domingo, 23 de outubro de 2011

Kwékpozinkpó.


Alocasia macrorrhiza. Foto em http://www.pacificbulbsociety.org

Kwékpozinkpó

Alocasia macrorrhiza

Ao passar por ela você pode até nem perceber a diferença e confundir o Kwékpozinkpó (Cuepozinpô pronunciado em Língua Portuguesa - Orelha de Elefante Gigante) com uma Taioba bem grande, mas esta planta tem um certa ondulação nas bordas, nervuras bem diferenciadas, e uma certa cerosidade nas folhas que lhe acentua o brilho, coisa que a Taioba não tem.
O gênero Alocasia encerra diversas plantas muito utilizadas no culto aos voduns, no Brasil na falta de uma destas plantas imediatamente recorre-se à uma espécie mais similar, assim é conhecida a utilidade de Antúrios e Tinhorões como o Tajá-Onça, que guardam as entradas em muitos terreiros de Matriz Jeje.
O Kwékpozinkpó é ornamental, como as várias plantas de seu gênero e serve em diversos rituais, trazendo proteção espiritual onde é cultivado.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ajpsc Reconhece os Méritos de Personalidades e Agentes do Desenvolvimento Cultural no Benin.

Benin - Mapa Político (Antigo)

"Ajpsc recompensa os méritos de personalidades e agentes do desenvolvimento"
"Enviado em 12 de outubro de 2011"

"Nos últimos anos, a Associação da Juventude para o Avanço da Escultura e da Cultura (Ajpsc) se esforça para reconhecer os méritos de atores do desenvolvimento e da sociedade. Fiel à sua tradição, realizou domingo, 2 de outubro, 2011 na condecoração de uma dúzia de dignitários da religião endógena, artistas e até mesmo políticos de quase todos os departamentos do Benin.


Durante a cerimônia, que atraiu uma enorme multidão de seguidores do vodun, convidados e curiosos, o Presidente Eskil Tessi da Ajpsc recordou a criação da associação, suas missões essenciais e o contexto em que ocorre esta cerimônia. Para ele, hoje dedicada ao reconhecimento do mérito de algumas personalidades que marcaram a história através de suas habilidades. "Essas pessoas são um paraíso para a geração presente e futura", disse o presidente da Ajpsc, que acha que seria injusto não reconhecer os seus conhecimentos. Para ele, esses atores merecem o melhor. "Dentro em breve vamos organizar um festival em honra dos destinatários para que as pessoas possam identificar melhor os promotores que ativam o desenvolvimento diário nas sombras", prometeu Eskil Tessi. Com os destinatários de sorte para o público, ele colocou ênfase especial no processo conducente à sua designação e seu trabalho para o desenvolvimento. Este é realmente o prefeito de Zou e Collines, Armand Maurice Nouatin, Olona de Gautier, Diretor Departamental do Meio Ambiente, o Diretor Executivo do CBDIBA, Simplice Amagbégnon, o prefeito de Djidja, Placide Avimadjènon, Roger Dagba , dignitário do vodun religioso e o presidente dos sábios e notáveis ​​de Abomey, Justin Ahidazan, sumo sacerdote do culto Houindonafa'','' René Dehou Lokossi e muitas outras personalidades da comunidade local e congregações como a Ogboni, Mama Sanny Vice-Prefeito em Bohicon, Polycarpe Zogo da Fraternidade Ogboni, e Hyacinte Bocossa. Cada um recebeu um troféu, um certificado e um cachecol.

Os compromissos dos beneficiários

"Em nome dos meus colegas, temos o prazer de honrar o que é feito no local do vodun. Através deste prêmio, nos sentimos melhor e nos organizamos para colocar a religião endógena ao serviço da paz e desenvolvimento", disse Roger Dagba, porta-voz do dignitários. Simplice Amagbégnon sócio-antropólogo está comprometido com a sociedade civil à trabalhar mais para ganhar esses prêmios nacionais e internacionais. Placide Avimadjènon prefeito Djidja dedicou a sua condecoração a todo conselho comunitário: "Este prêmio é o resultado do trabalho e da coesão no seio do Conselho. Então, em nome de meus conselheiros, acreditamos em trabalhar para o desafio que foi lançado", disse o prefeito."

"Zephirin Toasségnitché

(Br: Zou / Collines)
ACTUBENIN.COM "

In: le229.com (Notícias do Benin)

Traduzido por Ifabimi.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Efó de Taioba com Camarões.


Taioba. Foto em: http://www.flatsmentorfarm.org/2011/07/taioba/
 Taioba: Xanthosoma sagittifolium

Na África o inhame de suas duas espécies, a roxa e a branca é mais utilizado, já no Brasil se usa mais as folhas da taioba verde (macabo; cocoyam; ewe gbala, a verde é folha de Xangô; gbalaman; etc;  na África do Oeste).

Suas folhas não possuem brilho, muitas vezes podem confundi-las com as folhas do inhame, mais a abertura da folha do inhame não vai até o talo, a da taioba vai.
Tanto a taioba, quanto o inhame prorpiamente dito, para se colher o inhame tem que se esperar as folhas começarem a amarelar, aí está no ponto!

Uma receita que é muito saborosa, conhecida em algumas regiões do Brasil e feita dentro do culto em algumas ocasiões é o efó (do yorùbá: efö, guisado) de folhas de taioba. Vamos a ele:


Uma dúzia de folhas novas, porém, grandes de taioba;

100 ml de Azeite de Dendê de boa qualidade;

300 g de camarões graúdos ou miúdos bem lavados e regados com 1 colher de sopa de sumo de limão;

Pimenta do Reino a gosto (em alguns casos Pimenta da Costa);

Uma cebola branca (pode ser a roxa) de bom tamanho bem picadinha;

Sal a gosto.



Procedimento:

Lave bem as folhas, remova os talos e as nervuras mais grossas, e corte-as enroladas bem fininho, coloque em uma bacia e jogue água fervente, assim você eliminará o Oxalato de Cálcio que é picante na língua.
Em uma caçarola frite os camarões com os demais temperos e quando estiver tudo bem douradinho jogue as folhas  acrescentando um pouco de água só para elas não queimarem no fundo, então tampe a caçarola e quando estiver com uma coloração mais escura já estará cozida, cerca de 10 minutos em fogo alto.
Sirva sobre o angu tradicional ou sobre o inhame cozido e pilado, podendo ser o da própria taioba.

Bom Apetite!!!


Gostou? Imagina quando fizer... Bom apetite!

domingo, 25 de setembro de 2011

O Interdito do Carneiro.

Templo de Dangbé em Ouidah. Foto em : http://www.festival-ouidah.org/Ouidahanglais.htm


A tradição de alguns terreiros de candomblé de nação jeje, principalmente na Bahia, faz interdito (vodún su) de se comer da carne do carneiro aos seus iniciados, independentemente do vodum para o qual eles se iniciaram.
Uma lenda muito antiga, provavelmente de origem Ga-Adangbé, explica o seguinte:

Certa vez o templo de Dangbé (Dangbê) pegou fogo, havia fogo por toda a parte e a serpente Dangbé entrou em desespero, vendo passar por ali o carneiro, que também fugia das chamas, enrolou-se no pescoço dele, então, ele partiu correndo com a serpente ernolada e ambos conseguiram se salvar das chamas, assim por "gratidão" ao carneiro Dangbé prometeu nunca mais comer de sua carne, e nem mesmo os seus descendentes (que são vários grupos instalados em inúmeros quarteirões de vilas e cidades da África do Oeste e da diáspora...)
Assim aprendi... e assim termina a história; espero que tenham gostado!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

São Cosme e São Damião na Cultura Baiana.

São Cosme e São Damião. Imagem do Portal São Francisco

A postagem abaixo explica bem o significado destes santos dentro da cultura baiana que lhe dá, dentro do sincretismo afro-baiano, um ênfase nagô muito forte:



"Dia 27 de setembro. Dia de São Cosme e São Damião."


"São Cosme e São Damião são santos católicos com grande receptividade entre as camadas afro-brasileiras do Recôncavo baiano. Seus nomes de batismo são Acta e Passio, nascidos na Arábia do século III, de família nobre e cristã. Os irmãos gêmeos estudaram medicina na Síria e exerciam a profissão gratuitamente. Acusados de feitiçaria, por realizarem milagres, foram jogados de um despenhadeiro – Assim conta a história. Em outras versões ouve-se que tentaram matá-los de várias formas, mas não conseguiram. Por fim foram degolados. Entre seus milagres estão a cura e a materialização (após a morte) para ajudar crianças vítimas de violência.

São associados aos Ibejís, divindades gêmeas do Candomblé. Apesar do catolicismo oficial venerar a figura de Cosme e Damião como santos adultos e que dedicaram a vida a praticar a medicina caridosa, os mesmos santos “correspondem” a entidades infantis nos cultos afro – brasileiros, e é justamente dessa maneira que Cosme e Damião são venerados pela ma ior parte de seus devotos: os santos meninos.

 Pessoas devotas , crianças, católicos, pais-de-santo, babalorixás, vendedores ambulantes do souvenir dos santos, simpatizantes, toda essa gente devota segue em clara romaria até o bairro da Liberdade, precisamente á Paróquia dos Santos Cosme e Damião, no dia 27 de setembro. Durante todo o dia de São Cosme e São Damião, são várias celebrações com procissão, missas durante o dia e uma celebração do Cardeal á noite.

Os devotos de São Cosme e Damião costumam “dar Caruru de Cosminho” em suas casas durante o mês de setembro e principalmente no seu dia: 27 de setembro. A festa já começa durante os preparativos, e mexe com todo o comércio de feiras em Salvador, quando se tem uma procura maior dos ingredientes para a grande festa e quando a família se reúne para cortar os quiabos em forma de cruz e depois em extreitas rodelas, preparar os temperos, torrar e triturar o amendoim e a castanha, temperar a galinha e fazer os seus pedidos também. A quantidade dos quiabos do Caruru, geralmente chegam aos milhares, a depender da promessa, devem ser cortados por quem está oferecendo, mas vale a ajudas de participantes voluntários que também fazem a sua reza e pedidos aos santos gêmeos.

Nas proximidades do dia 27 de setembro, é comum encontrar, pelas ruas da Bahia, crianças, adultos , a espera de um prato de caruru, aliás, na Bahia, não se diz São Cosme e São Damião e sim São Cosme e Damião), para o caruru dos santos. A dupla imagem de madeira ou uma simples gravura emoldurada é exposta numa caixa enfeitada em papel de seda colorido, envolta em fitas e cheia de flores, rosas ou flores de laranjeira, muitas vezes. Não se pode comemorar santos tão populares nos lares baianos sem que se peça esmola para a missa.

Vale tudo para se fartar de uma prato de caruru: pode-se ir às ruas, sem a menor cerimônia, e esperar que pessoas simplesmente ofereçam as quentinhas do farto prato ou pode-se ir até a casa de familiares e amigos durante o período do mês de setembro para prestigiar os santos e saborear as iguarias afro-baianas.

 
Grande também é o número de lares baianos que festejam o grande dia dedicado aos dois mártires da Igreja. Tão populares como São João, como Santo Antônio, os dois santos têm a sua festa comemorada sobretudo com um grande almoço, o caruru dos santos.

 
No candomblé Cosme e Damião são filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Os santos gêmeos possuem muitos simpatizantes e devotos, estes que todo ano fazem caruru para eles, chamado também de “Caruru dos Santos” e “Caruru dos sete meninos” que representam os sete irmãos (Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi) cita em seu livro “Cosme e Damião, O culto dos santos gêmeos no Brasil e na África” por Vivaldo da Costa Lima.

Em casa em que haja gêmeos: ou que os santos tenham evitado partos gêmeos. Ou que promovam a festa como tradição de família. Nenhum dia melhor para se saborear um grande almoço da cozinha baiana do que o 27 de setembro.

Em casa onde existam Cosme e Damião, não entra epidemia, porque eles foram sempre considerados advogados contra “feitiços, bruxarias, mau olhado e espinhela caída”. Isso quanto às origens européias da devoção. No que se refere ao ramo africano, sabe-se que foram os nagôs que nos trouxeram os seus gêmos, Ibeji, transformados numa das maiores tradições vivas das populações baianas, especialmente. Nas casas de famílias católicas, suas imagens são comumente encontradas, em oratórios, pequenos altares ou simples prateleiras reservadas. No seu dia, estes pequenos altares tem desde de simples velas acesas, a oferendas como mel, caruru, balas e farofas de azeite. É comum també, distribuir pequenos saquinhos recheados de doces, balas e brinquedos as crianças nas ruas, comunidades onde se habita.


Desde a véspera, a movimentação todas é em torno da finalização do preparo da comida de preceito: caruru, vatapá, muito camarão seco, leite de coco, azeite, milho branco, feijão preto, feijão fradinho, ximxim de galinha, arroz branco, farofa de mel, banana da terra frita, amendoim assado,coco seco cortado em tirinhas,inhame, abóbora, batata doce, pipoca, rapadura, cana cortada,acarajé, abará e ovo em rodelas.



Os primeiros a serem servidos são os donos da festa: São Cosme e São Damião. As oferendas são precisamente colocadas no altar decorado para a ocasião Procedida a cerimônia, chamam-se os sete meninos, especialmente convidados para iniciar a comilança. A tradição manda que se prepare uma roda de sete meninos. Geralmente é colocada uma toalha de mesa no chão e as crianças se sentam ao redor. Eles geralmente sentam-se no chão e comem em pequenos pratinhos de barro, ou em um único grande prato como uma bacia. Não usam talheres, usam as mãos. Mas algumas mudanças já ocorrem em torno da tradição do Caruru de cosminho como misturar meninos e meninas, comer com talheres; ao final eles levantam-se e juntos cantam a musica de Cosminho juntos com os outros convidados da festa.







“São Cosme mandou fazer


A sua camisa azul


No dia da festa dele


São Cosme quer Caruru


Vadeia Cosme, vadeia!


Vadeia Cosme, vadeia!”






“Cosme e Damião


Vêm comer teu Caruru


Que é de todo ano


Fazer Caruru pra tu

 


Vem cá, vem cá, Dois-dois


Vem cá, vem cá, Dois-dois




E já os garotos estão comendo, no seu lambuzado e na sua alegria, e os adultos, em redor, cantam deliciosas toadas. Se acabam, levantam a tigela e cantam:



Vamos levantar


O Cruzeiro de Jesus


No céu, no céu, no céu


A Santa Cruz






Antes, outras canções são entoadas, com grande entusiasmo dos presentes, meninos ou adultos:

 
São Cosme me mandou fazer


Uma camisinha azul


Quando chega o dia dele


São Cosme quer caruru






E mais:



São Cosme e São Damião


Cheira cravo, cheira rosa


Cheira flor de laranjeira


Vadeia Cosme, vadeia


Vadeia Cosme na areia






O jornalista e poeta Cláudio Tuiuti Tavares recolheu, em excelente estudo sobre Ibeji, variantes destas cantigas e numerosas outras como:

 
Cadê sua camisa


Dois-dois!


Dois jogando bola


Com ela


Dois jogando bola


Quem não tem pena


Mamãe


Quem não tem dó


De ver Dois-dois


Na roda


Brincando só


Cosme e Damião


Ogum e Alabá


Vamos catar conchinha


Na beira do mar


Os apreciadores da festa e do farto prato típico têm lugar certo para comê-lo gratuitamente do seu grande dia de festejo: Caruru dos Sete Poetas, Mercado das Sete Portas, Instituto de Artesanato Mauá, Mercado de Santa Bárbara, Mercado Modelo.


Padroeiro dos farmacêuticos, médicos, babeiros e cabeleireiros, São Cosme e Damião protege as crianças , os orfanatos, creches,as doceiras filhos em casa, além de proteger com doençcas como hérnia e a peste.Os emblemas dos santos são caixa com ungüentos, frasco de remédios, folha de palmeira.
Por que sete meninos são convidados de honra para o almoço de Cosme e Damião?


Havia sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi, todos mabaças, e é por isso que se torna necessário dar o caruru em honra de sete meninos, especialmente convidados.


Mas, se os festejos são profanos, como os famosos carurus, se das igrejas católicas saem procissões dos dois mártires, como a da Lapa à Soledade, nos terreiros dos candomblés se realizam durante todo o dia cerimônias e as mesmas comidas também são esmeradas para que Ibeji sinta, para sua maior glória, a fé dos seus devotos.

Um mês depois, no dia 25 de outubro, as cerimônias se repetem, embora com menos intensidade: comemora-se a festa de São Crispim e Crispiniano, também mabaças e confundidos na crendice popular com Cosme e Damião, cujas imagenzinhas com sua palma, sua pena e seu livro, estão em quase todos os lares da Bahia, de negros ou de brancos, de pobres ou de ricos, que tenham coração para crer, com sua fé inabalável, nos grandes protetores da saúde da espécie humana."






"(TAVARES, Odorico. Bahia; imagens da terra e do povo)"






"Fontes: www.dihitt.com.br/noticia/o-caruru-de-cosme-e-damiao


http://www.jangadabrasil.com.br/setembro13/fe13090a.htm Wikipédia






Artigos relacionados:

1.Festas populares da Bahia


2.Dia da Baiana de Acarajé – dia 25 de novembro


3.Caruru


4.Mariscada


5.Insuportável, uma comédia de batom vermelho – último dia"


Por:
Rosilda Oliveira
in: Cultura Baiana
http://www.culturabaiana.com.br/sao-cosme-e-sao-damiao/
























domingo, 18 de setembro de 2011

Caruru.



Foto Wikipédia.
27 de Setembro está chegando e para homenagear os santos mártires S. Cosme e S. Damião, vamos reproduzir uma receita baiana de caruru que vimos em um site da internet.

É um dia festivo porquê no dia 26 a Igreja Católica celebra sua memória, e no dia seguinte realiza-se a sua festa, e nos terreiros de candomblé também são comemorados, juntamente com os espíritos infantis dos gêmeos, e dinvindades infantis ou erês, dentro do sincretismo religioso.

Ainda é de costume se fazer o Caruru de Ibeji (divindade gêmeas nagôs) em alguns terreiros mais tradicionais de candomblé na Bahia, oferecendo-se o primeiro delicioso alimento na bacia de ágate e pondo-se ali 7 meninos para comê-lo em comunhão conjunta.

Vamos à receita, destacando-se que algumas casas não colocam pimentão, castanha ou amendoim, e outras usam do camarão fresco inteiro e descascado, deixando o seco para tempero, e não batem em liquidificador...


"Receita do Caruru


Ingredientes (para 25 pessoas):


200 quiabos


1 kg de camarão seco


6 cebolas brancas grandes


2 pimentões graúdos(a gosto)


1 porção de castanha de caju assada e moída


1 copo de amendoim torrado e moído


Azeite de dendê


um pouco de gengibre ralado (uma colher de sobremesa)






Como fazer:


Lave bem os quiabos para que saia a baba, separe sete, inteiros, para oferecer aos ibejis. Corte o restante em cubos bem pequenos. Bata no liquidificador o camarão e todos os temperos, depois refogue no azeite quente e coloque os quiabos cortados. misture bem todos os ingredientes na panela coloque a água quente, ponha um pouco de azeite e deixe cozinhar. se achar necessário ponha mais azeite(aos poucos) e se o quiabo estiver ainda duro…ponha mais um pouco de água quente."

Fonte:
Rosilda Oliveira, em Cultura Baiana 
http://www.culturabaiana.com.br/caruru/

domingo, 11 de setembro de 2011

O Nascimento do Culto a Dogblossu.

"O Nascimento do Culto a Dogblossu"

O texto abaixo descreve como nasceu o culto da serpente Boa constrictor no povo hula:


"O povo hula depois de deixar a origem comum dos povos do Sul do Benin (Adja Tado ou Adja Sado), foi até a beira do rio Mono, devido à muitas guerras tribais. Ali eles encontraram refúgio em uma grande floresta dominada por árvores de grande porte chamado Ada (Adam), daí o nome da aldeia Adam (Ada foi a primeira cidade fundada pelos hulas).

Essas pessoas, na sua maioria, julgaram este local agradável, nesta região aquática, o que os tornaria invulneráveis.

Apesar desta disposição, algumas hostilidades são notados nesta região após os ataques de alguns soldados, de um lado, e a não misericórdia do ambiente natural: inundação do rio Mono na época da cheia, do outro; em outras palavras, não havia estabilidade ou paz social. Após esta situação horrível, o Rei Tãnte Avãnku morre. Nessas condições, retornando ao seu sucessor Mèto Ausãn (o que seria introduzido no Tado: origem privilegiada da força) para buscar formas e meios de superar os muitos ataques e muitas vicissitudes enfrentadas pela comunidade hula. Ele ordenou a um dos seus guerreiros, (Gbéto Doyé) de procurar um campo seguro, o que é hoje a cidade de Agbannakin (que significa: Esta é a cabaça que servirá de caçarola e o prato que servirá de jarro). Em outras palavras, seria difícil ou impossível de ser atacado.

Para tornar o povo hula mais poderoso e mais invulnerável, o Rei Mèto Ausãn fez uma pesquisa para encontrar ''o poder das forças.'' Sua pesquisa resultou em algumas receitas relacionadas à serpente Boa. É em si um animal caçador habilidoso, nunca perde sua presa e  tem a virtude de se manter como que invisível para os seus predadores. Tão logo há captura da presa, ele a tece e a sufoca. Portanto, este é um animal formidável, e cercado por rituais tornou-se um poder sublime. O rei, “hula holu”, fez uso desta mistura com fórmulas mágicas nos passeios com sua tropa de guerreiros. Este poder foi para a realeza, em outras palavras, é um poder privilegiado do rei.

Os monarquistas são designados como sacerdotes que são os manipuladores desta força deificada. Seria do grupo de sacerdotes deste culto que nasceu o clã Dogblossouvi cuja divindade tutelar, ou melhor: Dogblossu é o ancestral epónimo (a serpente Boa), porquê atribui a todo o povo hula, ele assume o seu nome, o nome sócio-linguístico do grupo. Agora chamado Hula Dogblossu. Note-se que, devido à sua proteção, hoje vemos o templo na corte real e no limiar das casas dos chefes guerreiros de Agbannakin e em Heve, por exemplo."

(Fonte: Turismo, Governo do Benin.)










domingo, 4 de setembro de 2011

Nyiantoto.




Nyiantoto   (Lactuca taraxacifolia (Willd. & Schum.)

Nomes: Alface Africano ou Língua de Vaca.

Trata-se de uma planta muito utilizada quando socada com alho nas mordidas de cobra; as folhas abrandam a ardência de queimaduras porquê são adstringentes; seu suco serve como colírio para assepsia e desinfecção dos olhos; e para assepsia na varicela. 
É um vegetal comestível, porém, trata-se de um interdito para os iniciados dos voduns do raio.



Mina do Ouro.

Mulher mina de Agoué com sua criança. Foto do ano de 1900.


Mina é uma denominação dada aos escravos que tinham sido embarcados no porto de São Jorge da Mina para as Américas. Esta denominação é imprecisa, pois podia abranger diversas etnias (segundo a Wikipédia em português). 
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Bem, o surgimento disso se deve ao fato de que quando os portugueses estabelecidos em Gana buscavam pelo ouro,  motivo inicial da construção do Forte de São Jorge da Mina (El Mina), acabaram por denominar não somente a localidade costeira, mas também os negros de diversas etnias existentes no local e arredores envolvidas com a mineração por: Negros minas.

O Quilombo da Salamina da localidade de Putumuju em Maragojipe parece ser mais uma boa prova da presença mina no Brasil, visto que sua formação é muito antiga e
em língua mina, além dos dialetos aparentados, significa “limpar a mina", referindo-se à atividade, ou "limpa-mina", ao que exerce esta atividade (srà mina; sla mina), evidenciando o trabalho de extração do ouro que envolvia essas tribos na África.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Jogorobossu.

A serpente Boa constrictor por Jinterwas no Flickr.


Jogorobossu ou Jagorobossu, como é conhecido no Brasil, é um vodum toqüem (toxwen, vodum menino) que foi criado por Dadaho. Foi o vodum fundador do Terreiro do Pinho em Maragojipe, BA, e segundo os registros orais data a construção do Hunkpame inscrita na placa sob o recente busto do poeta abolicionista Castro Alves da década de 50 é de 25 de Dezembro de 1658 reunindo cultos de  voduns de famílias de negros refugiados na região distante da cidade e de difícil acesso.

É um vodum muito conhecido na Casa das Minas, seria um terceiro menino criado por Dadaho, e assim sincretizado com o terceiro gêmeo Doun (Idou em nagô) e portanto festejado na data de São Cosme e Damião.

Seu culto foi introduzido no Brasil pelos primeiros africanos escravizados que eram oriundos da Fortaleza de São Jorge da Mina. O culto deste vodum vem dos Hula que eram capturados em disputa pelo poder e vendidos para as Américas. No Haiti também é conhecido como Jobolo Bossou (Bossu) dando o sentido de gbosu que em ajagbè identifica uma forma na qual uma criança do sexo masculino vem ao mundo, geralmente com o cordão umbilical envolvendo o pescoço e/ou a mão. Os haitianos sempre lhe ofertam um porco quando chega em suas fortes manifestações e um touro preto que lhe é adornado em suas festividades, isto devido a ser também um tohossu (rei das águas).

Dentre os Hula, Jogorobossu é conhecido como “Dogblosu”, espírito da serpente Boa constrictor. Na realidade o nome significa “armadilha” devido ao bote desta serpente. A palavra aja tem o mesmo significado em mina, assim como ajagodo em fon.

Dogblosu habita a lagoa, tem um grande apetite e é possuidor de um olho que tudo vê e de um anel, que evidencia a armadilha do bote. As tradições minas no Brasil fazem referência ao espírito da cobra grande, sendo seus anéis as influências étnicas recebidas para a formação dos cultos, assim como aconteceu no Terreiro do Pinho, onde o elemento nagô parece influenciar somente a partir do final do século XVIII com os Modubi (Mudubi), é por esta época na Bahia que começava a formação do ëgbë .

Em Benin a serpente Boa é respeitada da mesma forma que a serpente Dangbe (Ahwanba dos Hula, o chicote da guerra). No antigo Daomé havia punições severas para quem maltratasse, e inclusive verbalmente, as serpentes sagradas.

Os cultos de vodum no Brasil foram amparados e preservados graças ao espírito da cobra grande.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Os Primeiros Escravos Africanos no Brasil.



                        O Forte de São Jorge da Mina. Foto em: tlaxcala.es


Na terceira década do séc. XVI já se reclamava da carência de mão de obra escrava africana no trabalho canavieiro implantado em Pernambuco, já que os índios estavam revoltosos com os colonos. Mas de onde? Em que época vieram os primeiros escravos para o Brasil?



                              "S. Jorge da mina: Mina de ouro e escravos"



"A fortaleza de São Jorge da Mina, a primeira feitoria portuguesa na costa ocidental da África, foi construída com o objectivo de escoar e defender o ouro que das ricas regiões auríferas do interior era enviado para o litoral. Posteriormente, torna-se o primeiro entreposto de escravos da era moderna e o pólo a partir do qual os reinos do Benim e Daomé seriam dizimados. Os primeiros escravos levados para o Brasil, em 1533, partiram daqui.

Em 1486, São Jorge da Mina recebe carta de foral, o que contribui para que as populações locais se coloquem ao serviço da feitoria, auxiliando os Portugueses no comércio, nas incursões no interior e na luta contra a pirataria. A Mina torna-se o principal estabelecimento português em África, fonte de abastecimento do ouro que se tornaria o motor da economia portuguesa até se iniciar o ciclo da Índia, após 1498. Ganha fama internacional e desperta a cobiça dos reinos europeus.

Ao longo do século XVI, ataques de piratas franceses aos navios portugueses no regresso da Mina começam a suceder-se, para além de tentativas de tráfico de ouro na Mina. Arredados os Franceses, chegam os Ingleses, que, depois de conseguirem algum ouro, cessam as suas operações. Vêm de seguida os Holandeses, já no século XVII. A partir do Brasil – e tirando partido da perda de independência de Portugal – os Holandeses enfraquecem o monopólio comercial português na região e, com uma bem armada frota, conseguem dominar as quatro dezenas de militares doentes e mal armados da guarnição portuguesa de São Jorge da Mina. Por volta de 1637, chegam ao fim 150 anos de domínio português.

Depois da saída dos Portugueses, o negócio do tráfico de escravos torna-se mais rentável que o do ouro, uma vez que a colonização da América acarreta grande procura de mão-de-obra. O tráfico de negros atinge o apogeu no século XVIII e afectará 12 milhões de africanos. Esta época caracteriza-se, também, pelo crescimento de vários Estados no golfo da Guiné, eles próprios beneficiários dos enormes lucros obtidos com o tráfico de escravos. Em 1850, o comércio de escravos é proibido no Gana, quando o Reino Unido domina o território."

«Porta sem retorno»

"Desde 1972, quando a UNESCO reconhece o Castelo de São Jorge da Mina como «Património da Humanidade», começa a haver peregrinações ao local. Alguns dos visitantes procuram um sentido para o seu passado, uma demanda que se tornará conhecida por «Turismo de Raízes». A história do comércio de escravos torna-se tangível não só pelo ambiente, pela localização, mas pela própria possibilidade de «visualizar» uma parte do tráfico de escravos. 

O Forte tem uma área maior e um mais intrincado complexo de estruturas que outros fortes do Gana. Os espaços internos das muralhas do castelo foram destinados a aposentos de governadores, alojamentos de oficiais e refeitórios, instalações de cozinha para os criados, masmorras masculinas e femininas para os escravos, salas de comércio e vendas, celas de prisão, armazenagem de munições, igreja, quintais e terraços, torres de guarda e canhões. Das torres, a vista sobre a baía é de uma beleza rara: predomina o azul do mar, das embarcações e das casas.

Ao entrarmos, iniciamos uma estranha viagem. No largo defronte ao castelo, grupos de rapazes perguntam-nos o nome e, não satisfeitos, pedem que o escrevamos num papel. De seguida, uma guia leva-nos a tomar conhecimento de como as mulheres escravizadas eram violadas pelos comerciantes, governadores e oficiais europeus, dos tipos de tortura infligidos aos presos rebeldes, da presença e do papel da Igreja: sim, a Igreja possuiu os seus próprios escravos, apesar das várias vozes que dentro dela se opuseram à escravidão; mas também dos pontos de interesse arquitectónico, dos aposentos espaçosos dos governadores e oficiais nos andares de cima; assim como do mau cheiro e do horror das masmorras subterrâneas e da «porta sem retorno», através da qual os africanos escravizados eram levados para os navios que os esperavam, para nunca mais voltarem. Relatos incómodos para quem antecipadamente se apresentou como português. A guia tem o cuidado de nos referir que «tudo isto é passado».

A maior parte dos espaços por onde os turistas passam está vazia. Isto significa que os visitantes têm de imaginar como teria sido (sobre)viver aqui. No fim percebemos o porquê dos jovens nos terem pedido o nome. Somos prendados com o nosso nome, numa caligrafia impecável, desenhado em conchas. Em troca pedem-nos algumas moedas, de preferência euros."








sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Avimaje


Missionários em 1910 em Zagnanado com o povo nativo; observamos frente a um otutu e sob um atinsá.
Foto: Wikipédia.

É um vodum da família de Sakpatá, seu nome deriva do fon vimaji que significa solteiro, aquele que não se casou e não teve filhos. Seu culto ficou muito aculturado no Brasil ao longo do tempo e com a formação do egbé tomou um forte aspecto iorubá, e sem dúvida foi trazido pelos escravos fon-mahis e iorubás de Zagnanado no Benin, assim como o culto de Azonsu (Azonsou em francês do Benin; Significa: O homem que é iniciado para o vodum Sakpatá; forma de tratamento para não se pronunciar este temido nome que significa varíola).

Avimaje é inseparável de seu irmão Alokwe (Alokpe), vodum das águas (toxosu, tohossou; rei das águas) da família de Azonsu, seu irmão nasceu com cinco braços que são representados em seu fetiche. No candomblé de Jeje Mahi e de Nagô Vodum cachoeirano tal relacionamento com um dos reis das águas significou ceder lugar a Olissá (Lisá; Lissá) que é o Oxalá dos nagôs e que tem relação com as águas.


 
O tohossu Alokwe companheiro inseparável de Avimaje manifestado em uma vodunsi; desenhado e pintado por Cyprien Tokoudagba.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Xango Gbaru.

 Oxê de Xangô do Museu de Arte Metropolitana do Central Park, em Nova Yorque, esculpido por Duda de Meko e fotogradado por Peter Jr. no Flickr.

Visitando alguns sites, tópicos de foruns e blogs, frequentemente nos deparamos com questões sobre Xangô Gbaru que é muito cultuado em candomblé de Ketu, ritos nagôs, Jeje Mahi e Nagô Vodum.
São atribuídos à esta divindade, nestas páginas alguns aspectos peculiares, diferenciados de Xangô (Sàngó) o 3° rei de Oyó, e coisas muitas vezes absurdas.
Na realidade Gbaru é um ancestral da família real, ele foi um rei em Oyó, capital dos Iorubás, foi o 22º rei de Oyó que viveu de 1732 à 1738.

Abaixo uma lista dos reis de Oyó (os alaafin):

  1. Oranmiyan
  2. Ajaka - Foi destronado
  3. Sango - Veio a se tornar o rei dos ráios e trovões
  4. Ajaka - reinstalado
  5. Aganju
  6. Kori
  7. Oluaso
  8. Onigbogi - Conduziu a evacuação da cidade de Oyó em torno do século XVI. Depois dele vieram 36 alaafin.
  9. Ofiran - Construiu a cidade de Shaki
  10. Egunoju - Fundador de Oyo Igboho
  11. Orompoto - Especulou-se ser uma mulher
  12. Ajiboyede -
  13. Abipa - 1570-1580
  14. Obalokun - 1580-1600
    ---Oluodo – Ele não foi enterrado em BARA (o cemitério real; então seu nome foi suprimido)
  15. Ajagbo - 1600-1658
  16. Odaranwu - 1658-1660
  17. Kanran - 1660-1665
  18. Jayin - (Nomeado o primeiro Awuyale de Ijebu Ode) 1655-1670
  19. Ayibi - 1678-1690
  20. Osiyango - 1690-1698
  21. Ojigi - 1698-1732
  22. Gbaru - 1732-1738
  23. Amuniwaye - 1738-1742
  24. Onisile - 1742-1750
  25. Labisi - 1750
  26. Awonbioju - 1750
  27. Agboluaje - (Celebração do Festival de Bere) 1750-1772
  28. Majeogbe - 1772-1775
  29. Abiodun - (Celebração do Festival de Bere) 1755-1805
  30. Aole
  31. Adebo
  32. Maku - 1802-1830
  33. Majotu - (Ilorin dimensiona-se pelos fulanis)
  34. Amodo - 1830
  35. Oluewu - (Queda do Reino Antigo de Oyó) 1833-1834
  36. Abiodun Atiba - (Fundador da moderna Oyó; Celebração do Festival de Bere) 1837-1859
  37. Adelu - 1858-1875
  38. Adeyemi I - 1875-1905
  39. Lawani Agogoija - 1905-1911
  40. Ladigbolu - Jan. 15, 1911-Dec. 19, 1944
  41. Adeniran Adeyemi II - Jan. 5, 1945-Sept. 20, 1955
  42. Bello Gbadegesin - (Ladigbolu II) Jul. 20, 1956-1968
  43. Adeyemi III - Alaafin atual desde 14 Janeiro de 1971
 Faça uma visita ao site do alaafin e de preferência use o Google Chrome que ativa a tradução do texto:

                                             http://www.alaafin-oyo.org/main/

Azankposo.

Foto em http://www.plantoftheweek.org


 Azankposo (pronuncia-se azankpossô)
(Clitoria ternatea)



Planta fabácea e forrageira muito utilizada no culto. No brasil é geralmente denominada “Cunhã” e no Estado do Maranhão “Mariposa Azul”
A flor lembra o clítoris e está relacionada com divindades protetoras da fertilidade da mulher.

sábado, 13 de agosto de 2011

São Roque, Obaluaê, Xapanã.


"Não existem grandes certezas sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de família e não o nome de baptismo (está documentada a existência no século XII de uma família com aquele apelido na cidade).

Embora haja considerável variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte (consoante os hagiógrafos, a data de nascimento varia de 1295 a 1350; a da morte de 1327 a 1390), Roque terá nascido em Montpellier, França, por volta de 1350, e falecido na mesma cidade em 1379 (embora outra versão da sua biografia o dê como morto naquele mesmo ano, mas na Lombardia). Sabe-se contudo que terá falecido jovem.

Era filho de um mercador rico, de nome João, que teria funções governativas na cidade, e de sua mulher Libéria. Estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna.

Diz a lenda que Roque teria nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o predestinaria à santidade. Roque terá ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua educação confiada a um tio. Terá estudado medicina na sua cidade natal, não concluindo os estudos.

Levando desde muito cedo uma vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, partindo de seguida em peregrinação a Roma.

No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a assediada pela peste (aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De imediato ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando as primeiras curas milagrosas, usando apenas um bisturi e o sinal da cruz. De seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e muitas outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e taumaturgo.

Depois de visitar Roma (período que alguns biógrafos situam de 1368 a 1371), onde rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertenceria a um rico-homem, de nome Gottardo Palastrelli, que apercebendo-se miraculosamente da presença de Roque, o terá ajudado, sendo por ele convertido a emendar a sua má vida.

Miraculosamente curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que alguns biógrafos afirmam seria um seu tio materno, que declarou não o conhecer. Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão (alguns biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.

Uma versão alternativa situa o local da prisão em Angera, próximo do Lago Maggiore, afirmando que teria sido mandado prender pelo duque de Milão sob a acusação de ser espião a soldo do Papa. Não se podendo livrar da acusação de espionagem (ou de disseminar a peste), morreu prisioneiro naquela cidade (diz-se que em 1379).

Embora não haja consenso sobre o local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um largo período de encarceramento.

Descoberta a cruz no peito, a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia, popularizando-se como o protector contra a peste e a pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente curada.

Embora sem provas que o consubstanciem, afirma-se que Roque terá pertencido à Ordem Terceira de São Francisco."


(In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Roque_de_Montpellier)

 

 

São Roque e Obaluaê


Era dia 21 de Julho do ano de 1855 quando ficou confirmado pelas autoridades competentes da época que a Bahia começava a ser atingida pelo mal da cólera. Milhares de cidadãos morriam de um dia para o outro, o mal não dava trégua e não se tinha na época o conhecimento que se têm hoje sobre o que é cólera, de como evitá-lo, e como tratá-lo. O povo sofria e a doença se expandia.

Tendo os primeiros casos da doença surgido no Rio Vermelho, na capital, logo atingiu as cidades do Recôncavo Baiano dentre elas Nazareth.

E o que fazer? Só restava a devoção e a misericórdia divina.

Foi então que a imagem de São Roque achada por quatro pescadores em 16 de Agosto de 1810 no rio Jaguaripe e mantida por Joaquim Torquato, o dono da rede de pesca, foi levada em procissão para as cidades atingidas e milagrosamente o cólera começou a diminuir.

Foi assim que São Roque, na Bahia, além de São Lázaro, obteve sincretismo com o orixá nagô Obaluaê (Xapanã), ligado à cura de doenças, e cujo culto em Benin deu origem ao culto do vodum Sakpatá.

É um santo muito cultuado no recôncavo e possui anualmente uma linda festividade a 16 de Agosto, sua procissão em Nazareth dá uma parada na porta de cada pessoa que se sabe que está enferma, também neste dia glorioso o candomblé lhe tece homenagens como a grande divindade que traz a cura daquele que sofre de uma terrível doença.

É de costume baiano passar pipocas que foram estouradas na areia pelo corpo e bater determinadas folhas no enfermo neste dia, rogando-se ao santo São Roque e ao poderoso orixá Obaluaê pela cura da doença e proteção em atos cirúrgicos se houverem.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Perguntas Respondidas Via E-Mail - 1.

                            Painel em madeira com a figura de Yéyé no Flick. Foto de Vagner Carvalheiro.
  Mário Filho (do Louco), grande artista cachoeirano conhecido em Paris conhece bem esta arte de entalhar.



Algumas Perguntas Respondidas:


P- Voduns são suspensos em porrão?
R- Não. Voduns não são suspensos em porrão como em algumas outras nações. A casa que assim o faz possui influência de outra nação.


P- E em pipelê, eles são suspensos em pipelê?
R- Não. Essa prática é do nagô, assim sendo é comum vermos isso em casas do rito Nagô-Vodum onde a influência nagô é muito forte.


P- Jeje dá quartinha de Bori?
R- Não. Quartinha de Bori é em algumas outras nações; nem o rito Nagô-Vodum costuma fazer isso; No Jeje não existe Bori, mas um outro preceito, e sem quartinha, nos ritos que antecedem a iniciação do vodunsi.


P- No barracão de Jeje o chão é de barro batido???
R- Sim, Jeje é humildade e vodum é bó (barro). Se não houver humildade o vodum não se aproxima.


P- Meu pai de santo (Fulano)  coloca as oferendas dos consulentes dele aos pés do meu vodum, gostaria de saber se isso é certo no Jeje?
R- Não. As oferendas da comunidade, as de consulentes e de festividades, aquelas que não sejam do filho daquele vodum, são depositadas à atinsá (aos pés das árvores sagradas), ou nas águas, na pedras, ou nos caminhos, ou na mata, conforme à quem e ao que se destinam.


P- Para se fazer obrigação em um filho tem de se estar com o corpo limpo?
R- Sim, em todos os sentidos, corpo e mente; tem que se manter um resguardo antes e após "qualquer" preceito para vodum.


P- Por que não se assobia em casa de Jeje?
R- Legba não vai gostar... ele assobia para se comunicar com outros Legbas, se você assim o fizer ele virá correndo e vendo que não é nada pode não gostar mesmo...


P- Casa de Jeje Maxi não pode ter avun?
R- Avun é em casa de Jeje Dahomé, em Mahi é afun (cachorro).
Na realidade é só mantê-lo longe de Averequete, diz uma lenda que, quando com muita fome, Averequete pescava e o cão roubava... aí jurou não ter mais cachorro.
É hábito cercar as árvores sagradas de alguma forma para o cão não ir fuçar ali.


                                                  Se você tem dúvidas é só perguntar:
                                                             ifabimi@yahoo.com





sexta-feira, 24 de junho de 2011

Candomblé: Religião Família.

                           Terreiro do Bogum - Mãe Índia ao Centro da Foto

Tabus, quizilas; proibições, sempre existiram dentro do candomblé e faz parte do controle da sociedade religiosa, o que é certo ou errado dentro do comportamento de cada indivíduo dentro de um grupo. Talvez hoje não sejam cumpridos à risca todos os tabus, mas eram cumpridos à risca nos antigos candomblés e também nos candomblés de Jeje e seus segmentos. Existe o tabu proveniente especificamente do vodum, cada vodum tem uma série de tabus a serem observados, mas existem outros tabus de forma geral que hierarquizam refletindo uma época bem distante de nós, e que legitimam familiarmente conferindo uma nova família ao noviço (a) dentro da sociedade religiosa. No passado do cativo já havia purismo próprio e proveniente de suas regiões de origem, como ainda há entre alguns grupos étnicos, e quase sempre surgido de conflitos por terra, a sagrada terra, o território sagrado dos fons, dos ajas, dos mahis, etc.; hábitos; tradições de um povo; a língua falada que é tão importante, mas o fator de congregação foi a família, com sua língua do coração.

A sociedade religiosa exibe um parentesco paralelo ao da sociedade familiar, onde o irmão (ã)-de-santo não pode se relacionar matrimonialmente ou sexualmente, com irmão (ã)-de-santo, ou outro membro do mesmo terreiro. Da mesma forma a mãe-de-santo não pode ter seu marido ou companheiro participando dentro de sua casa como irmão de seus filhos de santo, ogam de sua casa irmão de seus filhos ogans, etc. 

Sexo? Matrimônio? Somente com membros de outros terreiros e se aparentados àquela casa só do segundo grau para lá...em colateral. O casal marido e mulher, e mesmo os companheiros, não pode tornar-se irmão-de-santo dentro de um mesmo terreiro, quando numa situação destas, e dita pelos antigos chefes de terreiro com de “mau agouro” (de augúrio ruim; traz mau sortilégio) o chefe, ou a chefe, do terreiro encaminhará um deles para outro terreiro de pessoa de sua confiança que não seja, ou tenha sido, filho (a)-de-santo de sua casa, legítimo ou agregado, podendo tratar-se de um irmão (ã) seu (ua) de santo, um outro parente, ou algum outro chefe de sua confiança.

Quanto aos parentes carnais, a mãe não pode iniciar a filha ou o filho carnal, e nem os avós, mas os tios carnais o podem, como no caso de Mãe Índia do Bogum Iniciada por sua tia Nicinha do Bogum que por sua vez, sendo filha carnal de Mãe Runhó, foi iniciada por Mãe Emiliana do Bogum, que era de raíz Banto (Angola) e feita sacerdotiza de Agué no Bogum por Mãe Runhó.

sábado, 18 de junho de 2011

O Segredo da Cabaça e o da Bigorna.

                                                      Foto de Beautifulcataya no Flickr

Lenda Fon Oriunda do Fá

Foi num longo período de seca e consequentemente de fome que ele entrou na mata em busca de comida para alimentar sua família, quando derrepente escutou um gemido no mato e foi ver o que era... era uma ká (cabaça em fongbè) que pedia ajuda porque estava caída sobre espinhos que lhe incomodavam, o homem admirado retirou a cabaça falante daquele espinheiro e ela agradecidamente disse que fizesse nela um pedido de comida, porque dentro dela surgiria para que ele pudesse comer, e assim o fez, então, ele se alimentou e retornou para sua casa com o objeto encantado. Chegando no lar sua mulher perguntou para que aquilo e se eles iam comer cabaça sem sementes (pois o marido já havia comido nela), e que isso não iria cozinhar mesmo, ele, então, lhe explicou... e toda família pedia ali do que queria comer e o alimento que se pedisse, ali aparecia, e a fome foi embora daquela casa.

Certo dia, sua mulher passou próximo do rei de sua cidade e o cumprimentou, e ele voltando-se à mulher imediatamente perguntou como ela conseguia ficar tão gordinha numa época de tanta estiagem, e sem mais, nem menos, a mulher lhe contou toda a história, sendo em particular repreendida pelo seu marido, pois sabia que se a cabaça não atendesse ao rei ela  poderia ser punida por ter contado uma mentira, e que se atendesse ao pedido do rei, poderiam perder o valioso objeto. Assim foi, o rei não tardou a passar pela casa deles, e eles acabaram perdendo a cabaça para o rei... e a fome voltou a habitar naquela casa, que triste.

Em poucos dias o homem voltou a entrar na mata para procurar comida, desta feita, ouviu pedidos de socorro no mesmo local do espinheiro onde tinha encontrado a cabaça encantada, mas não havia ali nenhuma outra cabaça... eis que agora é uma kpè (pedra) quem lhe pede que a retire dali, e ele admirado diz: "Oh, uma pedra falando", e imediatamente a pedra destaca-se agilmente de sua mão e o atinge e doloridamente na sua cabeça... tratava-se uma pedra que não gostava de ser chamada de pedra! Tinha de ser tratada por Bigorna... então, levou a falante Bigorna para casa e a pôs sobre a mesa. Quando sua mulher vê o objeto, diz: "Vamos comer pedra???" e imediatamente toma uma pedrada de Bigorna, não tardou muito o rei  ficou sabendo da pedra que falava... chegando lá disse: "Homem! Mostre-me a pedra que fala!"... E Bigorna saltou da mesa e deu lhe uma pedrada no tá! (cabeça).

Moral da história: O homem não deve compartilhar do segredo com a mulher, mas do segredo da Bigorna, que é boa armadilha para curiosos e ladrões...

Ifabimi.

domingo, 12 de junho de 2011

Como Eliminar Virus e Outras Pragas com Sucesso!



Gente, como hoje é Dia dos Namorados queremos presentear aos nossos amigos e irmãos de fé, enamorados pelo PAPOINFORMAL, com uma dica muito interessante e muito boa. Quem nunca sofreu com vírus de computador, ou mesmo sofre e muitos nem sabem disso, são várias as pragas que afetam o sistema dentre vírus trojan (cavalo de tróia), vírus spy (espião) e até scripts que permanecem dentro do seu computador servindo de spy quando você visita um site. Você tem antivírus atualizado? Sim? Muito bem! Mas aposto que ele não dá conta sozinho, as pragas se camuflam tão bem que na maioria das vezes passa por despercebido pelo antivirus que quase sempre só irá detectar quando uma pasta, por exemplo, já está tomada de vírus, aí então, quarentena... que caos!

Não perca seu tempo e baixe o Spybot, antes que tudo vá piorando... atualize e bote para procurar as ameaças, depois de eliminadas, imunize-se contra elas. Não é complicado para baixar, é só ter atenção, escolher o idioma, depois qualquer biblioteca do mundo para atualizar os arquivos que ele vai pedir para você escolher, e Boa Sorte! Aqui vai o link:

Spybot Search & Destroy

Link do amigo Patrick Kolla no site Baixaki.
  • Em Português
  • Gratuito
  • 16,03 MB
  • Para Windows XP/Vista/7/98/2000