa à Soledade, nos terreiros dos candomblés se realizam durante todo o dia cerimônias e as mesmas comidas também são esmeradas para que Ibeji sinta, para sua maior glória, a fé dos seus devotos.

Um mês depois, no dia 25 de outubro, as cerimônias se repetem, embora com menos intensidade: comemora-se a festa de São Crispim e Crispiniano, também mabaças e confundidos na crendice popular com Cosme e Damião, cujas imagenzinhas com sua palma, sua pena e seu livro, estão em quase todos os lares da Bahia, de negros ou de brancos, de pobres ou de ricos, que tenham coração para crer, com sua fé inabalável, nos grandes protetores da saúde da espécie humana."






"(TAVARES, Odorico. Bahia; imagens da terra e do povo)"






"Fontes: www.dihitt.com.br/noticia/o-caruru-de-cosme-e-damiao


http://www.jangadabrasil.com.br/setembro13/fe13090a.htm Wikipédia






Artigos relacionados:

1.Festas populares da Bahia


2.Dia da Baiana de Acarajé – dia 25 de novembro


3.Caruru


4.Mariscada


5.Insuportável, uma comédia de batom vermelho – último dia"


Por:
Rosilda Oliveira
in: Cultura Baiana
http://www.culturabaiana.com.br/sao-cosme-e-sao-damiao/
























domingo, 18 de setembro de 2011

Caruru.



Foto Wikipédia.
27 de Setembro está chegando e para homenagear os santos mártires S. Cosme e S. Damião, vamos reproduzir uma receita baiana de caruru que vimos em um site da internet.

É um dia festivo porquê no dia 26 a Igreja Católica celebra sua memória, e no dia seguinte realiza-se a sua festa, e nos terreiros de candomblé também são comemorados, juntamente com os espíritos infantis dos gêmeos, e dinvindades infantis ou erês, dentro do sincretismo religioso.

Ainda é de costume se fazer o Caruru de Ibeji (divindade gêmeas nagôs) em alguns terreiros mais tradicionais de candomblé na Bahia, oferecendo-se o primeiro delicioso alimento na bacia de ágate e pondo-se ali 7 meninos para comê-lo em comunhão conjunta.

Vamos à receita, destacando-se que algumas casas não colocam pimentão, castanha ou amendoim, e outras usam do camarão fresco inteiro e descascado, deixando o seco para tempero, e não batem em liquidificador...


"Receita do Caruru


Ingredientes (para 25 pessoas):


200 quiabos


1 kg de camarão seco


6 cebolas brancas grandes


2 pimentões graúdos(a gosto)


1 porção de castanha de caju assada e moída


1 copo de amendoim torrado e moído


Azeite de dendê


um pouco de gengibre ralado (uma colher de sobremesa)






Como fazer:


Lave bem os quiabos para que saia a baba, separe sete, inteiros, para oferecer aos ibejis. Corte o restante em cubos bem pequenos. Bata no liquidificador o camarão e todos os temperos, depois refogue no azeite quente e coloque os quiabos cortados. misture bem todos os ingredientes na panela coloque a água quente, ponha um pouco de azeite e deixe cozinhar. se achar necessário ponha mais azeite(aos poucos) e se o quiabo estiver ainda duro…ponha mais um pouco de água quente."

Fonte:
Rosilda Oliveira, em Cultura Baiana 
http://www.culturabaiana.com.br/caruru/

domingo, 11 de setembro de 2011

O Nascimento do Culto a Dogblossu.

"O Nascimento do Culto a Dogblossu"

O texto abaixo descreve como nasceu o culto da serpente Boa constrictor no povo hula:


"O povo hula depois de deixar a origem comum dos povos do Sul do Benin (Adja Tado ou Adja Sado), foi até a beira do rio Mono, devido à muitas guerras tribais. Ali eles encontraram refúgio em uma grande floresta dominada por árvores de grande porte chamado Ada (Adam), daí o nome da aldeia Adam (Ada foi a primeira cidade fundada pelos hulas).

Essas pessoas, na sua maioria, julgaram este local agradável, nesta região aquática, o que os tornaria invulneráveis.

Apesar desta disposição, algumas hostilidades são notados nesta região após os ataques de alguns soldados, de um lado, e a não misericórdia do ambiente natural: inundação do rio Mono na época da cheia, do outro; em outras palavras, não havia estabilidade ou paz social. Após esta situação horrível, o Rei Tãnte Avãnku morre. Nessas condições, retornando ao seu sucessor Mèto Ausãn (o que seria introduzido no Tado: origem privilegiada da força) para buscar formas e meios de superar os muitos ataques e muitas vicissitudes enfrentadas pela comunidade hula. Ele ordenou a um dos seus guerreiros, (Gbéto Doyé) de procurar um campo seguro, o que é hoje a cidade de Agbannakin (que significa: Esta é a cabaça que servirá de caçarola e o prato que servirá de jarro). Em outras palavras, seria difícil ou impossível de ser atacado.

Para tornar o povo hula mais poderoso e mais invulnerável, o Rei Mèto Ausãn fez uma pesquisa para encontrar ''o poder das forças.'' Sua pesquisa resultou em algumas receitas relacionadas à serpente Boa. É em si um animal caçador habilidoso, nunca perde sua presa e  tem a virtude de se manter como que invisível para os seus predadores. Tão logo há captura da presa, ele a tece e a sufoca. Portanto, este é um animal formidável, e cercado por rituais tornou-se um poder sublime. O rei, “hula holu”, fez uso desta mistura com fórmulas mágicas nos passeios com sua tropa de guerreiros. Este poder foi para a realeza, em outras palavras, é um poder privilegiado do rei.

Os monarquistas são designados como sacerdotes que são os manipuladores desta força deificada. Seria do grupo de sacerdotes deste culto que nasceu o clã Dogblossouvi cuja divindade tutelar, ou melhor: Dogblossu é o ancestral epónimo (a serpente Boa), porquê atribui a todo o povo hula, ele assume o seu nome, o nome sócio-linguístico do grupo. Agora chamado Hula Dogblossu. Note-se que, devido à sua proteção, hoje vemos o templo na corte real e no limiar das casas dos chefes guerreiros de Agbannakin e em Heve, por exemplo."

(Fonte: Turismo, Governo do Benin.)










domingo, 4 de setembro de 2011

Nyiantoto.




Nyiantoto   (Lactuca taraxacifolia (Willd. & Schum.)

Nomes: Alface Africano ou Língua de Vaca.

Trata-se de uma planta muito utilizada quando socada com alho nas mordidas de cobra; as folhas abrandam a ardência de queimaduras porquê são adstringentes; seu suco serve como colírio para assepsia e desinfecção dos olhos; e para assepsia na varicela. 
É um vegetal comestível, porém, trata-se de um interdito para os iniciados dos voduns do raio.



Mina do Ouro.

Mulher mina de Agoué com sua criança. Foto do ano de 1900.


Mina é uma denominação dada aos escravos que tinham sido embarcados no porto de São Jorge da Mina para as Américas. Esta denominação é imprecisa, pois podia abranger diversas etnias (segundo a Wikipédia em português). 
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Bem, o surgimento disso se deve ao fato de que quando os portugueses estabelecidos em Gana buscavam pelo ouro,  motivo inicial da construção do Forte de São Jorge da Mina (El Mina), acabaram por denominar não somente a localidade costeira, mas também os negros de diversas etnias existentes no local e arredores envolvidas com a mineração por: Negros minas.

O Quilombo da Salamina da localidade de Putumuju em Maragojipe parece ser mais uma boa prova da presença mina no Brasil, visto que sua formação é muito antiga e
em língua mina, além dos dialetos aparentados, significa “limpar a mina", referindo-se à atividade, ou "limpa-mina", ao que exerce esta atividade (srà mina; sla mina), evidenciando o trabalho de extração do ouro que envolvia essas tribos na África.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Jogorobossu.

A serpente Boa constrictor por Jinterwas no Flickr.


Jogorobossu ou Jagorobossu, como é conhecido no Brasil, é um vodum toqüem (toxwen, vodum menino) que foi criado por Dadaho. Foi o vodum fundador do Terreiro do Pinho em Maragojipe, BA, e segundo os registros orais data a construção do Hunkpame inscrita na placa sob o recente busto do poeta abolicionista Castro Alves da década de 50 é de 25 de Dezembro de 1658 reunindo cultos de  voduns de famílias de negros refugiados na região distante da cidade e de difícil acesso.

É um vodum muito conhecido na Casa das Minas, seria um terceiro menino criado por Dadaho, e assim sincretizado com o terceiro gêmeo Doun (Idou em nagô) e portanto festejado na data de São Cosme e Damião.

Seu culto foi introduzido no Brasil pelos primeiros africanos escravizados que eram oriundos da Fortaleza de São Jorge da Mina. O culto deste vodum vem dos Hula que eram capturados em disputa pelo poder e vendidos para as Américas. No Haiti também é conhecido como Jobolo Bossou (Bossu) dando o sentido de gbosu que em ajagbè identifica uma forma na qual uma criança do sexo masculino vem ao mundo, geralmente com o cordão umbilical envolvendo o pescoço e/ou a mão. Os haitianos sempre lhe ofertam um porco quando chega em suas fortes manifestações e um touro preto que lhe é adornado em suas festividades, isto devido a ser também um tohossu (rei das águas).

Dentre os Hula, Jogorobossu é conhecido como “Dogblosu”, espírito da serpente Boa constrictor. Na realidade o nome significa “armadilha” devido ao bote desta serpente. A palavra aja tem o mesmo significado em mina, assim como ajagodo em fon.

Dogblosu habita a lagoa, tem um grande apetite e é possuidor de um olho que tudo vê e de um anel, que evidencia a armadilha do bote. As tradições minas no Brasil fazem referência ao espírito da cobra grande, sendo seus anéis as influências étnicas recebidas para a formação dos cultos, assim como aconteceu no Terreiro do Pinho, onde o elemento nagô parece influenciar somente a partir do final do século XVIII com os Modubi (Mudubi), é por esta época na Bahia que começava a formação do ëgbë .

Em Benin a serpente Boa é respeitada da mesma forma que a serpente Dangbe (Ahwanba dos Hula, o chicote da guerra). No antigo Daomé havia punições severas para quem maltratasse, e inclusive verbalmente, as serpentes sagradas.

Os cultos de vodum no Brasil foram amparados e preservados graças ao espírito da cobra grande.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Os Primeiros Escravos Africanos no Brasil.



                        O Forte de São Jorge da Mina. Foto em: tlaxcala.es


Na terceira década do séc. XVI já se reclamava da carência de mão de obra escrava africana no trabalho canavieiro implantado em Pernambuco, já que os índios estavam revoltosos com os colonos. Mas de onde? Em que época vieram os primeiros escravos para o Brasil?



                              "S. Jorge da mina: Mina de ouro e escravos"



"A fortaleza de São Jorge da Mina, a primeira feitoria portuguesa na costa ocidental da África, foi construída com o objectivo de escoar e defender o ouro que das ricas regiões auríferas do interior era enviado para o litoral. Posteriormente, torna-se o primeiro entreposto de escravos da era moderna e o pólo a partir do qual os reinos do Benim e Daomé seriam dizimados. Os primeiros escravos levados para o Brasil, em 1533, partiram daqui.

Em 1486, São Jorge da Mina recebe carta de foral, o que contribui para que as populações locais se coloquem ao serviço da feitoria, auxiliando os Portugueses no comércio, nas incursões no interior e na luta contra a pirataria. A Mina torna-se o principal estabelecimento português em África, fonte de abastecimento do ouro que se tornaria o motor da economia portuguesa até se iniciar o ciclo da Índia, após 1498. Ganha fama internacional e desperta a cobiça dos reinos europeus.

Ao longo do século XVI, ataques de piratas franceses aos navios portugueses no regresso da Mina começam a suceder-se, para além de tentativas de tráfico de ouro na Mina. Arredados os Franceses, chegam os Ingleses, que, depois de conseguirem algum ouro, cessam as suas operações. Vêm de seguida os Holandeses, já no século XVII. A partir do Brasil – e tirando partido da perda de independência de Portugal – os Holandeses enfraquecem o monopólio comercial português na região e, com uma bem armada frota, conseguem dominar as quatro dezenas de militares doentes e mal armados da guarnição portuguesa de São Jorge da Mina. Por volta de 1637, chegam ao fim 150 anos de domínio português.

Depois da saída dos Portugueses, o negócio do tráfico de escravos torna-se mais rentável que o do ouro, uma vez que a colonização da América acarreta grande procura de mão-de-obra. O tráfico de negros atinge o apogeu no século XVIII e afectará 12 milhões de africanos. Esta época caracteriza-se, também, pelo crescimento de vários Estados no golfo da Guiné, eles próprios beneficiários dos enormes lucros obtidos com o tráfico de escravos. Em 1850, o comércio de escravos é proibido no Gana, quando o Reino Unido domina o território."

«Porta sem retorno»

"Desde 1972, quando a UNESCO reconhece o Castelo de São Jorge da Mina como «Património da Humanidade», começa a haver peregrinações ao local. Alguns dos visitantes procuram um sentido para o seu passado, uma demanda que se tornará conhecida por «Turismo de Raízes». A história do comércio de escravos torna-se tangível não só pelo ambiente, pela localização, mas pela própria possibilidade de «visualizar» uma parte do tráfico de escravos. 

O Forte tem uma área maior e um mais intrincado complexo de estruturas que outros fortes do Gana. Os espaços internos das muralhas do castelo foram destinados a aposentos de governadores, alojamentos de oficiais e refeitórios, instalações de cozinha para os criados, masmorras masculinas e femininas para os escravos, salas de comércio e vendas, celas de prisão, armazenagem de munições, igreja, quintais e terraços, torres de guarda e canhões. Das torres, a vista sobre a baía é de uma beleza rara: predomina o azul do mar, das embarcações e das casas.

Ao entrarmos, iniciamos uma estranha viagem. No largo defronte ao castelo, grupos de rapazes perguntam-nos o nome e, não satisfeitos, pedem que o escrevamos num papel. De seguida, uma guia leva-nos a tomar conhecimento de como as mulheres escravizadas eram violadas pelos comerciantes, governadores e oficiais europeus, dos tipos de tortura infligidos aos presos rebeldes, da presença e do papel da Igreja: sim, a Igreja possuiu os seus próprios escravos, apesar das várias vozes que dentro dela se opuseram à escravidão; mas também dos pontos de interesse arquitectónico, dos aposentos espaçosos dos governadores e oficiais nos andares de cima; assim como do mau cheiro e do horror das masmorras subterrâneas e da «porta sem retorno», através da qual os africanos escravizados eram levados para os navios que os esperavam, para nunca mais voltarem. Relatos incómodos para quem antecipadamente se apresentou como português. A guia tem o cuidado de nos referir que «tudo isto é passado».

A maior parte dos espaços por onde os turistas passam está vazia. Isto significa que os visitantes têm de imaginar como teria sido (sobre)viver aqui. No fim percebemos o porquê dos jovens nos terem pedido o nome. Somos prendados com o nosso nome, numa caligrafia impecável, desenhado em conchas. Em troca pedem-nos algumas moedas, de preferência euros."








sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Avimaje


Missionários em 1910 em Zagnanado com o povo nativo; observamos frente a um otutu e sob um atinsá.
Foto: Wikipédia.

É um vodum da família de Sakpatá, seu nome deriva do fon vimaji que significa solteiro, aquele que não se casou e não teve filhos. Seu culto ficou muito aculturado no Brasil ao longo do tempo e com a formação do egbé tomou um forte aspecto iorubá, e sem dúvida foi trazido pelos escravos fon-mahis e iorubás de Zagnanado no Benin, assim como o culto de Azonsu (Azonsou em francês do Benin; Significa: O homem que é iniciado para o vodum Sakpatá; forma de tratamento para não se pronunciar este temido nome que significa varíola).

Avimaje é inseparável de seu irmão Alokwe (Alokpe), vodum das águas (toxosu, tohossou; rei das águas) da família de Azonsu, seu irmão nasceu com cinco braços que são representados em seu fetiche. No candomblé de Jeje Mahi e de Nagô Vodum cachoeirano tal relacionamento com um dos reis das águas significou ceder lugar a Olissá (Lisá; Lissá) que é o Oxalá dos nagôs e que tem relação com as águas.


 
O tohossu Alokwe companheiro inseparável de Avimaje manifestado em uma vodunsi; desenhado e pintado por Cyprien Tokoudagba.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Xango Gbaru.

 Oxê de Xangô do Museu de Arte Metropolitana do Central Park, em Nova Yorque, esculpido por Duda de Meko e fotogradado por Peter Jr. no Flickr.

Visitando alguns sites, tópicos de foruns e blogs, frequentemente nos deparamos com questões sobre Xangô Gbaru que é muito cultuado em candomblé de Ketu, ritos nagôs, Jeje Mahi e Nagô Vodum.
São atribuídos à esta divindade, nestas páginas alguns aspectos peculiares, diferenciados de Xangô (Sàngó) o 3° rei de Oyó, e coisas muitas vezes absurdas.
Na realidade Gbaru é um ancestral da família real, ele foi um rei em Oyó, capital dos Iorubás, foi o 22º rei de Oyó que viveu de 1732 à 1738.

Abaixo uma lista dos reis de Oyó (os alaafin):

  1. Oranmiyan
  2. Ajaka - Foi destronado
  3. Sango - Veio a se tornar o rei dos ráios e trovões
  4. Ajaka - reinstalado
  5. Aganju
  6. Kori
  7. Oluaso
  8. Onigbogi - Conduziu a evacuação da cidade de Oyó em torno do século XVI. Depois dele vieram 36 alaafin.
  9. Ofiran - Construiu a cidade de Shaki
  10. Egunoju - Fundador de Oyo Igboho
  11. Orompoto - Especulou-se ser uma mulher
  12. Ajiboyede -
  13. Abipa - 1570-1580
  14. Obalokun - 1580-1600
    ---Oluodo – Ele não foi enterrado em BARA (o cemitério real; então seu nome foi suprimido)
  15. Ajagbo - 1600-1658
  16. Odaranwu - 1658-1660
  17. Kanran - 1660-1665
  18. Jayin - (Nomeado o primeiro Awuyale de Ijebu Ode) 1655-1670
  19. Ayibi - 1678-1690
  20. Osiyango - 1690-1698
  21. Ojigi - 1698-1732
  22. Gbaru - 1732-1738
  23. Amuniwaye - 1738-1742
  24. Onisile - 1742-1750
  25. Labisi - 1750
  26. Awonbioju - 1750
  27. Agboluaje - (Celebração do Festival de Bere) 1750-1772
  28. Majeogbe - 1772-1775
  29. Abiodun - (Celebração do Festival de Bere) 1755-1805
  30. Aole
  31. Adebo
  32. Maku - 1802-1830
  33. Majotu - (Ilorin dimensiona-se pelos fulanis)
  34. Amodo - 1830
  35. Oluewu - (Queda do Reino Antigo de Oyó) 1833-1834
  36. Abiodun Atiba - (Fundador da moderna Oyó; Celebração do Festival de Bere) 1837-1859
  37. Adelu - 1858-1875
  38. Adeyemi I - 1875-1905
  39. Lawani Agogoija - 1905-1911
  40. Ladigbolu - Jan. 15, 1911-Dec. 19, 1944
  41. Adeniran Adeyemi II - Jan. 5, 1945-Sept. 20, 1955
  42. Bello Gbadegesin - (Ladigbolu II) Jul. 20, 1956-1968
  43. Adeyemi III - Alaafin atual desde 14 Janeiro de 1971
 Faça uma visita ao site do alaafin e de preferência use o Google Chrome que ativa a tradução do texto:

                                             http://www.alaafin-oyo.org/main/

Azankposo.

Foto em http://www.plantoftheweek.org


 Azankposo (pronuncia-se azankpossô)
(Clitoria ternatea)



Planta fabácea e forrageira muito utilizada no culto. No brasil é geralmente denominada “Cunhã” e no Estado do Maranhão “Mariposa Azul”
A flor lembra o clítoris e está relacionada com divindades protetoras da fertilidade da mulher.

sábado, 13 de agosto de 2011

São Roque, Obaluaê, Xapanã.


"Não existem grandes certezas sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de família e não o nome de baptismo (está documentada a existência no século XII de uma família com aquele apelido na cidade).

Embora haja considerável variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte (consoante os hagiógrafos, a data de nascimento varia de 1295 a 1350; a da morte de 1327 a 1390), Roque terá nascido em Montpellier, França, por volta de 1350, e falecido na mesma cidade em 1379 (embora outra versão da sua biografia o dê como morto naquele mesmo ano, mas na Lombardia). Sabe-se contudo que terá falecido jovem.

Era filho de um mercador rico, de nome João, que teria funções governativas na cidade, e de sua mulher Libéria. Estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna.

Diz a lenda que Roque teria nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o predestinaria à santidade. Roque terá ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua educação confiada a um tio. Terá estudado medicina na sua cidade natal, não concluindo os estudos.

Levando desde muito cedo uma vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, partindo de seguida em peregrinação a Roma.

No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a assediada pela peste (aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De imediato ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando as primeiras curas milagrosas, usando apenas um bisturi e o sinal da cruz. De seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e muitas outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e taumaturgo.

Depois de visitar Roma (período que alguns biógrafos situam de 1368 a 1371), onde rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertenceria a um rico-homem, de nome Gottardo Palastrelli, que apercebendo-se miraculosamente da presença de Roque, o terá ajudado, sendo por ele convertido a emendar a sua má vida.

Miraculosamente curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que alguns biógrafos afirmam seria um seu tio materno, que declarou não o conhecer. Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão (alguns biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.

Uma versão alternativa situa o local da prisão em Angera, próximo do Lago Maggiore, afirmando que teria sido mandado prender pelo duque de Milão sob a acusação de ser espião a soldo do Papa. Não se podendo livrar da acusação de espionagem (ou de disseminar a peste), morreu prisioneiro naquela cidade (diz-se que em 1379).

Embora não haja consenso sobre o local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um largo período de encarceramento.

Descoberta a cruz no peito, a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia, popularizando-se como o protector contra a peste e a pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente curada.

Embora sem provas que o consubstanciem, afirma-se que Roque terá pertencido à Ordem Terceira de São Francisco."


(In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Roque_de_Montpellier)

 

 

São Roque e Obaluaê


Era dia 21 de Julho do ano de 1855 quando ficou confirmado pelas autoridades competentes da época que a Bahia começava a ser atingida pelo mal da cólera. Milhares de cidadãos morriam de um dia para o outro, o mal não dava trégua e não se tinha na época o conhecimento que se têm hoje sobre o que é cólera, de como evitá-lo, e como tratá-lo. O povo sofria e a doença se expandia.

Tendo os primeiros casos da doença surgido no Rio Vermelho, na capital, logo atingiu as cidades do Recôncavo Baiano dentre elas Nazareth.

E o que fazer? Só restava a devoção e a misericórdia divina.

Foi então que a imagem de São Roque achada por quatro pescadores em 16 de Agosto de 1810 no rio Jaguaripe e mantida por Joaquim Torquato, o dono da rede de pesca, foi levada em procissão para as cidades atingidas e milagrosamente o cólera começou a diminuir.

Foi assim que São Roque, na Bahia, além de São Lázaro, obteve sincretismo com o orixá nagô Obaluaê (Xapanã), ligado à cura de doenças, e cujo culto em Benin deu origem ao culto do vodum Sakpatá.

É um santo muito cultuado no recôncavo e possui anualmente uma linda festividade a 16 de Agosto, sua procissão em Nazareth dá uma parada na porta de cada pessoa que se sabe que está enferma, também neste dia glorioso o candomblé lhe tece homenagens como a grande divindade que traz a cura daquele que sofre de uma terrível doença.

É de costume baiano passar pipocas que foram estouradas na areia pelo corpo e bater determinadas folhas no enfermo neste dia, rogando-se ao santo São Roque e ao poderoso orixá Obaluaê pela cura da doença e proteção em atos cirúrgicos se houverem.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Perguntas Respondidas Via E-Mail - 1.

                            Painel em madeira com a figura de Yéyé no Flick. Foto de Vagner Carvalheiro.
  Mário Filho (do Louco), grande artista cachoeirano conhecido em Paris conhece bem esta arte de entalhar.



Algumas Perguntas Respondidas:


P- Voduns são suspensos em porrão?
R- Não. Voduns não são suspensos em porrão como em algumas outras nações. A casa que assim o faz possui influência de outra nação.


P- E em pipelê, eles são suspensos em pipelê?
R- Não. Essa prática é do nagô, assim sendo é comum vermos isso em casas do rito Nagô-Vodum onde a influência nagô é muito forte.


P- Jeje dá quartinha de Bori?
R- Não. Quartinha de Bori é em algumas outras nações; nem o rito Nagô-Vodum costuma fazer isso; No Jeje não existe Bori, mas um outro preceito, e sem quartinha, nos ritos que antecedem a iniciação do vodunsi.


P- No barracão de Jeje o chão é de barro batido???
R- Sim, Jeje é humildade e vodum é bó (barro). Se não houver humildade o vodum não se aproxima.


P- Meu pai de santo (Fulano)  coloca as oferendas dos consulentes dele aos pés do meu vodum, gostaria de saber se isso é certo no Jeje?
R- Não. As oferendas da comunidade, as de consulentes e de festividades, aquelas que não sejam do filho daquele vodum, são depositadas à atinsá (aos pés das árvores sagradas), ou nas águas, na pedras, ou nos caminhos, ou na mata, conforme à quem e ao que se destinam.


P- Para se fazer obrigação em um filho tem de se estar com o corpo limpo?
R- Sim, em todos os sentidos, corpo e mente; tem que se manter um resguardo antes e após "qualquer" preceito para vodum.


P- Por que não se assobia em casa de Jeje?
R- Legba não vai gostar... ele assobia para se comunicar com outros Legbas, se você assim o fizer ele virá correndo e vendo que não é nada pode não gostar mesmo...


P- Casa de Jeje Maxi não pode ter avun?
R- Avun é em casa de Jeje Dahomé, em Mahi é afun (cachorro).
Na realidade é só mantê-lo longe de Averequete, diz uma lenda que, quando com muita fome, Averequete pescava e o cão roubava... aí jurou não ter mais cachorro.
É hábito cercar as árvores sagradas de alguma forma para o cão não ir fuçar ali.


                                                  Se você tem dúvidas é só perguntar:
                                                             ifabimi@yahoo.com





sexta-feira, 24 de junho de 2011

Candomblé: Religião Família.

                           Terreiro do Bogum - Mãe Índia ao Centro da Foto

Tabus, quizilas; proibições, sempre existiram dentro do candomblé e faz parte do controle da sociedade religiosa, o que é certo ou errado dentro do comportamento de cada indivíduo dentro de um grupo. Talvez hoje não sejam cumpridos à risca todos os tabus, mas eram cumpridos à risca nos antigos candomblés e também nos candomblés de Jeje e seus segmentos. Existe o tabu proveniente especificamente do vodum, cada vodum tem uma série de tabus a serem observados, mas existem outros tabus de forma geral que hierarquizam refletindo uma época bem distante de nós, e que legitimam familiarmente conferindo uma nova família ao noviço (a) dentro da sociedade religiosa. No passado do cativo já havia purismo próprio e proveniente de suas regiões de origem, como ainda há entre alguns grupos étnicos, e quase sempre surgido de conflitos por terra, a sagrada terra, o território sagrado dos fons, dos ajas, dos mahis, etc.; hábitos; tradições de um povo; a língua falada que é tão importante, mas o fator de congregação foi a família, com sua língua do coração.

A sociedade religiosa exibe um parentesco paralelo ao da sociedade familiar, onde o irmão (ã)-de-santo não pode se relacionar matrimonialmente ou sexualmente, com irmão (ã)-de-santo, ou outro membro do mesmo terreiro. Da mesma forma a mãe-de-santo não pode ter seu marido ou companheiro participando dentro de sua casa como irmão de seus filhos de santo, ogam de sua casa irmão de seus filhos ogans, etc. 

Sexo? Matrimônio? Somente com membros de outros terreiros e se aparentados àquela casa só do segundo grau para lá...em colateral. O casal marido e mulher, e mesmo os companheiros, não pode tornar-se irmão-de-santo dentro de um mesmo terreiro, quando numa situação destas, e dita pelos antigos chefes de terreiro com de “mau agouro” (de augúrio ruim; traz mau sortilégio) o chefe, ou a chefe, do terreiro encaminhará um deles para outro terreiro de pessoa de sua confiança que não seja, ou tenha sido, filho (a)-de-santo de sua casa, legítimo ou agregado, podendo tratar-se de um irmão (ã) seu (ua) de santo, um outro parente, ou algum outro chefe de sua confiança.

Quanto aos parentes carnais, a mãe não pode iniciar a filha ou o filho carnal, e nem os avós, mas os tios carnais o podem, como no caso de Mãe Índia do Bogum Iniciada por sua tia Nicinha do Bogum que por sua vez, sendo filha carnal de Mãe Runhó, foi iniciada por Mãe Emiliana do Bogum, que era de raíz Banto (Angola) e feita sacerdotiza de Agué no Bogum por Mãe Runhó.